13/12/2018
CONFIO
EM UM DEUS QUE ME TOMA PELA MÃO E QUE ME DÁ CORAGEM DE VIVER
QUINTA-FEIRA DA II SEMANA DO ADVENTO
13 Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tomo pela mão e te digo: “Não
temas; eu te ajudarei. 14 Não tenhas medo, Jacó, pobre verme, não temais,
homens de Israel. Eu vos ajudarei”, diz o Senhor e Salvador, o Santo de Israel.
15 Eis que te transformei num carro novo de triturar, guarnecido de dentes de
serra. Hás de triturar e despedaçar os montes, e reduzirás as colinas a poeira.
16 Ao expô-los ao vento, o vento os levará e o temporal os dispersará;
exultarás no Senhor e te alegrarás no Santo de Israel. 17 Pobres e necessitados
procuram água, mas não há, estão com a língua seca de sede. Eu, o Senhor, os
atenderei, eu, Deus de Israel, não os abandonarei. 18 Farei nascer rios nas
colinas escalvadas e fontes no meio dos vales; transformarei o deserto em lagos
e a terra seca em nascentes d’água. 19 Plantarei no deserto o cedro, a acácia e
a murta e a oliveira; crescerão no ermo o pinheiro, o olmo e o cipreste
juntamente, 20 para que os homens vejam e saibam, considerem e compreendam que
a mão do Senhor fez essas coisas e o Santo de Israel tudo criou.
Evangelho: Mt 11,11-15
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 11 “Em verdade eu vos digo, de
todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No
entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele. 12 Desde os dias de João
Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e são os violentos que o
conquistam. 13 Com efeito, todos os Profetas e a Lei profetizaram até João. 14
E se quereis aceitar, ele é o Elias que há de vir. 15 Quem tem ouvidos, ouça”.
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Creio Em Um Deus Que Cuida de Mim e Segura
Minha Mão Para Poder Seguir Adiante
“Eu sou
o Senhor, teu Deus, que te tomo pela mão e te digo: Não temas; eu te ajudarei. Não
tenhas medo, Jacó, pobre verme, não temais, homens de Israel. Eu vos ajudarei”.
Estamos no Livro da consolação do profeta
Isaías (Is 40-55) que foi escrito durante o exílio na Babilônia. Seu tom é, por
isso, muito consolador.
No texto da Primeira Leitura há três eixos
importantes que servem como o ponto de partida para a reflexão. O
primeiro eixo é a apologia do monoteísmo contra os falsos deuses
estrangeiros que os israelitas exilados encontraram na Babilônia. O
segundo eixo é uma teologia da redenção pelo Servo sofredor. A teologia
da redenção suscita a esperança nos israelitas no cativeiro na Babilônia de que
qualquer dia eles serão libertados do cativeiro. E o terceiro eixo é uma
apresentação do porvir escatológico dentro do quadro do Êxodo. Em outras
palavras, o profeta relembra a experiência do Êxodo do Povo eleito do Egito
para a Terra Prometida. Podemos dizer que a volta para a pátria é o novo êxodo para
os israelitas.
O profeta Isaías (o Segundo-Isaías) se
esforça em mostrar para seus compatriotas que o Êxodo é uma atuação contínua de
Deus. Por isso aparecem no livro do profeta Isaías as seguintes expressões
referentes ao primeiro êxodo: a pressa
da fuga (Is 52,11-12), a nuvem
protetora (Is 52,12b), a passagem do
mar (Is 43,16), a agua brotando de
um rochedo (Is 48,21), a
transformação do deserto em paraíso (Is 43,19-21). E este êxodo é o caminho
de aliança e de santidade (Is 35,8). Para o profeta a história tem um sentido
porque Alguém sabe para onde ela vai. Este Alguém é um Deus que comunica Seus
conhecimentos aos homens que se abrem e fieis a Ele.
“Não temas; eu te ajudarei! Não tenhas
medo, pobre verme!” (Is 41,13-14), assim o texto de hoje nos disse. São
palavras consoladoras de um Deus que jamais abandonará seus filhos, todos nós.
O povo de Israel no desterro era como um verme pisoteado por outras nações.
