12/06/2015
31Era o dia
da preparação para
a Páscoa . Os judeus
queriam evitar que
os corpos ficassem na cruz durante o sábado , porque aquele sábado era dia de festa solene . Então pediram a Pilatos que
mandasse quebrar as pernas
aos crucificados e os tirasse da cruz .32Os soldados foram e
quebraram as pernas de um e, depois ,
do outro que
foram crucificados com Jesus. 33Ao
se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto ,
não lhe
quebraram as pernas ; 34mas um soldado abriu-lhe o lado
com uma lança ,
e logo saiu sangue
e água .
35Aquele que
viu, dá testemunho e seu testemunho
é verdadeiro ; e ele
sabe que fala
a verdade , para que vós também acrediteis. 36Isso
aconteceu para que
se cumprisse a Escritura , que diz: “Não
quebrarão nenhum dos seus ossos ”. 37E
outra Escritura
ainda diz: Olharão para
aquele que
transpassaram”.
35
___________________
A devoção
ao Coração de Jesus já
existia na Idade Média .
Como festa
litúrgica , aparece em
1675, após as aparições
do Senhor à Santa
Margarida Maria Alacoque. Nestas revelações , a Santa
ganhou uma consciência extremamente viva
da necessidade de reparar
pelos pecados
pessoais e de todo
o mundo , e de corresponder
ao amor de Cristo .
A festa celebrou-se pela
primeira vez
em 21 de Junho
de 1686. Pio IX estendeu-a a toda
a Igreja . Pio
XI , em
1928, deu-lhe o esplendor atual .
O caráter
desta solenidade que
hoje celebramos é duplo :
de ação de graças
pelas maravilhas do amor
de Deus e de pedir
o perdão , porque
freqüentemente este
amor é pouco
ou mal
correspondido, mesmo por aqueles que têm tantos motivos para amar
e agradecer .
O coração
de Jesus é fonte e expressão
do seu infinito
amor por
cada homem ,
seja qual for a sua
situação . Cada
um de nós
é uma criatura que
o Pai confiou ao Filho
para que não pereça, ainda
que tenha ido
para longe do
Pai , como
o filho pródigo
(cf. Lc 15,11-32; Ez 34,11-16). Ninguém nos amou mais
do que Jesus e ninguém
nos amará como
Deus nos
ama . “Ele
me amou e se entregou por mim ” diz S.
Paulo (Gl 2,20), e cada um de nós pode
repeti-lo. O coração de Jesus amou como nenhum outro ; experimentou alegria
e tristeza , compaixão
e pena . Os evangelistas
anotam com muita
freqüência com
estas palavras : Tinha
compaixão da multidão
(Mc 8,2), tinha compaixão
deles, porque eram como
ovelhas sem
pastor (Mc 6,34); encheu-se de alegria (Lc
10,21) ao ver os Apóstolos
voltarem da missão e chorou pela morte de Lázaro (Jo 11,35). Mal
expirou, um dos soldados
atravessou-lhe o lado com uma lança ,
e imediatamente saiu sangue e água (Jo
19,34). O sangue é o símbolo da morte violenta , da vida
doada; a água é o símbolo
do Espírito e do batismo
cristão , pelo
qual assume o gesto
de Cristo como
referência da fé .
A devoção
ao Sagrado Coração
é devoção a Cristo
mesmo . O próprio
Cristo é o objeto
de nossa adoração
e para ele é que dirigimos nossa
oração . A devoção
ao Sagrado Coração
de Jesus nos faz voltarmos a Jesus Cristo traspassado na Cruz
prova de seu amor misericordioso para todos nós . São João Crisóstomo (+407) dizia: “A Igreja brotou do Coração
de Cristo ”. Em
outras palavras : para
que a Igreja
tenha mais rosto
humano e por
isso divino , ela deve viver no Coração de Jesus, deve viver
do Coração de Jesus e deve viver para o Coração
de Jesus. Ser
misericordioso deve ser o estilo
de vida da Igreja
imitando o Coração misericordioso de
Jesus, pois “O Coração
de Cristo é o resumo
de toda a história
da salvação, de tudo aquilo que Deus fez e faz pelo bem do mundo ” (São Pedro Crisólogo, +451). Por
isso , o cristianismo
é a religião de amor ,
pois “Deus é amor ” (1Jo 4,8.16) e o seu
maior mandamento
é o amor (Mt 22,34-40; Mc 12,28-34; Lc
10,25-28; Jo 13,34-35; 15,12-17) e seremos julgados sobre
o amor (cf. Mt 25,40.45).
