sábado, 11 de julho de 2015

16/07/2015
NOSSA SENHORA DO CARMO

FESTA

16 de Julho
 

Evangelho: Mt 12, 45-50


Naquele tempo, 46 enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47 Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo”. 48 Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” 49 E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. 50 Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
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I.            Nossa Senhora Do Carmo


Celebramos neste dia (16 de julho) a festa de Nossa Senhora do Carmo (Carmelo). Nossa Senhora do Carmo é um dos títulos do século XIII dado à Nossa Senhora.


A festa de Nossa Senhora do Carmo (Carmelo) nos traslada espontaneamente para a terra da Bíblia, para o monte Carmelo (cf. Is 35,2; Ct 7,6; Am 1,2). O Carmelo sempre foi um monte sagrado. No século IX antes de Cristo, o profeta Elias converteu esse lugar no refúgio da fidelidade ao Deus único (monoteísmo) e no lugar dos encontros entre o Senhor e seu povo (cf. 1Rs 18,39). Durante as Cruzadas, os ermitãos cristãos se recolheram nas grutas daquele monte emblemático, até que no século XIII formaram uma família religiosa à qual o patriarca Alberto de Jerusalém deu uma regra em 1209, confirmada pelo Papa Honório III (1216-1227) em 30 de janeiro de 1226. O mesmo Papa também confirmou o reconhecimento de outras ordens: os dominicanos (22 de dezembro de 1216) e os franciscanos (29 de dezembro de 1223).


O Monte Carmelo está situado na planície de Galileia, perto de Nazaré, onde viveu Maria, a Mãe do Senhor que conservava tudo em seu coração (cf. Lc 2,51). Por isso, a Ordem do Carmelo se põe desde suas origens sob a proteção da Mãe dos contemplativos. É natural que no século XVI, os dois doutores da Igreja e reformadores da Ordem, Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz converteram o Monte Carmelo no sinal do caminho para Deus.


Desde aqueles ermitãos que se estabeleceram no monte Carmelo, os carmelitas se distinguiram por sua profunda devoção à Santíssima Virgem Maria.


Quando Palestina foi invadida pelos sarracenos (árabes), os Carmelitas tiveram que abandonar o Monte Carmelo. Enquanto cantavam o cântico Salve apareceu lhes a Virgem Maria e lhes prometeu que seria sua Estrela do Mar, pela analogia da beleza do Monte Carmelo que se alça como uma estrela junto ao mar Mediterrâneo. A ordem se difundiu pela Europa, e a Estrela do Mar lhe acompanhou e a Ordem foi se propagando pelo mundo e eram chamados de “Irmãos de Nossa Senhora do Monte Carmelo”. Em sua profissão religiosa se consagravam a Deus e a Maria, e tomavam o habito em sua honra, como lembrança (aviso) de que suas vidas pertencem a ela, e por ela a Cristo.


Simon Stock, nomeado superior da Ordem dos Carmelitas (1245), compreendeu que sem a intervenção da Virgem Maria, a Ordem teria vida curta. Recorreu a Maria a qual chamou de “Flor do Carmelo” e “Estrela do Mar” e pus a Ordem sob seu amparo, suplicando-lhe sua proteção para toda a comunidade. Na resposta à sua oração, no dia 16 de julho de 1251 apareceu-lhe a Virgem Maria (em Cambridge na Inglaterra) e deu-lhe o escapulário para a Ordem com a seguinte promessa: “Este deve ser um sinal e privilégio para ti e para todos os Carmelitas: quem morre com o escapulário não sofrerá o fogo eterno”.


Nós nos comunicamos por símbolos, bandeiras, emblemas, escudos e uniformes que nos identificam. As comunidades religiosas levam seu habito ou outro sinal ou símbolo como sinal de sua consagração a Deus. Os leigos que desejam associar-se aos religiosos no caminho da santidade podem usar escapulários, miniatura de habito, com rosário e a medalha milagrosa. São Afonso Ligório disse: “Os homens se orgulham quando os outros usam sua uniforme, e a Virgem está satisfeita quando seus servidores usam seu escapulário como prova de que se dedicaram a seu serviço, e são membros da família da Mãe de Deus”. O escapulário foi instituído pela Igreja como sacramental e sinal que nos ajuda a viver santamente e a aumentar nossa devoção e que propicia a renúncia ao pecado.


Por isso, é preciso que estejamos conscientes de que o escapulário de Nossa Senhora do Carmo, como qualquer outro, não é um objeto para uma proteção mágica (um amuleto); nem uma garantia automática de salvação; nem uma dispensa para não ouvir as exigências da vida cristã. O escapulário é um sinal “forte” aprovado pela Igreja desde séculos que representa nosso compromisso de seguir a Jesus como Maria: abertos a Deus e a sua vontade, guiados pela fé, pela esperança e pelo amor, ser próximos dos necessitados, orando constantemente e descobrindo Deus presente em todas as circunstâncias, ser um sinal que alimenta a esperança do encontro com Deus na vida eterna.


