SACRIFICAR-SE
PARA A SALVAÇÃO DE TODOS
Sábado
da XXV Semana Comum
28 de Setembro de 2013
Texto de Leitura: Lc 9,
43b-45
Naquele tempo, 43bTodos estavam admirados
com todas as coisas que Jesus fazia. Então Jesus disse a seus discípulos: 44“Prestai
bem atenção às palavras que vou dizer: O Filho do Homem vai ser entregue nas
mãos dos homens”. 45Mas os discípulos não compreendiam o que
Jesus dizia. O sentido lhes ficava escondido, de modo que não podiam entender;
e eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.
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Nós nos encontramos no quadro de instruções
finais de Jesus na Galileia. Jesus mostra claramente aqui o sentido da própria missão
e a daqueles que querem segui-Lo. Segundo o plano do
seu evangelho, o evangelista Lucas termina assim as atividades de Jesus na
Galiléia (Lc 4,14-9,50). Daqui em diante Jesus vai começar seu caminho ou seu
êxodo para Jerusalém onde ele será crucificado, morto e glorificado.
“O Filho do Homem vai ser
entregue nas mãos dos homens”. O título “Filho do Homem” se encontra seu
sentido em Dn 7,13-14 e “vai ser entregue” em Is 53,2-12. O sofrimento de Jesus
é causado pelos homens do templo e do poder.
Para o evangelista Lucas, este é o
segundo anúncio da Paixão de Jesus e o situa no momento em que “Todos
estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia”. Esta admiração surge
no momento em que Jesus curou um menino da epilepsia (Lc 9,37-43) e fez outros sinais. E
Lucas registrou que esse menino era filho único. Esse filho único se refere a
Jesus, Filho único do Pai (cf. Mt 21,33-46). Através desse menino, Jesus está
falando de Si próprio. A cura do menino antecede o segundo anúncio da Paixão do
Filho único do Pai.
Neste anúncio Jesus quer revelar
que sua vida é uma vida de sacrifício para o bem de todos. Jesus pensa somente na salvação de todos
sem fugir das conseqüências trágicas. Ele se sacrifica como uma vela que se
consome aos poucos iluminando seu redor.
Lucas nos relatou que os discípulos
não entenderam o sentido desse anúncio. Em outras ocasiões os evangelistas
descrevem os motivos dessa incompreensão: os seguidores de Jesus tinham em sua
cabeça um messianismo político, com vantagens materiais para eles mesmos, e
discutiam sobre quem ia ocupar os postos de honra e quem ficaria do lado direito
ou do lado esquerdo de Jesus. A cruz não entrava em seus planos. Eles queriam
seguir a Jesus pelas próprias vantagens e não pela vida dedicada em prol da salvação
de todos.
Os discípulos não entendem que este
é o maior ato de amor e o maior sentido da vida. O resultado dessa incompreensão
será contado no seguinte episódio em que haverá a disputa sobre a primazia no
grupo (Lc 9,46-48).
“Todos estavam admirados com
todas as coisas que Jesus fazia”. Jesus desperta realmente admiração
por seus gestos milagreiros e pela profundidade de suas palavras. Deste tipo de
Jesus gostamos também e não somente os primeiros discípulos de Jesus. Mas não entendemos,
como os primeiros discípulos, o Jesus Servidor, o Jesus que lava os pés dos discípulos,
o Jesus que se entregou à morte para salvar a humanidade, o Jesus que se
aproxima do pecador para dialogar, o Jesus que faz refeição com os pobres e
pecadores. Queremos apenas o consolo e o prêmio e não o sacrifício e a renúncia.
Preferiríamos que Jesus não nos dissesse: “Quem quer me seguir renuncie a si
mesmo, tome sua cruz de cada dia e me siga”.
Mas ser seguidor de Jesus pede
radicalidade e não podemos crer num Jesus que O fazemos a nossa medida. Ser colaborador
de Jesus na salvação do mundo exige seguir Seu mesmo caminho que passa através
da cruz e da entrega. É sofrer com Jesus para salvar o mundo.
Vale a pena cada um fazer um exame
sério de consciência sobre o texto do evangelho de hoje a partir da vocação e
da função que cada um tem na Igreja ou em uma comunidade. Como sacerdote ou
religioso/ religiosa, qual meu motivo para ser sacerdote ou para ser religioso/religiosa?
Será que eu procuro a vocação religiosa e sacerdotal em função da segurança
institucional e não como uma paixão pela vida de Cristo dedicada pela salvação de
todos? Será que o pensamento de querer ser sacerdote ou religioso (a) carreirista
tem como motor da minha ambição? Como leigo ou leiga, qual meu motivo
verdadeiro para trabalhar na minha comunidade? Há alguma vantagem pessoal
escondida atrás dessa atividade, ou por que eu quero ser outro Cristo na minha
comunidade? Mas será que eu levo a sério o motivo de ser outro Cristo com todas
as suas conseqüências na minha comunidade?
É preciso que não tenhamos medo de
nos gastar pelas causas e pelos grandes ideais de Jesus, pois por este caminho
haverá a vida glorificada, a vida ressuscitada. Como cristãos, não podemos
viver e conviver inutilmente nem podemos, consequentemente, morrer inutilmente.
A vida dedicada pelo bem de todos jamais morre. É estar com Cristo. E estar com
Cristo significa não parar de existir. Este é o ideal do ser do cristão.
Para Refletir
“Há ideais que nos ajudam a viver e
a crescer,
Porque nos aproximam do melhor de nós
mesmos,E há ideais que nos paralisam
Porque nos fazem correr atrás de miragens inalcançáveis.
Um verdadeiro ideal nunca é
plenamente alcançado,
Mas ajuda a caminhar toda a vida.
Viver sem um ideal é como viver sem
sentido
E caminhar sem objetivos.
Muito homens correm toda a vida para
ter coisas,
Porque não sabem o que querem ser.E você, sabe?”
(Autor: René Juan Trossero)
P. Vitus Gustama,svd
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