Domingo,16/02/2020
O
CRISTÃO É AQUELE QUE SEMPRE FAZ UM PASSO ADIANTE NO BEM E NA BONDADE
VI
DOMINGO DO TEMPO COMUM “A”
16 Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias
em Deus, tu também viverás. 17 Diante de ti, Ele colocou o fogo e a água;
para o que quiseres, tu podes estender a mão. 18 Diante do homem estão a vida e
a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir. 19 A sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e poderoso e
tudo vê continuamente. 20 Os olhos do Senhor estão voltados para
os que o temem. Ele conhece todas as obras do homem. 21 Não mandou a
ninguém agir como ímpio e a ninguém deu licença de pecar.
Segunda Leitura: 1Cor 2,6-10
Irmãos: 6 Entre os perfeitos nós falamos de sabedoria, não da sabedoria
deste mundo nem da sabedoria dos poderosos deste mundo, que, afinal, estão
votados à destruição. 7 Falamos, sim, da
misteriosa sabedoria de Deus, sabedoria escondida, que desde a eternidade Deus
destinou para nossa glória. 8 Nenhum dos poderosos deste mundo
conheceu essa sabedoria. Pois, se a tivessem conhecido, não teriam crucificado
o Senhor da glória. 9 Mas, como está escrito, “o que Deus preparou para os que
o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração
algum jamais presse ntiu”. 10 A nós Deus revelou esse mistério através do
Espírito. Pois o Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus.
Evangelho: Mt 5,17-37
“Não
penseis que vim abolir a Lei e os profetas. Não vim para abolir, mas para
cumprir. Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir,
nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. [...]
Eu vos digo: Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus,
não entrareis no Reino dos Céus. Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não
cometerás homicídio! Quem cometer homicídio deverá responder no tribunal’. Ora,
eu vos digo: todo aquele que tratar seu irmão com raiva deverá responder no
tribunal; quem disser ao seu irmão ‘imbecil’ deverá responder perante o
sinédrio; quem chamar seu irmão de ‘louco’ poderá ser condenado ao fogo do
inferno. Portanto, quando estiveres levando a tua oferenda ao altar e ali te
lembrares que teu irmão tem algo contra ti, deixa a tua oferenda diante do
altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só então, vai apresentar a
tua oferenda. Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto ele caminha
contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te
entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. Em verdade, te
digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo. Ouvistes que foi
dito: ‘Não cometerás adultério’. Ora, eu vos digo: todo aquele que olhar para
uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu
coração. Se teu olho direito te leva à queda, arranca-o e joga para longe de
ti! De fato, é melhor perderes um de teus membros do que todo o corpo ser
lançado ao inferno. Se a tua mão direita te leva à queda, corta-a e joga-a para
longe de ti! De fato, é melhor perderes um de teus membros do que todo o corpo
ir para o inferno. Foi dito também: ‘Quem despedir sua mulher dê-lhe um
atestado de divórcio’. Ora, eu vos digo: todo aquele que despedir sua mulher –
fora o caso de união ilícita – faz com que ela se torne adúltera; e quem se
casa com a mulher que foi despedida comete adultério. Ouvistes também que foi
dito aos antigos: ‘Não jurarás falso’, mas ‘cumprirás os teus juramentos feitos
ao Senhor’. Ora, eu vos digo: não jureis de modo algum, nem pelo céu, porque é
o trono de Deus; nem pela terra, porque é o apoio dos seus pés; nem por
Jerusalém, porque é a cidade do Grande Rei. Também não jures pela tua cabeça,
porque não podes tornar branco ou preto um só fio de cabelo. Seja o vosso sim,
sim, e o vosso não, não. O que passa disso vem do Maligno.”
