SER ORANTE APÓSTOLO DO
SENHOR
Terça-feira da XXIII
Semana Comum
10 de Setembro de 2013
Texto de Leitura: Lc
6,12-19
12 Naqueles dias, Jesus foi à montanha
para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus. 13 Ao amanhecer, chamou seus
discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: 14 Simão, a quem impôs o nome de
Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; 15 Mateus e Tomé; Tiago, filho de
Alfeu, e Simão, chamado Zelota; 16 Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes,
aquele que se tornou traidor. 17 Jesus desceu da montanha com eles e
parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e grande multidão
de gente de toda a Judeia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia. 18 Vieram para ouvir Jesus e ser
curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus
também foram curados. 19 A multidão toda procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele, e
curava a todos.
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“Não é o
mesmo, rezar longa e profusamente que rezar com muitas palavras. Não é o mesmo
o desejo ininterrupto que o falatório interminável... Quando a oração brota da
alma como uma necessidade da alma mesma, converte-se em chave de ouro, em santo
e eficaz sinal que abre as portas do céu e torna possível um encontro com Deus.
O homem se eleva em oração e Deus se inclina em misericórdia”
(Santo Agostinho, Epist.
130,19; In ps. 85,7)
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Oração
Na Vida de Jesus e Na Vida Dos Cristãos
O texto
do evangelho deste dia fala da eleição dos Doze Apóstolos. A eleição dos Doze é
precedida de uma prolongada oração de Jesus. Lucas faz referência à oração de
Jesus nos momentos mais decisivos de sua vida. Lucas é o evangelista que põe
mais ênfase sobre a figura orante de Jesus do que outros evangelistas. Onze vezes em seu
evangelho, Lucas fala da “oração” de Jesus (Lc
3,21; 5,16; 6,12; 9,18; 9,28; 10,21; 11,1; 22,32; 22,41; 23,34; 23,46). Para tomar uma decisão importante Jesus entra em oração prolongada.
“Jesus
subiu ao monte para orar”. Literalmente no texto do evangelho de hoje fala-se
de uma saída/êxodo de Jesus em direção ao monte e se sublinha a oração
ininterrupta que eleva a Deus naquele lugar. Monte é o lugar das grandes
decisões, um lugar solitário propício para a oração, um lugar de amplos
horizontes de onde se vê longe. Quanto mais subirmos, mais ampla será a visão
que teremos. Para subir é preciso esforçar-se.
Jesus nos ensina a aprendermos a
ampliar nosso horizonte, dialogando com Deus e meditando Sua Palavra. Somente
no dialogo prolongado na oração é que ganharemos o horizonte maior para nossa
vida, pois o nosso olhar estará dentro do olhar de Deus. Temos que ter coragem
de subir até onde os valores maiores se encontram capazes de vermos tudo com
claridade e com uma visão mais ampla sobre a vida e os seus acontecimentos de
cada dia. É aprender a ver a vida de maneira multiangular através de um diálogo
permanente com Deus na oração e através da meditação diária da Palavra de
Deus.
A vida sem oração se reduz na busca
das próprias vantagens para servir aos próprios interesses. A vida sem amor se
apaga. Há sempre sinais que podem aparecer para qualquer idade e que sempre
revelam um processo de envelhecimento espiritual, ou uma enfermidade espiritual
em que nada aparece algo novo no horizonte de nossa existência: os mesmos
hábitos, os mesmos esquemas e costumes, nenhum objetivo novo, nenhum ideal, a
perda da capacidade de escutar a voz interior que de dentro somos chamados a
viver uma vida mais elevada através da união com Deus na oração e no bem que
deve ser praticado. A história de nossa vida como cristãos é a história de
nossa oração. Trata-se de uma história com Deus que termina feliz.
Instituição dos Doze Apóstolos
No Clima De Oração: Somos apóstolos do Senhor
Jesus “passou
a noite toda em oração a Deus”, assim Lucas nos relatou. Alguns interpretam que a
palavra “noite” aqui quer indicar a perplexidade que invade Jesus. E a oração é
meio de clarificação a fim de que Deus dê luz verde naquilo que Jesus quer
realizar com a ajuda dos apóstolos para a salvação do mundo. Jesus não escolheu
seus apóstolos à noite.
