11/06/2015
SÃO BARNABÉ
(Sec. I)
11 de Junho
Textos
de Leitura: At
11,21-26; 13,1-3; Mt 10,7-13
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos: 7 “Em
vosso caminho,
anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. 8 Curai
os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos,
expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça
deveis dar! 9 Não
leveis ouro nem
prata nem
dinheiro nos vossos cintos;
10 nem sacola
para o caminho,
nem duas túnicas
nem sandálias
nem bastão,
porque o operário
tem direito ao seu
sustento. 11 Em
qualquer cidade
ou povoado onde entrardes, informai-vos para
saber quem ali seja digno.
Hospedai-vos com ele
até a vossa
partida. 12 Ao entrardes numa casa, saudai-a. 13 Se a casa
for digna, desça sobre
ela a vossa
paz; se ela
não for digna,
volte para vós
a vossa paz”.
_________________
Neste dia
celebramos a festa de São Barnabé. “Barnabé” é o nome
da origem aramaica
que significa “filho
(bar) da profecia
(nabiah) ou da exortação”, ou
“filho da consolação” (Bar-nehámah),
Consolador (At 4,36).
Relativamente poucas as notícias que a história conservou sobre
Barnabé. Ele
era procedente
da diáspora (de Chipre) e se estabeleceu
em Jerusalém e incorporado ao grupo dos pilares
da Igreja primitiva.
Ele se converteu ao cristianismo
depois da ressurreição
do Senhor, imediatamente
depois da vinda
do Espírito Santo
sobre os Apóstolos,
em Pentecostes,
e se tornou um grande
colaborador dos Apóstolos.
Depois que
fez parte do cristianismo,
Barnabé vendeu um
campo de sua
propriedade e entregou generosamente o dinheiro
aos Apóstolos para
a necessidade da Igreja
(cf. At 4,37). Em virtude
deste desprendimento heróico “Ninguém
considerava exclusivamente seu o que
possuía, mas tudo
entre eles
era comum”
(At 4,32b). Este foi o conselho de Jesus ao jovem
rico que lhe pedia maior
perfeição: “Se queres
ser perfeito,
vai, vende os teus bens
e dá aos pobres... Depois,
vem e segue-me” (Mt 19,21). Mas o jovem rico não aceitou o convite de
Jesus. O que não
fez o jovem rico,
Barnabé o praticou. A generosidade de Barnabé
e sua compaixão
pelos indigentes
moveram a comunidade cristã de Antioquia
a confiar-lhe (com Saulo) a missão de ir a Jerusalém
(Judéia) para distribuir entre os fieis
necessitados as contribuições (cf. At
11,27-30). Por
ter o espírito
generoso, criativo
e abnegado recebeu dos Apóstolos o sobrenome de “Barnabé”
que significa “Filho
da profecia” ou
“Filho da consolação”. Conforme At 4,36 o nome
de Barnabé era
José.
Barnabé era
um pregador
inspirado. Tinha um
coração sensível
e possuía uma palavra fácil, doce e persuasiva com
o qual ele
ganhava a simpatia de todos. Sobre ele o evangelista
Lucas (também é o autor
dos Atos dos Apóstolos)
escreveu que Barnabé
era um
homem bom,
cheio do Espírito
Santo e da fé:
“(Barnabé) era
um homem
bom, repleto
do Espírito Santo
e de fé. Assim,
considerável multidão
agregou-se ao Senhor” (At 11,24). Tudo o que é belo atrai. A bondade
e a docilidade são belas e por isso,
atraem qualquer pessoa.
Por estas qualidades
e com sua
colaboração com
e na graça de Deus,
unidas a uma extensa cultura vasta
adquirida na escola de Gamaliel (Barnabé era conhecido como profeta e doutor.
Cf. At 13,1), Barnabé chegou a desempenhar um papel preponderante na organização
da Igreja primitiva.
Com Paulo, Barnabé vai ao Concilio de Jerusalém durante o qual
foi decidido o término
da prática da circuncisão
para ser cristão (cf. At 15,1-35). Com
essa decisão torna-se possível oficialmente
a Igreja sem
circuncisão, a Igreja
aberta para
os pagãos que
se convertem: somos filhos de Abraão simplesmente pela
fé em
Cristo.