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Viver Conforme a Sabedoria Do
Alto
Hoje, através do texto do Evangelho, Jesus
nos dá uma autêntica lição do que é a fé cristã, porque nos dá uma autêntica
lição de vida. Temos ouvido muitas vezes que a fé cristã, se não vale para a
vida, não vale para nada. Isto é tão importante e de tanta transcendência que
vale a pena ser lembrado e ser repetido. Temos que colocar a fé na vida e a
vida na fé. É viver na fé e da fé. É colocar a oração na vida e a vida na
oração. Vida e fé devem estar em sintonia total.
Jesus veio ao mundo para conseguir criar um
homem novo, um homem que tivesse uma hierarquia de valores distinta à que
existe entre os homens de todas as épocas e de todos os países, um homem cujas categorias
mentais estivessem perfeitamente de acordo com a vontade de Deus que ama a
todos sem exclusão.
O cristão, segundo Jesus, não somente aquele
que cumpre a lei e sim aquele que supera a lei: “Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não
entrareis no Reino dos Céus”. Cumprir a lei já seria um triunfo, porque em
muitas ocasiões o homem quebra ou obedece à lei estabelecida. Basta termos um
olhar ao nosso redor para nos encontrar com um panorama de morte para o homem,
provocada pelo próprio homem (assassinato), de extorsões, de torturas, de
explorações, de corrupção, de desonestidade, de sofrimentos impressionantes
provocados pelos próprios homens, de abortos, de assassinato de mulheres, de
infidelidades matrimoniais, de tantas mentiras e falsidades, e assim por
diante.
Hoje não é apenas a infidelidade nas relações
homem-mulher, mas a propaganda constante que coloca a satisfação ou o prazer pessoal
acima de qualquer outro sentimento e valor. O importante, já que se vive apenas
uma vez, é gozar, possuir, comandar, ter sucesso, quanto mais, melhor.
Jesus vem dando um giro para esta atitude. O
homem do Reino de Deus, o cristão, tem que ter
consciência muito clara de que é filho de Deus e que o homem com quem
convive e trabalha com ele é o também, pois Deus é Pai de todos os homens e mulheres.
Dentro disso, entendemos aquilo que fala a Primeira Leitura de hoje: “Se quiseres observar os mandamentos, eles te
guardarão; se confias em Deus, tu também viverás. Os olhos do Senhor estão voltados para os que o temem ”. É viver de
acordo com a sabedoria de Deus. E esta sabedoria é revelada a todos nós pela
graça do Espirito Santo conforme a Segundo leitura de hoje: “A nós Deus revelou esse mistério através do
Espírito. Pois o Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus”.
Com esta verdade revelada e vivida, o homem
não somente não pode matar seu irmão e sim que não pode insultá-lo,
desprezá-lo, maltratá-lo nem ignorá-lo. Para o cristão, o homem, qualquer
homem, não pode ser nunca plataforma para seu proveito pessoal. Ao contrário, o
cristão deve ser ocasião de salvação para o próximo.
Por isso, o cristão crê que é possível o
amor, esse amor “até que a morte nos separe” e crê que o amor é
fundamentalmente entrega e não satisfação própria, usando o outro como objeto.
Quem vive somente em função do prazer é, porque, no fundo, não tem prazer de
viver.
Não basta com não matar, há que respeitar a
vida. E não se respeita a vida quando se consente e não se faz o suficiente
para impedir que o próximo morra de fome. Como é possível que com tantos
recursos técnicos, com tanto progresso, com tanta sobra de alimentos, com
tantas colheitas e frutas que ficam sem recolhidos, há milhares de homens,
mulheres e crianças na mais absoluta miséria. Se analisarmos profundamente tudo
isso, percebemos que nosso progresso não é um progresso humano. Por isso, todos
nós temos que ser melhores do que “os fariseus” que respeitam a lei, mas que
amam menos o próximo.
