22/12/2018
COM
MARIA CANTEMOS E LOUVEMOS A MISERICÓRDIA DE DEUS QUE NOS FECUNDA
22 de Dezembro
Naqueles dias, 24 Ana, logo que o desmamou,
levou consigo Samuel à casa do Senhor em Silo, e mais um novilho de três anos,
três arrobas de farinha e um odre de vinho. O menino, porém, era ainda uma
criança. 25 Depois de sacrificarem o novilho, apresentaram o menino a Eli. 26 E
Ana disse-lhe: “Ouve, meu Senhor, por tua vida, eu sou a mulher que esteve aqui
orando ao Senhor, na tua presença. 27 Eis o menino por quem eu pedi, e o Senhor
ouviu a minha súplica. 28 Portanto, eu também o ofereço ao Senhor, a fim de que
só a ele sirva em todos os dias de sua vida”. E adoraram o Senhor.
Evangelho: Lc 1,46-56
Naquele tempo ,
46Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor , 47e
o meu espírito
se alegra em
Deus , meu
Salvador , 48porque
olhou para a humildade
de sua serva .
Doravante todas as gerações
me chamarão bem-aventurada ,
49porque o Todo-poderoso fez grandes
coisas em
meu favor . O seu nome é santo , 50e sua
misericórdia se estende, de geração em geração , a todos
os que o temem.51Ele mostrou a força
de seu braço :
dispersou os soberbos de coração . 52Derrubou do trono
os poderosos e elevou os humildes . 53Encheu de bens
os famintos , e despediu os ricos de mãos
vazias. 54Socorreu Israel, seu
servo , lembrando-se de sua misericórdia ,
55conforme prometera aos nossos pais , em favor de Abraão e de sua descendência ,
para sempre ”.
56Maria ficou três meses com Isabel; depois
voltou para casa .
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Deus Escuta Os Pedidos Dos Que São Fiéis a Ele
Muito próximo já o Natal, a liturgia se
concentra na contemplação de Maria e recorda os nascimentos milagrosos que
narra o Antigo Testamento. Ana estéril suplica a Deus que se digne olhar para a
aflição de sua serva. Tendo sido escutado sua oração, consagrou seu filho a
Deus, o pequeno Samuel. Contemplemos em silêncio a alegria de Maria nesses
dias: ela espera e se prepara para o nascimento do Salvador do mundo, o
Deus-Conosco.
A primeira leitura tirada do Antigo
Testamento foi escolhida para a liturgia de hoje por duas razões: Primeiro,
o Cântico de Ana contém exatamente os mesmos temas que o Magnificat de Maria
que é lido no texto do Evangelho de hoje. Segundo, a maternidade excepcional de
Ana, até agora estéril, anuncia também as duas maternidades excepcionais de
Isabel (estéril) e de Maria (Virgem fecunda).
As leituras
deste dia nos
propõem um paralelo
entre o cântico
de Ana e o de Maria. As duas mulheres , a do Antigo
Testamento e a do Novo
Testamento , reconhecem a intervenção de Deus
em suas
vidas e louvam a Deus
por isso .
Samuel é um filho fruto de uma mãe estéril,
fruto de uma oração insistente cheia de fé dirigida a Deus. Como fruto da graça,
a mãe, Ana, consagra seu filho, Samuel, desde sua tenra idade ao Senhor. O
perfil de Samuel é igual a outros personagens da história sagrada: Isaac, Jacó,
Sansão, João Batista.
Uma convicção teológica que tem por atrás do
relato que o autor quer nos transmitir é que não são as forças da natureza nem
os esforços humanos que levam adiante a história da salvação, e sim a graça de
Deus capaz de fecundar os úteros estéreis e de dar vigor para corpos velhos e
enfraquecidos (cf. Rm 4,19). A graça fecunda qualquer pessoa que sabe criar o
espaço para Deus. Onde há graça, não há esterilidade. Onde há graça, há vida,
mesmo que tenha aparência de esterilidade, pois a extremidade do homem é a
oportunidade de Deus, pois para Deus nada é impossível (cf. Lc 1,37).
