18/07/2015
JESUS
NOS AMA E POR ISSO É NOSSA ESPERANÇA
Sábado
da XV Semana Comum
Evangelho: Mt 12, 14-21
Naquele tempo, 14 os fariseus saíram e
fizeram um plano para matar Jesus. 15 Ao saber disso, Jesus retirou-se dali.
Grandes multidões o seguiram, e ele curou a todos. 16 E ordenou-lhes que não
dissessem quem ele era, 17 para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías:
18 “Eis o meu servo, que escolhi; o meu amado, no qual ponho a minha afeição;
porei sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará às nações o direito. 19 Ele não
discutirá, nem gritará, e ninguém ouvirá a sua voz nas praças. 20 Não quebrará
o caniço rachado, nem apagará o pavio que ainda fumega, até que faça triunfar o
direito. 21 Em seu nome as nações depositarão a sua esperança”.
______________________
Continuamos com as controvérsias entre Jesus
e as autoridades do seu tempo. Nos versículos anteriores do texto do evangelho
deste dia Mt relatou a atividade de Jesus de curar muitos doentes no Sábado,
dia sagrado para os judeus. Relatou-se que Jesus curou um homem de mão seca
dentro da sinagoga (cf. Mt 12,9-13). Era proibido curar no Sábado, o dia
sagrado. Para Jesus o sagrado é o ser humano (cf. 1Cor 3,16-17) e não o dia.
Por isso, para Jesus salvar um ser humano está acima de qualquer lei religiosa,
por mais sagrada que ela pareça ser. A lei religiosa existe em função do ser
humano. Naturalmente os dirigentes do povo desaprovaram a atividade de Jesus.
Por isso, decidiram matá-lo.
Aqui o evangelista Mateus nos mostra um Jesus
humano. Anteriormente, Mateus nos relatou que “Ao ouvir que Joao tinha sido preso, ele (Jesus) voltou para a Galileia
e, deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum...” (Mt 4,12). Também aqui “Os fariseus saíram e fizeram um plano para
matar Jesus. Ao saber disso, Jesus
retirou-se dali...”. Jesus vive aquilo que ele ensinou aos discípulos: “Quando vos perseguirem numa cidade, fugi
para outra” (Mt 10,23). O importante é a perseverança no anúncio, não o
ligar onde se anuncia. Jesus continua anunciando, mas agora com menos
publicidade.
A hostilidade dos fariseus (Mt 12,14) é o
ponto terminal do relato referido à atividade de Jesus durante o Sábado numa
sinagoga. Diante da hostilidade, Jesus muda seu espaço: “Ao saber disso, Jesus retirou-se dali”, mas continua curando a
todos. Sua tarefa é ajudar, socorrer e reviver a todos aqueles que se encontram
ameaçadas na sua dignidade. A missão de Jesus, fundada na não-violência, tem
como objetivo fazer triunfar a vontade de Deus, que é misericórdia, bondade,
fidelidade. Mateus cita o profeta Isaias sobre a missão do Messias. Trata-se de
uma citação cheia de esperança: “Eis o
meu servo, que escolhi; o meu amado, no qual ponho a minha afeição; porei sobre
ele o meu Espírito, e ele anunciará às nações o direito. Ele não discutirá, nem
gritará, e ninguém ouvirá a sua voz nas praças. Não quebrará o caniço rachado,
nem apagará o pavio que ainda fumega, até que faça triunfar o direito. Em seu
nome as nações depositarão a sua esperança”. Os verbos estão todos em
futuro porque na boca do profeta soam como profecia, mas em Jesus encontram seu
pleno cumprimento e na catequese cristã, cheia da luz da Páscoa, se tornam
certeza. Com efeito, este anúncio quer que a comunidade cristã olhe para além
de toda fronteira e vislumbre em todas as partes a presença de Jesus que salva.
A maneira de atuar de Jesus é totalmente
contrária à maneira de atuar dos fariseus. Observemos o contraste nesta
controvérsia entre Jesus e seus adversários: Os adversários planejam matar
Jesus, e Jesus planeja um serviço de caridade, de amor e de proximidade dos
necessidades. Os adversários tomam atitudes violentas, e Jesus cumpre a visão
profética de bendizer e de apreciar todos os detalhes da bondade que estão ao
Seu alcance. O mal e o bem, chocando-se mutuamente, caminham em paralelo. O
objeto da ação é o mesmo homem tanto para o bem como para o mal. Um coração que
ama se enfrenta com um coração maldoso. Jesus será vítima disso, mas Deus bota
a vida onde o homem põe a morte. Por isso, Jesus será ressuscitado por Deus,
Seu Pai.