“Verme” é um agente de destruição, que aparece
frequentemente nas metáforas que descrevem a corruptibilidade e a mortalidade
da carne. Aquele que espera a morte medita como será consumido pelos vermes
(cf. Jó 17,14;21,26). Como animal que vive na podridão e geralmente debaixo da
terra, entre alguns povos o verme é símbolo da vida que renasce da escuridão e
da morte. No texto de hoje, o termo “verme” expressa a pequenez do povo de
Israel no desterro, desprezado, explorado e perdido na grande Babilônia pagã.
Mas Deus lhe assegura sua proteção carinhosa, pois Ele toma cada um pela mão,
como uma mãe que segura a mão de seu filhinho na rua ou em qualquer lugar. O
verdadeiro valor não procede da situação humana e sim do olhar carinhoso de
Deus para cada um de nós.
O texto da Primeira Leitura quer chamar nossa
atenção sobre mostra extrema má e fraca memória e nossa lentidão para
compreender sobre a glória e a identidade transcendente de Deus em relação a
nós, como o profeta chama atenção dos seus compatriotas. Toda vez que
esquecermos a força transcendente de Deus, cairemos na nossa fraqueza e nos
deixaremos dominar pela situação onde nos encontramos. Quando mantivermos nossa
memória no Deus Salvadora, não há situação em que não possamos sair vencedores,
pois com Deus tudo se torna possível e tudo tem sentido porque a providência
divina nos acompanha.
Precisamos meditar e saborear ao longo do dia
esta maravilhosa expressão do amor de Deus por nós: “Não temas; eu te
ajudarei! Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tomo
pela mão”. Metaforicamente, a mão indica poder e força. Deixar nas mãos de alguém é deixar em seu
poder. Estar nas mãos de Deus é estar protegido pelo poder de Deus. Por isso, é
preciso saborear, em silêncio, essa declaração de amor de Deus para cada um de
nós: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tomo pela mão”. Sem a mão
de Deus segurando minha mão, vou cair e vou me destruir na minha pequenez. Será
que alguma vez você sentiu a mão de Deus segurando sua mão?
Você Tem Sede De Quê?
“Pobres e necessitados procuram água,
mas não há, estão com a língua seca de sede. Eu, o Senhor, os atenderei, não os
abandonarei” (Is 41,17). “Os pobres procuram...”.
Esta fórmula expressa a espera, o desejo. A
imagem é a de “ter sede”. Trata-se de uma necessidade biológica concreta que
não pode satisfazer-se com palavras bonitas nem com um discurso inflamado.
O termo bíblico “ter sede” não nos oculta o
verdadeiro sentido. O que os homens andam buscando hoje em dia, especialmente
os pobres, é ser amados e considerados, ser respeitados e tratados como seres
humanos, não ser humilhados e desprezados. Um mundo tão árido, um mundo com um
comportamento árido, hoje em dia, invade cada vez mais o coração das pessoas,
inclusive das pessoas nas comunidades eclesiais. Por isso, através do seu
coração tão árido e comportamento tão seco você tem sede de quê nesta vida? O
que você está procurando através desse comportamento?
Todos nós somos pobres e necessitados na
busca da luz divina. “Os pobres e necessitados buscam água, mas não há. Sua
língua está seca”. Talvez o progresso, a técnica, o conforto em que vivemos
silenciem durante um tempo essas questões radicais e perturbadoras sobre o
sentido último da vida. Cedo ou tarde chega, para cada um, uma resposta, única
que importa.
“De quê realmente tenho sede? De que você está
procurando?”. Nossa alma não está sedenta de fama, de conforto, de propriedades
e de poder. Ela está faminta do significado da vida. “O problema de cerca de um
terço de meus pacientes não é diagnosticado clinicamente como neurose e sim
resulta da falta de sentido de suas vidas vazias. Isto pode ser definido como a
neurose geral de nossas época” (Carl Gustav Jung). A procura pela boa vida,
pela vida significativa e satisfatória é um dos mais antigos temas religiosos,
como também continua sendo. Para isso é preciso manter a harmonia com Deus,
consigo próprio, com o próximo e com o universo. A necessidade do significado é
uma necessidade religiosa, uma sede fundamental de nossas almas. O que nos
rouba a alegria de viver é a ausência do significado.
