27/02/2015
RECONCILIAÇÃO E AMOR FRATERNO
Naquele tempo ,
disse Jesus aos seus discípulos : 20 Se a vossa
justiça não
for maior que
a justiça dos mestres
da Lei e dos fariseus ,
vós não
entrareis no Reino dos Céus . 21 Vós
ouvistes o que foi dito
aos antigos : 'Não
matarás! Quem matar
será condenado pelo tribunal '.
22 Eu , porém ,
vos digo: todo
aquele que
se encoleriza com seu
irmão será réu
em juízo ;
quem disser ao seu
irmão : 'patife !'
será condenado pelo tribunal ;
quem chamar o
irmão de 'tolo '
será condenado ao fogo do inferno . 23 Portanto ,
quando tu
estiveres levando a tua oferta para o altar , e ali te lembrares que teu irmão tem
alguma coisa contra
ti, 24 deixa a tua oferta ali diante do altar ,
e vai primeiro reconciliar-te com
o teu irmão .
Só então
vai apresentar a tua oferta .
25 Procura reconciliar-te com teu adversário , enquanto caminha contigo
para o tribunal .
Senão o adversário
te entregará ao juiz ,
o juiz te
entregará ao oficial de justiça , e tu
serás jogado na prisão . 26 Em verdade eu te digo:
dali não sairás, enquanto
não pagares
o último centavo .
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Ser Melhor Cristão
O texto
do evangelho deste dia faz parte do Sermão da Montanha (Mt 5-7). O cristão deve
recordar que já não está no Sinai e sim na Montanha das Bem-aventuranças
(Sermão da Montanha); que não é um seguidor de Moises e sim um discípulo de
Jesus que deve viver no amor, com amor e por amor.
O texto
do evangelho de hoje
inicia com a confrontação entre a justiça
dos escribas e dos fariseus
e a justiça exigida para
os cristãos : “Se a vossa
justiça não
for maior que
a dos mestres da lei
e dos fariseus , vós
não entrareis no reino
dos céus ” (Mt 5,20). É um princípio ético fundamental
de Jesus. Para Jesus não basta ser bom, mas tem que ser melhor. “O bom é inimigo
do ótimo”, dizia São João Bosco. A justiça
do Reino de Deus
é o sinônimo de amor
misericordioso, de solidariedade fraterna, de perdão reconciliador, de
igualdade respeitosa, de empenho por construir a paz, e a recusa de toda forma
de idolatria e de injustiça.
A primeira
das oposições concerne ao ensinamento do quinto
mandamento : “Não
matarás”. Jesus propõe uma interpretação
mais exigente
desta disposição que
abarca não
somente as ações
ou os atos
culpáveis nessa ordem , mas também a raiz de onde
brotam essas ações ou
esses atos :
o sentimento e a interioridade do ser humano . A proibição do homicídio
inclui na nova interpretação
de Jesus a proibição de todo
sentimento de ira
e animosidade , maledicência ,
insulto , desprezo
contra o irmão :
“Eu , porém ,
vos digo: todo aquele que se encoleriza
com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: 'patife!' será
condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de 'tolo' será condenado ao fogo
do inferno”. Segundo Jesus a ira e
as palavras ofensivas
contra o irmão
são equiparadas ao homicídio .
Nas suas palavras Jesus enfatiza que a relação
com o irmão
adquire uma tal seriedade
que com
ela se chega
a decidir o destino definitivo da pessoa humana diante de
Deus: “Quem chamar o irmão de 'tolo' será condenado ao fogo do inferno”.
Segundo Jesus o mandamento de “não
matar” somente ficará superado no momento em que se pensar num amor universal
que leva a amar e a perdoar. Uma sociedade não se torna justa somente por não
matar. Somente o amor sem medida, convertido em solidariedade e igualdade de direitos
para todos pode formar uma sociedade justa. O que está mandado não é “não
matar” e sim “amar”. O pecado não é somente o mal que fazemos e sim o bem que
deixamos de fazer (pecado de omissão).
Ser Cristão
Reconciliado
Jesus chama os cristãos a fazerem
uma passagem urgente: de uma prática religiosa formalista que põe ênfase sobre o
cumprimento cultual (cumprir apenas preceitos) para a vivência do amor
fraterno. O amor fraterno passa diante do culto. O primeiro de tudo e o mais
essencial para cada cristão é o amor, pois “a caridade é a plenitude da lei”
(Rm 13,10). Por isso, “Quanto mais tu amas, mais alto tu sobes” (Santo
Agostinho).
Se houver discórdia entre os homens,
a relação com Deu se rompe. Deus quer nos dizer: “Antes de ter relações
corretas comigo, vocês devem tê-las entre vocês”. A caridade fraterna passa
adiante do culto. A reconciliação é um princípio essencial de sobrevivência
para as pessoas, as famílias, as profissões, as etnias de uma geração em
geração.
Todos nós somos pecadores e devemos
ter consciência de pecadores. Ninguém pode olhar para o outro e dizer que o
outro é mau. Se tivermos uma boa formação de nossa consciência e se
trabalharmos seriamente na nossa sensibilidade, a consciência nos acusará como
pecadores. O insensível carece de consciência e nisto consiste a ruína. Somente
um santo é que capaz de se reconhecer pecador, pois ele está sempre frente a
frente com o Deus santo.
Para viver a vida cristã e a fé
cristã temos necessidade de viver da superabundância da misericórdia de Deus. E
somente tendo acolhido essa misericórdia infinita do Pai é que poderemos, por
nossa vez, perdoar nossos irmãos. Amar é perdoar. Guardar rancor contra alguém
é privar-se da bênção divina. De fato, cada pessoa não tem senão um só coração
e não saberá parti-lo em dois, sob o risco de vê-lo dilacerar-se e morrer. A
unidade do coração repousa sobre essa dupla misericórdia. O nosso mundo morre por
falta de misericórdia, pois o mundo está repleto de agressividade de todos os
tipos. Não tenhamos medo de denunciar esse drama, inclusive o mesmo drama que
tem dentro de nosso coração.
P. Vitus Gustama,svd
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