SEMEAR A BONDADE SILENCIOSAMENTE APESAR
DE NOSSA PEQUENEZ E DEBILIDADE
Terça-feira, 30 de Outubro de 2012
Texto de Leitura: Lc 13,18-21
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“O Reino de Deus é como a
semente de mostarda, que um homem pega e lançou no seu jardim. A semente
cresce, torna-se uma grande árvore e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos”
(Lc
13,19).
Lançar semente à terra é um gesto
absolutamente natural, apaixonante e misterioso. É um gesto de esperança e de
aventura. A semente crescerá? Haverá boa colheita, ou não haverá nada? O
semeador é aquele que crê na vida, que tem confiança no porvir. O semeador é
aquele semeia a mãos cheias para que a vida se multiplique. O semeador é aquele
que investe no porvir. Jesus está consciente de estar fazendo isto: semear,
lançar! Ele empreende uma obra que tem
porvir. Basta a semente estar na terra, começa, então, em segredo e em silêncio
uma serie de maravilhas, pouco importa que o semeador se preocupa ou não com a
semente.
A Palavra de Deus tem dentro de si
uma força misteriosa que apesar dos obstáculos encontrados no seu caminho vai
germinar e dar fruto. Com esta parábola Jesus quer sublinhar a força intrínseca
da graça e da intervenção de Deus.
“O Reino de Deus é como a semente
de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce,
torna-se uma grande árvore e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos”.
Ao falar da pequenez de uma semente
como a de mostarda, Jesus quer nos convidar a rever os nossos critérios de
atuação e a nossa forma de olhar o mundo e os nossos irmãos. Por vezes, naquilo
que é pequeno, débil e aparentemente insignificante é que Deus se revela. Deus
está nos pequenos, nos humildes, nos pobres, nos que renunciaram a esquemas de
triunfalismo e de ostentação; e é deles que Deus se serve para transformar o
mundo.
Por isso, Jesus quer nos dar lição
de que os meios podem ser muito pequenos, como a pequena semente de mostarda ou
como o fermento, mas podem produzir frutos inesperados, não proporcionados nem
a nossa organização nem a nossos métodos e instrumentos. A força da Palavra de
Deus vem do próprio Deus e não de nossas técnicas. Quando em nossa vida há uma
força interior, a eficácia do trabalho cresce notavelmente. Mas quando essa
força interior é o amor que Deus nos tem, ou seu Espírito ou a Graça salvadora
de Cristo ressuscitado, então, o Reino de Deus germina e cresce poderosamente.
O que devemos fazer é colaborar com nossa liberdade. Mas o protagonista é Deus.
Necessitamos trabalhar com o olhar posto em Deus, sem impaciência, sem exigir
frutos a curto prazo, sem absolutizar nossos méritos, meios e técnicas e sem
demasiado medo ao fracasso. Há que ter paciência como a tem o lavrador
esperando a colheita.
O evangelho de hoje nos ajuda a
entendermos como conduz Deus nossa história. Não teríamos que nos orgulhar
nunca, como se o mundo se salvasse por nossas técnicas e esforços. Não podemos
esquecer aquilo que São Paulo nos aconselhou: “Eu plantei, Apolo regou, mas
Deus é quem fez crescer. Assim, nem o que planta é alguma coisa nem o que rega,
mas só Deus, que faz crescer. O que planta ou o que rega são iguais; cada um
receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho. Nós somos operários com Deus. Vós, o campo de
Deus, o edifício de Deus. Segundo a graça que Deus me deu, como sábio arquiteto
lancei o fundamento, mas outro edifica sobre ele. Quanto ao fundamento, ninguém
pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo” (1Cor
3,6-11).
Os frutos da graça de Deus se
produzem às ocultas, em pequenos gestos e projetos bem simples sem que ninguém
se dê conta. Nossa tarefa é semear a bondade constantemente, catar um pedaço de
felicidade diariamente para compartilhá-la com aqueles que não conseguiram
catar nenhum pedaço. A fé vivida na obediência à vontade de Deus é capaz de
operar uma transformação total da pessoa, uma reestruturação de todo o ser,
como a semente que se transforma totalmente em uma planta. Nos fatos
aparentemente irrelevantes, na simplicidade e normalidade de cada dia, na
insignificância dos meios, esconde-se o dinamismo de Deus que atua na história
e que oferece aos homens caminhos de salvação e de vida plena. Não podemos
deixar nenhum dia sem semear a bondade nos corações de pessoas.
P. Vitus Gustama,svd
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