Diante da violência dos fariseus, em nome do
suposto Deus em quem acreditam, Jesus não lhes responde com ações violentas.
Como verdadeiro Servidor de Deus, Jesus busca que a verdade brilhe sobre as
trevas da morte e da miséria. A missão de Jesus é pacifista, solidária e
defensora da vida, da justiça e do direito. Somente de um homem assim, sem
pretensões mundanas é que o povo pode esperar a salvação.
Por que os dirigentes do povo defendem tanto
a lei supostamente sagrada e não defendem o ser humano, que é o filho de Deus,
templo do Espírito Santo, segundo São Paulo? (cf.1Cor 3,16-17). É por causa do
império dos interesses econômicos e sociais. Quando o dinheiro e outros
interesses egoístas se tornarem o objetivo da vida de uma pessoa, ela não
admitirá rivais. E se tiver rivais, será
eliminado. Quem se entrega ao dinheiro ou aos interesses egoístas, não consegue
ver mais ninguém senão a si mesmo. O dinheiro se revela uma arma mais letal do
que as armas nucleares, quando usado unicamente em vista dos interesses egoístas.
É por isso que Jesus disse que, ou se serve a Deus, ou se serve ao dinheiro
(cf. Mt 6,24). Quem se preocupa com a própria glória não se preocupa com o bem
do outro e de todos.
Jesus age como um profeta: falar em nome de
Deus na defesa da igualdade e da fraternidade, embora Jesus seja mais do que um
profeta, pois ele é a encarnação do amor de Deus, Deus-Conosco. Os profetas do
Antigo Testamento com muita frequência se atiram contra as prepotências dos
ricos em relação aos pobres, por sensibilidade social, mas, sobretudo, por
sensibilidade teológica no sentido de que as injustiças entre os homens quebram
a relação com Deus. O mal que se faz ao homem é mal feito a Deus (cf. Mt
25,40.45).
O verdadeiro objetivo da vida de Jesus é amar
para salvar (cf. Jo 3,16). Esse objetivo se expressa da seguinte maneira: “Não
quebrará o caniço rachado, nem apagará o pavio que ainda fumega, até que faça
triunfar o direito”. Jesus veio não para desencorajar e sim para encorajar.
Ele veio não para ameaçar o fraco com condenação e sim com a compreensão. Jesus
veio não para apagar “o pavio que ainda fumega” e sim para fortalecer sua luz a
fim de clarear mais. Por isso, “Em seu nome as nações depositarão a sua
esperança”. Tudo em Jesus era manifestar o amor de Deus para os homens.
Logo, tudo na vida de cada cristão deve ser a manifestação do amor de Deus,
porque o amor humaniza e diviniza, cria a fraternidade e a comunhão, pois “Deus
é amor” (1Jo 4,8.16).
Como cristãos seguidores de Cristo, nós temos
em Jesus nosso espelho para podermos nos ver melhor ou para comprovar se
aprendemos ou não as principais lições de nosso Mestre Jesus. Temos que fazer
chegar para as pessoas a mensagem de amor de Jesus. Mas não devemos impor, e
sim propor, não gritar e sim anunciar motivando, respeitando a situação de cada
pessoa.
Por isso, como cristãos, nós devemos ser
contrários a toda a forma de luta violenta, mas também devemos agir
energicamente com todas as iniciativas e meios não violentos, para afirmar a
justiça, o respeito pelos direitos humanos, pela fraternidade, pela dignidade
de cada pessoa e pela caridade no mundo. Podemos combater o pecado sem eliminar
o pecador, pois Deus odeia o pecado, mas não se cansa de perdoar quem se
converte: “Porventura, tenho Eu prazer na morte do ímpio? Porventura, não
alcançará ele a vida se ele se converter de seus maus caminhos?” (Ez 18,23).
A missão de cada cristão, a exemplo do mestre Jesus, é pacifista, solidária e
defensora da justiça e do direito. É “Não quebrar o caniço rachado, nem
apagar o pavio que ainda fumega, até que faça triunfar o direito”.
P. Vitus Gustama,svd
Nenhum comentário:
Postar um comentário