sexta-feira, 16 de outubro de 2015

20/10/2015
ESTEJAMOS VIGILANTES:
RINS CINGIDAS E LÂMPADAS ACESAS

Terça-Feira da XXIX Semana Comum

Evangelho: Lc 12,35-38

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 35 Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. 36 Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. 37 Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade, eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. 38 E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar!
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Continuamos acompanhando Jesus no seu caminho para Jerusalém, ouvindo atentamente suas últimas e importantes lições para que possamos alcança a vida glorificada a exemplo d’Ele. Trata-se das Lições do Caminho (Lc 9,51-19,28). Segundo o evangelista Lucas, entre o tempo da ação salvadora de Jesus (vida terrena de Jesus) e o tempo de sua volta em glória (Parusia) decorre o tempo da Igreja, tempo da missão, tempo de colocar em prática os ensinamentos de Jesus e de anunciar os mesmos para o resto do mundo. Os cristãos devem manter o olhar para a frente, isto é, para a segunda volta do Senhor na sua glória, vivendo a vigilância permanente.


Na passagem de hoje Jesus nos ensina para que estejamos vigilantes permanentemente sobre nossa vida, pois a vida é de Deus e Ele está nela. A vida é curta demais sua existência neste mundo para não desperdiçá-la. A vida é um dom para não torná-la pesada. A vida é bela para não prejudicá-la. A vida é o fruto de amor de Deus para não odiá-la. Repito: a vida é de Deus e Ele está nela. Se Deus está na vida, logo Deus sabe o que fazer com a vida em nós desde que saibamos confiar n’Ele plenamente.


O tempo intermédio até a volta do Senhor, sua segunda vinda (Parusia), este tempo que vivemos (o tempo da Igreja) exige uma atitude: VIGIAR: “Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas (Lc 12, 35), diz-nos o Senhor.


No AT os rins e a gordura do rim eram uma porção escolhida do animal sacrifical, que devia ser oferecida a Deus em sacrifício (cf. Lv 3-4; 8-9). É uma parte central de um animal. Em outras palavras, a melhor parte de um animal devia ser oferecida a Deus (cf. Gn 4,3-5). Os rins (e o coração juntos) são mencionados como a sede do pensamento e do desejo; são considerados como a sede da consciência. O profeta Jeremias censura o povo que tem Deus perto da boca, mas longe dos rins. Quis dizer: Deus não tinha nenhuma importância para esse povo na hora em que deveria tomar decisões importantes. Na Bíblia muitas vezes Deus é designado como Aquele que examina os corações e os rins, e questiona o ser humano no mais profundo de sua existência.


A lâmpada era sempre conservada acesa nas casas tanto nas dos ricos como nas dos pobres, não somente porque as casas tinham pouquíssima iluminação da luz do dia, mas também porque era difícil acendê-la. A presença da lâmpada acesa numa casa era sinal de que a residência  ou estabelecimento ainda se achavam em atividade. Quando a lâmpada se achava apagada era sinal de completo fracasso, desastre ou infortúnio.


Por isso, quando Jesus pede que os rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas significa que jamais um cristão pode deixar que o desastre, fracasso ou infortúnio atinjam a essência de sua vida. O coração do cristão deve ser mantido intacto de qualquer impureza ou de qualquer maldade. Suas atividade cotidianas devem se concentrar nas coisas mais essenciais para seu bem e sua salvação.O cristão deve manter seu coração aberta a Deus. O coração aberto  é a chave para a mente aberta, e vice-versa. Para isso, o cristão deve viver sempre na vigilância.


Velar ou vigiar, em sentido estrito, significa renunciar ao sono da noite para terminar um trabalho urgente e importante ou para não ser surpreendido pelo inimigo. Em um sentido mais simbólico significa lutar contra a negligência para estar sempre em estado de disponibilidade. É vive uma vida atenta à voz do Senhor e vigilante diante dos sinais da realidade. O Senhor voltará com toda segurança no nosso encontro derradeiro. O discípulo não pode ficar adormecido. Ele deve permanecer alerta, sempre em tensão e em atenção. Somente assim ele assegurará a comunhão com o Senhor no gozo e no amor.


Um cristão não pode ser nem estar alienado. Ele deve estar em alerta constante, sempre pronto para a ação, e preparado para servir dia e noite. A salvação prometida, o futuro que ansiamos ou sonhamos, exige uma atitude de vigilância, uma esperança ativa que nos coloca no caminho de serviço.


A principal atitude do cristão é ter uma disposição ininterrupta para o serviço. Fazer-se servo ou servidor é o caminho mostrado por Jesus na cena do lava-pés (cf. Jo 13,1-20). Fazer-se servo ou servidor é o único caminho para chegar à semelhança com Jesus e à igualdade com os demais. Somente a partir de baixo é que se pode mudar o mundo. Somente com o serviço se acaba com a escravidão e o desejo de domínio. O caminho de subida passa pelo caminho de descida. Para tornar-nos divinos precisamos ser muito humanos. A divinização passa pela humanização do ser humano. Por isso, servir para o cristão não é opcional, é lei constitutiva da vida cristã.


Celebrar a Eucaristia exige uma vida de serviço e de dedicação aos demais. Ao celebrar a Eucaristia ratificamos nosso compromisso de amor, de doação e de serviço. Quem assim atua, já é considerado por Jesus “bem-aventurado”, pois através do serviço e da doação é eliminado da comunidade todo desejo de domínio para passar a viver num clima permanente de mutuo serviço.


É sábio quem vive na vigilância permanente e sabe olhar para o futuro. Não é porque não saiba gozar da vida presente e cumprir suas tarefas de hoje e sim porque sabe que é peregrino nesta vida e o importante é assegurar-se sua continuidade na vida eterna. É viver com uma meta e uma esperança. Por isso, o trabalho neste mundo para o cristão é um compromisso pessoal para transformar-se a si mesmo e para transformar o mundo em que vive.


Vale a pena cada um responder esta pergunta: “Como você prepara a segunda vinda do Senhor no seu dia a dia? Você já está preparado para esta vinda?”.
 
P. Vitus Gustama,svd

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