quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

06/01/2020

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FÉ E AMOR SE ALIMENTAM 

Primeira Leitura: 1Jo 3,22-4,6
Caríssimos: 22 qualquer coisa que pedimos recebemos dele, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é do seu agrado. 23 Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu. 24 Quem guarda os seus mandamentos permanece com Deus e Deus permanece com ele. Que ele permanece conosco, sabemo-lo pelo Espírito que ele nos deu. 4,1 Caríssimos, não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus, pois muitos falsos profetas vieram ao mundo. 2 Este é o critério para saber se uma inspiração vem de Deus: todo espírito que leva a professar que Jesus Cristo veio na carne é de Deus; 3 e todo espírito que não professa a fé em Jesus não é de Deus; é o espírito do Anticristo. Ouvistes dizer que o Anticristo virá; pois bem, ele já está no mundo. 4 Filhinhos, vós sois de Deus e vós vencestes o Anticristo. Pois convosco está quem é maior do que aquele que está no mundo. 5 Os vossos adversários são do mundo; por isso, agem conforme o mundo, e o mundo lhes presta ouvidos. 6 Nós somos de Deus. Quem conhece a Deus, escuta-nos; quem não é de Deus não nos escuta. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro.

Evangelho: Mt 4,12-17.23-25
Naquele tempo, 12 Ao saber que João tinha sido preso, Jesus voltou para a Galileia. 13 Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia, 14 no território de Zabulon e Neftali, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: 15 “Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galileia dos pagãos! 16 O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz”. 17 Daí em diante, Jesus começou a pregar, dizendo: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. 23 Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo. 24 E sua fama espalhou-se por toda a Síria. Levaram-lhe todos os doentes, que sofriam diversas enfermidades e tormentos: endemoninhados, epilépticos e paralíticos. E Jesus os curava. 25 Numerosas multidões o seguiam, vindas da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia, e da região além do Jordão.
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Fé e Amor Fraterno São Inseparáveis

Nestes dias até a Festa do Batismo do Senhor (próximo Domingo) acompanhamos a Primeira Leitura tirada da Primeira Carta de são João que dá unidade a todo o Tempo de Natal. E os evangelhos serão uma seleção de passagens dos quatro evangelistas em que lemos umas manifestações de Jesus Messias, como a multiplicação dos pães e a calma da tempestade como um modo de prolongar a Epifania e uma maneira de preparar a festa do Batismo do Senhor.

No texto da Primeira Leitura de hoje, são João insiste em várias das direções de sua Carta que temos lido nos últimos dias. Antes de tudo, a dupla direção do mandamento de Deus: a fé e o amor, a reta doutrina e prática do amor fraterno; Crer em Jesus Cristo e amar-nos uns aos outros. Quem guarda esses mandamentos (fé e amor fraterno) permanece em Deus e Deus nele. Podemos conhecer experimentalmente que Deus habita em nós pela maneira em que guardamos os mandamentos. Essa observância dos mandamentos fará que nosso coração não nos acuse: “Amados, se nosso coração não nos condena, temos confiança diante de Deus” (1Jo 3,21). Quem guarda os mandamentos, ele poderá orar confiadamente porque será escutado. Se não houver a fé nem a convivência fraterna no amor, a oração se tornará ineficaz. A mesma doutrina podemos encontrar em Jo 15,15-17. O mandamento que nos dará a segurança diante de Deus e nos garante sua permanência entre nós é duplo: crer no Homem de Jesus Cristo e amar-nos uns aos outros: “Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu” (1Jo 3,23). Somos filhos de Deus por nossa fé e pela caridade entre irmãos (Cf. 1Jo 2,3-11).

Crer em Jesus Cristo como pede são João é crer que o Pai ama a todos os homens através de seu próprio Filho e querer participar nessa mediação do amor. A Eucaristia nos relembra sobre esta dupla direção: fé e amor fraterno devem andar inseparáveis. Saímos da Eucaristia para ir ao encontro do irmão, especialmente o mais necessitado.

Aparece também o tema do discernimento de espíritos e da vigilância contra os falsos profetas, os anticristos, que não aceitam Cristo vindo como homem (ser humano) encarnado seriamente em nossa condição humana (1Jo 4,1-4). O Espírito Santo nos ajudará a sabermos distinguir os bons mestres e os maus. Finalmente, são João insiste em nossa luta contra o mundo, na tensão entre a verdade e o erro, entre a luz e as trevas. Nós cristãos estamos destinados a vencer o mundo enquanto contrário a Jesus Cristo: “Filhinhos, vós sois de Deus e vós vencestes o Anticristo. Pois convosco está quem é maior do que aquele que está no mundo” (1Jo 4,4). E como Deus é mais forte do que o anticristo, nossa vitória está assegurada quando nos apoiamos n´Ele.

Somos Seguidores Do Messias Que Se Preocupa Com Os Necessitado

Nos dois primeiros capítulos de seu Evangelho, Mateus narrou o nascimento de Jesus, e no terceiro nos apresentou a atividade de João Batista: o Batismo. No capitulo quarto, sem se preocupar em satisfazer a curiosidade dos que quiseram saber de todo o itinerário formativo de Jesus, nos apresenta Jesus atuando na Galileia, uma região ao norte de Palestina onde conviviam, com dificuldade, judeus e pagãos. Por isso, Mateus evoca o texto do profeta Isaias que fala da iluminação dos que “viviam nas trevas e nas sombras de morte”. A festa da Epifania nos mostra que a vinda de Jesus é em favor de todos os homens, sem distinção nem de etnia, nem de condições sociais nem de crenças.

