12/10/2015
CONTEMPLAR
JESUS PARA SER SEU SINAL NESTE MUNDO
Segunda-Feira Da XXVIII Semana Comum
Evangelho: Lc 11,29-33
Naquele tempo, 29 quando
as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: “Esta
geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a
não ser o sinal de Jonas. 30
Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas,
assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31 no dia do
julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta
geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a
sabedoria do Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão. 32 No dia do
julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a
condenarão. Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E
aqui está quem é maior do que Jonas”.
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Os judeus pedem a Jesus um sinal para
demonstrar que Ele é verdadeiramente o Messias. Ao pedir um sinal a Jesus, eles
renovam a tentação do deserto. Eles exigem que Jesus proporcione uma prova
palpável ou experimental na ordem das coisas materiais. Por isso, Jesus usa a
expressão “esta geração é uma geração má”. Esta expressão recorda a
geração do deserto que tentou Deus (cf. Ex 15,22-16,36). Exigir sinal ou prova
que sirva para autorizar Jesus e sua chamada à conversão manifesta claramente
uma indisposição para mudar de vida. A raiz desta equivocada exigência de um
sinal é o egoísmo, um coração impuro, que unicamente espera de Deus o êxito
pessoal, a ajuda necessária para absolutizar o próprio eu. Esta forma de religiosidade
representa a recusa fundamental da conversão. Quantas vezes nós somos escravos
do sinal de êxito!
“Nenhum sinal lhe será dado, a não ser o
sinal de Jonas”,
diz Jesus. Jonas era um desconhecido para os ninivitas (Nínive era a capital do
reino assírio). Ao chegar nessa capital Jonas conclamou o povo para a
conversão. Apesar de Jonas ser estrangeiro, desconhecido e sem qualquer
credencial para a missão profética, mas por causa do poder divino de suas
palavras, o povo acreditou e se converteu.
“E aqui está quem é maior do que Jonas”,
Jesus acrescenta. Jesus é maior porque Ele é a própria Palavra de Deus (Jo 1,1)
que se tornou carne (Jo 1,14). Só Jesus tem as palavras da vida eterna (Jo
6,68). Jesus é maior porque Ele é a ressurreição e a vida (Jo 11,25; cf. o
14,6). Se Jesus é a vida de nossa vida, será ridículo pedir a Ele outro sinal,
pois a nossa vida fala por si de Jesus através do qual tudo foi criado (Jo
1,3-4). O próprio Jesus, a pessoa de Jesus, em sua palavra e em sua inteira
personalidade, é sinal para todas as gerações.
O outro maior sinal que Deus nos dá é a sua
misericórdia. Jesus se aproxima dos pobres, dos marginalizados e dos pecadores.
Em Jesus eles encontram o Deus misericordioso. Não existe maior milagre do que
reconstruir interiormente um ser humano. Quem não tem olhos para a
misericórdia, continuará a pedir a Jesus milagres que o fazem acreditar. Diante
deste tipo de pessoa Deus permanecerá calado. A misericórdia tem sempre a
grande atração de fazer-nos semelhantes a Deus e de sermos sinais de seu amor
para este mundo.
É preciso que o homem supere o espaço das
coisas físicas, do tangível para poder se situar no ambiente divino a fim de
poder ser redimido. Ao superar esse espaço o homem pode alcançar a certeza
própria das realidades mais profundas e eficazes: as realidades do Espírito.
Este caminho se chama fé que consiste em saber se superar e abandonar.
A exigência de uma demonstração física, de
um sinal que elimine qualquer dúvida, no fundo, esconde a recusa da fé e do
amor, pois o amor, na sua essência, é um ato de fé, um ato de entrega de si
mesmo, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Atrás dessa exigência se esconde a
miopia de um coração demasiado centrado na busca do poder físico, da possessão,
do ter, poder que tem sua característica histórica, pois tem seu inicio e seu
fim.
Como os ninivitas, precisamos fazer o jejum
para ter maior abertura a Deus. Fazer jejum significa saber renunciar a algo
e dá-lo aos demais; é saber controlar nossas apetências; é saber nos defender
com liberdade interior das contínuas urgências do mundo de consumismo. Jejuar é
purificador. Jejuar não seria privar-se de tudo e sim usar moderação em tudo,
isto é, ser sóbrios. Jejum supõe um grande domínio de si, de disciplina de
olhos, de mente e da imaginação. A falta de sobriedade é uma das causas pelas
quais se obscurecem e se debilitam as melhores iniciativas e decisões de um
cristão. A sobriedade é certamente uma garantia da capacidade de orar e de
apreciar o Espírito Santo. Com a renúncia às coisas Cristo nos chama à alegria,
a uma alegria profunda, nascida da paz da alma. Precisamos rezar sem cessar para estar em
sintonia com a vontade de Deus e a abertura para o próximo. Precisamos fazer
caridade, dividindo aquilo que temos com aqueles que não têm nada para
sobreviver. E que Deus nos conceda a graça de ter um coração renovado em
Cristo, de tal forma que sejamos um sinal de seu amor para todos e possamos,
assim, ser linguagem crível do Senhor, não somente com nossas palavras, mas com
uma vida integra moldada aos ensinamentos de Cristo.
P. Vitus Gustama,svd
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