NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
SER DISCÍPULO-MODELO
COMO MARIA CONTEMPLANDO OS MISTÉRIOS DE
CRISTO
Segunda-feira, 07 de Outubro de 2013
Texto de
Leitura: Lc 1, 26-38
Naquele tempo, 26 o anjo
Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a
uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente
de Davi e o nome da Virgem era Maria. 2 8O anjo entrou onde ela estava e disse:
“Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29 Maria ficou perturbada
com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30 O
anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça
diante de Deus. 31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o
nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor
Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33 Ele reinará para sempre sobre os
descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como
acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” 35 O anjo respondeu: “O
Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por
isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36 Também
Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês
daquela que era considerada estéril, 37 porque para Deus nada é impossível”. 38
Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua
palavra!” E o anjo retirou-se.
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O Rosário e Seus Mistérios
A oração do rosário parece uma das orações
mais fáceis propostas pela Igreja. Na realidade o rosário é uma oração contemplativa.
Ele nos faz passarmos através de todos os mistérios de nossa redenção.
Nos mistérios gozosos, por exemplo,
nós entramos na casa da Mulher bendita de Nazaré (Maria) para escutar a
mensagem salvífica do Divino Mensageiro, o Anjo Gabriel (Lc 1,26-38). Logo
depois, vamos a Ain Karim (para a casa de Isabel e Zacarias) onde com Isabel e
com ela (Maria) proclamamos a Maternidade divina de Maria (Maria é chamada de “Mãe
do meu Senhor” por Isabel cf. Lc 1,43). Em Belém ficamos com pasmo diante da manjedoura
onde se deita o Salvador do mundo e honramos com os pastores ao mesmo Salvador,
Jesus Cristo (cf. Lc 2,8-14). Logo em seguida, vemos o mesmo Salvador no Templo
apresentado a Deus pelos seus pais (Lc 2,22-40), e reencontra entre os doutores
cheios de estupor por sua inteligência (Lc 2,41-52). E nos mistérios luminosos
contemplamos a vida publica de Jesus para aprender d’Ele como devemos viver
como cristãos para que, um dia, possamos contemplar a vida glorificada. Ou, nos
mistérios dolorosos, contemplamos a Paixão de Jesus e de Maria que O
acompanhava, desde Getsêmani até o Calvário (cf. Jo 19,25-27). E nos mistérios
gloriosos, refletimos sobre o triunfo de Jesus, no qual tem parte Sua Mãe na
economia da salvação.
Por essa razão, o rosário (ou o terço)
não é apenas mariológico, mas, principalmente, cristológico, pois nele se
contemplam os mistérios de Cristo que são os mistérios de nossa redenção. Na sua
Carta Apostólica sobre o Rosário o Papa João Paulo II escreveu:
· “O Rosário,
de fato, ainda que caracterizado pela sua fisionomia mariana, no seu âmago é
oração cristológica. Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade
de toda a mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio. Nele ecoa a oração
de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora iniciada no
seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão freqüenta a escola de Maria, para
deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na
experiência da profundidade do seu amor. Mediante o Rosário, o crente alcança a
graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor”. (ROSARIUM
VIRGINIS MARIAE no.1)
Assim começando com a oração que
Jesus nos ensinou (Pai Nosso) e que nos autoriza a invocarmos ao Seu Pai como
nosso Pai, nós repetimos a Ave Maria, a saudação do Anjo dada à maior de todas
as criaturas (Maria) e a saudação de Isabel para a mesma (primeira parte da Ave
Maria) e ao mesmo tempo, somos convidados a contemplar os maiores mistérios de
nossa redenção em cada dezena de Ave-Marias.
A riqueza mística da oração de rosário
permite a cada sacerdote, de maneira especial, entrar no mistério da própria vocação,
contemplar os princípios da vida sacerdotal e dar a possibilidade de retornar
aos momentos mais íntimos nos quais nascia, crescia e amadurecia a chamada de
Jesus a segui-Lo. Como aconteceu com Jesus, a vida sacerdotal passa pelos momentos
gozosos e dolorosos para chegar aos
momentos gloriosos que terão seu cumprimento na vida futura para a qual são dirigidas
as seguintes palavras: “Venha o Teu Reino!”. Por isso, a contemplação dos mistérios
do Rosário pode chegar a ser um exame de consciência da devoção sacerdotal a
Maria. Essa devoção consiste em imitar as virtudes de Maria. Não é por acaso
que o Papa João Paulo II dizia as seguintes palavras:
·
“O Rosário é a minha oração predileta. Oração
maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade. Nesta oração
repetimos muitas vezes as palavras que a Virgem Maria ouviu ao Arcanjo e à Sua
parente Isabel. A estas palavras associa-se a Igreja inteira. Pode dizer-se que
o Rosário é, em certo modo, um Comentário-prece do último capítulo da
Constituição Lumen Gentium do Vaticano II, capítulo que trata da
admirável presença da Mãe de Deus no mistério de Cristo e da Igreja. De fato, sobre
o fundo das palavras "Ave Maria" passam diante dos olhos da alma os
principais episódios da vida de Jesus Cristo. Eles dispõem-se no conjunto dos
mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos, e põem-nos em comunhão viva com Jesus
através — poderíamos dizer — do Coração de Sua Mãe. Ao mesmo tempo o nosso
coração pode incluir nestas dezenas do Rosário todos os fatos que formam a vida
do indivíduo, ela família, da nação, da Igreja e da humanidade. Acontecimentos
pessoais e os do próximo, e de modo particular daqueles que nos estão mais
vizinhos, que temos mais no coração. Assim a oração simples do Rosário marca o
ritmo da vida humana”. (Angelus, 29.10.1978)
Mensagem Do texto Do Evangelho Deste Dia
No texto do evangelho lido neste
dia, inicialmente o Anjo de Deus não chama Maria pelo nome, mas chama-a
simplesmente de “Cheia de graça”. O termo ‘graça’ significa benefício
absolutamente gratuito, livre e sem motivo (cf. 1Cor 15,10). Também tem outro
significado: um efeito do favor divino que torna alguém belo, amável e
encantador. A graça da criatura depende da graça de Deus, e não vice-versa.
