segunda-feira, 30 de setembro de 2013

 
CAMINHAR COM JESUS PARA  VIVER A VIDA NA SUA PLENITUD E PARA CONVIVER NA PAZ


Terça-Feira da XXVI Semana Comum
01 de Outubro de 2013

Texto de Leitura: Lc 9, 51-56


51 Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém 52 e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos, a fim de preparar hospedagem para Jesus. 53 Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém. 54 Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” 55 Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. 56 E partiram para outro povoado.
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É Preciso Caminhar Com Jesus Para Chegar à Plenitude Da Vida


Com o texto do evangelho de hoje Jesus começa seu caminho (êxodo) para Jerusalém. Trata-se de uma viagem sem volta, pois em Jerusalém Ele será crucificado, morto e glorificado. Durante o caminho para Jerusalém Jesus vai dando suas lições mais importantes para seus discípulos (Lc 9,51-19,28) e, portanto, para todos os cristãos.


A vida é realmente uma peregrinação ou uma viagem. E a Igreja nos recorda que somos peregrinos. Ela mesma está “presente no mundo e é peregrina” (Sacrosanctum Concilium, 2  do Concílio Vaticano II - Sobre a Liturgia). A vida como uma peregrinação não há volta. Não há a marcha a ré. O nosso nascimento já é um bilhete dessa peregrinação. Não dá para nascer novamente. Daí para frente tudo depende de nós na colaboração com a graça de Deus. Estamos em permanente peregrinação.


Jesus vive essa forma de vida mostrando o seu significado pleno. Em Cristo, o próprio Deus se fez peregrino para vir ao encontro do homem nos seus caminhos para, com Ele, começar a peregrinar para a eternidade. E o fato de Jesus não ter “uma pedra onde repousa a cabeça” (Lc 9,58) e sua vida apostólica itinerante revelam a sua identidade de peregrino por excelência. Por isso, devemos fazer sempre de Jesus o centro de nossa vida e ser moldados num instrumento da graça de Deus. Esse é o caminho para continuar andando rumo à total comunhão com Deus.


E para sentir a liberdade de caminhar nesta peregrinação temos que experimentar a alegria do desapego. As maiores dificuldades no progresso, tanto material como espiritual, estão em nosso arraigado apego às coisas tanto presentes como passadas, caducas e superficiais.


O texto do evangelho começa com a seguinte frase: “Jesus tomou a firme decisão de partir para Jerusalém...”. Em Jerusalém Jesus será morto e de Jerusalém sairá o novo movimento de evangelização para o mundo inteiro (cf. Lc 24,47-48; At 1,8) que chegou até nós hoje.

Todos os três evangelhos (Mt, Mc e Lucas) falam desta viagem. Mas somente Lucas usa esta viagem de Jesus com o motivo catequético básico, de que a vida de Jesus foi também um longo caminhar para uma meta: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. O “caminhar” de Jesus é um êxodo permanente até chegar à glória. Ele luta até chegar à meta: até a glória.


Durante esse caminho Jesus vai instruindo a comunidade de discípulos de acordo com o próprio caminhar de Jesus. Os discípulos de todos os tempos encontram, então aqui, a regra perene de sua atuação cristã. Neste texto encontramos maneira sobre como os cristãos devem se comportar e viver como seguidores de Cristo. Trata-se de uma “caminhada” interior, isto é, a caminhada que parte do que somos até o esvaziamento completo de nós e até a vivência na plenitude da vontade de Deus que é a salvação ou glorificação de nossa vida em Deus. é preciso caminhar com Jesus para chegar à glorificação de nossa vida.


É Preciso Conviver Em Paz


“’Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los? ’ Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. E partiram para outro povoado”.


O fundo do relato do texto do Evangelho lido neste dia é a inimizade e o ódio entre samaritanos e judeus que originalmente é de tipo racial, e depois de tipo político e religioso. O caminho habitual da Galiléia para Jerusalém passa por Samaria. Um grupo galileu de discípulos vai adiante para preparar a hospedagem para Jesus em Samaria. Mas os samaritanos não aceitam a presença de Jesus em Samaria, pois ele está a caminho para Jerusalém. Os samaritanos interpretam o caminho para o Templo de Jerusalém como infra-valorização do templo Garizim construído sobre um monte onde os samaritanos fazem suas atividades religiosas, e não em Jerusalém (em 129 a. C João Hircano o destruiu). Por essa recusa os discípulos disseram a Jesus: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?”. Esta frase nos lembra do episódio entre o profeta Elias, defensor do monoteísmo, contra os mensageiros do rei Ocozias que consultava outros deuses sobre como curar suas feridas. Por isso o profeta Elias pediu o fogo do céu e o fogo caiu sobre esses mensageiros e morreram todos (cf. 2Rs 1,1-18).


A atitude de Tiago e de João põe em evidência de que os Apóstolos não entenderam plenamente Jesus e seus ensinamentos. Eles, por sua intolerância, não encontraram outro caminho para tratar aos samaritanos sem o caminho da violência. Jesus repreende energicamente os dois apóstolos.


A atitude de Tiago e João continua presente em muitas religiões do mundo. Por todos os meios os seres humanos, ao longo da história, buscaram a forma de acabar com os que pensam, atuam ou vivem de forma diferente. Como cristãos temos que respeitar os demais e fazer possível a paz entre as religiões. Para ter a paz entre as religiões, primeiramente, deve haver diálogo entre as religiões. Mas antes disso, deve haver um intra-diálogo em cada religião. O diálogo permite o encontro. O confronto possibilita a guerra. É preciso ficarmos desarmados em todo o momento para ganhar alguém para ser parceiro do bem e da paz.


Diante da proposta dos discípulos Jesus enfatiza que qualquer discípulo, qualquer cristão não pode ser movido por sentimentos de vingança, de violência, de desafronta, de intolerância, de ódio ou de intransigência. Quem é tolerante não vê a diferença e a alteridade como ameaça, e sim como estímulo para se aproximar e aprender do outro numa atitude de diálogo.


O radicalismo de nossas atitudes, muitas vezes, é uma expressão de nossa pouca bondade. Com esta pouca bondade tomamos atitudes que violentam a história de Deus com os homens. A violência sempre gera um processo desumanizador que perverte radicalmente as relações entre os homens, e introduz na história novas injustiças e impede o caminho para a reconciliação.


O fogo que Cristo traz do céu não é aquele que queima e elimina as pessoas, e sim aquele que ilumina e purifica o mundo de suas impurezas. É o fogo do Espírito Santo. É o fogo de amor. O único fogo que nós cristão podemos usar é o fogo de amar aos demais até o fim como fez Jesus (cf. Jo 13,1). Jesus nos libertou para sermos livres, como diz São Paulo (Gl 5,1). Liberdade em Cristo é para amar mais e melhor. Amar a Deus e ao irmão é condição para ser livre. Quem foge é porque não está livre. A liberdade daquele que ama a Deus e ao irmão é a identificação total com a vontade de Deus, com o bem e com a verdade.


Por isso, o caminho que Jesus propõe para quem quiser segui-lo não é um caminho de “massas”, mas um caminho de “discípulos”: implica uma adesão incondicional ao “Reino”, à sua dinâmica, à sua lógica. Implica uma adoção do espírito de Jesus que é o espírito de amor.

P. Vitus Gustama,svd

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