SER VERDADEIRO DISCÍPULO E
AMIGO DE JESUS
Sexta-feira, 19 de Outubro de 2012
“Se és um amigo de Cristo, muitos poderão se aquecer
neste fogo e compartilhar desta Luz” (Mauriac).
Texto
de Leitura: Lc 12,1-7
Com este capítulo do seu evangelho
(Lc 12,1-48) o evangelista Lucas volta a falar sobre as instruções de Jesus
para seus discípulos (Lc 9,51-13,21), conhecidas como Lições do Caminho, pois
são dadas no Caminho para Jerusalém onde Jesus será crucificado e ressuscitado.
Com essas lições Jesus vai preparando os discípulos para a vida e missão
pós-pascal (cf. Lc 24,45-49; At 1,8). E para a comunidade de Lucas essas
instruções servem como um ideal de vida de discipulado.
Neste capitulo 12 Lucas coloca
algumas atitudes que devem caracterizar a comunidade dos discípulos, tais como:
confiança em Deus em qualquer momento, pois em Deus está o alicerce verdadeiro
para sua existência; coragem diante de qualquer ameaça da perseguição ou da
repressão violenta e transformar tudo isso em momento de testemunho; liberdade
do medo; pobreza, isto é, não se deixar dominar pelos bens materiais, pois sua
verdadeira segurança está em Deus; e vigilância responsável, pois os discípulos
são homens abertos para o futuro, isto é, viver sem jamais perder perspectivas
em qualquer momento e idade. A esperança nos chama a caminhar sem perder o
horizonte que só terminará em Deus.
“Tomai cuidado com o fermento dos
fariseus, que é a hipocrisia”, alerta Jesus aos discípulos.
A hipocrisia é o pecado típico do
fariseu (cf. Lc 11,42-44). Hipócrita é permanecer nas trevas, ocultar-se na escuridão.
Hipócrita é ser ator de uma peça sem nada a ver com sua própria personalidade
ou vida. Hipócrita é resistir ao testemunho; é fazer ouvidos surdos à voz de
Jesus Cristo. Hipócrita
é aquele que, simulando virtudes, nobres sentimentos e boas qualidades, engana
os outros no intuito de conquistar a estima deles. Seu objetivo é obter
louvores por uma virtude que não possui. Ele atraiçoa a verdade. Ele é incapaz
de confessar sua perversidade interior e corrigi-la, pois ele sempre se refugia
na simulação de possuir virtude. Ele não se preocupa em ser bom, mas em ser
admirado por alguma virtude que na realidade não possui. Se não tivermos
bastante discernimento e capacidade em fazer uma leitura com tranqüilidade de
suas atitudes e palavras, facilmente cairemos na tentação de acreditar nele. É
preciso confiar desconfiando. É preciso questionar o questionável, perguntar o
perguntável para não se precipitar em nada a fim de não pagar caro, mais tarde,
por uma atitude não pensada. Desconfie qualquer facilidade prometida.
O discípulo de Jesus, cada cristão,
deve proceder sem duplicidade nem mentira. Se alguém contar uma mentira, ele
será forçado a contar outras mentiras para apoiar a primeira. A conduta do
discípulo deve ser sempre franca, mas sem grosseria, pois a franqueza ou
sinceridade mal-empregada se transforma em grosseria; a verdade dita sem
caridade pode ter resultado contrário. O cristão deve ser transparente como
quem trabalha à luz do dia. Toda sua palavra, toda sua ação deve ser sempre um
testemunho público e não para enganar. O discípulo de Jesus, cada cristão é o
amigo de Jesus. De Jesus ele recebe confidências e coisas profundas sobre Deus:
“Chamei-vos de amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai”
(Jo 15,15). Comigo Jesus não tem segredos. Comigo Jesus só fala da verdade, a
verdade que liberta (cf. Jo 8,32). Como amigo de Jesus compartilharei também
com ele até mesmo sua sorte: perseguição, morte, e ressurreição (cf. Jo
15,18-21; 16, 1-4; 1Jo 3,13).
Se Jesus me revelou tudo sobre o
Pai, então eu preciso ser um amigo fiel de Jesus sem medo. O único temor que eu
devo ter é o temor de Deus, pois só Deus pode ter a ultima palavra sobre a
minha vida e meu destino final: “Não há nada de escondido que não venha a
ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido”. A
história pessoal, íntima, e a história comunitária estão nas mãos de Deus. Eu
preciso segurar na mão de Deus e seguir adiante, pois eu estou caminhando para
o futuro de Deus que já comecei no presente ainda que os caminhos de Deus,
muitas vezes, sejam incompreensíveis para a sabedoria humana: “Pois os meus
pensamentos não são os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são os meus —
oráculo do Senhor. Pois tanto quanto o céu acima da terra, assim estão os meus
caminhos acima dos vossos e meus pensamentos distantes dos vossos” (Is
55,8-9).
P. Vitus Gustama,svd
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