SER PERSEVERANTE NA
ORAÇÃO
Quinta-feira da XXVII
Semana Comum
10 de Outubro de 2013
Texto de Leitura: Lc 11,5-13
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 5 “Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe
disser: ‘Amigo, empresta-me três pães, 6
porque um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe oferecer’, 7 e se o
outro responder lá de dentro: ‘Não me incomodes! Já tranquei a porta, e meus
filhos e eu já estamos deitados; não me posso levantar para te dar os pães’; 8 eu
vos declaro: mesmo que o outro não se levante para dá-los porque é seu amigo,
vai levantar-se ao menos por causa da impertinência dele e lhe dará quanto for
necessário. 9 Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e
encontrareis; batei e vos será aberto. 10 Pois quem pede recebe; quem procura
encontra; e, para quem bate, se abrirá. 11 Será que algum de vós que é pai, se
o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? 12 Ou ainda, se pedir um ovo, lhe
dará um escorpião? 13 Ora, se vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos
vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que o
pedirem!”
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Continuamos acompanhar Jesus no seu
caminho para Jerusalém ouvindo suas últimas e importantes lições para nossa
vida de cristãos (Lc 9,58-19,28). São suas ultimas lições porque Jesus será
crucificado, morto e glorificado em Jerusalém.
Na passagem do evangelho de hoje, Lucas
volta a falar da necessidade de rezar sempre insistentemente. “Orar é sempre
possível porque o tempo do cristão é o tempo de Cristo ressuscitado, o qual
«permanece conosco todos os dias» (Mt 28,20). Oração e vida cristã são, por
isso, inseparáveis” (Compêndio do Novo Catecismo, 576, ou Novo Catecismo,
2742-2745. 2757). Como dizia São
João Crisóstomo: “É possível, mesmo no mercado ou durante um passeio sozinho,
fazer oração freqüente e fervorosa. É possível rezar, mesmo sentados na vossa
loja, a tratar de compras e vendas, ou até mesmo a cozinhar”.
Nossa oração é certamente petição,
mas não tem nada a ver com um regateio mercantil. Há que recorrer a Deus como
pobre na necessidade. A oração é antes de tudo uma confissão da própria
indigência: Senhor, eu não consegui alcançar tal objetivo, Senhor, eu ando
buscando..., Senhor, eu não compreendo tudo.., Senhor, eu necessito de Ti.
“A oração é um dom da graça, mas
pressupõe sempre uma resposta decidida da nossa parte, porque o que reza
combate contra si mesmo, contra o ambiente e, sobretudo, contra o Tentador, que
faz tudo para retirá-lo da oração. O combate da oração é inseparável do
progresso da vida espiritual. Reza-se como se vive, porque se vive como se
reza” (Compêndio do Novo Catecismo, 572; Novo Catecismo, no. 2725).
Jesus nos convida a perseverar em
nossa oração, a dirigir confiadamente nossas súplicas ao Pai. Ele nos recomenda
que sejamos persistentes na oração não porque Deus seja surdo e sim porque nós
necessitamos perseverar para alcançá-Lo. A natureza humana é geralmente
caracterizada pela inconstância. Ficamos desanimados e apavorados diante do
primeiro obstáculo que nos é apresentado na conseqüência de nossos projetos e
metas. Abandonamos a nave diante do menor indício de tormenta. As coisas fáceis
geralmente não são valiosas. Para vencer os obstáculos são necessárias a
humildade, a confiança e a perseverança.
Por isso, o evangelista nos convida
a crer em nossas aspirações e a fortalecer nosso espírito com a oração
constante. O Reino de Deus exige muita qualidade pessoal e muito apoio
comunitário que serve sempre de testemunho perseverante.
Se decidirmos cultivar uma atitude
perseverante, uma entrega decidida, e uma sobriedade diante das dificuldades,
nós veremos que ao término de nosso esforço se encontra a generosa vontade de
Deus que nos tem acompanhado desde o início de nossa vida.
Há três verbos, que se encontram no
evangelho deste dia, que só os simples praticam: pedir, buscar e chamar. Se
nestes três verbos for acrescentado o advérbio “insistentemente” então temos um
programa de vida de um verdadeiro seguidor de Cristo.
Pedir supõe reconhecer que não temos
tudo daquilo que necessitamos. Pedir é um ato de humildade. E a humildade nos
faz crescer na nossa humanidade. É tomar consciência de nossos limites e de
nossas limitações, admitir que alguém tenha muito mais coisas do que as que
temos. Os mendigos pedem. Os pobres pedem. A presença do humilde, do pobre, do
necessitado, na nossa vida, corrige nossa arrogância e acelera nossa
humanidade. Eles nos humanizam. Não pedem os auto-suficientes e arrogantes.
Buscar implica experimentar a atração de
algo valioso, admitir que há um tesouro pelo qual vale a pena arriscar-se,
sentir estimulado pelas perguntas pelas quais não existem respostas pré-fabricadas.
Não buscam os que sucumbem à rotina, os desesperançados, os preguiçosos, os que
não querem melhorar a qualidade de vida.
Bater a porta ou chamar é dirigir-se a
alguém com confiança de que vamos ser escutados. Chamar é invocar uma presença que
nos supera e que ao mesmo tempo se encarrega de nós. Não chamam os que temem
que não haja nada do outro lado da porta, os que não são preparados para um
mundo novo cheio de surpresas de felicidade.
Se Deus nos atender é para nosso
bem. Se Deus não nos “atender” para aquilo que pedimos e que achamos que seja
importante é também para nosso bem maior. Na Sua sabedoria infinita Deus sabe
muito bem daquilo do qual necessitamos. Ser atendido ou “não ser atendido” por
Deus é tudo para nosso bem maior e para a glória de Deus. Em tudo temos que
agradecer a Deus, pois até na oração Ele nos corrige sobre aquilo que devemos
pedir a Ele.
A síntese de tudo que nós podemos
receber e encontrar é o Espírito Santo, isto é, tudo do que necessitamos para
dizer “Abbá”, “Papaizinho nosso no céu” e para reconhecer com nossos lábios
nosso coração que Jesus é nosso Senhor. “Se a nossa oração se une à de Jesus,
sabemos que Ele nos concede muito mais do que este ou aquele dom: recebemos o
Espírito Santo que transforma o nosso coração” (Comp. do Novo Catecismo, 575.
Novo Catecismo, 2734-2741).
P. Vitus Gustama,svd
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