Se o outro for apenas um concorrente,
qualquer armadilha parecerá justificada. Se o outro for apenas um consumidor,
qualquer abuso parecerá legal. Se o outro não for mais do que um cidadão,
qualquer pretexto será válido para cobrar mais impostos. Se o outro for
qualquer um, continuaremos marginalizando os pobres, os idosos, desprezando
viciados em drogas, expulsando minorias étnicas do bairro, bloqueando o caminho
e maltratando imigrantes. Mas acreditamos que o vizinho é meu irmão. “O irmão
por quem Jesus morreu”, como diz São Paulo.
Esta maneira de crer, este modo de pensar e
de viver é a sabedoria mais alta, a sabedoria que não é deste mundo, como nos
diz são Paulo na Segundo Laitura: “Entre
os perfeitos nós falamos de sabedoria, não da sabedoria deste mundo nem da
sabedoria dos poderosos deste mundo, que, afinal, estão votados à destruição.
Falamos, sim, da misteriosa sabedoria de Deus, sabedoria escondida, que desde a
eternidade Deus destinou para nossa glória. Nenhum dos poderosos deste mundo
conheceu essa sabedoria. Pois, se a tivessem conhecido, não teriam crucificado
o Senhor da glória” (1Cor 2,6-8). Neste mundo, de modo geral, somente conta
e se tem em conta o dinheiro, a categoria social, o passaporte ou a carteira
identidade. Mas neste mundo e apesar do mundo, nós como cristãos, somos chamados a compartilhar e
difundir esta sabedoria divina, a sabedoria do Evangelho de Jesus Cristo, a
sabedoria de que todos os homens e mulheres somos uma só família num só mundo
que é nossa Casa Comum, conforme o Papa Francisco, cujo Pai comum é Deus que
chamamos de “Pai Nosso”. Os demais são pretextos, excusas, aparências legais,
porém imorais ou sem ética, isto é, legal mas não é ético.
Para os seus o Senhor quer uma fé para a
vida. Uma fé que se reflete nas relações sociais fraternas, nas
atitudes individuais e coletivas dos que se chamam cristãos, no respeito à
sacralidade do matrimônio. Uma fé que se reflete no trabalho, no sentido da
justiça, no compromisso com os necessitados e débeis, no respeito ao homem, na
capacidade de diálogo e de compreensão, no enterramento da intolerância, do
insulto, da agressividade, do dogmatismo fatal, na abertura ao amor fraterno,
um amor cujo raiz está em Deus, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Uma fé capaz
de transformar o inimigo em irmão através do perdão mútuo e do diálogo fértil. O cristão deve ser uma espécie de “fé
pública”. Mas sem Deus nada podemos fazer (Jo 15,5). “Quem não conta com Deus é
porque não sabe contar” (Pascal).
Viver Um Passo Adiante Com
Cristo
Vamos estender um pouco mais nossa meditação
sobre as antíteses encontradas no texto do Evangelho deste domingo.
Jesus Cristo se encontra no Sermão da
Montanha (Mt 5-7). No Sermão da Montanha percebemos que Jesus Cristo representa uma continuidade: “Não
penseis que vim abolir a lei e os profetas, mas para dar-lhes cumprimento”.
Esta expressão surgiu como resposta para a questão na comunidade de Mateus nos
anos oitenta: Será que somos obrigados a cumprir a Lei de Moises, sendo
seguidores de Cristo? Se Cristo tem a
autoridade maior do que a de Moisés, porque Jesus não aboliu, então, a Lei de
Moisés? Onde consiste a novidade dos ensinamentos de Jesus? O evangelista
Mateus quer dizer à sua comunidade que a missão de Jesus tem como objetivo não
abolir o que já foi revelado e sim promulgar definitivamente a vontade de Deus.
Mas, ao mesmo tempo, Jesus Cristo representa uma ruptura com a Lei de
Moisés. Por isso, nas antíteses que serão apresentadas encontraremos a seguinte
expressão: “Vocês ouviram... Eu, porém, lhes digo”. Nisto a autoridade
de Jesus é maior do que a de Moisés. Moisés recebeu a Lei de Deus, mas Jesus
promulga a Lei.
