quinta-feira, 17 de outubro de 2013

 
NOSSA SALVAÇÃO DEPENDE DA LEALDADE A CRISTO
 

Sábado da XXVIII Semana Comum
19 de Outubro de 2013
 
Texto de Leitura: Lc 12, 8-12

 
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 8 “Todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus. 9 Mas aquele que me renegar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus. 10 Todo aquele que disser alguma coisa contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado. 11 Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiqueis preocupados como ou com que vos defendereis, ou com o que direis. 12 Pois, nessa hora, o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer”.
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Estamos acompanhando Jesus na Sua última viagem para Jerusalém, pois ele será morto nessa cidade. Ao Mesmo tempo continuamos a ouvir Suas últimas e mais importantes lições para nossa vida de cristãos (Lc 9,51-19,28). Hoje Jesus nos dá a lição sobre a importância do testemunho dos seus ensinamentos, pois tudo isso tem conseqüências para a vida eterna (salvação).


Nos versículos anteriores do texto do evangelho de hoje (Lc 12,1-7) Jesus animava o discípulo, cada cristão, a ser valente (sem medo) na hora de dar testemunho, isto é, ser discípulo fiel até o fim, porque Deus cuidaria dos seus filhos até nos mínimos detalhes (até os cabelos estão todos contados por Deus).


Hoje Jesus nos dá outro motivo para sermos intrépidos (corajosos) na vida cristã de cada dia: o próprio Jesus dará testemunho a nosso favor diante da presença de Deus (Pai), no dia do juízo (final). Isto quer nos dizer que nossa autêntica existência e nossa sorte definitiva, sorte escatológica, depende da opção que fazemos por Jesus neste mundo: “Todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus”. O julgamento de Deus será realizado a partir da lealdade ou deslealdade a Cristo na nossa vida diária neste mundo. Em outra parte do evangelho Jesus expressa o mesmo pensamento de outra forma: “Quem não está comigo, está contra mim” (Lc 11,23). Quem se colocar a favor de Jesus nesta vida, pode ter certeza de que Jesus estará ao seu lado para defendê-lo no juízo (final).


Mas renegar Jesus neste mundo significa a perda definitiva (não será reconhecido por Jesus diante de Deus Pai): “Mas aquele que me renegar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus”.  O homem se destrói ao renegar Jesus e seus ensinamentos. Querendo salvar sua vida ao renegar Jesus o homem acaba por perdê-la (cf. Lc 9,24-26). O gesto de renegar Jesus é, na verdade, uma expressão da falta de fé. E renegar Jesus na terra significa recusá-lo de ser defensor do cristão no juízo (final).


A partir da afirmação de Jesus no evangelho de hoje percebemos claramente que ninguém crê impunemente. Ao mesmo tempo, o texto quer nos relembrar que nossa conduta diária deve corresponder à nossa fé. Consequentemente, a fé é para a vida e não algo meramente privado.


Jesus sabe que em determinadas situações a fé do cristão é posta em xeque. Nessas situações a vida do cristão é que está em jogo. Mas tendo uma fé forte e coragem suficiente e tendo diante dos olhos o reconhecimento de Jesus no juízo, o cristão será capaz de testemunhar sua fé, sem medo, publicamente. No juízo constante, implacável do mundo contra Jesus, quem tiver o valor de optar por Jesus, terá a seu favor o testemunho de Jesus no juízo de Deus contra o mundo (cf. Lc 9,26; Mc 8,38; Jo 16,6-11).


O texto do evangelho quer também nos relembrar que quando vivermos fielmente os ensinamentos de Cristo, nós seremos perseguidos: “Todos os que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, serão perseguidos” (2Tm 3,12). O próprio Jesus nos avisa em outro evangelho sobre a mesma sorte ao dizer: “Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que vós. Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia” (Jo 15,18-19). Para o cristão a perseguição não é um acidente de percurso e sim, sinal de fidelidade aos ensinamentos de Cristo.


Mas Jesus nos consola e fortalece com a presença de outro protagonista que Jesus apresenta para o cristão no momento em que sua fé é posta em xeque é o Espírito de Deus: “Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiqueis preocupados como ou com que vos defendereis, ou com o que direis. Pois, nessa hora, o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer”. Assim se completa a aproximação do Deus Trino na vida do cristão. O Pai que não se esquece de nós, Jesus que nos defenderá no juízo (final) e o Espírito Santo que nos inspirará quando estivermos diante dos magistrados e autoridades para dar razão de nossa fé. O Espírito Santo é quem dará ao cristão forças para proclamar, com destemor, sua fé. Somente no Espírito Santo se pode confessar que Jesus é o Senhor.


Quem renega esta fé, peca contra o Espírito, e por isso, já não tem salvação porque a fé acompanhada com as obras salva o homem: ”Todo aquele que disser alguma coisa contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado”.


“Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado”.  Blasfemar contra o Espírito Santo não é uma ação acidental, ocasional ou uma simples ofensa ao Espírito. Trata-se de uma opção existencial e fundamental contra toda a revelação de Deus em Jesus Cristo que consiste na atividade salvífica de Deus para o homem.  O Espírito divino continua manifestando e revelando a vontade de Deus através de múltiplas maneiras e diversos acontecimentos na vida do homem. Esta frase nos adverte sobre a possibilidade de apostasia de alguns cristãos. E esta expressão quer nos transmitir muito mais como uma advertência pastoral do que uma afirmação teológica. O comportamento de Deus para o homem não é de um juiz e sim de um Pai que perdoa, desde que o homem volte novamente aos braços do Pai, pois Deus não se cansa de perdoar (cf. Lc 15,11-32).


Nos momentos em que sentimos medo por algo porque a vida é dura, será bom que recordemos estas palavras de Jesus, afirmando o amor concreto que Deus Trino nos tem para nos ajudar. Jesus acalmou tempestade, curou enfermidades e ressuscitou os mortos. Era o sinal desse amor de Deus que já está atuando em nosso mundo. Conseqüentemente, esse poder também nos alcança. Portanto, não temos motivos para nos deixar levar pelo medo ou pela angústia. “Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiqueis preocupados como ou com que vos defendereis, ou com o que direis. Pois, nessa hora, o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer” (Lc 12,11-12). Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, não podendo fazer mais do que isto” (Lc 12,4). “Todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus” (Lc 12,8).

P. Vitus Gustama,svd

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