Segundo o texto do evangelho de hoje, Jesus inicia seu ministério messiânico em Cafarnaum. O que foi revelado aos Magos com uma intenção universalista, em efeito, Jesus começa a atuar como Messias em uma população da Galileia. Desde o princípio de sua pregação se começam a cumprir os anúncios proféticos que tantas vezes ouvimos durante o Advento: “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz”. Jesus anuncia a proximidade do Reino dos céus, os tempos messiânicos que Deus preparava para seu povo e a toda a humanidade. O Menino de Belém, adorado pelos Magos do Oriente, agora já se manifesta como o Messias e o Mestre enviado por Deus. Ele ensina, proclama o Reino, cura os enfermos, liberta os possessos.

O evangelho deste dia nos relata que quando fica sabendo da prisão de João Batista, Jesus vai para a Galileia. Galileia era um território longe de Jerusalém, do poder central legalista e intransigente. Galileia tinha fama de região pagã contaminada pelos pagãos, desinteressada da Lei e da oficialidade do Templo.

Na Galileia Jesus pode andar com liberdade, junto aos empobrecidos e marginalizados. Toda a história dos pobres gravitava sobre os pobres do tempo de Jesus: a fome, a carência de trabalho, a opressão política e militar dos Herodes e de Roma, opressão religiosa do Sinédrio (Sanedrin), o abandono e a marginalização. Esse povo pedia e exigia ser redimido. O que o povo esperava era respostas concretas para suas necessidades. Por isso, a figura de um rei poderoso, como Davi, continuava a alimentar o sonho do povo para libertá-lo de toda essa situação. 

A pregação de Jesus se inicia, então, na “Galileia dos pagãos”, isto é, numa região onde a situação do povo é mais precária devido a uma grande quantidade de população pagã. Isto nos mostra que os primeiros destinatários da pregação de Jesus são para os que mais necessitados dela e aos que não conhecem a “Luz” da revelação porque vivem nas “sombras” do paganismo. É claro que o paganismo é muito mais no sentido do modo de viver do que no sentido de não pertencer a uma crença ou religião. Por isso, existem “pagãos” que se comportam como homens de Deus, por exemplo, o oficial romano (cf. Mt 8,5-13). Como também são muitos os que se dizem crentes (do Povo de Deus), mas se comportam como “pagãos”, sem nenhuma vivência da fraternidade, por exemplo, o sacerdote e o levita na parábola do bom Samaritano que não querem ajudar que está sofrendo (cf. Lc 10,31-32).

A mensagem de Jesus se resume nesta frase: “O Reino de Deus está próximo”. O Reino de Deus, expressão já existente no povo de Israel, se contrapõe a todos os demais reinos ou poderes humanos que pretendem um domínio total sobre o povo de Israel e este mesmo poder é oferecido a Jesus em suas tentações (cf. Mt 4,8-10). O Reino que Jesus prega já começou nele, pois ele veio para fazer reinar o amor fraterno (cf. Mt 23,8). Para que isso possa acontecer há uma exigência: convertei-vos!

O menino de Belém, adorado pelos magos, agora se manifesta como o Messias e o Mestre enviado de Deus que ensina, proclama o Reino de Deus, que cura os enfermos e liberta os possessos. A proposta do Reino de Jesus é diferente: tem que descobrir e destruir o egoísmo e as estruturas que o fomentam.

Para isso, Jesus exige para todos os lados (dos poderosos e das vítimas do poder) que se convertam: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. Os pobres, as vítimas, precisam construir um projeto de humanização sem ódio e por isso, Jesus coloca o amor como o maior mandamento (Jo 13,35; 15,12). Para os poderosos, que devolvam e respeitem a dignidade do povo, respeitando seus direitos. Em outras palavras, para Jesus o problema do Reino era um problema de transformação do coração. Trata-se de uma transformação real que deve se demonstrar na prática e se experimentar em todos os setores da vida.

O estilo da atuação de Jesus Cristo que ama e se sacrifica pelos homens deve ser o estilo de cada cristão: ajudando, curando feridas, libertando os outros de suas angústias e seus medos, anunciando a Boa Notícia do amor de Deus. E que somente o amor salva, enquanto que o egoísmo destrói e mata. O egoísmo mata a fraternidade e uma convivência mais humana. É preciso aprender a ver Deus nos demais (cf. Mt 25,40.45), sobre tudo nos pobres e nos débeis, nos marginalizados e excluídos da sociedade. Trata-se de que esse amor fraterno que aprendemos de Jesus Cristo nós o traduzamos em obras concretas de compreensão e de ajuda. O amor não é dizer palavras solenes, bonitas e comovedoras, e sim imitar o amor de um Cristo que se entregou pelos demais. Este é o caminho da salvação. Por este caminho não há outro que possa nos salvar e nos levar para o Céu, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). A fé em Jesus Cristo e o amor aos irmãos são provas de autenticidade da fé que professamos.

Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. A conversão, dentro do contexto das leituras de hoje consiste em crer em Deus e amá-Lo amando o próximo. Crer e amar são duas atitudes básicas de cada cristão e são inseparáveis: “Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu” (1Jo 3,23). Quem crê verdadeiramente em Deus, ama o próximo. Quem ama o próximo, é porque pertence a Deus, mesmo que ele não tenha consciência disso. A fé e o amor coexistem e fecundam mutuamente. A linha vertical (fé) se expressa na linha horizontal (amor fraterno). A fé que salva é a fé que atua pela caridade. Por isso, a fé e o amor devem configurar a vida de cada cristão. Não existe a fé sem o amor fraterno. E não existe o amor fraterno que não leve a pessoa que ama até Deus.
P. Vitus Gustama,svd

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