Por esta razão Jesus exige: “Eu vos digo:
se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos
fariseus, vós não entrareis no reino dos céus”. O Reino que Jesus anuncia
supõe a prática da justiça. A nova justiça anunciada por Jesus não será medida
em termos “quantitativos” como observância externa de uns preceitos, mas será
medida em virtude da adesão do coração às exigências do Reino. Mas não se trata
de uma justiça legal nem formal. Trata-se de uma justiça profunda e de razão
profunda. Sempre é mais fácil seguir uma norma a comprometer-se por amor ou a
trabalhar por amor. Uma pessoa comete a maior injustiça quando não ama. As
outras injustiças são conseqüência da falta de amor. Por isso, a justiça não é
questão de números e quantidades, mas de amor. Para este amor que o Senhor quer
nos levar. Somente o amor pode criar família, unidade, comunidade,
fraternidade. Somente o amor fraterno pode nos levar até o Céu ou elevar até o
Céu.
O inimigo do bom é o melhor. Na Igreja de
Cristo não basta ser bom. É preciso ser melhor: “Se a vossa justiça não for
maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no
reino dos céus”. O cristão é aquele sempre faz uma passagem do bom para o
melhor diariamente. Cada dia o cristão deve ser melhor do que seu estado
anterior.
O que é ser melhor concretamente no contexto
do Sermão da Montanha? As antíteses vão nos mostrar do que se trata.
Jesus enumera seis exemplos dessa nova
justiça e os apresenta de maneira antitética (Antíteses). Neste dia lemos as
quatro primeiras antíteses (Mt 5,21-37).
Na primeira antítese Jesus nos convida a darmos um passo
adiante na fraternidade: “Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás!
Quem matar será condenado pelo tribunal’. Eu, porém, vos digo: todo aquele que
se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão:
‘patife!’ será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de ‘tolo’ será
condenado ao fogo do inferno” .
Nesta primeira antítese Jesus nos afirma que
não basta não matar o irmão fisicamente, importa respeitá-lo, ter consideração
para com ele, respeitar sua dignidade e sua honra, não se acha superior a ele.
Não só matar alguém fisicamente, pode-se matar com palavras, com um julgamento
severo, com uma atitude de desprezo, com difamação, com comentários maldosos,
com discriminação, e assim por diante. Pode-se matar o irmão deixando-o de
lado, fazendo extinguir-se seu entusiasmo e seus bons projetos, não lhe
permitindo expressar-se livremente. Não se pode honrar a Deus se o irmão é
desonrado, pois Deus não só está no céu, mas também está em cada irmão que
encontramos, especialmente nos pobres, nos pequenos, nos humildes desprezados,
naqueles que nós, às vezes, chamamos de cretinos (cf. Mt 25,40.45). Para Jesus
é impossível o culto autêntico a Deus sem amor ao próximo, pois o próximo é a
passagem obrigatória para chegar até Deus. Em outras palavras, o culto e a
religião devem refletir a vida, e vice-versa.
Por isso, Jesus enfatiza a importância da
reconciliação fraterna para estar bem com Deus. A oferenda que levamos ante o
altar carecerá de valor, se esquecermos o irmão, se não nos reconciliarmos com
o próximo. Não se trata de escrúpulos pessoais, o assunto é objetivo: se um
“irmão seu tem alguma coisa contra você” (v.23). Essa é referência, o outro/o
irmão. A reconciliação com o irmão implica respeitar os seus direitos e
abrir-lhe o nosso coração através de gestos concretos. Mas tampouco devemos
ficar nisso; é necessário voltarmos para apresentar a oferenda (v.24). O
círculo se fecha. Oração e compromisso são inseparáveis. A Eucaristia exige a
criação da fraternidade humana.
Na segunda e terceira antítese Jesus fala do amor
conjugal: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não
cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de
cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração”.
