quinta-feira, 8 de outubro de 2015

12/10/2015
CONTEMPLAR JESUS PARA SER SEU SINAL NESTE MUNDO

Segunda-Feira Da XXVIII Semana Comum


Evangelho: Lc 11,29-33

Naquele tempo, 29 quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. 30 Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31 no dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria do Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão. 32 No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas”.
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Os judeus pedem a Jesus um sinal para demonstrar que Ele é verdadeiramente o Messias. Ao pedir um sinal a Jesus, eles renovam a tentação do deserto. Eles exigem que Jesus proporcione uma prova palpável ou experimental na ordem das coisas materiais. Por isso, Jesus usa a expressão “esta geração é uma geração má”. Esta expressão recorda a geração do deserto que tentou Deus (cf. Ex 15,22-16,36). Exigir sinal ou prova que sirva para autorizar Jesus e sua chamada à conversão manifesta claramente uma indisposição para mudar de vida. A raiz desta equivocada exigência de um sinal é o egoísmo, um coração impuro, que unicamente espera de Deus o êxito pessoal, a ajuda necessária para absolutizar o próprio eu. Esta forma de religiosidade representa a recusa fundamental da conversão. Quantas vezes nós somos escravos do sinal de êxito!


“Nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas”, diz Jesus. Jonas era um desconhecido para os ninivitas (Nínive era a capital do reino assírio). Ao chegar nessa capital Jonas conclamou o povo para a conversão. Apesar de Jonas ser estrangeiro, desconhecido e sem qualquer credencial para a missão profética, mas por causa do poder divino de suas palavras, o povo acreditou e se converteu.


E aqui está quem é maior do que Jonas”, Jesus acrescenta. Jesus é maior porque Ele é a própria Palavra de Deus (Jo 1,1) que se tornou carne (Jo 1,14). Só Jesus tem as palavras da vida eterna (Jo 6,68). Jesus é maior porque Ele é a ressurreição e a vida (Jo 11,25; cf. o 14,6). Se Jesus é a vida de nossa vida, será ridículo pedir a Ele outro sinal, pois a nossa vida fala por si de Jesus através do qual tudo foi criado (Jo 1,3-4). O próprio Jesus, a pessoa de Jesus, em sua palavra e em sua inteira personalidade, é sinal para todas as gerações.

 
O outro maior sinal que Deus nos dá é a sua misericórdia. Jesus se aproxima dos pobres, dos marginalizados e dos pecadores. Em Jesus eles encontram o Deus misericordioso. Não existe maior milagre do que reconstruir interiormente um ser humano. Quem não tem olhos para a misericórdia, continuará a pedir a Jesus milagres que o fazem acreditar. Diante deste tipo de pessoa Deus permanecerá calado. A misericórdia tem sempre a grande atração de fazer-nos semelhantes a Deus e de sermos sinais de seu amor para este mundo.


É preciso que o homem supere o espaço das coisas físicas, do tangível para poder se situar no ambiente divino a fim de poder ser redimido. Ao superar esse espaço o homem pode alcançar a certeza própria das realidades mais profundas e eficazes: as realidades do Espírito. Este caminho se chama fé que consiste em saber se superar e abandonar.


A exigência de uma demonstração física, de um sinal que elimine qualquer dúvida, no fundo, esconde a recusa da fé e do amor, pois o amor, na sua essência, é um ato de fé, um ato de entrega de si mesmo, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Atrás dessa exigência se esconde a miopia de um coração demasiado centrado na busca do poder físico, da possessão, do ter, poder que tem sua característica histórica, pois tem seu inicio e seu fim.


Como os ninivitas, precisamos fazer o jejum para ter maior abertura a Deus. Fazer jejum significa saber renunciar a algo e dá-lo aos demais; é saber controlar nossas apetências; é saber nos defender com liberdade interior das contínuas urgências do mundo de consumismo. Jejuar é purificador. Jejuar não seria privar-se de tudo e sim usar moderação em tudo, isto é, ser sóbrios. Jejum supõe um grande domínio de si, de disciplina de olhos, de mente e da imaginação. A falta de sobriedade é uma das causas pelas quais se obscurecem e se debilitam as melhores iniciativas e decisões de um cristão. A sobriedade é certamente uma garantia da capacidade de orar e de apreciar o Espírito Santo. Com a renúncia às coisas Cristo nos chama à alegria, a uma alegria profunda, nascida da paz da alma.  Precisamos rezar sem cessar para estar em sintonia com a vontade de Deus e a abertura para o próximo. Precisamos fazer caridade, dividindo aquilo que temos com aqueles que não têm nada para sobreviver. E que Deus nos conceda a graça de ter um coração renovado em Cristo, de tal forma que sejamos um sinal de seu amor para todos e possamos, assim, ser linguagem crível do Senhor, não somente com nossas palavras, mas com uma vida integra moldada aos ensinamentos de Cristo.

P. Vitus Gustama,svd

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