SER REBANHO QUE CONHECE
SEU PASTOR
Terça-Feira da IV Semana da Páscoa
13 de Maio de 2013
Evangelho: Jo 10,22-30
22 Celebrava-se, em Jerusalém, a festa
da Dedicação do Templo. Era inverno. 23 Jesus passeava pelo Templo, no
pórtico de Salomão. 24 Os judeus rodeavam-no e disseram: 'Até quando nos deixarás
em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente.' 25 Jesus respondeu: 'Já
vo-lo disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu Pai
dão testemunho de mim; 26vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas
ovelhas. 27 As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas
me seguem. 28 Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E
ninguém vai arrancá-las de minha mão. 29 Meu Pai, que me deu estas ovelhas,
é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. 30 Eu e o Pai somos um.'
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Escutar a voz do verdadeiro Pastor
O texto diz: “As minhas ovelhas
escutam a minha voz... ”(v.27). Sempre ouvimos, mas será que escutamos?
Escutar é uma coisa mais séria, requer uma certa dose de interesse, de
preocupação, de atenção. Há que parar-se para detectar o que ouvimos, para
clarificá-lo, para assimilá-lo e para respondê-lo. Escutar é um exercício humano
para certa categoria. Na vida em geral, muitas vezes acontece que ouvimos, mas
não escutamos.
A escuta é uma palavra-chave que
caracteriza toda a tradição do povo hebraico. Escutar é um dos mandamentos na
Bíblia: “Ouve, ó Israel” (cf. Dt 6,4; Mc 12,29). Ouvir profundamente significa
escutar as palavras, os pensamentos, a tonalidade dos sentimentos, o
significado pessoal até mesmo o significado que subjaz às intenções
conscientes, até os gritos enterrados muito baixo da superfície do
interlocutor. O povo eleito é formado pela escuta da Palavra de Deus. E a maior
das tragédias na Bíblia é causada pela falta da escuta da Palavra de Deus.
Quando nos abrirmos para o discurso divino, aprenderemos que nós somos escuta,
dom e que nos realizamos na gratuidade.
“Minhas ovelhas escutam a minha
voz”. Esta é nossa tarefa essencial e permanente. Devemos fechar nossos ouvidos
a outras vozes, a outras mensagens para tê-los abertos à Palavra do Senhor,
pois só Ele tem palavras de vida eterna (cf. Jo 6,68), somente Ele é a verdade
(Jo 14,6), somente Ele é a Luz (Jo 8,12).
A “voz ”
de Jesus Cristo ressoa toda vez que alguém viver e anunciar a nova humanidade
onde todos
se sentem irmãos ; toda
vez que
alguém pregar
e dar testemunho
da justiça , da liberdade ,
da verdade , do amor ,
da paz , da fraternidade
universal ; toda vez que alguém nos fizer descobrir o
verdadeiro sentido da vida. Seguidor de Cristo é aquele que reconhece sua voz
nos profetas de hoje.
Nós vivemos no meio do mundo de
muitas vozes. Ouvimos muitos apelos e vozes e nunca faltam mensagens enganosas.
Para não cair na armadilha é necessário ter o discernimento e apurar os ouvidos
para escutar melhor a voz do verdadeiro Pastor que é Jesus Cristo. Somente
Cristo é o pastor que não nos decepciona. É ele quem dá sentido à nossa vida. É
preciso ler, escutar meditar a Palavra de Deus freqüentemente para poder
identificar a voz do Pastor no meio da multidão de vozes que também querem
chamar a nossa atenção.
A certeza de sermos conhecidos e amados
por Deus
“Eu conheço as minhas ovelhas” (v.27). “Conhecer” biblicamente não se
refere a um mero conhecimento intelectual. Conhecer na bíblia ultrapassa o
saber intelectual e abstrato. O verbo “conhecer” no vocabulário bíblico e na
língua hebraica implica o amar, o desejar o bem da pessoa, o sentir afeto por
ela. Isto quer dizer que somente se pode chegar a conhecer uma pessoa no âmbito
da relação intima e pessoal. O verbo “conhecer” exprime muito mais a relação de
amor. Quando Jesus diz que conhece as suas ovelhas, isto quer dizer que tem
para com todos nós uma relação de amor profundo. O mesmo amor que o une ao Pai,
Jesus exprime também para com as suas ovelhas, todos nós: um amor fiel, eterno,
indestrutível. Deus me ama com os meus ideais e minhas decepções, com os meus
sacrifícios e alegrias, com os meus sucessos e fracassos.
“Eu conheço as minhas ovelhas”. Esta frase é uma mensagem de
ternura. Ternura é amor respeitoso, delicado, concreto, atento e alegre; é amor
sensível, aberto à reciprocidade, não ávido nem ganancioso nem pretensioso nem
possessivo, mas forte na sua fraqueza, eficaz e vitorioso, desarmado e
desarmante. Eu não sou anônimo para Deus. Ele conhece minhas vitórias e
derrotas, minhas decepções e minhas alegrias, minhas preocupações e minhas felicidades.
Apesar das minhas fraquezas ele me ama. O amor do Senhor me capacita para me
levantar novamente e continuar minhas lutas pela vida vivida da sua dignidade.
Na nossa vida facilmente
desvalorizamos a dimensão afetiva. Dedicamos muito mais atenção à dimensão do
fazer, do produzir, do ter, esquecendo-nos das outras dimensões ligadas às
afetivas. Isto pode acontecer dentro de família, pois cada um acaba correndo
atrás de seus compromissos, de sua carreira, descuidando de cultivar os
relacionamentos afetivos entre as pessoas.
Seguir Jesus, nosso bom Pastor
“E elas me seguem”, diz Jesus. A fé
consiste em seguir Jesus por amor, vivendo como Ele viveu (cf.1Jo 2,6). Nosso
cristianismo não pode consistir somente em cumprimento de umas normas. Não há
fé cristã sem uma relação interior, pessoal e livre com Jesus. O nosso caminhar
atrás das pegadas do Bom Pastor é paz, sossego, segurança, gozo inefável e
glorioso. A fé é o seguimento: “Eles me seguem”. É preciso deixar Jesus na
frente para que não fiquemos perdidos neste mundo, pois o nosso destino é a
Casa do Pai onde se encontra Jesus. No seguimento nunca é tarde para retificar,
corrigir e melhorar nossa vida cristã.
Jesus continua a ser o Bom Pastor no
mundo inteiro, para todos os seres humanos. Mas todos nós, cristãos, por nosso
testemunho, participamos do pastoreio universal de Jesus Cristo. Ao mesmo tempo
em que somos conduzidos, ouvindo a sua voz, sendo ovelhas, devemos exercer
também a missão de pastores, conduzindo os outros até as fontes da vida: Cristo.
“Não basta
apenas falar
de Jesus, é preciso obras ,
é necessária a vivência
dos valores evangélicos ,
o amor precisa
ser concretizado. Mas
acima de tudo ,
é necessária a consciência
de que somos participantes da divina missão
de salvação dos homens e que quem
realiza esta obra não
somos nós , mas
sim o próprio
Deus , é ele
quem pastoreia
através de nós .
Somos na verdade canais
de graça para
que os homens
ouçam a voz de Jesus, sintam-se integrantes do seu
rebanho e o sigam rumo
à vida eterna ”
(Comentário do site
da CNBB).
P. Vitus Gustama,svd
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