MINHA
IMPORTÂNCIA PARA E DIANTE DE DEUS
Sexta-feira
da XXX Semana Comum
Sexta-feira, 01 de Novembro de 2013
Texto de
Leitura: Lc 14,1-6
1 Aconteceu que, num dia
de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o
observavam. 2 Diante de Jesus, havia um hidrópico. 3 Tomando a palavra, Jesus
falou aos mestres da Lei e aos fariseus: “A Lei permite curar em dia de sábado,
ou não?” 4 Mas eles ficaram em silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão,
curou-o e despediu-o. 5 Depois lhes disse: “Se algum de vós tem um filho ou um
boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?” 6 E eles não
foram capazes de responder a isso.
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Continuamos escutando as últimas e
importantes lições de Jesus na sua última viagem para Jerusalém (Lc
9,58-19,28), pois lá ele será crucificado, morto e glorificado.
Na passagem do evangelho de hoje,
Jesus quer nos relembrar que o ser humano é mais sagrado e importante do que
qualquer lei por sagrada que ela pareça ser, pois em cada ser humano há o
hálito divino (Gn 2,7) que o torna o templo do Espírito Santo (1Cor 3,16-17; 6,19).
“Aconteceu que, num dia de
sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus...”,
assim o evangelista Lucas nos relatou.
Era sábado (shabbat). O
Sábado era o dia em que o povo eleito comemorava os grandes benefícios de Deus:
a criação (Ex 20,8-11) e a libertação da escravidão do Egito (Dt 5,12-15). Era o
dia o qual o Senhor abençoava acima de outros dias da semana (Jubileus 2,31s).
Era o dia de reconhecimento de que Deus santificava o povo (cf. Ex 31,13; cf.
Hb 4,9). No Sábado os judeus costumavam comer festivamente.
E nesse dia (Sábado) os judeus costumavam
convidar as pessoas para a refeição festiva, mas não era qualquer convidado. O
convidado de honra para a refeição festiva, além de escribas e fariseus,
segundo o evangelho de hoje, era Jesus, pois ele era tratado como mestre. Jesus
tinha fama na região toda (Lc 7,17). O povo considerava Jesus como o grande
profeta (Lc 7,16; 24,19). Durante este tipo de refeição, costumavam aparecer
algumas pessoas sem ser convidadas para ver o convidado de honra (cf. Lc 7,37).
Podemos entender porque um hidrópico se encontrou nessa refeição.
“Diante
de Jesus, havia um hidrópico”, prossegue Lucas.
Para os fariseus e escribas qualquer doença era fruto do pecado cometido e
consequentemente, era castigado por Deus. E a causa da hidropisia, segundo
eles, era a luxuria. Em vez de se concentrar na refeição, os fariseus e
escribas ficam olhando para Jesus e o hidrópico para observar o que Jesus vai
fazer com o hidrópico, pois curar um doente faz parte dos 39 trabalhos
proibidos no Sábado.
Qual é a posição de Jesus diante de
um necessitado como esse hidrópico? Ele quer ajudar e curar o hidrópico mesmo
sendo proibido, pois no Sábado. Mas antes de curá-lo Jesus lança uma pergunta bem
fundamental com o intuito de que os fariseus e escribas possam refletir sobre a
pergunta: “A Lei permite curar em dia de sábado, ou não?... Se algum
de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia
de sábado?”. Trata-se de uma nova maneira de conceber o “descanso” do Sábado,
ou do domingo, no nosso caso, como cristãos. Com essa afirmação Jesus quer
dizer aos fariseus e escribas e a todos nós que o Sábado ou o Domingo (para nós)
é o dia da benevolência divina, o dia da redenção, da libertação, da misericórdia
de Deus para os pobres, os excluídos, os perdidos, os pecadores, da ressurreição
(para nós cristãos) e assim por diante. É o dia, por excelência, para fazer o
bem, curar, salvar, ajudar, se solidarizar. É um dia de abertura aos demais:
vida de família e de comunidade. É um dia de “saber descansar juntos”,
cultivando valores humanos importantes. É um dia de caridade para partilhar o
que somos e temos. Ao contrário, os fariseus e os escribas se preocupam com o
descanso no Sábado e esquecem a vontade salvifica e amorosa de Deus pelo homem.
O homem hidrópico foi libertado por
Jesus de sua hidropisia. A cura é sinal bastante evidente de que Deus está com
Jesus e que Jesus age em virtude e no poder de Deus (At 10,38). Se curar um
doente fosse proibido por Deus no Sábado, o homem não ficaria libertado de sua
hidropisia.
Deus “pensa” na salvação do homem
eternamente. Cada um de nós, seres humanos, está no pensamento de Deus, desde o
princípio, pois o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn1,26; 3,22b).
