AMOR E JUSTIÇA SÃO INSEPARÁVEIS
Quarta-feira,
17 de Outubro de 2012
Texto de Leitura: Lc 11,42-46
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“Ai de vós, fariseus, que pagais o
dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e deixais de lado a
justiça e o amor de Deus. Estas coisas era preciso fazer, sem deixar de
lado aquelas” (Lc 11,42).
Estamos ainda na seção em que se
encontra um conjunto de acusações de Jesus (Lc 11,37-54) contra os dirigentes
oficiais judeus, os fariseus e os escribas. Podemos encontrar também essas
acusações organizadas sistematicamente contra os escribas e fariseus em Mt 23.
O texto anterior (Lc 11,37-41) nos
mostra que a verdadeira pureza de vida não consiste em observar todas as regras
de purificação externa (cuidar apenas da aparência) que resulta na hipocrisia
(viver como um ator diante de uma platéia) e sim em amar a Deus que se deve
traduzir na caridade fraterna e no respeito pelo outro. Chegamos até Deus
através do próximo (cf. Mt 25,31-45). Eu sou ocasião de salvação para o outro e
o outro é ocasião de salvação para mim.
No texto do evangelho lido neste
dia Jesus volta a criticar os fariseus (e os escribas) porque invertem o valor
das coisas. Pagar o dízimo faz parte da religiosidade do povo. É o que os
fariseus fazem. Eles acham que com o pagamento do dízimo eles poderiam ficar
tranqüilos diante de Deus (como se comprasse Deus com algo tão terreno). No
entanto, os fariseus não se preocupam em amar a Deus verdadeiramente e em
praticar a justiça para com o próximo. Conseqüentemente, o pagamento de dízimo
carece de sentido e se torna um exibicionismo. Eles continuam a praticar a
injustiça contra o próximo e a cultivar a vanglória. Deste jeito, eles vivem
como hipócritas. “Ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da
arruda e de todas as hortaliças e deixais de lado a justiça e o amor de Deus.
Estas coisas era preciso fazer, sem deixar de lado aquelas”, são palavras
de Jesus com um tom profético que denuncia a injustiça e o desamor contra o
próximo.
Amor e justiça andam como uma moeda
de dois lados. Quem ama não pratica a injustiça. Com efeito, todas as
injustiças são conseqüências da falta de amor. Você comete a maior injustiça
quando não ama. Por isso, o mais importante não é você ser reconhecido
socialmente e sim seu comportamento com as pessoas (amor e respeito) e com as
causas justas.
O amor sempre oferece ao outro o
que lhe falta, mas o egoísmo devora tudo que o outro tem. E nunca o egoísmo é
tão prejudicial, como quando se disfarça de amor. Quem não sabe se amar, não
cresce. Quem não aprende a amar, não deixa que os outros cresçam. O amor nunca
morre porque é o nome próprio de Deus (1Jo 4,8.16), isto é, Sua própria
essência. As caricaturas do amor é que não duram muito tempo. A felicidade está
em amar e em ser amado. Somos felizes quando amamos e quando somos amados. O
ardor do amor abre os corações.
E a justiça não é questão de
números e quantidades e sim de amor. Você pratica a justiça não é com o
objetivo de alcançar a perfeição para si e sim para que você não trate seu
irmão (próximo) injustamente. Se você buscar a justiça escutando seus irmãos,
você se sentirá em dívida todos os dias. “O amor é a única dívida que mesmo depois de paga nos
mantém como devedores” (Santo Agostinho).
Portanto, o ser humano cresce, a
comunidade e a comunhão se criam, a fraternidade se vive quando o amor e a
justiça têm voz e vez nas relações interpessoais. Outras coisas são
importantes, mas o amor e a justiça são muito mais importantes e são essenciais
para quem acredita verdadeiramente em Deus. Por isso, jamais podemos deixar de
lado a justiça e o amor de Deus. Praticamos a justiça não para sermos perfeitos e sim para não tratar o irmão injstamente. O justo vive de acordo com o amor de Deus que salva. E esse amor o faz viver na justiça.
P. Vitus Gustama,svd
gvitus@hotmail.com
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