Nesta antítese Jesus volta a insistir na limpeza de coração (em seu interior =
em seu coração). O adultério é injustiça contra a família, contra o matrimonio.
E o desejo de cometê-lo também é injustiça. Enquanto seus contemporâneos
preocupam-se com o ato exterior de adultério, Jesus preocupa-se com o ato
interior, onde tem início o desrespeito ao mandamento divino. Por isso, é
preciso eliminar o mau desejo com a pureza de coração (uma das
bem-aventuranças: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus” –Mt
5,8). O cristão é exortado a olhar para a mulher do próximo (ou o homem do
próximo) com pureza de coração, sem se deixar envolver pelo desejo de possuí-la
(lo). Só o coração não pervertido pela maldade pode olhar uma mulher (um homem)
de maneira respeitosa, sem convertê-la (lo) em objeto de pensamentos
maliciosos.
Com estas palavras Jesus convida o cristão a
dar um passo adiante no amor. O amor do homem e da mulher não é desejo e busca
egoísta da própria satisfação. O amor é querer o bem do amado, é encontro livre
e libertador. A atração física sem amor é sinal de alienação e imaturidade
profunda, é a negação da liberdade e da dignidade da pessoa, é tentativa de
destruir o outro para fazer dele coisa, objeto de desejo ou de ambição.
Um amor verdadeiro, com raiz na totalidade da
pessoa, se insere na corrente única de amor que é Deus, Amor que dá/entrega o
Filho: dom total. A família deve viver estas características de amor, que a
marcam profundamente e solidificam a unidade. Dom total. Total até dar-se, sacrificar-se
completamente.
Na quarta antítese Jesus fala da necessidade
da sinceridade na convivência. A palavra “sinceridade” provém do latim sincérus
que significa 'puro, sem mistura; leal, franco, verdadeiro'. Ser sincero
significa fazer ou falar sem artifício nem intenção de enganar ou de disfarçar
o seu pensamento ou sentimento; é aquilo é dito ou feito de modo franco, isento
de dissimulação. Uma pessoa sincera é uma pessoa em
quem se pode confiar, pois ela é verdadeira, leal e pura de coração, que demonstra
afeto e cordialidade para com os demais.
No reino de Deus, na Igreja de Cristo a
sinceridade é regra: “Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não jurarás falso,
mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos. Eu, porém, vos digo: não
jureis de modo algum, nem pelo céu, porque é o trono de Deus. Seja o vosso Sim,
sim e o vosso não, não. Tudo o que for além disso vem do Maligno”.
O juramento se praticava na sociedade pela
falta de sinceridade entre os homens. No Reino de Deus, onde a sinceridade é
regra, o juramento é supérfluo; além disso, seria sinal de corrupção das
relações humanas. A falta de sinceridade nasce da ambição e de um interesse
pessoal. Para Jesus, a mentira e o dolo são incompatíveis com o proceder do
cristão. Quem recorre a este tipo de procedimento, renega sua adesão ao Senhor.
Outro objetivo da proibição de Jesus sobre o
juramento falso é evitar a vulgarização de Deus. O juramento falso infringe o
mandamento que proíbe usar em vão do nome de Deus. O sim do cristão é sim
e o seu não é não. Não lhe interessa enganar. Tudo
quanto é dito fora destes limites não vem de Deus. Por isso, tem de ser
evitado. Enganar os outros significa deturpar o sinal da palavra, torná-la
sinal de divisão e confusão, em lugar de comunhão, de fraternidade e de
limpidez de coração. Ser verdadeiro no falar é uma forma de imitar o modo de
ser de Deus. A religião de Israel era toda baseada na Palavra de Deus. Seria
impossível imaginar que Deus quisesse se enganar o seu povo. Do mesmo modo, seria
inimaginável que o cristão abusasse da boa-fé de seu próximo.
P. Vitus Gustama,svd
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