ESTAR UNIDO A CRISTO É ESTAR UNIDO AO BEM
Sexta-feira da XXVII Semana Comum
11 de Outubro de 2013
Texto de Leitura: Lc 11,
15-26
Naquele tempo, Jesus estava
expulsando um demônio. 15 Mas alguns disseram: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios,
que ele expulsa os demônios”. 16 Outros, para tentar
Jesus, pediram-lhe um sinal do céu. 17 Mas, conhecendo seus
pensamentos, Jesus disse-lhes: “Todo reino dividido contra si mesmo será
destruído; e cairá uma casa por cima da outra. 18 Ora, se até Satanás está
dividido contra si mesmo, como poderá sobreviver o seu reino? Vós dizeis que é
por Belzebu que eu expulso os demônios. 19 Se é por meio de Belzebu
que eu expulso demônios, vossos filhos os expulsam por meio de quem? Por isso,
eles mesmos serão vossos juízes. 20 Mas, se é pelo dedo de
Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus. 21 Quando um homem forte e
bem armado guarda a própria casa, seus bens estão seguros. 22 Mas, quando chega um
homem mais forte do que ele, vence-o, arranca-lhe a armadura na qual ele
confiava, e reparte o que roubou. 23 Quem não está comigo
está contra mim. E quem não recolhe comigo dispersa. 24 Quando o espírito mau
sai de um homem, fica vagando em lugares desertos, à procura de repouso; não o
encontrando, ele diz: ‘Vou voltar para minha casa de onde saí’. 25 Quando ele chega
encontra a casa varrida e arrumada. 26 Então ele vai, e traz
consigo outros sete espíritos piores do que ele. E, entrando, instalam-se aí. No
fim, esse homem fica em condição pior do que antes”.
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Estamos acompanhando Jesus no seu
caminho para Jerusalém ouvindo suas ultimas e importantes lições para nossa
vida de cristãos, seus seguidores (Lc 9,58-19,28). Desta vez Jesus nos pede que
estejamos unidos a Ele para que possamos superar o poder do mal existente no
mundo.
É Preciso Ter Fé em Deus
A mentalidade bíblica contempla a
vida humana como uma luta entre dois espíritos: os espíritos que regem e
dominam o homem natural, e o Espírito de Deus que o faz partícipe da liberdade
humana. Expulsando o espírito do mal, Cristo revela que um novo Reino acaba de
fazer sua aparição sobre a terra, um Reino capaz de destruir o reino do mal ou
do satanás.
Para pertencer a este novo Reino é
necessária uma opção ilimitada de fidelidade e de entrega a Jesus. Ao
entregar-se a Jesus nenhum poder do mal sobre a face da terra será capaz de
derrubar o homem. “Tenha coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33), Jesus
nos relembra sempre para que tenhamos consciência da força de Jesus em cada um
de nós. E São João na sua primeira Carta nos relembra: “Esta é a vitória
que vence o mundo: a nossa fé” (1Jo 5,4). O verbo “vencer”, aqui, é
empregado no presente para dizer que em qualquer momento podemos vencer, sim,
com a força de nossa fé. Mas ao mesmo tempo em qualquer momento precisamos
renovar nossa fé com muita oração e muita leitura e meditação da Palavra de
Deus e a participação dos sacramentos e a prática do amor fraterno. Ao praticarmos
o bem, o mal se afasta de nós.
Mas o evangelista Lucas nos relatou
que algumas pessoas comentaram maldosamente: “É por Belzebu, o príncipe dos
demônios, que ele expulsa os demônios”. Sempre tem os fofoqueiros de plantão em
qualquer época e lugar. São aqueles que não são parceiros do bem. São aqueles
que têm tanta coisa negativa na cabeça e no coração. Estão tão cheios de coisas
negativas a ponto de as pessoas boas e as coisas positivas ficarem escondidas
para seus olhos.
Uma das maiores indigências é ser incompreendido
ou ser desprezado; é ver deformados os bons propósitos como os de Jesus Cristo.
