terça-feira, 20 de janeiro de 2015

27/01/2015
 
SER MEMBRO DA FAMÍLIA DE JESUS É SER IRMÃO DE TODOS


Terça-Feira Da III Semana Comum


Primeira Leitura: 2Sm 6,12b-15.17-19

Naqueles dias, 12 Davi pôs-se a caminho e transportou festivamente a arca de Deus da casa de Obed-Edom para a cidade de Davi. 13 A cada seis passos que davam, os que transportavam a arca do Senhor sacrificavam um boi e um carneiro. 14 Davi, cingido apenas com um efod de linho, dançava com todas as suas forças diante do Senhor. 15 Davi e toda a casa de Israel conduziram a arca do Senhor, soltando gritos de júbilo e tocando trombetas. 17 Introduziram a arca do Senhor e depuseram-na em seu lugar, no centro da tenda que Davi tinha armado para ela. Em seguida, ele ofereceu holocaustos e sacrifícios pacíficos na presença do Senhor. 18 Assim que terminou de oferecer os holocaustos e os sacrifícios pacíficos, Davi abençoou o povo em nome do Senhor todo-poderoso. 19 E distribuiu a toda a multidão de Israel, a cada um dos homens e das mulheres, um pão de forno, um bolo de tâmaras e uma torta de uvas. Depois todo o povo foi para casa.

 

Evangelho: Mc 3,31-35


Naquele tempo, 31chegaram a mãe de Jesus e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: “Tua mãe e teus irmãos estão fora à tua procura”. 33Ele respondeu: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” 34E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
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O evangelista Marcos vai relatar mais tarde em Mc 4,1-9 a parábola da semente que cai em diferentes terrenos. Mas de antemão ele ilustra dizendo-nos que a família de Jesus não é necessariamente o ideal terreno. A não se pode confundir com o contexto sociológico nem se pode reduzir a sentimentos humanos ainda que sejam fraternos ou familiares.


Pela segunda vez, até agora, Jesus é procurado pelos parentes seus (cf. Mc 3,21). “Tua mãe e teus irmãos estão fora à tua procura”, disse alguém para Jesus. Aqui, a mãe, sem nome, representa a origem de Jesus onde se criou; seus irmãos são os membros dessa comunidade ligados à instituição judaica na época.


Como resposta Jesus disse: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe. Para Jesus os laços de sangue, os laços familiares, os laços sociais são indispensáveis e reais, porém não é licito encerrar-se neles. Aprendemos da afirmação de Jesus que o Reino é um agrupar-se, como irmãos e companheiros, unidos agora por uma forçafamiliarque é distinta da “carne e o sangue”: a opção convencida pela Causa de Jesus como a Causa absoluta da própria vida. Se essa Causa se converter verdadeiramente em meu ideal máximo, então eu vou sentir e considerar todos os que lutam pela mesma Causa comominha mãe e meus irmãos”. Nisto eu me tornarei membro da família de Jesus.


No Reino de Deus, a fraternidade cristã não se funda nos vínculos de carne e sangue e sim no espírito comum: fazer a vontade do Pai. Levaram o nome de Jesus os que vivem em seu coração o que foi para Jesus a razão de ser de sua vida: Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). O amor fraterno ou o amor mútuo é a norma de vida do cristão e a base de avaliação final de nossa vida. Seremos julgados sobre o amor (cf. Mt 25,31-46).


É surpreendente o tamanho do coração de Jesus: universal e grande como o universo, pois é aberto para toda a humanidade: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.  Jesus se sente irmão de todos aqueles que fazem a vontade do Pai que se resume no amor fraterno (ágape). Graças ao coração de Jesus que nos possibilita a fazermos parte da família de Jesus ao fazermos a mesma vontade de Deus que se resume no amor fraterno. Graças a Jesus, cada cristão tem um numero grande de irmãos, de irmãs, de mães e de pais no mundo inteiro ao fazer algo comum: a vontade de Deus. É uma felicidade sem limite ter Jesus como nosso irmão que nos salva. Tudo isso nos enche de alegria. Somos filhos e filhas de Deus em Jesus e somos irmãos entre nós, como rezamos no Pai Nosso (Mt 6,9-15). Ao aceitarmos Jesus Cristo e ao vivermos seus ensinamentos, entramos na comunidade nova do Reino.


