12/12/2018
NOSSA
SENHORA DE GUADALUPE
PADROEIRA DA AMÉRICA LATINA
12 de
Dezembro
Primeira Leitura: Gl 4,4-7
Irmãos, 4 quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho,
nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, 5 a fim de resgatar os que eram
sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. 6 E porque
sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que
clama: Abá – ó Pai! 7 Assim, já não és mais escravo, mas filho; e se és filho,
és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus.
Evangelho: Lc 1,39-47
39
Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se,
apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40 Entrou na casa de Zacarias e
cumprimentou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança
pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com um grande
grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre! 43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44 Logo
que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu
ventre. 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o
Senhor lhe prometeu”. 46 Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor,
47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”.
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No dia 12 de dezembro celebramos a festa de
Nossa Senhora de Guadalupe.
A história
do surgimento desta festa
foi contada da seguinte maneira. O índio Juan Diego, cujo nome asteca era
Cuauhtlatohayc, nasceu em 1471, perto da cidade do México, na aldeia de
Cautitlán, pertencente aos índios Mazehuales.
Era então Arcebispo da cidade do México, Dom Juan de Zumárraga,
franciscano basco. Era o segundo bispo da Nova Espanha.
Conforme a lenda e tradição, no Sábado, 9
de dezembro de 1531, pelas seis horas da manhã, quando o índio Juan Diego
se dirigia de sua aldeia para a de Tolpetlac para assistir uma função religiosa
na missão franciscana de Tratetolco, ao chegar ao monte Tepeyac, às margens do
lago Texcoco, viu uma jovem de uns 15 anos, que lhe ordenou ir falar com o
Bispo a fim de pedir-lhe que construísse um templo no vale próximo.
No mesmo dia, à tarde por volta das 17:00
horas, Juan Diego vê novamente a jovem, e lhe relata a incredulidade do bispo e
pede que escolha outro mensageiro. Porém a jovem insiste em sua missão de ir
ter novamente com o bispo e pedir a construção do templo.
No dia seguinte, Domingo 10 de dezembro, às 15 horas, Juan Diego fala novamente com o bispo. O bispo ainda não acredita e pede algum sinal. Pela terceira vez a jovem lhe "aparece" e ordena a Juan Diego que volte ao monte no dia seguinte para receber o sinal pedido pelo bispo. Entretanto, no dia seguinte, Juan Diego não vai ao monte devido a doença de seu tio Juan Bernardino.
No dia seguinte, Domingo 10 de dezembro, às 15 horas, Juan Diego fala novamente com o bispo. O bispo ainda não acredita e pede algum sinal. Pela terceira vez a jovem lhe "aparece" e ordena a Juan Diego que volte ao monte no dia seguinte para receber o sinal pedido pelo bispo. Entretanto, no dia seguinte, Juan Diego não vai ao monte devido a doença de seu tio Juan Bernardino.
Na madrugada do dia 12 de dezembro,
terça-feira, devido a gravidade da doença de seu tio, Juan Diego sai de sua
aldeia para buscar um sacerdote, e rodeia o monte para não encontrar a Virgem.
Mesmo assim ela lhe "aparece" e fala que seu tio ficará curado, e
pede que vá ao monte buscar rosas que seria o sinal. Ao seu regresso, a Virgem
diz: “Estas diferentes flores são a prova, o sinal que levarás ao bispo. Diga-lhe
que veja nelas meu desejo, e com isso, execute minha vontade”.
Ao mesmo tempo que Juan Diego encontra a
jovem, ela "aparece" também a seu tio doente e cura instantaneamente
suas enfermidades e manifesta seu nome: "Sempre Virgem Santa Maria de
Guadalupe".
No dia 12 de dezembro, após a quarta
"aparição", Juan Diego leva em seu poncho, como prova, rosas frescas
de Toledo (e isto em pleno inverno mexicano). Já na casa do bispo, por volta do
meio dia, na hora que abriu o poncho (ayate) onde estavam embrulhadas as
flores, estava estampada a imagem de Nossa Senhora: "A Virgem de
Tequatlaxopeuh". A mesma que hoje se venera na Basílica de Guadalupe,
México. A imagem estampada é de 143 cm de altura. Durante 116 anos, de 1531 a
1647, a pintura esteve desprotegida e exibida em várias procissões solenes. A
pintura resistiu à umidade e ao salitre, muito abundante e muito corrosivo
naquela região, antes de ter sido secado o lago Texcoco. O tecido da tela é de
tão má qualidade que deveria ter se desintegrado em questão de 20 anos, mas
resistiu até hoje. A veneração popular levou piedosos e doentes a que beijassem
as mãos e a face da pintura ou que fosse tocada com objetos cujo material
deveria ter deteriorado ou destruído o tecido e a pintura. Só Deus pode
explicar a razão de tudo isso. Somos obrigados e capazes de dizer: é um
milagre.
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“Quando
se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher,
nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que
todos recebêssemos a filiação adotiva”, lemos na Primeira Leitura de hoje
(Gl 4,4-5).
O tempo da Lei foi um tempo de espera da
chegada de Messias, do Ungido. Consequentemente, na ausência do Messias, d´Aquele
que salvará, o tempo da Lei se tornou incompleto. Com a chegada de Cristo o
tempo se tornou completo ou pleno (plenitude). Com a chegada de Cristo nosso
tempo se tornou cheio de graça de Deus. Com Cristo vivemos no tempo da própria
graça de Deus. A palavra “completo” (se completou”) aqui tem o sentido de
plenificar ou levar à perfeição algo incompleto tanto no campo material e antropológico
como no campo espiritual.
