terça-feira, 18 de dezembro de 2018

21/12/2018
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DEIXAR-SE HABITAR E LEVAR POR JESUS PARA AJUDAR E ALEGRAR O PRÓXIMO
21 De Dezembro


Primeira Leitura: Ct 2,8-14
8 É a voz do meu amado! Eis que ele vem saltando pelos montes, pulando sobre as colinas. 9 O meu amado parece uma gazela, ou um cervo ainda novo. Eis que ele está de pé atrás de nossa parede, espiando pelas janelas, observando através das grades. 10 O meu amado me fala dizendo: “Levanta-te, minha amada, minha rola, formosa minha, e vem! 11 O inverno já passou, as chuvas pararam e já se foram. 12 No campo aparecem as flores, chegou o tempo das canções, a rola já faz ouvir seu canto em nossa terra. 13 Da figueira brotam os primeiros frutos, soltam perfume as vinhas em flor. Levanta-te, minha amada, formosa minha, e vem! 14 Minha rola, que moras nas fendas da rocha, no esconderijo escarpado, mostra-me teu rosto, deixa-me ouvir tua voz! Pois a tua voz é tão doce, e gracioso o teu semblante”.


Evangelho: Lc 1,39-45       
39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.
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Deus Nos Ama Apaixonadamente e Incondicionalmente


A Primeira Leitura (Ct 2,8-14) descreve a ardente paixão dos noivos. Eles são muito ansiosos para se verem e impacientes na espera do encontro. “O tempo é muito lento para os que esperam. Muito rápido para os que têm medo. Muito longo para os que lamentam. Muito curto para os que festejam. Mas, para os que amam, o tempo é eterno” (Henry Van Dyke). Trata-se de um conceito mais absoluto de amor marcado pela fidelidade e muito mais forte do que a morte. O autor do livro de Cântico dos Cânticos quer relembrar ao homem que a vida não é somente composta de técnica, de lógica, de ciência, de política, e assim por diante, mas de amor e de partilha, de dom e de gratuidade. Quando dois seres humanos se apaixonam, aparentemente a lógica, a ciência, a ideologia e assim por diante ficam esquecidas momentaneamente. Uma pessoa apaixonada é capaz de se esforçar a fazer até o impossível pelo bem do amado. Uma pessoas muito apaixonada é capaz de fazer tudo sem medir o esforço em nome do bem do amado. O autor quer relembrar ao homem que tudo desmorona diante do encontro de dois corações apaixonados e diante do dom mútuo de dois seres que se amam profundamente. ”Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?” (Fernando Pessoa)


Esta Primeira Leitura foi escolhida para falar do amor de Deus pela humanidade. O frescor do amor apaixonado dos noivos serve de experiência religiosa e torna-se sinal do amor de Deus pelo seu povo, pela humanidade inteiro. O amor profundo de Deus pela humanidade é descrito pelo São João com as seguintes palavras: “Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna” (Jo 3,16). “Jesus, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). A partir de Deus tudo é governado por amor. Por seu amor profundo por todos nós, Deus se fez carne (Jo 1,14). Deus não grita do céu, mas desce até a humanidade para mostrar o caminho do amor, o único capaz de salvar a humanidade e criar a fraternidade e possibilitar a convivência fraterna baseada sobre o amor mútuo. Por seu amor tão profundo, Deus que se fez carne em Jesus é capaz de aceitar ser crucificado para salvar a humanidade. O poder humano não salva. Somente o amor. Onde há amor fraterno, ali está Deus mesmo que muitos se digam ateus. Mesmo que alguém não acredite em Deus, mas se ama o próximo, felizmente, Deus acredita nele, pois “Deus é amor” (1Jo 4, 8.16).


