sábado, 9 de fevereiro de 2013

ESCOLHER A VIDA É ESCOLHER A FELICIDADE

 

Quinta-feira depois da Quarta-feira de Cinzas
14 de Fevereiro de 2013

Textos de Leitura: Dt 30,15-20; Lc 9, 22-25

 

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 22“O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. 23Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. 25Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?”

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Na vida nos encontramos com duas realidades bem definidas: o caminho da vida, pelo qual todos nós aspiramos; e o caminho da morte, contra tudo que lutamos. O tema dos dois caminhos (Dt 30,15-20), o caminho da vida e o caminho da morte, é muito típico das literaturas religiosas da antiguidade. Para o Povo eleito (Israel) Deus apresenta dois caminhos possíveis que não podem ser confundidos: “a vida e a felicidade, a morte e a desgraça” (Dt 30,15). Ao escolher o caminho da vida e da felicidade, Israel poderá possuir a terra e receber a benção de Deus.

 
Contemplando nossa realidade, percebemos quealguns ou muitos lados escuros de nossa vida como o fruto do egoísmo do ser humano. Muitos confundiram a felicidade com o possuir o passageiro. Eles se tornaram, muitas vezes, compradores compulsivos de coisas que finalmente lhes continua deixando o coração vazio. O apego a uma vida que nasce de nós e em nós é totalmente estéril e portanto, perdida.

 
Jesus Cristo nos ensina, não somente com palavras, e sim com seu próprio exemplo que o caminho da felicidade, o caminho da vida se encontra na capacidade de nos relacionarmos com os demais, de assumirmos risco de nos perdermos como Cristo por amor e pelo bem e de vivermos fraternalmente unidos pelo amor. Por isso, temos de ir atrás das pegadas de Cristo, carregando nossa cruz de cada dia. Quem for por um caminho diferente ao de amor que Cristo nos mostrou, em lugar de dar vida, dará morte e ele próprio se converterá em destruidor da vida alheia.

 
A vida e a felicidade dependem da obediência aos mandamentos do Senhor resumidos no amor mutuo, no amor fraterno (cf. Jo 15,9-11). O caminho da morte e da desgraça parte do coração desviado, da idolatria. A chamada de Deus é uma opção que coloca o homem diante do dilema da bênção ou diante da maldição divinas. O Senhor nos exorta amavelmente a escolhermos o bom caminho.

 
A glória de Cristo passa, primeiro, pela cruz. E passa pela cruz como conseqüência de sua maneira de viver a missão cuja alma é o amor. Por isso, a cruz de Jesus não é um acidente, tampouco uma equivocação. Quando Jesus anuncia sua morte, não está dizendo outra coisa que assumirá conseqüentemente sua vida justa e solidária. Mas não somente anuncia sua morte, anuncia também sua ressurreição. É a ressurreição que somente virá como conseqüência de sua morte na cruz pela vida justa e solidaria que ele viveu. O ressuscitado é o crucificado. Podemos dizer que para Jesus a cruz é a conseqüência de sua vida vivida conforme a vontade de Deus, e a ressurreição é a prova do amor do Pai a Jesus que viveu de acordo com a vontade do Pai até o fim.

 
Tomar a cruz”, por isso, não é outra coisa que assumir o projeto de vida que Jesus nos mostrou. A cruz é o resultado de decisões voluntárias e compromissos escolhidos ao querer seguir a Jesus. Carregar a cruz é um estilo de vida cotidiana como resultado de enfatizar os valores do Reino, de escolher uma ética de justiça e de solidariedade e de comprometer-se com o projeto de Deus na transformação de um mundo mais fraterno.

 
Portanto, as leituras de hoje nos falam, por um lado, de um coração resistente diante de Deus e por outro lado, de um coração que se adere a Deus. Meu coração é resistente diante de Deus quando não quero ver Sua graça, quando não quero ver Sua obra na minha vida, quando não quero ver Seu caminho sobre a minha existência. Meu coração se adere a Deus, quando em meio de mil inquietudes e vicissitudes, em meio de mil circunstancias, eu vou sendo capaz de descobrir, de encontrar, de amar, de pôr-me diante d’Ele e Lhe dizer: “Aqui estou, Senhor! Pode contar comigo!”. Escutar Deus será o esforço de toda minha quaresma, será a minha escolha da vida e da felicidade. O céu e a terra são testemunhas da minha opção de cada dia: “«Tomo hoje por testemunhas contra vós o céu e a terra; ponho diante de vós a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe a vida para viveres, tu e a tua descendência, 2amando o SENHOR, teu Deus, escutando a sua voz e apegando-te a Ele, porque Ele é a tua vida e prolongará os teus dias para habitares na terra, que o SENHOR jurou que havia de dar a teus pais, Abraão, Isaac e Jacob.»

 
P. Vitus Gustama,svd

2 comentários:

Margarete Perez disse...

Olá Padre Vitus!
Adoramos todas as postagens referentes à semana da quaresma. Reflexões muito pertinentes para nossa vida e nosso caminhar. Se cada um de nós conseguir iniciar ou dar seguimento a um processo reflexivo acerca do assunto já daremos um pequemo passo para entendermos um pouco sobre o amor legítimo que Jesus nos oferece e o quanto podemos contribuir para o crescimento e entendimento da humanidade.
Margarete e Bárbara Perez (Coroinha Igreja Cristo Redentor)

Vitus Gustama disse...

Olá Margarete e Bárbara,

Agradeço-lhes pela apreciação das reflexões postas no meu Blog. Que bom que vocês tem acompanhado meu Blog. Que as reflexões postas neste Blog possam provocar outras reflexões mais profundas na vida de vocês. Saudades!
P. Vitus

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