sexta-feira, 11 de outubro de 2013

 
SER SINAL DE DEUS NESTE MUNDO

 
Segunda-feira da XXVIII Semana Comum
14 de Outubro de 2013
 
Texto de Leitura: Lc 11,29-33

Naquele tempo, 29 quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. 30 Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31 No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta geração e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão. 32 No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas”.

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Continuamos a acompanhar Jesus no seu caminho para Jerusalém. Durante o caminho Jesus vai dando seus últimos e importantes lições para nós, Seus seguidores.


O texto do evangelho deste dia nos relata que os judeus pedem a Jesus um sinal para demonstrar que Ele é verdadeiramente o Messias. Ao pedir um sinal a Jesus, eles renovam a tentação do deserto. Eles exigem que Jesus proporcione uma prova palpável ou experimental na ordem das coisas materiais. Por isso, Jesus usa a expressão “esta geração é uma geração má”. Esta expressão recorda a geração do deserto que tentou Deus (cf. Ex 15,22-18,1ss).


Exigir sinal ou prova que sirva para autorizar Jesus e sua chamada à conversão manifesta claramente uma indisposição para mudar de vida. A raiz desta equivocada exigência de um sinal é o egoísmo, um coração impuro e duro que unicamente espera de Deus o êxito pessoal e a ajuda necessária de Deus para absolutizar apenas o próprio eu. Esta forma de religiosidade representa a recusa fundamental da conversão (mudança de mentalidade e de maneira de se comportar).


Quantas pessoas de nosso tempo que vão de uma Igreja para outra ou de uma religião para outra em busca de milagres para seus problemas ou doenças. Será que só isso é ser cristão. O cristão existe para levar adiante a causa de Jesus, e lutar pela mesma causa onde devem ser eliminados o egoísmo, a exploração, a desigualdade, a injustiça, a prepotência que despreza o irmão, o ódio, a vingança e assim por diante. Jesus não precisa de admiradores ou pessoas que buscam somente milagres (cf. Jo 6,26-27), e sim de colaboradores para levar adiante Seus ensinamentos (cf. Mt 28,18-20; Mc 16,15; Jo 20,21). O cristão existe para ser a luz do mundo que ilumina a vida dos demais e o sal da terra cuja presença capaz de dar sabor para a vida dos demais (cf. Mt 5,13-14).


“Nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas”, diz Jesus. Jonas era um desconhecido para os ninivitas (Nínive era a capital do reino assírio). Ao chegar nessa capital Jonas conclamou o povo para a conversão. Apesar de Jonas ser estrangeiro, desconhecido e sem qualquer credencial para a missão profética, mas, por causa do poder divino de suas palavras, o povo acreditou e se converteu.


E aqui está quem é maior do que Jonas”, Jesus acrescenta. Jesus é maior porque Ele é a própria Palavra de Deus (Jo 1,1) que se tornou carne (Jo 1,14). Só Jesus tem as palavras da vida eterna (Jo 6,68). Jesus é maior porque Ele é a ressurreição e a vida (Jo 11,25; cf. o 14,6). Se Jesus é a vida de nossa vida, será ridículo pedir a Ele outro sinal, pois a nossa vida fala por si de Jesus por Quem tudo foi criado (Jo 1,3-4). O próprio Jesus, a pessoa de Jesus, em sua palavra e em sua inteira personalidade, é sinal para todas as gerações.


O outro maior sinal que Deus nos dá é a sua misericórdia. Jesus se aproxima dos pobres, dos marginalizados e dos pecadores. Em Jesus eles encontram o Deus misericordioso. Não existe maior milagre do que reconstruir interiormente um ser humano. Quem não tem olhos para a misericórdia, continuará a pedir a Jesus milagres que o fazem acreditar. Diante deste tipo de pessoa Deus permanecerá calado. A misericórdia tem sempre a grande atração de fazer-nos semelhantes a Deus e de sermos sinais do amor de Deus para este mundo.


É preciso que o homem supere o espaço das coisas físicas, do tangível para poder se situar no ambiente divino a fim de poder ser redimido. Ao superar esse espaço o homem pode alcançar a certeza própria das realidades mais profundas e eficazes: as realidades do Espírito. Este caminho se chama fé que consiste em saber se superar e abandonar.


A exigência de uma demonstração física, de um sinal que elimine qualquer dúvida, no fundo, esconde a recusa da fé e do amor, pois o amor, na sua essência, é um ato de fé, um ato de entrega de si mesmo, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Atrás dessa exigência se esconde a miopia de um coração demasiado centrado na busca do poder físico, da possessão, do ter, poder que tem sua característica histórica, pois tem seu inicio e seu fim.


Como os ninivitas, precisamos fazer o jejum  e a penitência (conversão) para ter mais docilidade e maior abertura a Deus. Quem tem docilidade para ouvir a Palavra de Deus, tem facilidade e capacidade de reconhecer os sinais da presença de Deus na vida cotidiana. Precisamos rezar sem cessar para estar em sintonia com a vontade de Deus e a abertura para o próximo. Precisamos fazer caridade, dividindo aquilo que temos com aqueles que não têm nada para sobreviver. E que Deus nos conceda a graça de ter um coração renovado em Cristo, de tal forma que sejamos um sinal de seu amor para todos e possamos, assim, ser linguagem crível do Senhor, não somente com nossas palavras, mas com uma vida integra moldada aos ensinamentos de Cristo.
P. Vitus Gustama,svd

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