TODOS OS SANTOS
Observação:
1). No Brasil a festa de Todos os Santos é comemorada no próximo
domingo (04/11/2012). Por isso, o texto do evangelho não é o da festa, mas do
dia do Tempo Comum para o dia 01 de Novembro .
2. Em muitos países no dia 01 de Novembro é comemorada a
Festa de Todo os Santos. Por isso, o evangelho é o da festa (a reflexão sobre o
tema se encontra logo depois da primeira).
SOMOS CHAMADOS A CONTEMPLAR O DEUS SANTO
PARA SERMOS SEUS REFLEXOS NA TERRA
01 de Novembro: Festa de Todos os Santos
Textos da leitura: Ap 7,2-4.9-14; 1Jo 3,1-3;
Mt 5,1-12
Naquele tempo :
1Vendo Jesus as multidões , subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos
aproximaram-se, 2e Jesus começou a ensiná-los:
3'Bem-aventurados
os pobres em
espírito , porque
deles é o Reino dos Céus .
4Bem-aventurados
os aflitos , porque
serão consolados.
5Bem-aventurados
os mansos , porque
possuirão a terra .
6Bem-aventurados
os que têm fome
e sede de justiça ,
porque serão
saciados.
7Bem-aventurados
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia .
8Bem-aventurados
os puros de coração ,porque verão a Deus .
9Bem-aventurados
os que promovem a paz ,
porque serão
chamados filhos de Deus .
10Bem-aventurados
os que são
perseguidos por causa
da justiça , porque
deles é o Reino dos Céus .
11Bem-aventurados
sois vós , quando
vos injuriarem e perseguirem, e mentindo,
disserem todo tipo
de mal contra
vós , por
causa de mim .
12aAlegrai-vos e exultai, porque
será grande a vossa
recompensa nos
céus
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Hoje celebramos a festa de todos os
santos no dia 01 de Novembro. O culto aos santos é a conseqüência de nosso
Credo, conhecido como Símbolo Apostólico, onde professamos: “Creio...na
comunhão dos santos...”. Esta pequena frase nos indica e afirma que a nossa
relação com os santos é contínua porque acreditamos na não–interrupção da
comunhão eclesiástica pela morte, e, ao mesmo tempo, acreditamos no
fortalecimento da mútua comunicação dos bens espirituais (LG no 49; compare com
Rm 8,38-39). A Igreja dos peregrinos (todos nós mortais na história) sempre
teve e continua tendo perfeito conhecimento dessa comunhão reinante em todo
Corpo Místico de Jesus Cristo que é a Igreja (LG 50). A Igreja venera os santos
como exemplos, pois eles são reflexos da santidade de Deus, por isso, eles nos
levam para Deus. Eles contemplam tanto o
Deus santo a ponto de transformá-los em verdadeiros reflexos do Deus santo. O
Culto aos santos une-nos a Igreja celestial, pois acreditamos na vida sem fim,
a vida eterna.
Os santos no Céu não se tornam uns
egoístas que gozam a merecida felicidade. Como irmãos que nos precederam, eles
ainda se lembram de nós, pobres mortais na história, como Cristo sempre se
lembra de nós. Os santos no Céu e os cristãos na terra são uma família única.
Assim como uma família, um irmão ajuda o outro irmão. Por isso é que pedimos a
ajuda dos santos.
Entendemos aqui por “santos” todos
os que já estão no céu e vêem o próprio Deus face a face. São aqueles que estão
na paz e na felicidade suprema (GS 93); aqueles que estão na comunhão perpétua
da incorruptível vida divina (GS 18). Esta vida perfeita chama-se “o Céu”. O
Céu é, certamente, o fim último e a realização das aspirações mais profundas do
homem, o estado supremo e definitivo de felicidade. O Céu é desejo de todos nós
que estamos peregrinando nesta terra. Participar da vida divina, a vida em sua
plenitude, a vida cheia de amor é o que queremos todos os dias, tanto para nós
e nossos familiares como para aqueles que nos precederam. O Céu conforme as
palavras de São Paulo, citando Is 64,4: “O que os olhos não viram, os ouvidos não
ouviram, e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que
O amam” (1Cor 2,9).