Para Deus ninguém é anônimo, pois Ele
chama cada um de nós pelo nome (cf. Is 43,1). O nome de cada um de nós está tatuado
nas palmas das mãos de Deus (cf. Is 49,16). E o nome significa pessoa. Em cada
nome está a missão de cada um. Em função da importância do homem, Deus até
enviou seu Filho unigênito para salvar a humanidade (cf. Jo 3,16). E por causa
do amor sem limite de Deus pelo ser humano, o salmista chegou a fazer uma
pergunta retórica em forma de oração: “Ó Senhor, nosso Deus, como é
glorioso vosso nome em toda a terra! Vossa majestade se estende, triunfante,
por cima de todos os céus... Quando contemplo o firmamento, obra
de vossos dedos, a lua e as estrelas que lá fixastes: Que é o homem, digo-me
então, para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com
eles?” (Sl 8,2.4-5).
Jesus põe o ser humano acima de
qualquer lei por sagrada que ela pareça ser. Que lugar ocupa o ser humano nas
nossas atividades pastorais, nos movimentos, na política, na economia e assim
por diante? De que maneira tratamos o ser humano que para Deus ele está acima
de tudo? As regras são importantes desde que ajudem o ser humano a se
desenvolver para viver na sua dignidade. Será que somos escravos das regras e
das normas litúrgicas esquecendo o ser humano? Será que ao colocar as normas
acima do ser humano, sem querer, manifestamos nosso pouco amor pelas pessoas? Será
que sabemos acolher as pessoas ou nos preocupamos com nossas “atividades
pastorais?”.
Na sua Carta Apostólica, Dies Domini,
o Papa João Paulo II escreveu: “O domingo, de fato, recorda, no ritmo
semanal do tempo, o dia da ressurreição de Cristo. É a Páscoa da semana, na
qual se celebra a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, o cumprimento n'Ele
da primeira criação e o início da « nova criação » (cf. 2 Cor 5,17). É o dia da
evocação adorante e grata do primeiro dia do mundo e, ao mesmo tempo, da
prefiguração, vivida na esperança, do « último dia », quando Cristo vier na
glória (cf. Act 1,11; 1 Tes 4,13-17) e renovar todas as coisas (cf. Ap 21,5).[Dies
Domini,no.1]... “Há-de-se implorar a graça da
descoberta sempre mais profunda deste dia, não só para viver em plenitude as
exigências próprias da fé, mas também para dar resposta concreta aos anseios
íntimos e verdadeiros existentes em todo ser humano. O tempo dado a Cristo, nunca
é tempo perdido, mas tempo conquistado para a profunda humanização das nossas
relações e da nossa vida” (no.7)... “Recebendo
o Pão da vida, os discípulos de Cristo preparam-se para enfrentar, com a força
do Ressuscitado e do seu Espírito, as obrigações que os esperam na sua vida
ordinária. Com efeito, para o fiel que compreendeu o sentido daquilo que
realizou, a Celebração Eucarística não pode exaurir-se no interior do templo. Como
as primeiras testemunhas da ressurreição, também os cristãos, convocados cada
domingo para viver e confessar a presença do Ressuscitado, são chamados, na sua
vida quotidiana, a tornarem-se evangelizadores e testemunhas. A oração depois-da-comunhão
e o rito de conclusão — a bênção e a despedida — hão-de ser, sob este aspecto, melhor
entendidos e valorizados, para que todos os participantes na Eucaristia sintam
mais profundamente a responsabilidade que daí lhes advém. Terminada a
assembleia, o discípulo de Cristo volta ao seu ambiente quotidiano, com o
compromisso de fazer, de toda a sua vida, um dom, um sacrifício espiritual
agradável a Deus (cf. Rom 12,1). Ele sente-se devedor para com os irmãos
daquilo que recebeu na celebração, tal como sucedeu com os discípulos de Emaús
que, depois de terem reconhecido Cristo ressuscitado na « fracção do pão » (cf.
Lc 24,30-32), sentiram a exigência de ir imediatamente partilhar com seus
irmãos a alegria de terem encontrado o Senhor (cf. Lc 24,33-35)” (n. 45).
A partir de tudo que foi dito vem a
pergunta: De que maneira nós vivemos o nosso Domingo, que é o Dia do Senhor e também
é o dia da Igreja? Nós simplesmente cumprimos preceito ao ir à igreja aos
domingos ou será que temos consciência de que vamos escutar as lições do Senhor
através de Sua Palavra proclamada e medita durante a celebração dominical? Será que temos consciência de que, ao comungar o Corpo do Senhor, devemos passar a ser vida para os outros? Será que estamos conscientes de que a Eucaristia é o banquete eterno antecipado para nós na terra por Jesus Cristo?
Para
Rezar:
Salmos, 8
2. Ó Senhor, nosso Deus, como é
glorioso vosso nome em toda a terra! Vossa majestade se estende, triunfante,
por cima de todos os céus.
3. Da boca das crianças e dos
pequeninos sai um louvor que confunde vossos adversários, e reduz ao silêncio
vossos inimigos.
4. Quando contemplo o firmamento,
obra de vossos dedos, a lua e as estrelas que lá fixastes:
5. Que é o homem, digo-me então,
para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles?
6. Entretanto, vós o fizestes quase
igual aos anjos, de glória e honra o coroastes.
7. Destes-lhe poder sobre as obras
de vossas mãos, vós lhe submetestes todo o universo.
8. Rebanhos e gados, e até os
animais bravios,
9. pássaros do céu e peixes do mar,
tudo o que se move nas águas do oceano.
P. Vitus Gustama,svd
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