Quem usa o escapulário deve estar consciente de sua consagração a Deus e à Virgem Maria e ser consciente em seus pensamentos, palavras e obras. Maria, a Mãe do Senhor foi a primeira discípula de Jesus Cristo, pois ela viveu segundo a Palavra de Deus: “Eis me aqui a Serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua Palavra” (Lc 1,38). Para são João da Cruz a Virgem Maria foi sempre dócil aos impulsos do Espírito Santo, pois “jamais teve impressa na alma forma de alguma criatura, nem se moveu por ela; mas sempre agiu sob a moção do Espírito Santo” (III Subida 2,10). E para Santa Teresa de Jesus Maria “estava sempre firme na fé” (VI Moradas 7,14), cheia de “tão grande fé e sabedoria” que sempre aceitou em sua vida os caminhos de Deus, escutando humildemente a Palavra (cf. Conceitos do Amor de Deus 6,7).


II.         Refletir Sobre o Evangelho Do Dia


O evangelho lido neste dia é escolhido em função da festa de Nossa Senhora do Carmo. Na passagem do evangelho Jesus pergunta e afirma: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12,50). Trata-se de uma família ou uma comunidade de Deus, e por isso, de uma comunidade de salvação. A pergunta não significa um desprezo de Jesus aos seus parentes ou familiares. Ninguém amou Sua mãe melhor do que o próprio Jesus. E nenhuma mãe amou melhor seu Filho, Jesus, do que a própria Maria. Jesus oferece aos homens a qualitativa intimidade de sua família. A família humana de Jesus viveu conforme a vontade de Deus: José que criou Jesus era chamado de “o justo”, aquele que vive segundo os mandamentos de Deus (cf. Mt 1,19). Maria, a Mãe de Jesus foi chamada pelo anjo do Senhor de “cheia de graça” (cf. Lc 1,28) e “Bendita entre as mulheres” e a “Mãe do meu Senhor” por Isabel (Lc 1,42-43).


Por isso, a família humana de Jesus serve de exemplo para todas as famílias humanas sobre a face da terra. Que é possível formar uma família de Deus nesta terra. A única maneira de salvar a família humana é transformá-la em família de Deus, família que vive de acordo com os mandamentos de Deus, família que coloca Deus como o centro de sua vida e a família que se funda sobre a rocha da Palavra de Deus (cf. Mt 7,24-25).


Todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”, disse Jesus. Os frutos da participação no Reino anunciado por Jesus são: a fraternidade, a maternidade, a comunhão de todos na mesma fé, na mesma esperança e no mesmo amor. Nossa Senhora soube educar bem seu filho a ponto de Jesus menino crescer na estatura, na sabedoria e na graça diante de Deus e diante dos homens (cf. Lc 2,52). Por isso, a Mãe do Senhor é uma grande educadora na qual todas as famílias devem se espelhar.


Maria concebeu Jesus antes com a fé do que em seu seio virginal. Maria acreditou e logo foi mãe. Todos nós, cristãos, temos algo de filhos gerados no amor e algo de mães e irmãos gerados na fé que nos faz filhos no Filho de Deus, Jesus Cristo. Vivamos como Maria: creiamos em Cristo, vivamos com Ele e n’Ele, e assim contribuiremos a gerar filhos para Deus.


A Virgem Maria, Nossa Senhora do Carmo, nos ensina a vivermos abertos diante de Deus e de Sua vontade, manifestada nos acontecimentos da vida; a escutarmos a voz ou a Palavra de Deus na Bíblia e na vida, para meditá-la, pondo depois em prática as exigências desta voz; a orarmos fielmente sentindo Deus presente em todos os acontecimentos; a vivermos próximos de nossos irmãos e a sermos solidários com eles em suas necessidades. A Mãe do Senhor e nossa mãe (cf. Jo 19,26-27) jamais pode nos abandonar, pois somos seus filhos no seu Filho Jesus Cristo. Nenhuma mãe normal é capaz de abandonar seu filho.

Senhora gloriosa, bem mais que o sol brilhais.
O Deus que vos criou ao seio amamentais.


O que Eva destruiu, no Filho recriais;
do céu abris a porta e os tristes abrigais.


Da luz brilhante porta, sois pórtico do Rei.
Da Virgem veio a vida. Remidos, bendizei!


Ao Pai e ao Espírito, poder, louvor, vitória,
e ao Filho, que gerastes e vos vestiu de glória (Hino de Laudes).


“Ó Virgem Maria, tomai nossa defesa e mostrai que sois nossa Mãe!” (Simão Stock).


Nunca podeis pensar em Maria, sem que ela, em nossa vez, pense em Deus. Nunca podeis louvar e honrar Maria, sem que ela louve e honre conosco a Deus. Em Maria tudo está relacionado com Deus; ela é a orientação personificada para Deus, o eco de Deus que não sabe dizer, nem repetir senão o Santo Nome de Deus. Se dizemos “Maria”, ela diz “Deus”. Santa Isabel louvou Maria, chamou-lhe Bem-aventurada, porque acreditou Maria, eco fiel de Deus; entoou o hino “A minha alma glorifica o Senhor”. O que ela fez nesta ocasião, fá-lo todos os dias. Quando a louvamos, a amamos, a honramos ou nos damos a ela, é Deus que é louvado, amado, honrado, e é a Deus que nos damos por Maria e em Maria”(S. Grignion de Monfort).        

P. Vitus Gustama, SVD

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