É evidente que os santos, cuja
festa celebramos neste dia, não são somente aqueles que estão na lista oficial
da Igreja. De quantos santos nós não conhecemos nem a história nem o nome. O
livro de Apocalipse (Ap 7,2-14) fala de um desfile de 144 mil servos de Deus no
céu. 144 é um número simbólico (12 x 12) significa a unidade e totalidade do
povo eleito. Entende-se, por isso, uma grande multidão de pessoas de todos os
povos e religiões, culturas, de antes e depois de Cristo. Por isso, nunca
podemos nos esquecer que há exemplos de santidade e heroísmo cristãos em outras
Igrejas, religiões, povos e culturas. Reconhecer essa presença é uma ajuda para
superar os nossos seculares preconceitos e para acolher com alegria esses
parceiros na construção do Reino de Deus ou do mundo mais fraterno. O diálogo
cria o encontro, a guerra provoca o confronto.
Como filhos de Deus, estamos
conscientes de que Deus é o Único Santo e fonte de toda santidade. Por isso,
conseqüentemente, Ele é o Único que faz santos os participantes em sua vida por
fruírem de sua santidade, por cumprirem seus desígnios, por entrarem na esfera
vital de seu reinado, por viverem os ensinamentos de Jesus Cristo na vida
diária. A santidade é uma forma normal de viver conforme os ensinamentos de
Cristo. Quando o homem já participa em plenitude da vida de Deus no Reino dos
céus, então é santo por sua comunhão de vida com Deus, o Único Santo (cf. 1Jo
3,2).
Sabemos também que somente Deus
pode receber o verdadeiro culto de adoração.
Dá-se, porém, o culto de veneração aos servidores de Deus que já estão
unidos a Ele plenamente na glória e pela comunhão que mantém conosco, nos
atraem para Deus e nos ajudam a percorrer o caminho que trilharam e que nos
conduzem à meta na qual eles nos precederam. Eles são provas evidentes do amor
de Deus e neles Deus nos fala. Se nós veneramos os santos é porque descobrimos
neles mais vivamente a presença e o rosto de Deus, neles se manifesta a imagem
de Deus, o Único Santo.
Por isso, o culto aos santos não
rebaixa nem diminui a adoração a Deus, pelo contrário, enriquece-a intensamente
porque nos aproxima mais da única santidade de Deus que devemos imitar
pessoalmente como o fizeram homens como nós enquanto percorriam o mesmo caminho
que estamos percorrendo.
Do ponto de vista cristológico nós sabemos
que Cristo é o Santo de Deus (Mc 1,24). Ele é a imagem do Deus invisível (Cl
1,15). A santidade do homem consiste em sua perfeita união com Jesus (LG 50). A
santidade é uma forma normal de viver conforme os ensinamentos de Cristo. Os
santos são santos porque imitaram e viveram os ensinamentos de Jesus, Senhor de
todos os santos. Eles produziram em si mesmos, de forma significativa, o
mistério pascal de Jesus. Por isso, a união com os santos e seu culto unem-nos
a Jesus, de quem dimana toda a graça santificadora; eles são seus amigos e
co-herdeiros. Enfatiza-se muito, por isso, esse valor cristológico do culto aos
santos na celebração eucarística.
Quando nós veneramos os santos,
portanto, não somos idólatras. Se nós admirarmos e louvarmos um quadro de
valor, por acaso o pintor deste quadro se sentirá ofendido? Ao contrário, ele
não ficará feliz? Os santos são as obras artísticas de Deus, Aquele que esculpiu
e pintou o seu semblante na alma deles. Se admirarmos ou louvarmos os filhos,
por acaso o pai se ofenderá? O pai não ficará feliz pela admiração dada aos
seus filhos por outras pessoas? Os santos são os filhos prediletos do Senhor,
aqueles que mais se lhe assemelham.
