SER QUEIMADO E PURIFICADO PELO FOGO
TRAZIDO POR JESUS
Quinta-feira, 25 de
Outubro de 2012
Texto
de Leitura: Lc 12, 49-53
Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: 49“Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! 50Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra! 51Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão. 52Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; 53ficarão divididos: o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra”.
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“Eu vim lançar fogo à terra,
e que tenho eu a desejar se ele já está aceso?
Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas divisão”,
diz o Senhor no evangelho deste dia.
A metáfora do “fogo” é muito usada
em qualquer literatura antiga e moderna, com significados diversos: pode
significar purificação, renovação, amor etc.. Na tradição bíblico-profética, o
“fogo” é um elemento purificador que consome as impurezas. Na linguagem bíblica e apocalíptica “fogo”
significa também juízo que supõe o fim do mundo e o início do outro. O fogo é o
sinal do julgamento que, como o fogo, purifica e consome (cf. Lc 17,29-30). Vir
trazer fogo à terra significa, então, que a presença de Jesus tem a força de
purificar o mundo da impureza, do egoísmo, da desigualdade, da discriminação,
da exclusão e assim por diante. Através da purificação dessas impurezas a graça
tem seu lugar para brilhar em todo seu esplendor. Por isso, a divisão imposta
por Jesus significa a eliminação da ilusória convivência do bem com o mal, pois
ninguém pode servir a dois senhores.
O fogo de Jesus é o mesmo Reino de
Deus que traz um elemento destruidor de pecado. É o fogo que vai queimando as
impurezas dos homens, destruindo a arrogância (altivez) dos soberbos. Não
poderá surgir a nova humanidade, se não forem destruídas as estruturas que
oprimem o homem por dentro e por fora. Este fogo do Espírito destrói e purifica
ao mesmo tempo. Jesus é o portador do fogo de Deus sobre a terra. Neste sentido
sua missão fundamental consiste em purificar o homem velho ao destruir o que se
encontra pervertido nele. Jesus proclama uma mensagem que é fogo, que coloca as
consciências diante de sua própria verdade profunda. Conseqüentemente causa
divisão: ou opta pela verdade que Jesus que significa salvação ou manter-se na
falsidade e mentira que tem como resultado final, a perdição eterna.
Jesus acendeu um fogo e nos convida
a mantê-lo aceso; um fogo que deve queimar dentro da Igreja tantas coisas
inúteis, tanto organismos estéreis e paralizantes, tantas palavras vazias,
tantas falhas morais e éticas, e assim por diante. É preciso morrer o que é
velho em nós para surgir o novo.
O que acontece quando esse fogo não
fica aceso na Igreja e em cada um em particular? Quando é que esse fogo não
fica aceso? Ele não fica aceso quando vivemos o cristianismo não como novidade
original que nos renova permanentemente, quando vivemos sem nos opor às
estruturas que criam na humanidade um estado de injustiça, de fome, da violação
dos direitos humanos, de exploração dos pequenos e assim por diante. Não haverá
esse fogo de Jesus quando tudo continua igual, quando os sacramentos não
significam mais que um ato social que não nos levam para uma vida transformada.
Não haverá o fogo de Jesus quando a instituição religiosa se contenta com
repetir mecanicamente gestos ou ritos que os homens de hoje não entendem nem
lhes interessam.
“Mas devo ser batizado num
batismo; e quanto anseio até que ele se cumpra!”, acrescenta Jesus.
Jesus vive sua vocação/ missão como uma paixão. Este batismo do qual Jesus fala
é sua própria morte assassinada, conseqüência do seu amor incondicional pelos
homens, esquecendo-se de si próprio.
Jesus traz a paz, dá a paz, mas não
a qualquer preço. Pôr-se ao lado de Jesus supõe uma opção, uma decisão e com
freqüência romper com a vida anterior ou com os laços humanos familiares e
sociais que não salvam. Somente acontecerá tudo isto, se o fogo de Jesus permanecer
aceso na nossa vida e no nosso coração. Por isso, diante de Jesus não se pode
ficar neutro.
P. Vitus Gustama,svd
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