terça-feira, 9 de junho de 2015

12/06/2015
SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


Sexta-feira, 12 de Junho


Texto de Leitura: Jo 19,31-37

31Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz.32Os soldados foram e quebraram as pernas de um e, depois, do outro que foram crucificados com Jesus. 33Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
35Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. 36Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”. 37E outra Escritura ainda diz: Olharão para aquele que transpassaram”.
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A devoção ao Coração de Jesus existia na Idade Média. Como festa litúrgica, aparece em 1675, após as aparições do Senhor à Santa Margarida Maria Alacoque. Nestas revelações, a Santa ganhou uma consciência extremamente viva da necessidade de reparar pelos pecados pessoais e de todo o mundo, e de corresponder ao amor de Cristo. A festa celebrou-se pela primeira vez em 21 de Junho de 1686. Pio IX estendeu-a a toda a Igreja. Pio XI, em 1928, deu-lhe o esplendor atual.
  

O caráter desta solenidade que hoje celebramos é duplo: de ação de graças pelas maravilhas do amor de Deus e de pedir o perdão, porque freqüentemente este amor é pouco ou mal correspondido, mesmo por aqueles que têm tantos motivos para amar e agradecer.
  

O coração de Jesus é fonte e expressão do seu infinito amor por cada homem, seja qual for a sua situação. Cada um de nós é uma criatura que o Pai confiou ao Filho para que não pereça, ainda que tenha ido para longe do Pai, como o filho pródigo (cf. Lc 15,11-32; Ez 34,11-16). Ninguém nos amou mais do que Jesus e ninguém nos amará como Deus nos ama. “Ele me amou e se entregou por mim” diz S. Paulo (Gl 2,20), e cada um de nós pode repeti-lo. O coração de Jesus amou como nenhum outro; experimentou alegria e tristeza, compaixão e pena. Os evangelistas anotam com muita freqüência com estas palavras: Tinha compaixão da multidão (Mc 8,2), tinha compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor(Mc 6,34); encheu-se de alegria(Lc 10,21) ao ver os Apóstolos voltarem da missão e chorou pela morte de Lázaro(Jo 11,35). Mal expirou, um dos soldados atravessou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água(Jo 19,34). O sangue é o símbolo da morte violenta, da vida doada; a água é o símbolo do Espírito e do batismo cristão, pelo qual assume o gesto de Cristo como referência da .


A devoção ao Sagrado Coração é devoção a Cristo mesmo. O próprio Cristo é o objeto de nossa adoração e para ele é que dirigimos nossa oração. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus nos faz voltarmos a Jesus Cristo traspassado na Cruz prova de seu amor misericordioso para todos nós. São João Crisóstomo (+407) dizia: “A Igreja brotou do Coração de Cristo”. Em outras palavras: para que a Igreja tenha mais rosto humano e por isso divino, ela deve viver no Coração de Jesus, deve viver do Coração de Jesus e deve viver para o Coração de Jesus.  Ser misericordioso deve ser o estilo de vida da Igreja imitando o Coração misericordioso de Jesus, pois “O Coração de Cristo é o resumo de toda a história da salvação, de tudo aquilo que Deus fez e faz pelo bem do mundo” (São Pedro Crisólogo, +451). Por isso, o cristianismo é a religião de amor, poisDeus é amor” (1Jo 4,8.16) e o seu maior mandamento é o amor (Mt 22,34-40; Mc 12,28-34; Lc 10,25-28; Jo 13,34-35; 15,12-17) e seremos julgados sobre o amor (cf. Mt 25,40.45).


O Sangue que saiu do lado de Jesus, conforme relatou o Evangelho, figura a morte de Jesus que é aceita para salvar a humanidade (cf. Jo 18,11). Por isso, a morte de Jesus é a expressão de Sua glória, de Seu amor até o extremo (cf. Jo 1,14; 13,1), o amor do Pastor que se entrega pelas ovelhas (cf. Jo 10,11), o amor do amigo que dá a vida pelos seus amigos (cf. Jo 15,13). Esta prova máxima de amor, que não se detém diante da morte, é objeto da contemplação da comunidade do evangelista João (cf. Jo 1,14b: contemplamos Sua glória). Do costado de Jesus flui o amor, que é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, Seu e o do Pai.