Mas devemos reconhecer que há
pessoas que amam o santo ou a santa, mas não a sua santidade nem imitam suas
virtudes. São muitos cristãos que recorrem aos santos somente para os
interesses materiais ou só para alcançar determinada graça e não para pedir a
graça de seguir o exemplo desses santos que viveram até o fim os ensinamentos
de Jesus Cristo. Não podemos abusar dos santos só para atender aos nossos
desejos materiais, esquecendo-nos que precisamos seguir seus exemplos de santidade. Devemos saber que não há devoção mais eficaz
do que a imitação das virtudes dos santos. Para que, seguindo o exemplo dos
santos que viveram segundo os ensinamentos de Cristo durante sua vida terrena,
possamos também alcançar a santidade para a qual todos nós somos chamados.
A vocação à santidade é universal.
Todos são chamados à santidade, segundo diz S. Paulo: “Pois esta é a vontade de
Deus, a vossa santificação” (cf. 1Ts 4,3;Ef 1,4). E o fundamento de nossa
santidade ou da nossa perfeição é Jesus Cristo, cumpridor fiel da vontade de
Deus. Como dizia Santa Teresa do Menino Jesus: “...Quem aspira à santidade deve fugir à tentação de querer
santificar-se ao seu modo, conforme a própria vontade, seu ponto de vista, seus
planos humanos, mas entregar-se inteiramente à vontade de Deus. Deus traça o
caminho e o homem deve segui-lo” (Santa Teresa de Jesus, Fd.5-10). E na
mesma perspectiva São João da Cruz ensinou: “A santidade, ou seja, a união autêntica com Deus consiste na total
transformação de nossa vontade na vontade de Deus, de tal modo que, em nós,
nada contrarie a vontade do Altíssimo, mas nossos atos dependem totalmente do
beneplácito divino” (Subida I-II,2).
Portanto, o culto verdadeiro de
veneração que prestamos aos santos não deve terminar neles. Ao contrário, deve
acabar em Cristo como fonte da missão, grandeza, dignidade e privilégios destes
santos. Os santos nos ajudam a termos fé firme em Jesus Cristo, mesmo que nos
encontremos numa situação sufocante. A Palavra de Deus será a ultima palavra
para a humanidade.
P. Vitus Gustama,svd
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CUMPRIR A MISSAO ATÉ O FIM É VIVER
PLENAMENTE EM DEUS
Quinta-feira, 01 de Novembro de 2012
Texto de Leitura: Lc 13, 31-35
Naquele tempo, 31No mesmo dia chegaram alguns dos fariseus, dizendo a
Jesus: Sai e vai-te daqui, porque Herodes te quer matar. 32Disse-lhes
ele: Ide dizer a essa raposa: eis que expulso demônios e faço curas hoje e
amanhã; e ao terceiro dia terminarei a minha vida. 33É necessário,
todavia, que eu caminhe hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não é admissível
que um profeta morra fora de Jerusalém. 34Jerusalém, Jerusalém, que
matas os profetas e apedrejas os enviados de Deus, quantas vezes quis ajuntar os
teus filhos, como a galinha abriga a sua ninhada debaixo das asas, mas não o
quiseste! 35Eis que vos ficará deserta a vossa casa. Digo-vos, porém,
que não me vereis até que venha o dia em que digais: Bendito o que vem em nome
do Senhor! - Palavra da salvação.
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Continuamos a acompanhar Jesus no seu
Caminho para Jerusalém. Durante esse Caminho Jesus vai dando suas ultimas
lições para seus discípulos (Lc 9,51-19,28). Para Lucas, Jerusalém é tudo: onde acontece a cena
da morte, da ressurreição, do nascimento da Igreja, e da expansão missionária.
É interessante notar, no evangelho
de hoje, que os fariseus, que muitas vezes atacam Jesus de várias maneiras,
desta vez, querem salvar sua vida ao lhe dizer: “Tu deves ir embora daqui,
porque Herodes quer te matar”. Os que estão no poder consideram Jesus como um
homem perigoso e por isso querem eliminá-lo, embora Jesus apenas ajude as
pessoas na sua dignidade. E Herodes seria capaz de fazer isso, pois ele já
mandou decapitar João Batista alguns meses antes (cf. Lc 3,19).