“A caridade na verdade, que Jesus Cristo testemunhou com a sua vida terrena e sobretudo com a sua morte e ressurreição, é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira. O amor — «caritas» — é uma força extraordinária, que impele as pessoas a comprometerem-se, com coragem e generosidade, no campo da justiça e da paz. É uma força que tem a sua origem em Deus, Amor eterno e Verdade absoluta. Cada um encontra o bem próprio, aderindo ao projeto que Deus tem para ele a fim de o realizar plenamente: com efeito, é em tal projeto que encontra a verdade sobre si mesmo e, aderindo a ela, torna-se livre (cf. Jo 8, 32). Por isso, defender a verdade, propô-la com humildade e convicção e testemunhá-la na vida são formas exigentes e imprescindíveis de caridade. Esta, de facto, « rejubila com a verdade » (1 Cor 13, 6). Todos os homens sentem o impulso interior para amar de maneira autêntica: amor e verdade nunca desaparecem de todo neles, porque são a vocação colocada por Deus no coração e na mente de cada homem. Jesus Cristo purifica e liberta das nossas carências humanas a busca do amor e da verdade e desvenda-nos, em plenitude, a iniciativa de amor e o projeto de vida verdadeira que Deus preparou para nós. Em Cristo, a caridade na verdade torna-se o Rosto da sua Pessoa, uma vocação a nós dirigida para amarmos os nossos irmãos na verdade do seu projeto. De facto, Ele mesmo é a Verdade (cf. Jo 14, 6)” (Bento XVI, Carta Encíclica CARITAS IN VERITATE n.1).


Maria Entrou No Mistério Do Amor De Deus


O relato da visita de Maria para sua prima Isabel está cheio de ressonância bíblica: como quando se trasladou a Arca da Aliança entre danças e saltos de alegria para a casa de Obededom e a Arca da Aliança esteve três meses nessa casa enchendo seus moradores de bênçãos (cf. 1Cr 13,14).


Maria, que acabou de receber do Anjo do Senhor a notícia transcendental sobre sua maternidade divina, corre pressurosa (“dirigindo-se, apressadamente”) para a casa de Isabel para oferecer-lhe sua ajuda na espera do nascimento de seu filho, João, o Batista. Maria não está somente cheia de Deus (“cheia de graça”), mas também está cheia de espírito de serviço. Quem está cheio de Deus, serve ao próximo. A própria Maria é a Arca da Aliança, pois ela é a portadora do Salvador no seu seio. Por ser portadora do Salvador, Maria é uma grande evangelizadora. Com sua presença Maria comunica a Boa Notícia cheia de alegria para Isabel e para seu filho, João Batista que ainda estava no ventre de Isabel (“a criança pulou no seu ventre”).


Os que são pobres no espírito, os que estão cheios da graça de Deus não se envaidecem, mas são solidários.  Maria movida pela solidariedade viaja para acompanhar sua prima anciã que está avançada na sua gravidez. A Igreja reconhece a grandeza de Maria na oração Ave Maria cheia de graça...


Além disso, quem se deixar habitar por Jesus se transforma em uma pessoa que produz a alegria para os demais a exemplo de Maria. “A ALEGRIA DO EVANGELHO enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria “(Papa Francisco: Exortação Apostólica: Evangelii Gaudium n. 1).


O texto destaca também o encontro de duas mulheres simples: Maria e Isabel com seu significado. As duas, que foram agraciadas por Deus com sua inesperada maternidade, se mostram totalmente disponíveis a Sua vontade. Quem estiver disponível à vontade de Deus será fecundado pela graça de Deus. Consequentemente, sua presença será sempre uma presença que alegra, pois comunica o que é bom para os outros (comunicar a Boa Nova). As duas mulheres simples: Isabel e Maria são um formoso símbolo do encontro do Antigo e do Novo Testamento, de dois tempos: o da espera e o da plenitude da vinda, da chegada.


Meditemos outros pontos do texto do evangelho lido neste dia!


1. Maria, Portadora Da Salvação


Maria atravessando Palestina de norte para o sul com o Filho de Deus em suas entranhas, e chegando à casa de Zacarias e provocando ali cenas de entusiasmo é uma imagem muito sugestiva. Maria tinha dito seu Sim ao plano de Deus e tinha aceitado ser fecundada pelo Espírito, e por isso, Maria é portadora da salvação, Maria é fonte de alegria. Isso nos leva a nos perguntarmos: será que somos também portadores da alegria da salvação? Para sê-lo, temos que dizer sim ao plano de Deus e deixar que o Espírito Santo nos fecunde.


