sábado, 27 de junho de 2015

02/07/2015
 
JESUS PERDOA NOSSOS O PECADOS E SOMOS ENVIADOS A SER INSTRUMENTO DE SUA MISERICÓRDIA DIVINA

Quinta-Feira Da XIII Semana Comum

Evangelho: Mt 9,1-8

Naquele tempo, 1 entrando em um barco, Jesus atravessou para a outra margem do lago e foi para a sua cidade. 2 Apresentaram-lhe, então, um paralítico deitado numa cama. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados!” 3 Então alguns mestres da Lei pensaram: “Esse homem está blasfemando!” 4 Mas Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse: “Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações? 5 O que é mais fácil, dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te e anda’? 6 Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados, — disse, então, ao paralítico — “Levanta-te, pega a tua cama e vai para a tua casa”. 7 O paralítico então se levantou, e foi para a sua casa. 8 Vendo isso, a multidão ficou com medo e glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens.
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Depois da tempestade acalmada e a libertação dos dois gadarenos possuídos relatadas nos textos anteriores da passagem do evangelho de hoje (Mt 8,5-34), agora Jesus nos mostra seu poder sobre o mal mais profundo: o pecado. A salvação que Jesus Cristo quer para a humanidade é integral, do homem todo: seu corpo e espírito. O sinal externo- a cura da paralisia- é o símbolo da cura interior, a libertação do pecado, como tantas outras vezes em seus milagres.


Tem ânimo, meu filho; os teus pecados te são perdoados!”, diz Jesus ao paralítico. Segundo a crença popular na época  as enfermidades ou doenças eram fruto do pecado (cf. Jo 9,2).  Isto significa, conforme pensavam os judeus, que somente Deus podia perdoar os pecados. Logo, para os fariseus a atitude de Jesus de transmitir o perdão dos pecados do paralítico era um grande escândalo. Tratava-se de uma blasfêmia. Com isso, Mateus quer colocar nesta controvérsia a discussão se Jesus tem o poder de perdoar os pecados. A conclusão da discussão é que Jesus tem o poder de perdoar os pecados, isto é, ele atua com o poder de Deus (cf. Mt 12,22-28), pois para Mateus Jesus é o Deus-Conosco ou Emanuel (cf. Mt 1,23; 19,20; 28,20).


Ao declarar o perdão dos pecados do paralitico, Jesus quer nos dizer também queenfermidades que são causadas pelo pecado ou pelas escolhas erradas na vida. Neste caso, para Jesus o mais grave e urgente do paralítico não é sua enfermidade física e sim seu pecado (enfermidade da alma). Para a cura das enfermidades espirituais é necessária a colaboração do próprio enfermo, neste caso através da dos que levaram o paralitico até Jesus : “Vendo a que eles tinham” (conversão e em Deus) e o perdão de Deus (misericórdia): “Tem ânimo, meu filho; os teus pecados te são perdoados!”. A conversão da parte do homem e a misericórdia da parte de Deus resultam na libertação do homem do seu passado escuro.


“Os teus pecados te são perdoados!” É a primeira vez que o evangelista Mateus menciona este tipo de poder que Jesus tem: o poder de perdão. O poder que Jesus tem em relação ao pecado é um poder de reconciliação dos homens com Deus. “Os pecados” em Mateus significam o passado pecador do homem, antes de seu encontro com Jesus. A fé em Jesus, que é a adesão a ele e a sua mensagem, apaga o passado pecador do homem e dá-lhe oportunidade de um novo começo. O pecado é capaz de paralisar a vida do homem, mas a conversão e a fé em Deus libertam o homem de sua paralisia para viver na liberdade de um filho de Deus. Da parte de Jesus não há pecado que não possa ser perdoado. Basta o homem se arrepender e voltar para Deus, o Deus da misericórdia não quer saber mais o passado do homem. Mas através do profeta Isaias Deus nos dá o seguinte recado: “Cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem”.


Mas o evangelista Mateus não somente se concentra no poder de Jesus de perdoar pecados. Mais adiante, no seu evangelho, ele vai nos dizer que a comunidade cristã é o lugar de reconciliação e do perdão mútuo. Jesus Cristo vai dar o dom do poder de perdoar à comunidade cristã: “Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu” (Mt 18,18). Assim a comunidade cristã ou a Igreja se transforma em lugar de libertação dos pecados e de liberdade dos reconciliados.


“Os teus pecados te são perdoados!” Como é bom viver com uma consciência limpa. Como é leve uma vida sem mancha moral ou ética. É uma liberdade que faz qualquer um viver a vida na alegria. Quando o coração estiver limpo podemos aplicar para nós as palavras de São Paulo aos filipenses: “Alegrai-vos no Senhor. Repito: alegrai-vos” (Fl 4,4). Há alegria disfarçada para calar ou abafar os gritos de um coração sujo, como escreveu um psicólogo argentino: “Há gargalhadas que se parecem mais com um soluço do que com uma risada” (René Juan Trassero). Mas a alegria no Senhor é uma alegria que liberta e salva: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”, prometeu-nos Jesus no Sermão da Montanha (Mt 5,8).


