NOSSA SALVAÇÃO DEPENDE
DA LEALDADE A CRISTO
Sábado da XXVIII Semana
Comum
19 de Outubro de 2013
Texto de Leitura: Lc 12,
8-12
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 8 “Todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho
do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus. 9 Mas aquele que
me renegar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus. 10 Todo aquele
que disser alguma coisa contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem
blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado. 11 Quando vos conduzirem
diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiqueis preocupados como
ou com que vos defendereis, ou com o que direis. 12 Pois, nessa hora, o
Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer”.
______________
Estamos acompanhando Jesus na Sua última
viagem para Jerusalém, pois ele será morto nessa cidade. Ao Mesmo tempo
continuamos a ouvir Suas últimas e mais importantes lições para nossa vida de cristãos
(Lc 9,51-19,28). Hoje Jesus nos dá a lição sobre a importância do testemunho
dos seus ensinamentos, pois tudo isso tem conseqüências para a vida eterna (salvação).
Nos versículos anteriores do texto
do evangelho de hoje (Lc 12,1-7) Jesus animava o discípulo, cada cristão, a ser
valente (sem medo) na hora de dar testemunho, isto é, ser discípulo fiel até o
fim, porque Deus cuidaria dos seus filhos até nos mínimos detalhes (até os
cabelos estão todos contados por Deus).
Hoje Jesus nos dá outro motivo para
sermos intrépidos (corajosos) na vida cristã de cada dia: o próprio Jesus dará
testemunho a nosso favor diante da presença de Deus (Pai), no dia do juízo
(final). Isto quer nos dizer que nossa autêntica existência e nossa sorte
definitiva, sorte escatológica, depende da opção que fazemos por Jesus neste
mundo: “Todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do
Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus”. O julgamento
de Deus será realizado a partir da lealdade ou deslealdade a Cristo na nossa
vida diária neste mundo. Em outra parte do evangelho Jesus expressa o mesmo
pensamento de outra forma: “Quem não está comigo, está contra mim” (Lc
11,23). Quem se colocar a favor de Jesus nesta vida, pode ter certeza de que
Jesus estará ao seu lado para defendê-lo no juízo (final).
Mas renegar Jesus neste mundo
significa a perda definitiva (não será reconhecido por Jesus diante de Deus
Pai): “Mas aquele que me renegar diante dos homens, será negado diante dos
anjos de Deus”. O homem se destrói ao renegar Jesus e seus
ensinamentos. Querendo salvar sua vida ao renegar Jesus o homem acaba por perdê-la
(cf. Lc 9,24-26). O gesto de renegar Jesus é, na verdade, uma expressão da
falta de fé. E renegar Jesus na terra significa recusá-lo de ser defensor do
cristão no juízo (final).
A partir da afirmação de Jesus no
evangelho de hoje percebemos claramente que ninguém crê impunemente. Ao mesmo
tempo, o texto quer nos relembrar que nossa conduta diária deve corresponder à
nossa fé. Consequentemente, a fé é para a vida e não algo meramente privado.
Jesus sabe que em determinadas
situações a fé do cristão é posta em xeque. Nessas situações a vida do cristão
é que está em jogo. Mas tendo uma fé forte e coragem suficiente e tendo diante
dos olhos o reconhecimento de Jesus no juízo, o cristão será capaz de
testemunhar sua fé, sem medo, publicamente. No juízo constante, implacável do
mundo contra Jesus, quem tiver o valor de optar por Jesus, terá a seu favor o
testemunho de Jesus no juízo de Deus contra o mundo (cf. Lc 9,26; Mc 8,38; Jo
16,6-11).
O texto do evangelho quer também
nos relembrar que quando vivermos fielmente os ensinamentos de Cristo, nós seremos
perseguidos: “Todos os que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, serão
perseguidos” (2Tm 3,12). O próprio Jesus nos avisa em outro evangelho sobre
a mesma sorte ao dizer: “Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim
antes que vós. Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como,
porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia”
(Jo 15,18-19). Para o cristão a perseguição não é um acidente de percurso e
sim, sinal de fidelidade aos ensinamentos de Cristo.
Mas Jesus nos consola e fortalece
com a presença de outro protagonista que Jesus apresenta para o cristão no
momento em que sua fé é posta em xeque é o Espírito de Deus: “Quando vos
conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiqueis
preocupados como ou com que vos defendereis, ou com o que direis. Pois, nessa
hora, o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer”. Assim se completa
a aproximação do Deus Trino na vida do cristão. O Pai que não se esquece de
nós, Jesus que nos defenderá no juízo (final) e o Espírito Santo que nos
inspirará quando estivermos diante dos magistrados e autoridades para dar razão
de nossa fé. O Espírito Santo é quem dará ao cristão forças para proclamar, com
destemor, sua fé. Somente no Espírito Santo se pode
confessar que Jesus é o Senhor.
Quem renega esta fé, peca contra o
Espírito, e por isso, já não tem salvação porque a fé acompanhada com as obras
salva o homem: ”Todo aquele que disser alguma coisa contra o Filho do Homem
será perdoado. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado”.
“Mas quem blasfemar contra o
Espírito Santo não será perdoado”. Blasfemar
contra o Espírito Santo não é uma ação acidental, ocasional ou uma simples
ofensa ao Espírito. Trata-se de uma opção existencial e fundamental contra toda
a revelação de Deus em Jesus Cristo que consiste na atividade salvífica de Deus
para o homem. O Espírito divino continua
manifestando e revelando a vontade de Deus através de múltiplas maneiras e diversos
acontecimentos na vida do homem. Esta frase nos adverte sobre a possibilidade
de apostasia de alguns cristãos. E esta expressão quer nos transmitir muito
mais como uma advertência pastoral do que uma afirmação teológica. O comportamento
de Deus para o homem não é de um juiz e sim de um Pai que perdoa, desde que o
homem volte novamente aos braços do Pai, pois Deus não se cansa de perdoar
(cf. Lc 15,11-32).
Nos momentos em que sentimos medo
por algo porque a vida é dura, será bom que recordemos estas palavras de Jesus,
afirmando o amor concreto que Deus Trino nos tem para nos ajudar. Jesus acalmou
tempestade, curou enfermidades e ressuscitou os mortos. Era o sinal desse amor
de Deus que já está atuando em nosso mundo. Conseqüentemente, esse poder também
nos alcança. Portanto, não temos motivos para nos deixar levar pelo medo ou
pela angústia. “Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades,
não fiqueis preocupados como ou com que vos defendereis, ou com o que direis.
Pois, nessa hora, o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer” (Lc 12,11-12). “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, não podendo fazer mais do
que isto” (Lc 12,4). “Todo aquele que der testemunho de
mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos
anjos de Deus” (Lc 12,8).
P. Vitus Gustama,svd
Nenhum comentário:
Postar um comentário