Duas mulheres benditas, Maria e Isabel, esperam um menino que é fruto de uma intervenção especial de Deus, pois Isabel conseguiu ficar grávida na sua velhice e Maria ficou grávida sem intervenção nenhum de homem na sua virgindade. Por isso, o fruto que contemplam não é delas mesmas e sim de todo o povo segundo o plano de Deus do qual elas e seus filhos são instrumentos de Deus para salvar seu povo. Isabel recebeu o dom inesperado da maternidade, mas se inclina diante de uma maternidade maior que a sua, a maternidade de Maria e por isso, bendiz a Maria. E Maria lhe responde bendizendo a Deus de Quem vem toda graça. A particularidade dessa duas mulheres, por serem benditas de Deus, as duas estão cheias de Espírito Santo.


2. Maria Serve Com Dignidade


O evangelista Lucas nos relatou que Maria “se dirigiu apressadamente”. A expressãoapressadamenteaqui tem muitos significados: zelo, diligência, empenho, cuidado, seriedade, dignidade. No sentido teológico, a pressa de Maria é um reflexo da sua obediência, como serva e discípula fiel, em relação ao plano que lhe foi revelado pelo anjo, um plano que previa a gravidez de Isabel.


Maria é uma mulher que se põe em caminho com dignidade, com cuidado, com prontidão. Não o faz para satisfazer uma necessidade pessoal: ela faz para servir sua parenta, Isabel, que está grávida e que necessita de uma ajuda. Ela faz tudo com dignidade como uma irmã. Maria é de Deus e por isso, ela é do povo e para o povo. Maria é mulher de nossa história, aberta a Deus e aos seres humanos. Viveu sempre em atitude de gratuidade e de doação. Servir é adorar em ação. Será que fazemos tudo, a exemplo de Maria, com dignidade, com cuidado e com prontidão?


3. Encontro De Duas Pessoas Benditas


Na Anunciação o Anjo do Senhor “entrou” na casa de Maria e a “saudou”. Nessa visita Maria fez a mesma coisa: ela “entrou” na casa de Zacarias e saudou a Isabel. É a saudação da Mãe do Senhor para a mãe do Precursor do Senhor. A saudação de Maria comunica o Espírito a Isabel e ao menino. A presença do Espírito Santo em Isabel se traduz em um grito poderoso e profético: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1,42-45). Aqui Isabel fala como profetisa: se sente pequena e indigna diante da visita daquela que leva em seu seio o Senhor do universo. Sobram as palavras e explicações quando alguém entra na sintonia com o Espírito. Maria leva no seu seio o Filho de Deus concebido pela obra do Espírito Santo. E a presença do Espírito Santo em Isabel faz com que Isabel glorifique a Deus. Por isso, o encontro entre Maria e sua prima Isabel é uma espécie de “pequeno Pentecostes”. Onde entra o Espírito Santo, ai entra também paz, alegria e vida divina.


4. A de Maria É a Missionária


A Mãe de Deus que leva Jesus em seu seio é a causa de alegria. Segundo M. Descalzo, a viagem de Maria para visitar Isabel foi “a primeira procissão do Corpus Christi”. O corpo de Maria foi o ostensório vivo e precioso que carrega por primeira vez o Corpo de Cristo. Mas se nos mergulharmos um pouco mais no mistério, descobriremos que, na verdade, Maria é levada por Aquele que ela leva no seu ventre.


Quando Deus entra e atua na história de uma pessoa e tem realmente Jesus no coração, esse mesmo Jesus vai levar essa pessoa ao encontro dos outros, especialmente aos necessitados para partilhar a alegria e a esperança e irradiará e santificará os que dela se aproximarem. Quando estivermos cheios de Jesus Cristo em nosso coração, a nossa presença traz alegria e a paz para a convivência. A ausência de Cristo em nosso coração produz problemas na convivência. O encontro de duas pessoas benditas sempre causa alegria: Maria causa alegria em Isabel e Jesus em pequeno João Batista. Ao contrário, o encontro de duas pessoas não benditas sempre causa angústia e mal-estar na convivência. Cada cristão deve fazer os encontros felizes e alegres com os outros. E isso pode acontecer se houver lugar para Cristo em nosso coração. Precisamos engravidar Jesus Cristo para fazê-lo nascer para os outros. Por isso, vale a pena cada um se perguntar: Que tipo de encontro que fazemos diariamente: de pessoas benditas ou de pessoas não benditas?
P. Vitus Gustama,svd

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