AMOR FRATERNO QUE SE
CONVERTE EM SERVIÇO
Quinta-Feira Da IV
Semana Da Páscoa
15 de Maio de 2014
Evangelho: Jo 13,
16-20
Depois de lavar os pés dos discípulos,
Jesus lhes disse: 16 “Em verdade, em verdade vos digo: o
servo não está acima do seu senhor e o mensageiro não é maior que aquele que o
enviou. 17 Se sabeis isto, e o
puserdes em prática, sereis felizes. 18 Eu não falo de vós todos. Eu
conheço aqueles que escolhi, mas é preciso que se realize o que está na
Escritura: ‘Aquele que come o meu pão levantou contra mim o calcanhar’. 19 Desde agora vos digo isto, antes de
acontecer, a fim de que, quando acontecer, creiais que eu sou. 20 Em verdade, em verdade vos digo,
quem recebe aquele que eu enviar, me recebe a mim; e quem me recebe, recebe
aquele que me enviou”.
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O texto do evangelho deste dia é a continuação
do relato do lava-pés (Jo 13,1-20). Jesus faz aquilo que os escravos fazem para
seu senhor: lavar os pés. Para João o lava-pés representa aquilo que constitui
o sentido da vida inteira de Jesus. Trata-se de um ato de amor que vai até o
extremo, um amor infinito (cf. Jo 13,1), o único lavatório capaz de preparar o
homem para a comunhão plena com Deus. É um ato do Bom Pastor que dá sua vida
para suas ovelhas.
Através do gesto do Lava-pés Jesus
nos ensina a convertermos o amor fraterno em serviço pela salvação daqueles que
o Senhor ama. O amor fraterno, com efeito, não é somente uma lei ou mandamento
e sim uma maneira de atuar de cada cristão pela qual todos serão reconhecidos
como seguidores de Cristo (cf. Jo 13,35). É o amor que faz o homem livre. O
amor é que faz o homem salvo. O amor é que faz o homem irmão do outro. O amor é
que faz uma comunidade de irmãos. É o amor que nos leva ao céu. O amor fraterno
é uma maneira de atuar dos cristãos e
dos que têm boa vontade (cf. Mt 25,37-40).
E durante o lava-pés, Jesus é
chamado de Mestre e de Senhor: “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis
bem, pois eu sou” (Jo 13,13). Sendo o Mestre e o Senhor, Jesus se faz
servidor de todos. E no texto do evangelho de hoje Jesus diz aos discípulos: “O
servo não está acima do seu senhor e o mensageiro não é maior que aquele que o
enviou” (Jo 13,16). “Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa
que eu fiz” (v.15), Jesus disse anteriormente. Continuar as ações de Cristo
não é repetir ritos, mas atitudes: amor e serviço. O amor sincero e o serviço
alegre, ao estilo de Jesus, há de ser o modo de presença de cada cristão neste
mundo. Amar e servir verdadeiramente nos fazem felizes (Jo 13,17). Em outras
palavras, o amor que se manifestou em Jesus, deve manifestar-se também nos
cristãos através do amor mútuo. Jesus Cristo deve ficar bem transparente no
modo de viver de cada cristão.
O Lava-pés quer destacar a
centralidade da pessoa. Em nossa sociedade parece que fazer é o termômetro do
valor de uma pessoa. Por isso, dentro desta dinâmica é fácil que as pessoas
sejam tratadas como instrumentos e facilmente nos utilizamos uns aos outros.
Hoje o evangelho nos urge a transformar esta dinâmica em uma dinâmica de
serviço: o outro nunca é um puro instrumento. Trata-se de viver uma
espiritualidade de comunhão onde o outro se torna dom para mim; trata-se de
“ser pelos demais”. Segundo Jesus a verdadeira felicidade se encontra no
serviço aos demais e em não pensar que um seja maior que os demais. Quem se
imagina superior aos demais está usurpando o lugar de Deus. Só ele é o Senhor,
todos nós somos irmãos. Por isso, qualquer tentativa de classificar as pessoas
em mais ou em menos importantes será sem cabimento.
Fé em Jesus é o seguimento. E
seguir o exemplo de Jesus não é repetir ritos e sim atitudes: amor que se
traduz no serviço, entrega e renúncia. O amor sincero e o serviço alegre, ao
estilo de Jesus, têm de ser o modo de presença de qualquer cristão no nosso
mundo e na nossa sociedade.
Jesus viveu o amor aos homens e o
serviço alegre até a morte na cruz. Ele morreu amando e perdoando os que
praticaram a maldade contra ele (cf. Lc 23,34). O cristão é aquele que faz
aquilo que Jesus fez. De que modo minha vida como cristão é um “serviço até a
morte”. Não até a morte física e sim um serviço até a morte do meu tempo, do
meu dinheiro, da minha comodidade, da minha razão humana, dos meus sentimentos?
De que modo sou servidor? De quem sou “servidor até a morte”? Até onde chega
meu serviço?
“Aquele que come o meu pão levantou
contra mim o calcanhar”, alerta Jesus aos discípulos. Ele fala de Judas. Judas,
o traidor, representa os que não abrem mão de seus privilégios e não querem
partilhar os bens nem pôr a própria vida a serviço dos outros. O traidor pode
estar dentro de qualquer um de nós e dentro de qualquer comunidade. Precisamos
estar atentos para não sermos vendedores de Jesus Cristo.
P. Vitus Gustama,SVD
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