JEJUM QUE AGRADA A DEUS
15 de Fevereiro de 2013
Naquele tempo ,
14os discípulos de João
aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por
que razão
nós e os fariseus
praticamos jejuns , mas
os teus discípulos
não ?” 15Disse-lhes Jesus: “Por acaso , os amigos
do noivo podem estar de luto enquanto o
noivo está com
eles ? Dias
virão em que
o noivo será tirado do meio
deles. Então , sim ,
eles jejuarão”.
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As leituras
de hoje nos
falam do jejum . O jejum
sempre tem sentido
de “privação ” ou
de “renúncia ”. Jejuar
consiste essencialmente em nos privar de alimento pelo
sentido da palavra ,
mas em
geral é referido a qualquer
tipo de privação .
O jejum começa
a reentrar na nossa
cultura atual
por razões
de dieta e de estética ,
ou aconselhado por
certas formas
de religiosidade, com origem no Oriente .
A Igreja ,
como sempre ,
também recomenda o jejum ,
particularmente na Quaresma .
O jejum é um
dos componentes fundamentais
da Quaresma . Mas
podemos entender mal
as suas motivações ou
até cair no egoísmo e no orgulho .
Por isso ,
a mesma Igreja ,
nos alerta
para duas dimensões
essenciais do jejum :
a sua referência
a Cristo e a sua
dimensão de solidariedade .
Mais que a privação de alimentos, é o espírito com que se realiza o jejum. O
jejum deve ser uma expressão do desejo profundo de conversão. Santo Agostinho
dizia: “Para jejuar deveras há que abster-se, antes de mais, de todo pecado”.
Jejuamos porque
ainda não
nos deixamos invadir
completamente pelo
amor de Cristo
Jesus. Jejuamos para Lhe
dar lugar em nós , para que o Senhor possa ocupar toda a nossa existência a fim
de que sejamos reflexos
d’Ele neste mundo .
Jejuamos para nos
unirmos à sua Paixão-Ressurreição.
Tendo presentes
estas dimensões , entendemos melhor o sentido
do jejum que
nos é recomendado e pedido
pela Igreja ,
e mais facilmente evitamos cair na busca de uma perfeição individualista
e fechada, sem nos
preocuparmos com Cristo
presentes nos
outros (Mt 25,40.45).
Depois da volta do exílio em
Babilônia o profeta (o terceiro Isaias) condena o jejum formalista em que não
leva em conta o próximo nem como expressão da penitencia. O profeta Isaias descreve qual
é o verdadeiro jejum
que agrada
a Deus (Is 58,6-9). Deus não quer o jejum formalista
que não
tem em conta
a vida do outro ,
e muito menos
a justiça . Nada
valem as ações e os ritos
religiosos que
excluem o amor ao próximo .
O jejum verdadeiro
consiste em quebrar
todas as cadeias injustas, em repartir o pão com o faminto (cf. Is 58,6-9). Segundo
o profeta Isaias, o culto
deve estar unido à solidariedade
com os necessitados. O jejum que Deus
quer é a conversão a Ele e ao amor dos irmãos; é o jejum do egoísmo,
partilhando com os necessitados o que se tem. Jejuar é bom, diz Deus, mas não é
o essencial. O essencial é respeitar o próximo, não explorá-lo, não
considerá-lo como um objeto para nosso proveito. Jejum sem amor carece de
sentido, não agrada
a Deus e é estéril .
As manifestações exteriores
de conversão têm a sua
prova real na
caridade e na misericórdia
para com os
necessitados, com os pobres , com os carentes do essencial
como um
ser humano para viver .
Portanto, podemos dizer que o que
importa no jejum não é a privação de alimento e sim a seriedade da fé nas
tarefas da vida para que sejam a expressão mais viva do serviço de Deus e dos
homens.
A febre do consumismo hoje em dia é
um grande desafio para praticar um profundo jejum, isto é, o verdadeiro
encontro com Deus e com o próximo.
A Quaresma que me agrada é:
· Quebrar as
cadeias injustas
· Libertar
os oprimidos· Repartir o pão com o faminto
· Acolher em casa os pobres e peregrinos
· Cobrir ou vestir os nus
· Não desprezar o próximo.
Somente então, “invocarás o Senhor
e ele te atenderá, pedirás socorro, e ele dirá: “Eis-me aqui” (Is 58,9ª).
É preciso levar à oração essas
palavras que nos queimam como as brasas.
P. Vitus Gustama,svd
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