São Barnabé
foi considerado por muitos
Santos Padres
(Padres da Igreja)
como verdadeiro
apostolo de Cristo, com
todos os privilégios
inerentes a dito
cargo. Na liturgia
Barnabé ocupa um
grau quase
ao dos Apóstolos e seu
ofício litúrgico
é tirado do Comum dos próprios Apóstolos.
Em sua
breve passagem
pelo mundo São Barnabé
deixou-nos exemplo de sua vida e de sua personalidade:
espírito aberto
à verdade, desprendimento
dos bens materiais,
bondade e docilidade no tratamento aos demais,
aceitação e vivência
dos ensinamentos de Cristo,
prontidão em
ser missionário-evangelizador, humilde
discernimento dos talentos
dos outros (especialmente
de Paulo) sem nenhuma fraqueza ou hipocrisia (Paulo e Barnabé
tiveram suas oposições,
discórdias e controvérsias
no início da segunda
viagem missionária.
Cf. At 13,13; 15,36-40).
_____________
O texto
do evangelho lido neste dia nos relatou
que depois
que escolheu os Doze Apóstolos, Jesus enviou-os para
a missão. A tarefa
de Jesus como pedagogo
é conseguir que
os valores do Reino
estejam não somente
na cabeça dos Doze, mas
principalmente no seu
coração. Por
isso, Jesus os envia ao mundo dando-lhes umas recomendações
prévias e autoridade
de Jesus:
· Que se limitem, pelo
momento, às ovelhas
de Israel, isto é, remediar
os males do povo
que atravessa uma situação
grave de abandono
e de descuidado pelos
pastores ou
mestres. Em
outras palavras, vamos limpar
e organizar a própria
casa, para depois limpar e organizar outras casas
fora da nossa
casa. Aqui
o testemunho tem um
lugar importante.
· A missão dos Apóstolos
é a de libertação e não
de domínio, pois
a libertação faz parte
da chegada do Reino
de Deus: da enfermidade
(dor física),
da morte (que
acaba com a vida),
da lepra (que
separa de Deus e dos seres humanos)
e dos demônios (símbolo
da ideologia opressora que escraviza o ser humano por dentro). Jesus não
envia seus Apóstolos
para falar de Deus (não somente teoria) e sim para libertar
as pessoas do mal
(prática), palavra
e ação juntas:
que os seres
humanos sejam irmãos
e felizes, pois
este é o desígnio
de Deus sobre
a humanidade.
· O mais importante:
o que foi recebido de graça deve ser dado de graça também. O deus-dinheiro não
tem nenhum papel
na comunidade dos seguidores.
Jesus pede para não
procurarem dinheiro como
base de segurança.
Nem levar
duas túnicas (imagem
de riqueza), nem
bastão (símbolo
de violência).
· A missão é caminho.
Exige mover-se de um lugar a outro, avançar, superar obstáculos e não
deixar-se vencer pelo cansaço ou pela rejeição dos seres
humanos. Os Apóstolos
devem confiar absolutamente
na graça que
possuem e que anunciam. Esta é a sua maior força: não
apoiar-se em nenhuma segurança
humana para anunciar a mensagem
de Deus, ir
despojados de tudo, confiando somente na força da mensagem que
levam e abandonados totalmente à
providencia divina (Mt 10,9-10).
Por causa
da missão dos Apóstolos
e os demais discípulos
de Jesus chegou até nós
a Boa Noticia de Jesus Cristo. De fato, não
estamos sozinhos, mas
com o Senhor
ressuscitado (Mt 28,20). O Evangelho que chegou até nós não pode morrer e parado em
nossas mãos. Precisamos passá-lo adiante sendo novos
apóstolos do Senhor
com as mesmas recomendações
vividas pelos Doze Apóstolos.
Que São
Barnabé nos
inspire a sermos mais bondosos, mais
despojados, mais dóceis ao impulso do Espírito Santo e dóceis no tratamento
aos demais seres
humanos e prontos
para sermos evangelizadores.
“Ó Deus, que
designastes são Barnabé,
cheio de fé
e do Espírito Santo,
para converter as nações, fazei que
a Vossa Igreja
anuncie, por palavras
e atos, o evangelho
de Cristo que
ele proclamou intrepidamente. Poe Cristo nosso Senhor na Unidade do Espírito Santo.
Amém!”.
P. Vitus Gustama,svd
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