20 de Fevereiro de 2013
Naquele tempo ,
29quando as multidões se reuniram em
grande quantidade ,
Jesus começou a dizer : “Esta geração
é uma geração má. Ela
busca um
sinal , mas
nenhum sinal
lhe será dado ,
a não ser o sinal de Jonas. 30Com efeito ,
assim como
Jonas foi um sinal
para os ninivitas, assim
também será o Filho
do Homem para
esta geração . 31No dia do julgamento , a rainha do Sul se levantará juntamente com
os homens desta geração ,
e os condenará. Porque ela veio de uma
terra distante
para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui
está quem é maior
que Salomão. 32No dia do julgamento , os
ninivitas se levantarão juntamente com esta geração
e a condenarão. Porque eles se converteram quando
ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem
é maior do que
Jonas”.
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Os contemporâneos
de Jesus pedem um sinal
para demonstrar ou comprovar que Ele é
verdadeiramente Messias de quem
falavam Moisés e os profetas . Ao pedir um sinal , eles
renovam a tentação do deserto
(cf. Ex 16,1-17,7). Eles querem que Jesus proporcione uma prova
palpável , isto
é, a prova experimental que
se exige na ordem das coisas materiais ,
físicas .
Jesus é, mais uma vez, tentado (cf.
Lc 4,1-13). Diante desta tentação Jesus responde:“Esta geração é uma geração
má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de
Jonas. Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será
o Filho do Homem para esta geração”.
O livro
de Jonas (uma parte lemos na primeira leitura) no qual Jonas é protagonista
citado por Jesus não é um relato histórico e sim didático. Mediante esquemas e
repetições neste livro, o autor quer nos inculcar que Deus é, antes de tudo,
misericordioso, perdoa a todos, inclusive aos pagãos desde que se convertam.
Para nos inculcar esta mensagem tão extraordinária o autor nos apresenta neste
relato o protagonista Jonas.
Jonas não se dirige a Nínive como
missionário, e sim como executor do juízo implacável de Deus sobre os nivitas.
Sua expedição é, antes de tudo, punitiva: “Ainda quarenta dias, e Nínive será
destruída” (Jn 3,4). É assim que pensa Jonas que reflete o pensamento dos
judeus na época. Para os judeus (na época) o juízo consiste em fazer justiça
para Israel castigando e destruindo os pagãos. Pensam também que Deus perdoa a
Israel em vez de castigá-lo (cf. Jr 18,7-8). É claro que este pensamento é
inconcebível para os pagãos.
Diante da pregação de Jonas os
nivitas se converteram. Essa conversão é, para Jonas, inesperada. Na verdade o
livro de Jonas é uma reflexão do autor do século V antes de Cristo sobre Jr
18,7-8 em que o profeta Jeremias observa que Deus pode “arrepender-se” do
castigo que decidiu ao constatar que se esboça uma conversão (cf. Jr
36,3.13.19; 42,10). A doutrina do profeta Jeremias deve ter impressionado o
autor do livro de Jonas que fez dela uma parábola.
A conversão imediata dos ninivitas
diante da pregação de Jonas é, na verdade, uma crítica para os próprios judeus
na época, inclusive para seus reis. O rei de Nínive se arrepende (Jn 3,5-8),
enquanto que o rei de Judá se recusa a se converter (Jr 36,24). O autor quer
também envergonhar seus contemporâneos (os judeus) por sua lentidão em se
converterem (Jr 7,25-26; 25,4; 26,5 etc.), enquanto que Nínive se converteu
desde o primeiro sinal ou desde a primeira pregação de Jonas.
Não consideramos também que os
outros sejam pecadores que merecem castigo severo de Deus e nós próprios nos
esquecemos de nos converter? Não somos nós também novo Jonas que quer a
destruição dos outros ou sua eliminação desta terra em vez de torcer e rezar
pela sua conversão? No nosso coração não mora, de vez em quando, o desejo
vingativo e espera uma ação punitiva de Deus sobre nosso suposto inimigo ou
adversário? Se nós desejamos, assim, não devemos nós mesmos nos converter,
primeiro?
O tema fundamental do livro de
Jonas é a conversão. O vocábulo grego para a conversão é metanoia. Metanoia
quer dizer literalmente mudança de mentalidade. Trata-se de abandonar as velhas
categorias de julgar e de pensar para tomar novos critérios para ver a vida
crescer na direção de Deus e do irmão. Converter-se é desandar o caminho, é pôr
os pés onde está a cabeça (isto é, viver de acordo com uma nova visão) e
colocar a cabeça onde estão os pés.
Lembremo-nos de que Deus, por causa
de sua misericórdia por nós, está contra a Si próprio, pois ele poderia usar de
justiça contra todos nós, pecadores diários (ninguém está livre de pecar com
pensamentos, palavras, atos, omissões etc.).
A raiz
da equivocada exigência de um sinal dos contemporâneos de Jesus não
é outra coisa
que o egoísmo ,
um coração
impuro , um coração duro que unicamente espera de Deus o êxito pessoal , a ajuda
necessária para
absolutizar o próprio
ego (eu ).
Esta forma de religiosidade representa a recusa fundamental da conversão .
Quantas vezes
nos tornamos escravos
do sinal do êxito !
Quantas vezes pedimos um sinal e nos fechamos diante
da chamada à conversão !
Quantas vezes esperamos a demonstração ,
o sinal do êxito ,
tanto na história
universal como
em nossa
vida pessoal !
E perguntamos até que
ponto nós cristãos transformamos realmente
o mundo ? Até
que ponto nós cristãos
demonstramos os princípios cristãos e damos provas
de nosso êxito
criando o paraíso na terra !?
O próprio
Jesus, em sua
Palavra e em
sua inteira
personalidade é sinal
para todas as gerações .
Por isso ,
no evangelho de João, Jesus diz: “Quem me vê , vê o Pai ” (Jo 14,8s). O Pai
se faz visível no Filho .
Ver Jesus e aprender a
vê-Lo! Esta é a resposta . Para
isso , é preciso
que contemplemos Jesus em Sua Palavra inesgotável ,
em seus
mistérios : nos
mistérios de Seu
nascimento, nos mistério
de sua vida
oculta num vilarejo de Nazaré, nos mistérios
de sua vida
publica, no mistério pascal ,
nos sacramentos ,
na história da Igreja
com a qual
Ele caminha
(Mt 28,20).
O Senhor
que é rico em misericórdia
quer que
também sejamos misericordiosos para com os demais . A misericórdia
tem sempre a grande
atração de fazer-nos semelhantes a Deus
e de sermos sinais de seu amor para este mundo .
O Senhor
nos reúne nesta Eucaristia
para nos fazer conhecermos Sua
vontade . Não
viemos somente para rezar a fim de
expor-lhe nossas angustias e esperanças .
Viemos porque queremos entrar
em comunhão
de vida com
Ele para estar em comunhão de vida
com os demais .
Jesus se queixa
dos seus contemporâneos
porque eles
pedem um sinal
do céu para comprovar que ele é o Messias . Mas Jesus recusa qualquer
tipo de sensacionalismo .
Será que Jesus tem motivos
para queixar-se de nós ? Sim , se não nos
convertermos.
P. Vitus Gustama,svd
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