E nesta comunidade nova temos como Mãe comum: Maria, a Mãe de Jesus, o grande exemplo na vivência da Palavra de Deus (cf. Lc 1,38). Ela é a mulher crente totalmente disponível para e diante de Deus. Maria acolheu antes o Filho de Deus, o Verbo de Deus (Jo 1,1-2) em seu coração por meio da , e depois ela acolheu-O em seu seio por sua maternidade. Ela O educou a ponto de seu filho crescer “na sabedoria e na graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52). Neste sentido, Maria é duplamente a Mãe de Jesus: dela ele nasceu e ela é a primeira discípula de Jesus por causa de seu “Fiat”: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Vossa Palavra” (Lc 1,38). Maria, antes de ser Mãe fisicamente foi a Mãe espiritualmente. Antes de o Anjo do Senhor lhe anunciar a grande mensagem, ela vivia aberta a Deus. Ela colaborou ativamente durante toda sua vida no plano de salvação. “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.  Por isso, Maria é, para nós, nossa boa Mestra porque foi a melhor discípula na escola de Jesus. Ela nos assinala o caminho da vida cristã: escutar a Palavra de Deus, meditá-la no coração e levá-la à prática. Maria leva o Verbo de Deus no seu seio, primeiramente, para sua prima Isabel que causou uma grande alegria para essa família (cf. Lc 1,39-56). O Verbo de Deus no nosso coração alegra quem se aproxima de nós. Uma maneira de manter nossa alegria é distribuí-la ou partilhá-la para com os outros.


Por isso, cada cristão que tem o Verbo de Deus no seu coração, jamais pode se sentir solitário, pois ele tem, no mundo inteiro, seus irmãos e irmãs, pais e mães que rezam por ele em qualquer celebração eucarística e em outras celebrações. Conseqüentemente, cada cristão deve ter um coração universal e do tamanho do universo no qual possam caber todos. Um coração que ama é sempre espaçoso. Quanto mais o cristão ama, mais espaço ele terá no seu coração para todos como o coração de Jesus.


Será que faço parte da família de Jesus? Será eu estou consciente de que todo homem é meu irmão? Será que tenho consciência de que toda mulher é minha irmã, minha mãe por causa de Deus que é o Pai de todos? Será que a fidelidade à vontade de Deus ocupa primeiro lugar na minha vida e em todas as minhas decisões? Será que posso afirmar que eu sou membro da família de Jesus?


Para Refletir Mais


“Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.


É certo que a família é a célula básica da sociedade ainda que ela sempre se encontre em crises. É certo também que na família recebemos normalmente amor, cuidados, educação e apoio. Porém, não é menos certo que abramos nossa família para uma família mais extensa, se quisermos amadurecer e assumir nossa própria existência: transformar nossa família em família de Jesus onde cada um de seus membros vive de acordo com os ensinamentos de Jesus. A família definitiva é a família dos filhos e filhas de Deus, os homens e as mulheres que querem construir uma família justa e pacífica, solidária e compassiva de acordo com o querer divino. A porta de entrada para a casa de Jesus, para a nova família de Jesus é fazer a vontade de Deus. Tudo o mais fica relativizado: a família, propriedades, pátria, estado até mesmo a própria vida. Por isso, no evangelho de Mateus Jesus disse: “Quem ama pai ou mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama filho ou filha mais do que a mim, não é digno de mim” (Mt 10,37).


No circulo de Jesus somente há lugar para a fraternidade, a nota característica dos membros dessa sociedade alternativa que Jesus vem implantar com a Judá de seus novos “irmãos, irmãs e mãe”. Da “sociedade alternativa” ou comunidade de seguidores de Jesus somente podem fazer parte dela aqueles que cumprem o desígnio de Deus, Seu projeto, Sua utopia que não é outra que fazer do mundo uma família, uma fraternidade universal. Para fazer do mundo uma família, temos que viver profundamente a espiritualidade familiar: um se preocupa com o outro, um protege o outro, um se solidariza com o outro, um ama o outro incondicionalmente como uma mãe ou um pai de uma família que ama seus filhos gratuitamente, sem mérito algum. Se o Deus em quem acreditamos é Uno e Trino, logo esse mesmo Deus quer que todos formem uma família. Toda família humana tem, então, em Deus Uno e Trino seu espelho perfeito. A própria família humana de Jesus, conhecido como a Sagrada Família de Nazaré é um grande exemplo para qualquer família humana. Todos na família humana de Jesus vivem de acordo com a vontade de Deus: Maria obedeceu totalmente à vontade de Deus (cf. Lc 1,38) e exemplo como uma mãe educadora, pois “Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52); José, pai adotivo de Jesus não mostrou nenhuma resistência diante do plano de Deus (cf. Mt 1,18-25; 2,13-23; e o próprio Jesus faz da vontade de Deus seu alimento diário (cf. Jo 4,34). E no fim de sua vida terrestre, Jesus rezou tanto pela união e unidade de todos (cf. Jo 17,20-23).

P. Vitus Gustama,svd

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