O poder destrói a integridade;
destrói a confiança; destrói dialogo; e destrói a relacionamentos. O poder
sempre anda lado a lado com a soberba e o orgulho. “A soberba odeia a
companhia! O orgulhoso procura por todos os meios brilhar solitário”, dizia
Sant Agostinho (Epist. 140,42). Não há nada que nos isole dos outros
tanto quanto o poder. Até mesmo a conversa humana comum é destruída pelo poder.
Por causa do poder vivemos o drama do diálogo perdido. Por isso, vemos esse
drama trágico entre maridos e mulheres, entre pais e filhos, entre patrões e
empregados e assim por diante. O pecado do poder consiste no desejo de ser mais
do que aquilo para o qual fomos criados. “O homem foi criado para viver de
acordo com a Verdade. Não viver como foi criado é viver na mentira permanente”,
dizia Santo Agostinho (De civ. Dei 14, 4,1). “Aproximar-se de Deus é
assemelhar-se a Ele. Afastar-se d’Ele é deformar-se” (Santo Agostinho. In
ps 34,2,6).
Na sua resposta, diante desta
ameaça, Jesus mostra aos fariseus (e Herodes) que ele próprio é quem decide seu
caminho a seguir: “Ide dizer a essa raposa: eu expulso
demônios e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu
trabalho. Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, porque
não convém que um profeta morra fora de Jerusalém”. Na gíria aramaica
“raposa” tem um duplo sentido: animal astuto e animal insignificante em
oposição a “leão”. Aqui a palavra “raposa” se aplica à pessoa insignificante e
buliçosa/ inquieta que não merece respeito. Herodes é chamado de “raposa” para
dizer que ele é um tipo de pessoa covarde, hipócrita que não quer se
responsabilizar pela morte de Jesus, e Pilatos vai também nessa direção na
condenação de Jesus (cf. Lc 23,6-12).
A tripla enumeração: “hoje, amanhã,
e o terceiro dia” / “hoje, amanhã e depois de amanhã” serve para englobar um
período de tempo largo e completo, isto é, o que resta de sua vida publica,
durante o qual Jesus prosseguirá libertando o povo de todo tipo de ideologias
contrárias ao plano de Deus (“expulsando demônios”) e de todo tipo de doenças
morais e físicas que impede o povo de segui-lo com liberdade e dignidade humana
(“curando”) até o fim de sua missão terrena (“terminarei meu trabalho”). Jesus
não faz sua missão pela metade. Ele vive sua vida na totalidade e não pela
metade. Jesus alcança a perfeição humana entregando sua vida para a salvação de
todos. A partir de Jesus aprendemos que precisamos fazer as coisas pelo bem de
todos até onde a capacidade permitir. Quando cumprirmos nossa missão até onde a
capacidade permitir, seremos pessoas realizadas e as outras serão beneficiadas.
Jerusalém que significa “cidade da
paz” faz o contrário. Em vez de viver para criar a paz, Jerusalém provoca a
violência: “Jerusalém, Jerusalém! Tu que matas os profetas e apedrejas os
que te foram enviados!”, lamenta Jesus. Jerusalém não vive de acordo com
seu nome: “cidade da paz”. Talvez possamos dizer isto, na linguagem de Santo
Agostinho, para nosso contexto: “O nome de cristão traz em si a conotação de
justiça, bondade, integridade, paciência, castidade, prudência, amabilidade,
inocência e piedade. Como podes explicar a apropriação de tal nome se tua
conduta mostra tão poucas dessas muitas virtudes?” (De vit. christ. 6).
Pelo Batismo nos é confiada a
missão de proclamar a Boa Nova de salvação. No cumprimento fiel dessa missão
não podemos dar-nos descanso: “Eu faço curas hoje e amanhã; e no
terceiro dia terminarei o meu trabalho. Preciso caminhar hoje, amanhã e depois
de amanhã”. Não podemos enterrar as
oportunidades para fazer o bem. Eu preciso fazer o bem hoje, amanhã e depois de
amanhã (em todos os dias da minha vida). Nisto alcançarei a minha perfeição
humana.
P. Vitus Gustama,svd
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