O objetivo da oração de Jesus de
toda a noite é sua Igreja. Trata-se do projeto que dura até o hoje da vida do
homem. Por essa razão, a instituição dos Doze Apóstolos é um momento solene
para a história da Igreja, pode-se dizer para a história da humanidade. Por
feita a escolha dos Doze dentro da oração, sabemos logo que a obra de Jesus é
divina. Ele faz tudo em união com o Pai celeste.
Por isso, em seguida Lucas nos
relatou: “Ao amanhecer, chamou seus
discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos”. A expressão “ao amanhecer” indica, segundo
alguns especialista, que a oração obteve resultados positivos, pois não se pode
tomar decisões enquanto alguém estiver nas trevas ou na perplexidade de uma
escuridão de vida (“noite”). Estar na oração significa estar com Deus. E estar
com Deus é estar com a luz que ilumina tudo na nossa vida (“amanhecer”).
“Ao amanhecer, chamou seus
discípulos e escolheu Doze dentre eles....”. Há aqui o objetivo da oração de
Jesus durante toda a noite: Sua Igreja. É o projeto que apesar de tudo continua
durando até hoje (cf. Mt 16,18). Por isso, a instituição dos Doze é um momento
solene para a história da Igreja, particularmente e para a história da
humanidade de modo geral.
São doze. É evidentemente um número
simbólico. Com esse número Jesus constitui o Novo Israel, a Sua Igreja, para
substituir as doze tribos de Israel no Antigo Testamento. Os Doze não são
grandes personalidades. É o estilo de Deus que vai escolhendo para sua obra
pessoas débeis, mas que se esforçam para dar o melhor de si para salvação do
mundo, pois agente principal desta obra continua sendo o próprio Deus.
Lucas é o único a mencionar que o
próprio Jesus lhe deu esse nome: apostolo, em grego. O termo apóstolo aponta
para “enviados por alguém”. Aqui se enfatiza a relação do “enviado” com Aquele
que “envia”. O essencial é a “missão”. Isto quer dizer que ser apóstolo é
depender de Jesus; é ser enviado por ele; é ser sua porta-voz; é ser fiel à Sua
obra e que Jesus nos pede que a levemos até o fim.
Estes são nomes dos apóstolos:
Simão Pedro, André, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago,
Simão, Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, o traidor. A partir de agora
eles vão acompanhar Jesus de perto, como testemunhas oculares de sua vida e atividade.
Apesar da oração de uma noite
inteira, apesar do bom discernimento de Jesus, apesar de toda formação, um dos
apóstolos era um traidor. É o mistério da liberdade humana.
Os Apóstolos receberam tudo de
Jesus para que se tornassem instrumentos de salvação para o próximo. E nós
recebemos tudo dos Apóstolos através de várias gerações anteriormente. Nós não
podemos quebrar esse elo ou essa cadeia. Se tudo de bom para a salvação do
mundo recebemos das gerações anteriores, precisamos continuar essa “corrente”
de evangelização. Cada cristão é apóstolo de Jesus. Ele é o apóstolo em
qualquer lugar e Jesus espera algo de cada um de nós para a Igreja do Senhor.
Ser apóstolo não é trazer os outros para si e sim orientá-los para o encontro
pessoal com Jesus, o Salvador.
A comunidade de Jesus é apostólica.
Ela é cimentada na pedra angular que é o próprio Jesus Cristo. Mas também tem
como fundamento os apóstolos que o próprio Senhor escolheu como núcleo inicial
da Igreja. E fazemos parte da comunidade apostólica pelo Batismo. Por isso,
somos, por natureza, missionários ou apostólicos (Ad Gentes no. 2). Esta
comunidade “apostólica” é que colabora com o Ressuscitado que nos deixou o
mandato missionário (cf. Mt 28,19): anunciar o que é bom e digno para a
edificação de um ser humano. O cristão não pode perder tempo para as coisas que
não edificam. A única preocupação de cada cristão em cada instante é fazer o
bem e convidar os demais homens para serem parceiros do bem.
P. Vitus Gustama,svd
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