João Batista Nos Convida A Um
Advento Ativo
Uma das grandes figuras do Advento é João
Batista que prepara o povo para a vinda do Messias. Durante vários dias todos
os evangelhos nos falarão deste Precursor. A partir de hoje até o dia 17 de
Dezembro, o fio condutor das leituras o evangelho de cada dia levará a figura
de João Batista. Se o profeta Isaías até agora nos ajudava a nos alegrar com a
graça do Advento, como admirável profeta da esperança, agora é João Batista
quem, tanto nas leituras dominicais como nas da semana, nos anuncia que termina
o tempo dos profetas, que com Jesus de Nazaré começam os tempos definitivos
(cf. Gl 4,4). Mais tarde será Maria de Nazaré quem nos apresenta seu Filho, o
Messias enviado por Deus.
No Evangelho de hoje Jesus elogia João
Batista: “Em verdade eu vos digo que entre os nascidos de mulher nenhum é maior
do que João Batista.”. Esta frase nos lembra tanto o modo como João
Batista nasceu como também nos lembra a grandeza de Jesus apesar de ter nascido
de uma mulher como João Batista. O nascimento de João Batista é o fruto da
misericórdia de Deus sobre o casal Zacarias e Isabel. João Batista é grande
porque é o Precursor do Senhor, isto é, aquele que prepara o povo para a vinda
do Messias Salvador. O nascimento de João Batista expressa a grandeza de Deus,
pois é capaz de fazer uma mulher estéril gerar novamente.
A expressão “Entre os nascidos de mulher” nos
leva também ao mistério da origem de Jesus. Jesus também nasceu de uma mulher.
Porém, sua origem como homem-Deus fica além da geração humana. Jesus é gerado
por Deus (cf. Mt 1,18-20; Lc 1,35).
“No entanto, o menor no Reino dos Céus é
maior do que ele (João Batista)”. Por que João Batista é menor? Porque
ele é uma figura de transição. Ele é, ao mesmo tempo, profeta do devir e já o
preparador do Senhor. João Batista separa os dois períodos entre antes de Jesus
e o tempo de Jesus. O tempo de João Batista marca o final do tempo antigo, isto
é, o tempo da espera, do vestido velho, dos odres velhos (cf. Mt 9,16-17). Com
João Batista este tempo chegou ao seu cumprimento. Agora o Reino do céu é que
abre o caminho com sua força na história. João Batista é grande porque vê
concluída e pode apontar a realização das profecias antigas; pequeno por ser
apenas um Precursor, um novo Elias e só pertence à ordem da profecia e não à
ordem da realização.
Celebrar a vinda de Deus, no próximo Natal,
não é somente coisa de sentimento e de poesia. A graça do Advento, do Natal, e
da Epifania pede disponibilidade plena e abertura à vida que Deus nos quer
comunicar. É uma festa de autodoação para que o homem possa viver.
Para encontrar Deus que se doa, para acolher
tal como Ele é, para compreender todo o sentido da vinda do Senhor, temos que
romper nossos esquemas e contemplar com os olhos novos a realidade que nos
cerca e as pessoas que nos rodeiam. O texto usa uma expressão enigmática: “são os
violentos que conquistam o Reino dos céus” (Mt 11,12). Aqui não
se trata dos que praticam violência contra os demais, pois mais tarde Jesus vai
dizer: “Guarda a tua espada no seu
lugar, pois todos os que pegam a espada pela espada perecerão” (Mt
26,52). Trata-se aqui daqueles que fazem “violência” a si mesmos, no sentido de
ser contra suas próprias inclinações perversas, que são revoltados contra as
próprias fraquezas que tentam dominar sua vida. São aqueles que se esforçam
permanentemente, apesar das limitações perversas, para estar de acordo com a
vontade de Deus. São aqueles que lutam sem trégua para que nenhum vício os
domine a fim de a graça de Deus operar em suas vidas.
Por isso, é bom cada um perguntar-se: “Quais
são minhas inclinações perversas, minha conversas perversas que preciso
enfrentá-las com “violência”, com toda a minha força para que eu possa alcançar
uma vida cheia de bênçãos de Deus? Assim serei uma bênção para os demais homens”.
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