 Ao dizer “Tem ânimo, meu filho; os teus pecados te são perdoados!”, Jesus usa aqui a visibilidade da cura corporal, perfeitamente controlável, para provar outra cura espiritual, a cura da alma em estado de pecado. Jesus pronunciou formulas de absolvição: “teus pecados são te perdoados”, e depois, fez gestos exteriores de cura: “levanta-te e vai para tua casa”. Muitas doenças acontecem conosco porque causa dos problemas não solucionados. Trata-se de doenças psicossomáticas. É preciso que reorganizemos nossa vida no Senhor para que nossa alegria seja plena.


Além de mostrar que Jesus atua com o poder de Deus (cf. Mt 12,22-28) e por isso, ele tem o poder de perdoar os pecados, Mateus quer nos dizer que a comunidade, para a qual escreveu seu evangelho, recebeu do Senhor Jesus o mesmo poder para perdoar os pecados (cf. Mt 18,18).


A Igreja é o prolongamento real da Encarnação de Jesus, como Ele próprio é o grande Sacramento, a presença visível de Deus. Assim a Igreja é o grande Sacramento visível de Cristo. Jesus comunicou seu poder de perdoar a seus apóstolos, isto é, para aqueles que, durante todo o tempo da Igreja, têm missão de fazê-la existir como Igreja exercendo o ministério que lhes foi confiado. Quando os apóstolos ou seus sucessores perdoam em nome de Cristo é todo o povo de Deus que se encontra comprometido no mistério da cruz e no ato divino-humano de perdão que ali tomou corpo. Os sacramentos são sinais visíveis que manifestam a graça invisível. A Igreja inteira, pelo ministério apostólico, está constituída no ato de misericórdia em proveito de toda a humanidade. Neste sentido pode se dizer que o cristão é ministro da misericórdia divina no sentido de que ele é chamado para perdoar sempre porque Deus o perdoa sempre e por isso, ele vive por causa da misericórdia divina. Todos são chamados a participar da obra de misericórdia. A Igreja é a misericórdia de Deus para os homens.


Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico:Tem ânimo, meu filho; os teus pecados te são perdoados! ’”. A fé, que é o dom de Deus ao homem, se for autêntica é capaz de levar o homem à conversão, à orientação de sua vida e de sua caminhada para a felicidade e para a salvação. Deus valoriza o futuro do homem e perdoa seu passado desde que o homem se converta. Mas será que nossa fé é autêntica? A verdadeira fé em Deus mantém nossa vida em ordem que traz a paz. “A paz é a tranqüilidade da ordem”, dizia Santo Agostinho. A fé é capaz de ordenar tudo na simplicidade de nossa vida, pois para Deus tudo é simples e para o simples tudo é divino.


Mas “alguns Mestres da Lei pensaram: ‘Esse homem (Jesus) está blasfemando’”. Com esta expressão se põe em evidência de que o Deus de Jesus não era o deus dos dirigentes de seu povo. Mais uma oposição contra o plano de Deus que o evangelista Mateus tem nos mostrado até agora.


Também nós corremos o perigo de fazermos um Deus à medida de um sistema ou de uma instituição que pode nos levar para um fanatismo fundamentalista que leva à autodestruição ou ao cataclismo de matar o outro por amor ao suposto Deus em quem se acredita ou em nome de um suposto Deus e para servi-lo. Seria um Deus muito cruel, mas não é um Deus misericordioso revelado por Jesus. Temos que tomar cuidado para que nenhum sistema possa pensar por nós. Deste jeito criaremos ídolos e seremos idólatras, não mais filhos e filhas de Deus que precisam viver a fraternidade universal como conseqüência lógica e essencial da consciência de que Deus é o Pai de todos.


Para Refletir:


“Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de procurá-Lo dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que «da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído». Quem arrisca, o Senhor não o desilude; e, quando alguém dá um pequeno passo em direção a Jesus, descobre que Ele já aguardava de braços abertos a sua chegada. Este é o momento para dizer a Jesus Cristo: «Senhor, deixei-me enganar, de mil maneiras fugi do vosso amor, mas aqui estou novamente para renovar a minha aliança convosco. Preciso de Vós. Resgatai-me de novo, Senhor; aceitai-me mais uma vez nos vossos braços redentores». Como nos faz bem voltar para Ele, quando nos perdemos! Insisto uma vez mais: Deus nunca Se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir a sua misericórdia. Aquele que nos convidou a perdoar «setenta vezes sete» (Mt 18, 22) dá-nos o exemplo: Ele perdoa setenta vezes sete. Volta uma vez e outra a carregar-nos aos seus ombros. Ninguém nos pode tirar a dignidade que este amor infinito e inabalável nos confere. Ele permite-nos levantar a cabeça e recomeçar, com uma ternura que nunca nos defrauda e sempre nos pode restituir a alegria. Não fujamos da ressurreição de Jesus; nunca nos demos por mortos, suceda o que suceder. Que nada possa mais do que a sua vida que nos impele para diante!” (Papa Francisco: Exortação Apostólica Evangelii Gaudium n.3)

P. Vitus Gustama, SVD

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