A água que brota do costado de Jesus representa, por sua vez, o Espírito, princípio de vida que todos poderiam receber quando manifestasse Sua glória, segundo o convite que Jesus fez (cf. Jo 7,37-39). Naquela cena Jesus convidava todos a aproximarem-se dele para beber dele a água que havia de brotar de Suas entranhas. Na Cruz Jesus é o novo templo de onde brotam rios do Espírito (Jo 7,38; cf. Ez 47,1.12), a água que se converterá no homem em um manancial que jorra dando vida sem término ( Jo 4,14). Desta maneira, cumpre-se o anúncio no prólogo (Jo 1,16): “Da sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça”, um amor (Água-Espírito) que corresponde ao seu amor (sangue-morte aceito). O sangue simboliza, pois, seu amor demonstrado; a água, seu amor comunicado.


Jesus teve um amor perfeito por nós. Seu coração é para nós o perfeito emblema de amor. Seu coração foi saturado de amor perfeito ao Pai e aos homens. Seu amor é totalmente humano porque nele nos encontramos com o mistério de um amor humano-divino. O amor de Deus se encarnou no amor humano de Jesus. Por isso, Jesus nos convida: “Aprendei de mim porque sou humilde e manso de coração” (cf. Mt 11,28-30). Humilde indica uma docilidade interior que se expressa na docilidade com os demais. Manso indica uma atitude valente, mas não violenta, misericordiosa, tolerante, pronto para perdão, mas também exigente.
  

O amor de Deus não é compatível com a indiferença diante do sofrimento alheio e diante da injustiça social. Mas nossas atividades, inclusive as práticas políticas e sociais devem ser animadas pelo amor cristão.
 

A contemplação do mistério de amor de Deus por nós deve nos conduzir a uma resposta múltipla. Deve suscitar em nós sentimentos de , amor e adoração. No contexto religioso devoção indica serviço dedicado e vontade decidida de fazer a vontade de Deus. Sugere culto não somente do tipo litúrgico, mas de nossa vida inteira. Esta devoção se realiza aceitando o convite de Jesus a tomar nossa cruz e segui-lo.
  

A comunhão sacramental não é somente participar no Corpo e no Sangue de Cristo; implica a participação na vida dos seus membros com um compromisso de amor e de serviço.


Viver no amor é escolher Deus, permanecer em Deus, viver em comunhão com Deus. Quando mantemos essa relação com Deus, o Espírito reside em nós e opera, por nosso intermédio, obras grandiosas em favor do homemobras que dão testemunho do amor de Deus.


Tornar o amor de Deus uma realidade viva no mundo significa lutar objetivamente contra tudo o que gera ódio, injustiça, opressão, mentira, sofrimento. Pactuo (com o meu silêncio, indiferença, cumplicidade) com os sistemas que geram injustiça, ou esforço-me ativamente por destruir tudo o que é uma negação do amor de Deus? Um coração grande na vida é aquele que escolhe aquilo que eleva e liberta-se daquilo que rebaixa.


A devoção ao Sagrado coração de Jesus quer nos chamar de volta à primordial razão de nosso ser: amar. “Quanto mais amas, mais alto tu sobes” (Santo Agostinho). Uma pessoa com coração é uma pessoa profunda, próxima, compreensiva, capaz de ir ao fundo das coisas e dos acontecimentos. Uma pessoa com coração não é dominada pelo sentimentalismo e sim é uma pessoa que alcançou uma unidade e uma coerência, um equilíbrio e uma maturidade. Ela nunca é fria, mas cordial, nunca é cega diante da realidade, mas realista, nunca é vingativa, mas pronta para perdoar e para reconciliar-se. Um coração cristão, a exemplo do de Jesus, é um coração de dimensão universal, um coração que supera o egoísmo, um coração magnânimo capaz de abraçar a todos. A espiritualidade do coração é uma verdadeira espiritualidade, pois inclui a oração, a conversão, a escuta do Espírito, o cuidado para o próximo, a compaixão, a solidariedade e a partilha. Não é por acaso que para o homem de antiguidade ter coração equivalia a ser uma personalidade íntegra.


As nossas comunidades, as nossas pastorais, os nossos grupos são espaços de acolhimento e de hospitalidade, oásis do amor de Deus, não para os amigos e colegas, mas também para os pobres, os marginalizados, os sofredores que buscam em nós um sinal de amor, de ternura e de esperança?

P. Vitus Gustama,svd

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