O ABSOLUTO ESTÁ EM VOCÊ MESMO E EM SEUS IRMÃOS
Quarta-feira da XXIV Semana Comum
18 de Setembro de 2013
Texto de Leitura: Lc
7,31-35
Naquele tempo, disse Jesus: 31 “Com
quem hei de comparar os homens desta geração? Com quem eles se parecem? 32 São
como crianças que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas, dizendo:
‘Tocamos flauta para vós e não dançastes; fizemos lamentações e não chorastes!’
33 Pois veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e vós dissestes:
‘Ele está com um demônio!’ 34 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e vós
dizeis: ‘Ele é um comilão e beberrão, amigo dos publicanos e dos pecadores!’ 35
Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos”.
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“Com quem hei de comparar os
homens desta geração?”, começa Jesus seu ensinamento no texto do evangelho
deste dia. Sabemos que o termo ou a expressão “essa geração” na boca de Jesus é
o resultado de um juízo. A expressão “essa geração” tem um tom de condenação na
boca de Jesus. É uma alusão à geração do povo eleito que atravessava o deserto
de Sinai que duvidava da presença de Deus apesar das evidências de Sua
providência (cf. Sl 96; Dt 32, 5.20).
“Veio João Batista, que não comia
pão nem bebia vinho, e vós dissestes: ‘Ele está com um demônio!’ Veio o Filho
do Homem, que come e bebe, e vós dizeis: ‘Ele é um comilão e beberrão, amigo
dos publicanos e dos pecadores!’”.
Jesus foi criticado e censurado
porque mostrou sua solidariedade com os pecadores e os marginalizados da
sociedade. Fez tudo isso, pois Ele veio para trazer a salvação para todos (cf.
Lc 4,14-21). Consequentemente, Ele não mudou de comportamento apesar das
criticas e das maledicências dos seus adversários. Jesus não viveu em função
das criticas e sim em função da salvação da humanidade. Em Jesus se revelou a
sabedoria de Deus que é sempre solidária com a humanidade carente de salvação.
É uma atitude muito diferente da
dos fariseus que mantinham distância das categorias sociais consideradas
impuras para não ficarem contaminados. Esta atitude mostra a arrogância religiosa
dos fariseus. Trata-se de uma atitude desrespeitosa para com os outros e
consequentemente para Deus, pois Deus está nos pequenos (cf. Mt 25,40.45; 1Cor
3,16-17). A prática do culto sem o compromisso de uma conduta coerente engana
os outros e é um ópio que adormece a própria consciência. Qualquer prática
religiosa não pode ser mais importante do que o próprio Deus e do que o próprio
ser humano a quem Deus amou tanto (cf. Jo 3,16). Um Deus banalizado torna
absoluto o que é relativo e o homem se engana buscando o absoluto onde ele não está.
O mais próximo do absoluto está em você mesmo e em seus irmãos.
Os pobres, os excluídos e os
pecadores não tinham nenhuma dificuldade para ouvir a Palavra de Deus a eles
dirigida. Com a ajuda da Palavra de Deus eles reconstruíam sua própria
dignidade. Faltava-lhes, até então, alguém que pudesse dirigir a palavra de
esperança para eles. Jesus era para eles o Salvador, era Aquele que eles
esperavam.
A pregação de Jesus é bastante
alegre. Na sua alegre pregação ele coloca a penitência e a exigência divina.
Ele come e bebe normalmente. Anuncia o Reino de Deus como um banquete. Um
quinto do evangelho de Lucas fala de comida ou de banquete para enfatizar que
no Reino de Deus há somente a fraternidade, pois todos são filhos e filhas do
mesmo Pai, e há somente a alegria, pois é uma festa que não tem fim.
“Mas a sabedoria foi justificada
por todos os seus filhos”, conclui Jesus no seu ensinamento. A sabedoria da
qual se fala aqui não se trata de ciência, mas trata-se daquilo que corresponde
ao desígnio salvador de Deus a respeito do homem e do mundo (cf. Jo 3,16). E esse
desígnio se realiza nas pessoas que têm a docilidade ao Espírito de Deus. E
essa docilidade se encontra nos simples, nos pequenos, nos despretensiosos. Por
isso, Jesus volta aqui a usar uma idéia mais cara: “os pequenos”, “os filhos”.
Os pequenos possuem muito mais sabedoria do que os que se dizem entendidos,
como os escribas, pois os pequenos vivem na simplicidade. A simplicidade é um
valor alto para Jesus e para a humanidade. Por causa do valor tão alto da
simplicidade Jesus chegou a fazer uma oração de agradecimento: “Eu Te louvo,
ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste essas coisas aos sábios e
entendidos, e a revelaste aos pequeninos” (Lc 10,21). Todos os simples são verdadeiros amigos de
Jesus e amigos dos outros. O simples atrai a simpatia dos outros e as bênçãos
de Deus.
Para Nossa reflexão:
· Se Jesus é
o amigo da simplicidade, será que você é um cristão simples ou um cristão falso
e vaidoso que simula as virtudes que não existem? “A soberba gera a divisão. A
caridade, a comunhão” (Santo Agostinho). Santo Agostinho nos faz a seguinte
pergunta: “O nome cristão traz em si a conotação de justiça, bondade,
integridade, paciência, castidade, prudência, amabilidade, inocência e piedade.
Como tu podes explicar a apropriação de tal nome se tua conduta mostra tão
poucas dessas muitas virtudes?”.
· Jesus é
chamado também de “amigo dos pecadores”, pois ele se aproxima deles para salvá-los
e devolver sua dignidade de filhos de Deus. Que atitude nós temos em relação àqueles
que erraram ou cometeram algum pecado na vida: afastá-los ou nos aproximar
deles, a exemplo de Cristo?
· A pregação
de Jesus é alegre, pois fala da fraternidade, do banquete onde as relações se nivelam.
Que tipo de pregadores nós somos: da alegria ou da desgraça?
· “Com
quem hei de comparar os homens desta geração? Com quem eles se parecem?”,
perguntou Jesus retoricamente. Qual será nossa resposta se fizermos a mesma
pergunta para a geração da qual fazemos parte?
P.Vitus Gustama,svd
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