O tempo de que se trata é determinado ou
estabelecido pelo Pai. No cristianismo há uma grande revelação em que entre
Deus e nós não há mais distância, pois Ele é o Pai nosso (Mt 6,9). Chamar Deus
de Pai é entrar na intimidade profunda em que as preocupações devem
desaparecer, pois estamos “em casa” com nosso Deus que é nosso Pai. Assim a
frase “Quando se completou o tempo
previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à
Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos
a filiação adotiva” é uma expressão de amor profundo por nós da parte de
Deus. Nosso Deus Pai jamais nos abandona por triste que seja nossa situação. É preciso
saber esperar o tempo de Deus, pois somente Ele é capaz de estabelecer o quando
deste tempo para nossa vida em particular, pois Ele nos conhece completamente. É
preciso manter nossa fé neste Deus Pai, pois o tempo de Deus para nós vai
chegar conforme a vontade do Pai. Deus é como o sol que não se preocupa com
aqueles que estão dormindo ou andando na escuridão, pois ele vai nascer de
qualquer forma. Ninguém pode acelerar a chegada do sol. Basta esperar, e o
tempo vai passando e o sol aparecerá.
O texto do evangelho lido neste dia nos fala
que Maria atravessando Palestina de norte a sul com o Filho de Deus em suas
entranhas, e chegando à casa de Zacarias e provocando ali cenas de entusiasmo é
uma imagem muito sugestiva. Ao dizer sim, Maria aceitou ser fecundada pelo
Espírito de Deus (cf. Lc 1,38). Por isso, Maria é portadora da salvação e é
fonte de alegria por causa do Senhor que habita no seu coração.
O sim de Maria para a entrada de Deus na sua
vida é radical. Quanto maior for a radicalidade de nosso sim a Deus, maior será
nossa fecundidade e numerosos terão filhos espirituais. Eu sou chamado a ser
“Pai” para ter “filhos espirituais” que salvam o mundo.
Além disso, para que sejamos fonte de alegria
para os outros temos que dizer sim ao plano de Deus e deixar que o Espírito de
Deus nos fecunde. Para que nossa presença se torne uma presença alegre temos
que deixar Jesus ocupar nosso coração, como Maria que se deixa para que seu
ventre seja habitado pelo Salvador do mundo, Jesus Cristo.
Na Anunciação o Anjo do Senhor “entrou” na
casa de Maria e a “saudou”. Nessa visita Maria fez a mesma coisa: ela “entrou”
na casa de Zacarias e saudou a Isabel. É a saudação da Mãe do Senhor para a mãe
do Precursor do Senhor. A saudação de Maria comunica o Espírito a Isabel e ao
menino. A presença do Espírito Santo em Isabel se traduz em um grito poderoso e
profético: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre. Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que
tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre.
Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe
prometeu” (Lc 1,42-45). Aqui Isabel fala como profetisa: se sente pequena e
indigna diante da visita daquela que leva em seu seio o Senhor do universo.
Sobram as palavras e explicações quando alguém entra na sintonia com o
Espírito. Maria leva no seu seio o Filho de Deus concebido pela obra do
Espírito Santo. E a presença do Espírito Santo em Isabel faz com que Isabel
glorifique a Deus. Por isso, o encontro entre Maria e sua prima Isabel é uma
espécie de “pequeno Pentecostes”. Onde entra o Espírito Santo, ai entra também
paz, alegria e vida divina.
A Mãe de Senhor que leva Jesus em seu seio é
a causa de alegria. Ou podemos dizer de outra maneira: o Senhor no seio de
Maria “empurra” Maria ao encontro dos outros. Quando estivermos cheios de Jesus
Cristo em nosso coração, a nossa presença traz alegria e a paz para a
convivência. A ausência de Cristo em nosso coração produz problemas e inquietação
na convivência.
A mulher de fé, Isabel, felicita Maria porque
crê e Maria responde com uma nova e solene afirmação de fé, proclamada em forma
de hino de alegria: o Magnificat. Podemos nos perguntar se nossa fé fica longe
da fé de Maria tanto em consistência como em conteúdo. Isabel felicita Maria
porque crê que Deus é capaz de atuar e salvar ainda que possa parecer
impossível (cf. Lc 1,37). Temos esta fé que Isabel felicita? Somos capazes de
acreditar em Deus até nas coisas impossíveis?
Pela fé, que se traduz na vivência do amor
fraterno, é que entramos em comunhão com Jesus e com seu Pai que o enviou para
nos salvar (cf. Jo 14,23-24). A fé, como foi dito, é o reconhecimento do
próprio desamparo, de um lado e a aceitação do poder salvador de Deus na nossa
vida, do outro lado.
O canto de Maria, o Magnificat, é algo mais
que uma proclamação social. Ele nos revela que somente Deus é a riqueza
verdadeira. Por isso, quem se encontra cheio de si e de suas coisas, na verdade
está vazio do essencial. Somente abrindo-se à profundidade de Deus e de seu
amor, ao receber a graça do perdão e ao estendê-lo para os outros, o homem
chegará a converter-se verdadeiramente em rico. O exemplo máximo é a figura de
Maria.
P. Vitus Gustama,svd
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