sexta-feira, 6 de setembro de 2013

 
SER ORANTE APÓSTOLO DO SENHOR
 

Terça-feira da XXIII Semana Comum
10 de Setembro de 2013
 
Texto de Leitura: Lc 6,12-19

12 Naqueles dias, Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus. 13 Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: 14 Simão, a quem impôs o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; 15 Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; 16 Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor. 17 Jesus desceu da montanha com eles e parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e grande multidão de gente de toda a Judeia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia. 18 Vieram para ouvir Jesus e ser curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus também foram curados. 19 A multidão toda procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele, e curava a todos.

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“Não é o mesmo, rezar longa e profusamente que rezar com muitas palavras. Não é o mesmo o desejo ininterrupto que o falatório interminável... Quando a oração brota da alma como uma necessidade da alma mesma, converte-se em chave de ouro, em santo e eficaz sinal que abre as portas do céu e torna possível um encontro com Deus. O homem se eleva em oração e Deus se inclina em misericórdia”

(Santo Agostinho, Epist. 130,19; In ps. 85,7)

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Oração Na Vida de Jesus e Na Vida Dos Cristãos


O texto do evangelho deste dia fala da eleição dos Doze Apóstolos. A eleição dos Doze é precedida de uma prolongada oração de Jesus. Lucas faz referência à oração de Jesus nos momentos mais decisivos de sua vida. Lucas é o evangelista que põe mais ênfase sobre a figura orante de Jesus do que outros evangelistas. Onze vezes em seu evangelho, Lucas fala da “oração” de Jesus (Lc 3,21; 5,16; 6,12; 9,18; 9,28; 10,21; 11,1; 22,32; 22,41; 23,34; 23,46). Para tomar uma decisão importante Jesus entra em oração prolongada.


“Jesus subiu ao monte para orar”. Literalmente no texto do evangelho de hoje fala-se de uma saída/êxodo de Jesus em direção ao monte e se sublinha a oração ininterrupta que eleva a Deus naquele lugar. Monte é o lugar das grandes decisões, um lugar solitário propício para a oração, um lugar de amplos horizontes de onde se vê longe. Quanto mais subirmos, mais ampla será a visão que teremos. Para subir é preciso esforçar-se.


Jesus nos ensina a aprendermos a ampliar nosso horizonte, dialogando com Deus e meditando Sua Palavra. Somente no dialogo prolongado na oração é que ganharemos o horizonte maior para nossa vida, pois o nosso olhar estará dentro do olhar de Deus. Temos que ter coragem de subir até onde os valores maiores se encontram capazes de vermos tudo com claridade e com uma visão mais ampla sobre a vida e os seus acontecimentos de cada dia. É aprender a ver a vida de maneira multiangular através de um diálogo permanente com Deus na oração e através da meditação diária da Palavra de Deus. 


A vida sem oração se reduz na busca das próprias vantagens para servir aos próprios interesses. A vida sem amor se apaga. Há sempre sinais que podem aparecer para qualquer idade e que sempre revelam um processo de envelhecimento espiritual, ou uma enfermidade espiritual em que nada aparece algo novo no horizonte de nossa existência: os mesmos hábitos, os mesmos esquemas e costumes, nenhum objetivo novo, nenhum ideal, a perda da capacidade de escutar a voz interior que de dentro somos chamados a viver uma vida mais elevada através da união com Deus na oração e no bem que deve ser praticado. A história de nossa vida como cristãos é a história de nossa oração. Trata-se de uma história com Deus que termina feliz.


Instituição dos Doze Apóstolos No Clima De Oração: Somos apóstolos do Senhor

 
Jesus “passou a noite toda em oração a Deus”, assim Lucas nos relatou. Alguns interpretam que a palavra “noite” aqui quer indicar a perplexidade que invade Jesus. E a oração é meio de clarificação a fim de que Deus dê luz verde naquilo que Jesus quer realizar com a ajuda dos apóstolos para a salvação do mundo. Jesus não escolheu seus apóstolos à noite.


