domingo, 25 de maio de 2014

 
COM SEU SANTO ESPÍRITO, JESUS NOS ACOMPANHA NAS NOSSAS PROVAÇÕES

 
Segunda-Feira da VI Semana da Páscoa
26 de Maio de 2014
 

Evangelho: Jo 15,26-16,4

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 15,26“Quando vier o Defensor que eu vos mandarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. 27E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo. 16,1 Eu vos disse estas coisas para que a vossa fé não seja abalada. 2 Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que aquele que vos matar julgará estar prestando culto a Deus. 3 Agirão assim, porque não conheceram o Pai, nem a mim. Eu vos digo isto, para que vos lembreis de que eu o disse, quando chegar a hora”.
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O evangelho de hoje pertence ao conjunto do discurso da despedida de Jesus dos seus discípulos (Jo 13-17).


No texto do evangelho de hoje Jesus alerta aos discípulos e a todos os cristãos que a perseguição faz parte do ser do cristão. Se o mundo opôs-se a Jesus Cristo, logo os cristãos experimentarão a mesma oposição. O mundo perseguirá os cristãos quando seus interesses forem afetados ou denunciados pelos cristãos. Até para fazer o bem o cristão é perseguido. Mas, do ponto de vista cristão, o tempo da perseguição é o tempo oportuno de testemunho. Tempo de provação e de perseguição é o tempo de expansão. O cristão é chamado a ser mártir no sentido pleno da palavra e para espalhar o amor. Viver no amor é viver em Deus, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Mas sem dúvida, os que fazem parte de pessoas de boa vontade aceitarão o anúncio cristão cuja essência é o amor fraterno cujas expressões são a justiça, a honestidade, a solidariedade, a compaixão, a igualdade e assim por diante. Morrer por causa da honestidade, da justiça, da solidariedade etc. é o maior testemunho para o cristão. Este tipo de morte será uma morte feliz e por isso, uma vida ressuscitada.


“Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que aquele que vos matar julgará estar prestando culto a Deus. Agirão assim, porque não conheceram o Pai, nem a mim. Eu vos digo isto, para que vos lembreis de que eu o disse, quando chegar a hora”.


Este texto nos quer informar a verdade de que a perseguição foi a primeira experiência da Igreja nascente. Os discípulos de Jesus foram expulsos da sinagoga e perseguidos, primeiro pelos judeus e, depois, também pelos pagãos. A segunda obra de São Lucas que é os Atos dos Apóstolos descreve muito bem esta situação. A Igreja se espalhava sendo perseguida. É o ponto positivo da perseguição.


Para que os discípulos não fiquem abalados nem desorientados na sua ausência física, Jesus promete-lhes uma presença nova no meio deles. Com essa nova presença, Jesus quer dizer aos discípulos que eles não serão abandonados como órfãos, pois o amor do Senhor por eles e por qualquer cristão jamais morrerá. Jesus nos ama até o fim (cf. Jo 13,1). O amor de Cristo vai até além da morte. Em Jo 14,16-17 Jesus prometeu o envio do Paráclito, do Defensor, do Espírito da Verdade. Em Jo 15, especialmente no evangelho de hoje, aparece novamente esse Paráclito, o Defensor, o Espírito da Verdade.


Quem é o Espírito Paráclito, ou o Defensor, o Espírito da Verdade? A palavra “paráclito” em grego que é traduzida por “Defensor” em português. Ele é aquele que é chamado ao lado de quem se encontra em dificuldades com o fim de acompanhar, consolar, proteger e defendê-lo; em outras palavras: um ajudante, assistente, sustentador, protetor, procurador e, sobretudo, animador e iluminador no processo interno na fé. Mas o Espírito Paráclito é um dom de Deus oferecido para quem se abre a ele. A ajuda de Deus jamais faltará para nós, mas é preciso que tenhamos abertura diante dessa ajuda.


Esse Espírito Paráclito também recebe outro nome: “o Espírito da Verdade”.  Mas dentro de sua função de ajudar, de orientar, de animar, de proteger nas dificuldades, o Espírito da Verdade é entendido, sobretudo, como aquele que faz viver muito mais do que aquele que faz pensar. Pensar é uma coisa, viver é outra coisa.  Fazer um bom raciocínio é uma coisa; viver o que se raciocina é outra coisa. Orientar alguém para viver bem é uma coisa; perder a própria vida para que os outros possam viver é outra coisa. O mais importante não é o saber da vida e sim saborear a vida; não é sentir e sim o comprometer-se; não é o perceber e sim o decidir-se; não é o desejar e sim o querer. O Espírito da Verdade nos ensina a vivermos a vida na sua profundidade em cada momento. Ele não nos deixa presos no passado nem fugitivos do futuro; simplesmente vivemos na graça de Deus em cada momento de nossa vida. Por isso, o mais importante é fazer dos problemas, oportunidades; do passado, aprendizado; do amor, a experiência fundante e da vida, a arte de ser de cada dia.


É missão do Espírito Santo, então, revelar aos Apóstolos toda a verdade sobre Cristo, sobre suas obras, sua vida e sua morte, e fortalecê-los para que sejam capazes de dar testemunho. Ser testemunha é confessar com as conseqüências, expor-se, arriscar-se, encarar. É provar aquilo que se acredita até com o próprio sangue. É ser mártir.  “Testemunho” aparece no Novo Testamento com o sentido de “mártir”. Dar a vida é o grande testemunho; é confessar com sangue a Verdade. Não somente a morte por Cristo, mas também a vida cristã vivida com todas as suas conseqüências tem um valor de “martírio” e por isso, de testemunho.


Quem pode nos possibilitar para viver assim é o Espírito da Verdade. Por isso, precisamos pedir ao Senhor sua presença na nossa vida de cada dia e que estejamos abertos para a renovação no Espírito do Senhor que é o Espírito da Verdade, o Defensor de nossa vida toda vez que nos encontrarmos em qualquer dificuldade.


Mas quando a Igreja, em geral, e cada cristão, em particular, anda lado a lado, de mãos dadas com o mundo é sinal muito evidente de que a Igreja e cada cristão, particularmente, deixam de ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5,13-14). Desta maneira, a Igreja se torna surda diante da voz do Senhor e cega diante da Luz divina (Jo 8,12).

P. Vitus Gustama,svd

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