FÉ NO PODER
TRANSFORMADOR DA PALAVRA DE DEUS
Terça-feira da XXX Semana
Comum
29 de Outubro de 2013
Texto de Leitura: Lc 13,18-21
Naquele tempo, 18 Jesus dizia: “A
que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? 19 Ele é como a
semente de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce,
torna-se uma grande árvore e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos”. 20 Jesus
disse ainda: “Com que poderei ainda comparar o Reino de Deus? 21 Ele é como o
fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que
tudo fique fermentado”.
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Continuamos acompanhando Jesus no
seu caminho para Jerusalém, durante o qual escutamos Suas últimas e importantes
lições para nossa vida como cristãos (Lc 9,51-19,28).
A passagem do evangelho de hoje
fala de duas parábolas: a semente da mostarda e o fermento. As duas querem sublinhar
claramente que a graça de Deus cresce em extensão (grão de mostarda) e em
intensidade (fermento na massa). No entanto, elas não sublinham apenas sobre o
crescimento, mas também sobre todo estado final que apontam para um valor
escatológico. Elas servem, por isso, para animar qualquer cristão, qualquer
comunidade para não desistirem em levar adiante a causa de Jesus apesar de se
sentirem tão pequenos no meio dos “poderosos” deste mundo, pois no final Deus é
quem tem a última palavra.
“O Reino de Deus é como a
semente de mostarda, que um homem pega e lançou no seu jardim. A semente
cresce, torna-se uma grande árvore e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos”
(Lc
13,19), assim
Jesus disse-nos hoje.
Lançar semente à terra é um gesto
absolutamente natural, apaixonante e misterioso. É um gesto de esperança e de
aventura. Basta a semente estar na terra, começa, então, em segredo e em
silêncio uma serie de maravilhas, pouco importa que o semeador se preocupe ou
não com a semente. Cada semente lançada na terra surge a esperança no coração
do semeador de ver a semente brotar e crescer em alguns dias. O semeador é
aquele que crê na vida, que tem confiança no porvir. E ao ver a semente que se
transformou em plantinha, a alegria inunda o coração do semeador a ponto de ele
“conversar” com a plantinha quase diariamente. E com cuidado ele vai capinar ao
redor dela para facilitar o crescimento saudável da plantinha a fim de ela dar
bons frutos. O semeador é aquele semeia a mãos cheias para que a vida se
multiplique que se transforma em alimento para cada família. O semeador é
aquele que investe no porvir.
Jesus está consciente de estar fazendo
isto: semear, lançar, esperar com paciência!
Ele empreende uma obra que tem porvir. Ele semeia a Palavra de Deus em
cada coração. E aquele que escuta e se deixa guiar pela Palavra de Deus, vai
produzir muitos bons frutos para a convivência fraterna.
A Palavra de Deus tem dentro de si
uma força misteriosa que apesar dos obstáculos encontrados no seu caminho vai
germinar e dar fruto. Com esta parábola Jesus quer sublinhar a força intrínseca
da graça e da intervenção de Deus.
“O Reino de Deus é como a
semente de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce,
torna-se uma grande árvore e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos”.
Ao falar da pequenez de uma semente
como a de mostarda, Jesus quer nos convidar a rever os nossos critérios de
atuação e a nossa forma de olhar o mundo e os nossos irmãos. Por vezes, naquilo
que é pequeno, débil e aparentemente insignificante é que Deus se revela (cf. Mt
11,25-28). Deus está nos pequenos, nos humildes, nos pobres, nos que
renunciaram a esquemas de triunfalismo e de ostentação; e é deles que Deus se
serve para transformar o mundo.
“O Reino de Deus é como o
fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que
tudo fique fermentado”, acrescentou Jesus.
Esta comparação tem em conta a potência
de transformação do fermento apesar de sua invisibilidade: assim que o fermento
se mistura com a massa, a massa se transforma em tamanho maior para se transformar em pão para a mesa de
cada família: os começos são modestos, mas o resultado final é surpreendente.
Através das duas parábolas, Jesus
quer nos dar lição de que os meios podem ser muito pequenos, como a pequena
semente de mostarda ou como o fermento, mas podem produzir frutos inesperados,
não proporcionados nem a nossa organização nem a nossos métodos e instrumentos.
A força da Palavra de Deus vem do próprio Deus e não de nossas técnicas. Quando
em nossa vida há uma força interior, a eficácia do trabalho cresce
notavelmente. Mas quando essa força interior é o amor que Deus nos tem, ou seu
Espírito ou a Graça salvadora de Cristo ressuscitado, então, o Reino de Deus
germina e cresce poderosamente. O que devemos fazer é colaborar com nossa
liberdade. Mas o protagonista é Deus. Necessitamos trabalhar com o olhar posto
em Deus, sem impaciência, sem exigir frutos a curto prazo, sem absolutizar
nossos méritos, meios e técnicas e sem demasiado medo ao fracasso. Há que ter
paciência como a tem o lavrador esperando a colheita.
O evangelho de hoje nos ajuda a
entendermos como conduz Deus nossa história. Não teríamos que nos orgulhar
nunca, como se o mundo se salvasse por nossas técnicas, métodos e esforços. Não
podemos esquecer aquilo que São Paulo nos aconselhou: “Eu plantei, Apolo
regou, mas Deus é quem fez crescer. Assim, nem o que planta é alguma coisa nem
o que rega, mas só Deus, que faz crescer. O que planta ou o que rega são
iguais; cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho. Nós somos operários com Deus. Vós, o campo de
Deus, o edifício de Deus. Segundo a graça que Deus me deu, como sábio arquiteto
lancei o fundamento, mas outro edifica sobre ele. Quanto ao fundamento, ninguém
pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo” (1Cor
3,6-11).
Os frutos da graça de Deus se
produzem às ocultas, em pequenos gestos e projetos bem simples sem que ninguém
se dê conta. Nossa tarefa é semear a bondade constantemente, catar um pedaço de
felicidade diariamente para compartilhá-la com aqueles que não conseguiram
catar nenhum pedaço. A fé vivida na obediência à vontade de Deus é capaz de
operar uma transformação total da pessoa, uma reestruturação de todo o ser,
como a semente que se transforma totalmente em uma planta. Nos fatos
aparentemente irrelevantes, na simplicidade e normalidade de cada dia, na
insignificância dos meios, esconde-se o dinamismo de Deus que atua na história
e que oferece aos homens caminhos de salvação e de vida plena. Não podemos
deixar nenhum dia sem semear a bondade nos corações de pessoas.
P. Vitus Gustama,svd
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