O Sangue
que saiu do lado
de Jesus, conforme relatou o Evangelho , figura
a morte de Jesus que
é aceita para salvar a humanidade (cf. Jo 18,11). Por
isso , a morte
de Jesus é a expressão de Sua glória , de Seu amor até o extremo
(cf. Jo 1,14; 13,1), o amor do Pastor que se entrega pelas ovelhas
(cf. Jo 10,11), o amor do amigo que dá a vida pelos seus amigos
(cf. Jo 15,13). Esta prova máxima
de amor , que
não se detém diante
da morte , é objeto
da contemplação da comunidade
do evangelista João (cf. Jo 1,14b:
contemplamos Sua glória ).
Do costado de Jesus flui o amor , que é, ao
mesmo tempo
e inseparavelmente, Seu e o do Pai .
A água
que brota
do costado de Jesus representa, por sua vez , o Espírito ,
princípio de vida
que todos
poderiam receber quando
manifestasse Sua glória ,
segundo o convite
que Jesus fez (cf. Jo 7,37-39). Naquela cena Jesus convidava todos
a aproximarem-se dele para beber
dele a água que
havia de brotar de Suas
entranhas . Na Cruz
Jesus é o novo templo
de onde brotam rios
do Espírito (Jo 7,38; cf. Ez 47,1.12), a
água que
se converterá no homem em um manancial que jorra dando vida
sem término
( Jo 4,14). Desta maneira , cumpre-se o anúncio no prólogo
(Jo 1,16): “Da sua plenitude
todos nós
recebemos graça sobre
graça ”, um
amor (Água-Espírito) que corresponde ao seu
amor (sangue-morte aceito). O sangue simboliza, pois , seu amor
demonstrado; a água , seu amor comunicado .
Jesus teve um
amor perfeito
por nós .
Seu coração
é para nós o perfeito emblema
de amor . Seu
coração foi saturado
de amor perfeito
ao Pai e aos homens .
Seu amor
é totalmente humano
porque nele nos
encontramos com o mistério
de um amor
humano-divino. O amor de Deus se encarnou no amor
humano de Jesus. Por
isso , Jesus nos
convida: “Aprendei de mim porque sou humilde
e manso de coração ”
(cf. Mt 11,28-30). Humilde indica uma
docilidade interior que
se expressa na docilidade com os demais . Manso indica uma atitude valente , mas não violenta ,
misericordiosa, tolerante , pronto para perdão , mas também exigente .
O amor
de Deus não
é compatível com
a indiferença diante
do sofrimento alheio e diante da injustiça
social . Mas
nossas atividades , inclusive
as práticas políticas
e sociais devem ser
animadas pelo amor
cristão .
A contemplação
do mistério de amor
de Deus por
nós deve nos
conduzir a uma resposta
múltipla . Deve suscitar
em nós
sentimentos de fé ,
amor e adoração .
No contexto religioso
devoção indica serviço
dedicado e vontade decidida
de fazer a vontade
de Deus . Sugere culto
não somente
do tipo litúrgico ,
mas de nossa
vida inteira .
Esta devoção se realiza aceitando o convite de Jesus a tomar nossa cruz e
segui-lo.
A comunhão
sacramental não
é somente participar no Corpo e no Sangue
de Cristo ; implica a participação na vida dos seus membros com um compromisso
de amor e de serviço .
A devoção
ao Sagrado coração
de Jesus quer nos
chamar de volta
à primordial razão
de nosso ser :
amar . “Quanto mais amas , mais alto tu sobes ” (Santo Agostinho). Uma pessoa
com coração
é uma pessoa profunda ,
próxima , compreensiva, capaz de ir ao fundo das coisas
e dos acontecimentos . Uma pessoa
com coração
não é dominada pelo
sentimentalismo e sim
é uma pessoa que
alcançou uma unidade e uma coerência , um equilíbrio e uma maturidade .
Ela nunca
é fria , mas
cordial , nunca
é cega diante
da realidade , mas
realista, nunca é vingativa ,
mas pronta
para perdoar e para reconciliar-se. Um
coração cristão ,
a exemplo do de Jesus, é um coração de dimensão universal , um coração que supera o egoísmo ,
um coração
magnânimo capaz
de abraçar a todos .
A espiritualidade do coração é uma verdadeira espiritualidade ,
pois inclui a oração ,
a conversão , a escuta
do Espírito , o cuidado
para o próximo , a compaixão , a solidariedade
e a partilha. Não é por
acaso que
para o homem
de antiguidade ter
coração equivalia a ser
uma personalidade íntegra .
As nossas comunidades ,
as nossas pastorais , os nossos grupos são espaços de acolhimento e de hospitalidade ,
oásis do amor
de Deus , não
só para os amigos e colegas ,
mas também
para os pobres ,
os marginalizados, os sofredores que
buscam em nós
um sinal
de amor , de ternura
e de esperança ?
P. Vitus Gustama,svd
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