VIVER NA VERDADE E NA DIGNIDADE AFASTA A
HIPOCRISIA
Terça-feira, 16 de Outubro de 2012
Texto de Leitura: Lc 11,37-41
Naquele tempo, 37enquanto Jesus falava, um fariseu convidou-o para jantar com ele. Jesus entrou e pôs-se à mesa. 38O fariseu ficou admirado ao ver que Jesus não tivesse lavado as mãos antes da refeição. 39O Senhor disse ao fariseu: “Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades. 40Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior? 41Antes, dai esmola do que vós possuís e tudo ficará puro para vós”.
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“Vós
fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de
roubos e maldades”, assim Jesus disse aos fariseus no evangelho lido neste dia. Trata-se de uma vida na
aparência, de uma vida incoerente. Trata-se de uma hipocrisia.
A palavra hipócrita designava no
mundo grego antigo o ator que, com uma máscara e um disfarce, assumia uma
personalidade alheia. O ator representa um papel, não o que ele é inteiramente.
É apresentação sem representação. Fingia diante do público ser outra pessoa
freqüentemente sem nada a ver com a sua própria personalidade, porque
trabalhava para a platéia. Ele não vivia sua própria identidade.
Todo hipócrita é exibicionista. Na
verdade, um exibicionista é uma pessoa de personalidade superficial, fútil e
sem sólidos ideais. Ele vive mendigando louvores e os procura de todas as
maneiras. Ele se preocupa mais em ostentar do que em ser alguma coisa. Sua
preocupação é colocar-se em evidência, ser notado, elogiado. Tudo o que ele faz
é na perspectiva de algum louvor. Ele considera bons ou maus os seus atos não
por estarem de acordo ou não com as normas éticas, mas por serem capazes ou não
de atrair a atenção e despertar admiração.
Segundo o Evangelho de hoje
hipócrita é aquele que vive só na aparência e longe da verdade. É aparentar ser
bom, sem sê-lo. É uma incoerência de vida. É uma duplicidade, um fingimento.
Ele extremamente se apresenta como um homem religioso, alguém que faz questão
de proferir palestras bonitas sobre o amor, sobre a paz, sobre o respeito para
com os outros, quando ninguém o vê viver assim. É aquele que vive de etiqueta,
mas continua pagando dívidas sem fim.
A hipocrisia, que tenta esconder
atrás da fachada limpa a podridão interior, não convém ao cristão que é chamado
a viver e proclamar publicamente a palavra recebida de Jesus. O Senhor quer que
tenhamos diante d’Ele e diante dos outros uma única vida, sem disfarces e
mentiras, pois n’Ele mesmo encontramos a plenitude da unidade de vida, a mais
profunda união entre as palavras e as obras. A verdade é sempre um reflexo de
Deus e deve ser tratada com muito respeito. Ao buscar sempre a verdade, fugindo
da duplicidade ou da hipocrisia, o cristão se torna uma pessoa honrada e
respeitada. A falta de veracidade que se manifesta na mentira ou na hipocrisia
ou na falta de unidade de vida, revela uma discórdia interior. Por isso, o
Senhor diz no Sermão da Montanha: “Seja o vosso Sim, sim e o vosso Não, não. O
que passa disso vem do Maligno” (Mt 5,37).
A dignidade da pessoa humana não
consiste em parecer bom, mas em ser bom. O verniz encobre o mal, mas não o
suprime. O hipócrita não percebe que tudo que vem de fora não atinge o seu
interior e que essa satisfação proveniente da aprovação dos outros é efêmera,
superficial e inútil.
Se deixarmos crescer o medo de ser
nós mesmos, acabaremos não sabendo quem nós somos. Nunca seremos autenticamente
nós enquanto estivermos subordinados à opinião e às expectativas dos outros. A
nossa riqueza consiste em que sejamos nós mesmos e não em que nos pareçamos com
os outros ou com o que os outros esperam de nós. Os homens verdadeiros e
autênticos podem ser aplaudidos ou condenados, amados ou odiados, mas sempre
despertam nossa admiração.
P. Vitus Gustama,svd
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