O objetivo da oração de Jesus de toda a noite é sua Igreja. Trata-se do projeto que dura até o hoje da vida do homem. Por essa razão, a instituição dos Doze Apóstolos é um momento solene para a história da Igreja, pode-se dizer para a história da humanidade. Por feita a escolha dos Doze dentro da oração, sabemos logo que a obra de Jesus é divina. Ele faz tudo em união com o Pai celeste.


Por isso, em seguida Lucas nos relatou: “Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos”.  A expressão “ao amanhecer” indica, segundo alguns especialista, que a oração obteve resultados positivos, pois não se pode tomar decisões enquanto alguém estiver nas trevas ou na perplexidade de uma escuridão de vida (“noite”). Estar na oração significa estar com Deus. E estar com Deus é estar com a luz que ilumina tudo na nossa vida (“amanhecer”).


Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu Doze dentre eles....”. Há aqui o objetivo da oração de Jesus durante toda a noite: Sua Igreja. É o projeto que apesar de tudo continua durando até hoje (cf. Mt 16,18). Por isso, a instituição dos Doze é um momento solene para a história da Igreja, particularmente e para a história da humanidade de modo geral.


São doze. É evidentemente um número simbólico. Com esse número Jesus constitui o Novo Israel, a Sua Igreja, para substituir as doze tribos de Israel no Antigo Testamento. Os Doze não são grandes personalidades. É o estilo de Deus que vai escolhendo para sua obra pessoas débeis, mas que se esforçam para dar o melhor de si para salvação do mundo, pois agente principal desta obra continua sendo o próprio Deus.


Lucas é o único a mencionar que o próprio Jesus lhe deu esse nome: apostolo, em grego. O termo apóstolo aponta para “enviados por alguém”. Aqui se enfatiza a relação do “enviado” com Aquele que “envia”. O essencial é a “missão”. Isto quer dizer que ser apóstolo é depender de Jesus; é ser enviado por ele; é ser sua porta-voz; é ser fiel à Sua obra e que Jesus nos pede que a levemos até o fim.


Estes são nomes dos apóstolos: Simão Pedro, André, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, Simão, Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, o traidor. A partir de agora eles vão acompanhar Jesus de perto, como testemunhas oculares de sua vida e atividade.


Apesar da oração de uma noite inteira, apesar do bom discernimento de Jesus, apesar de toda formação, um dos apóstolos era um traidor. É o mistério da liberdade humana.


Os Apóstolos receberam tudo de Jesus para que se tornassem instrumentos de salvação para o próximo. E nós recebemos tudo dos Apóstolos através de várias gerações anteriormente. Nós não podemos quebrar esse elo ou essa cadeia. Se tudo de bom para a salvação do mundo recebemos das gerações anteriores, precisamos continuar essa “corrente” de evangelização. Cada cristão é apóstolo de Jesus. Ele é o apóstolo em qualquer lugar e Jesus espera algo de cada um de nós para a Igreja do Senhor. Ser apóstolo não é trazer os outros para si e sim orientá-los para o encontro pessoal com Jesus, o Salvador.


A comunidade de Jesus é apostólica. Ela é cimentada na pedra angular que é o próprio Jesus Cristo. Mas também tem como fundamento os apóstolos que o próprio Senhor escolheu como núcleo inicial da Igreja. E fazemos parte da comunidade apostólica pelo Batismo. Por isso, somos, por natureza, missionários ou apostólicos (Ad Gentes no. 2). Esta comunidade “apostólica” é que colabora com o Ressuscitado que nos deixou o mandato missionário (cf. Mt 28,19): anunciar o que é bom e digno para a edificação de um ser humano. O cristão não pode perder tempo para as coisas que não edificam. A única preocupação de cada cristão em cada instante é fazer o bem e convidar os demais homens para serem parceiros do bem.

P. Vitus Gustama,svd

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