Maria Cheia Da Graça Louva a Misericórdia de Deus
No cântico de Ana se inspira o Magnificat de Lucas, fragmento que
lemos hoje . Esta resposta
de Maria à saudação de Isabel, sua
prima , que
conhecemos tradicionalmente com o nome de Magnificat, é uma oração
de ação de graças
composta de citações
do Antigo Testamento . Depois de escutar
os louvores de sua
prima , Maria entoa um
cântico de admiração ,
alegria e gratuidade a Deus , o Magnificat, que
a Igreja tem cantado ou rezado de geração
em geração .
O cântico
Magnificat que o evangelista Lucas põe na boca de Maria é a expressão da
esperança de Israel e o testemunho da Igreja primitiva que tinha um grande
apreço pela Mãe do Senhor que é apresentada como modelo de fé e esperança para
os seguidores de Jesus Cristo. Maria é capaz de ver o mundo e a história da
humanidade com os olhos de Deus. Quem tem Deus no coração e quem vive de acordo
com os mandamentos do Senhor vive da esperança e na esperança do Senhor. Quem
tem Deus no coração louva a Deus cheio de misericórdia. Maria, através de seu
canto Magnificat quer nos recordar a fidelidade de Deus para nós apesar de
nossos questionamentos e de todas as nossas dúvidas. Ao rezar ou canta o
Magnificat queremos, como a Igreja primitiva, louvar a misericórdia, a
fidelidade e a justiça de Deus que liberta. É um canto que nos chama a ser
servos de Deus a exemplo de Maria.
“Magnificat”
(= engrandece) é, na verdade , a primeira
palavra latina
da tradução do texto
na versão latina :
“Magnificat anima mea, Dominum”. No canto ,
as expressões "minha
alma " e "meu
espírito " são
sinônimos e equivalem a "eu ". É o "eu "
de Maria, não simplesmente
psicológico , mas
ontológico e espiritual . O Magnificat de Maria é uma das mais
belas orações do Novo
Testamento com
múltiplas reminiscências do Antigo Testamento
(cf. 1Sm 2,1-11; Sl 110,9; 102,17; 88,11;106,9; Is 41,8-9).
No Magnificat,
Maria aparece consciente de sua grandeza , mas , como humilde Serva
do Senhor , transfere-a para
Deus , reconhecendo, pois ,
sua pequenez ,
e dobrando-se diante do mistério
do Deus sempre
eterno e misericordioso. Maria sabe relacionar sua
maternidade divina
e messiânica com as promessas
antigas, feitas a Abraão e à sua descendência ,
ligando, assim , o favor
de Deus operante
nela ao cumprimento de tais
promessas . Maria se deixou ver por Deus , deixou-se amar por Deus com total transparência .
Nas palavras do Magnificat, a ordem
dos valores do mundo
sofre uma alteração radical , e aqui numa ressonância
também política ,
econômica e social ,
pois os pobres
e humildes são
exaltados; os soberbos , derrubados de seus tronos ; os
ricos , opulentos
e insensíveis , são
despedidos de mãos vazias.
O canto ou a oração que o evangelista Lucas põe tão
acertadamente nos lábios
de Maria e provavelmente provinha da reflexão
teológica e orante da primeira comunidade
é um magnífico
resumo da atitude religiosa de Israel na espera
messiânica e é também a melhor expressão
da fé cristã diante
da história da salvação que chegou à sua
plenitude com
a chegada do Messias ,
Salvador e Libertador
da humanidade . Jesus, com sua clara opção preferencial pelos
pobres e humildes ,
pelos oprimidos
e marginalizados, pelos abandonados e
excluídos, pelos doente
e pecadores , é o melhor
desenvolvimento prático
do que é dito
no Magnificat.
Maria louva a Deus pelo Natal de seu Filho , nosso Salvador , Jesus Cristo .
O Magnificat de Maria é o melhor resumo da fé de
Abraão e de todos os justos do Antigo
Testamento . É um
canto dos humildes
de todos os tempos ,
de todos os que
necessitam da libertação de suas várias opressões
que a vida
ou os outros
impõem. Através de Maria o Deus-distante
se torna Deus-Conosco para
que vivamos o Natal
com convicção
de que Deus
está presente e atua em
nossa história
por difícil
que ela
pareça ser . Se soubermos apreciar
o Deus-Conosco, crescerão a paz interior e a atitude de esperança em nós . Ana nos ensina que com Deus não há nada que seja
perdido. Só o tempo
vai comprovar tudo
isso . Mas
o tempo de Deus
é o tempo certo
para nossa
salvação.
P. Vitus Gustama,svd
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