Na graça reside a completa
explicação de Maria, a sua grandeza e a sua beleza. Maria encontrou graça, isto
é, favor, junto de Deus; ela é cheia do favor divino. Como as águas preenchem o
mar, assim a graça preenche a alma de Maria. Maria é cheia de graça também em
outro sentido: ela é bela, daquela beleza que chamamos de santidade. Sendo
agraciada, Maria é também graciosa.
Maria lembra cada um de nós que
tudo na nossa vida é graça. A graça é a presença de Deus. As duas expressões:
“cheia de graça” e “o Senhor está contigo” são quase a mesma coisa. Esta
presença de Deus no homem realiza-se agora em Cristo e por Cristo. De fato ele
é o Emanuel, o Deus-Conosco (Mt 1,23; 18,20;28,20).
A primeira coisa que cada um de nós
deve fazer como resposta à graça de Deus é dar graças. A graça de Deus tem de
ser acompanhada pelo agradecimento do homem. Dar graças significa, antes de
tudo, reconhecer a graça, aceitar a gratuidade da mesma. Dar graças significa
aceitar-se como devedor, como dependente; deixar que Deus seja Deus. É preciso
fazer o possível para renovar cada dia o contato com a graça de Deus que está
em nós. Pela graça podemos manter, desde esta vida, o contato com Deus.
Precisamos crer na graça, crer que Deus nos ama, que nos é favorável de
verdade, pela graça fomos salvos.
O texto quer dizer também que Maria
é a primeira cristã por causa do seu sim a Deus para que possa nascer para a
humanidade Jesus Cristo, nosso Salvador. Não era nenhuma princesa nem nenhuma
patroa na sociedade do seu tempo. Era uma mulher simples do povo, uma moça
pobre. Mas Deus se compadece dos humildes e dos simples. Para Deus tudo é
simples, e para o simples tudo é divino. A simplicidade atrai a bênção de Deus
e a simpatia humana. O simples, o humilde é o terreno fértil onde a graça de
Deus encontra seu lugar e através do qual Deus fala para o mundo.
De certa forma, podemos dizer que
com o sim de Maria à vontade de Deus a Igreja começou. A Virgem Maria, no
momento de sua eleição radical e no momento de seu sim a Deus foi início e
imagem da Igreja. Quando ela aceitou o anúncio do anjo, da parte de Deus,
pode-se dizer que começou a Igreja: a humanidade, nela representada, começou a
dizer sim à salvação que Deus lhe ofereceu. Nela e através dela a humanidade
foi abençoada. Podemos olhar, por isso, para Maria como modelo de fé e motivo
de esperança e de alegria.
O sim de Maria à Palavra de Deus
expressa um compromisso total, uma confiança absoluta no amor e no poder de
Deus que a faz sair de si mesma e aposta totalmente sua vida no poder de Deus.
E este compromisso total de uma moça simples com a Palavra de Deus compromete
também o destino da humanidade. Nós, cristãos, devemos ter uma consciência mais
clara daquilo que sucede quando nos reunimos para celebrar a Eucaristia. A
participação da Palavra e do Corpo de Cristo é algo que produz a união mais
íntima possível com Cristo vivo. Por isso, o sim pronunciado no momento desta
participação eucarística é o que compromete de uma maneira mais profunda todos
nós cristãos.
Toda vez que dissermos Sim à
vontade de Deus e aos seus mandamentos geraremos algo de bom, algo de humano e algo
de divino para o mundo. Toda vez que dissermos a Deus conscientemente “Faça-se
em mim segundo a Sua Palavra!”, nossa vida se encherá de Deus (cheia de graça),
seremos instrumentos eficazes de Deus e faremos nascer algo de Deus para salvar
o mundo. Toda vez que dissermos Sim a Deus e à Sua vontade, sairemos de nós
para ir ao encontro dos demais para ajudá-los.
Cada cristão é chamado a dizer Sim ao bem, à bondade, ao amor, à justiça,
à solidariedade, à honestidade, à retidão e assim por diante, pois tudo isso
significa dizer Sim a Deus.
O compromisso da vida cristã é
deixar-se fecundar pelo Espírito de Deus, como Maria, escutando a Palavra de
Deus que vem por meio de mensageiros, tendo em conta nossa situação e nossas
forças, mas respondendo a Deus com confiança e interesse. O cristão deve
deixar-se encarnar pela Palavra de Deus para que se torne Boa Nova para os
demais como Maria.
“Ó, Virgem fiel, dia e noite permaneces em profundo silêncio, em uma
paz inefável, em uma oração divina, que não cessa nunca, com a alma
inteiramente inundada por eternos resplendores. (...) Em uma paz inefável, em
um misterioso silêncio, penetraste no insondável levando em ti o Dom de Deus.
Guarda-me sempre em um abraço divino. Que leve sempre em mim a estampa deste
Deus de amor”.
(Isabel da Trindade)
(Isabel da Trindade)
P. Vitus Gustama,svd
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