E Jesus conhece esta classe de indigência. Imagine, eles até fazem acusação
dura e depreciativa. Eles chamam Jesus, o Salvador do homem, de Belzebu,
“Senhor das moscas”, príncipe de demônios. Quando não se tem a fé no coração, arruma-se
qualquer justificativa, mesmo sem nenhum fundamento, para não crer naquilo que é
óbvio aos nossos olhos. A vida do homem funciona da seguinte maneira: Quando
queremos fazer qualquer coisa, procuramos qualquer jeito. Mas quando não queremos,
arranjamos qualquer desculpa. Mas no fim, a verdade vai nos dizer sobre o que
somos e o que não o somos.
É Preciso Manter a Unidade
De Jesus essas pessoas maldosas
recebem esta resposta: “Todo reino dividido por si mesmo será destruído; e
cairá uma casa por cima da outra”.
Nesta controvérsia Jesus sublinha a
importância da unidade. Pela história sabemos que a guerra civil destrói muito
mais os impérios do que os ataques exteriores. Quem usar a “ação de dividir”
para atacar, será destruído pela mesma divisão que recairá contra suas próprias
tropas.
A unidade é a expressão e a prova
mais evidente do amor. “Unir” ou “reunir” é um termo teológico para dizer a salvação.
Quem estiver unido com Cristo que está unido ao Pai, jamais será causador da
desunião e da divisão entre os cristãos ou entre as pessoas; ele buscará sempre
a reconciliação. A comunhão com Cristo é impossível sem a vivência do amor
fraterno. Assim como o amor fraterno cria unidade, assim também a comunhão com
Jesus deve criar a comunhão entre os cristãos. Quando não estamos unidos aos outros
é porque não estamos unidos a Cristo.
Santo Agostinho nos alerta: “A
soberba gera a divisão. A caridade, a comunhão. Quem abandona a unidade se faz
desertor da caridade. E se deserta da caridade, mesmo que possua tudo o mais,
se reduz a nada. Em vão se possuem todas as coisas quando o único que interessa
não se possui”.
Estar do lado da justiça, do bem e da verdade é estar do lado
de Jesus
“Quem não está comigo, está contra mim; quem não recolhe
comigo, espalha”, alerta-nos o Senhor hoje.
Na sua pregação o Apóstolo Pedro deu
seu testemunho sobre Jesus dizendo que Jesus “passou a vida fazendo o bem” (At
10,38). Apesar disso Jesus enfrentou muitas oposições. Muitos se consideravam
proprietários das boas obras, do poder divino, e demonizavam aquelas pessoas
que não atuavam segundo seus parâmetros. Eles davam esmolas ou conselhos com
intuito de ter o bom nome, o prestígio e a admiração (cf. Mt 23,1-36). Quando
Jesus veio para dar sua vida generosamente sem esperar nada em troca, eles o
consideraram como “demônio”, “Belzebu”. Era uma maneira fácil que eles
encontraram para desprestigiar e eliminar o oponente, neste caso, Jesus. No
entanto, Jesus os enfrentou com a verdade, o bem e a justiça.
Na atualidade continua sendo
corrente a prática de demonizar o oponente, de desprestigiá-lo para aumentar o
brilho próprio. Pois, atuar a favor dos demais sem buscar o bom nome e o
prestígio é uma coisa que não chama a atenção de ninguém.
O evangelho de hoje nos convida a
estarmos do lado de Jesus, isto é, do lado do bem, da verdade e da justiça, não
para adquirir ganâncias pessoais e sim para sermos as mãos de Deus que atuam
eficazmente no mundo. Por isso, o mundo de hoje exige que lutemos contra o mal
com as armas da verdade, do bem, da honestidade, da solidariedade e da justiça.
Não podemos combater o mal com suas próprias armas: a violência somente gera
violência e a manipulação ideológica somente gera opressão e desequilíbrio
mental. Necessitamos combater o mal, porém como o fez Jesus: com a bondade e
generosidade de um Deus que defende incondicionalmente a vida das pessoas
humanas e sua dignidade como seres humanos. O cristianismo e o mal e a maldade
são incompatíveis. Fazer o bem permanentemente significa que estamos no Reino
da verdade, da justiça e da caridade que é o Reino de Deus. Para viver uma vida
autenticamente humana, temos que nos amar muito com a verdade, a justiça, o bem
e a caridade que são, em certo modo, coisas sagradas que requerem ser tratadas
com amor e respeito e são os valores que têm a marca de eternidade.
P. Vitus Gustama,svd
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