27/01/2020
É PRECISO UNIR-SE A JESUS CRISTO PARA ELIMINAR O PODER DO MAL
Segunda-Feira Da III Semana Comum
Naqueles dias, 1 todas
as tribos de Israel vieram encontrar-se com Davi em Hebron e disseram-lhe: “Aqui estamos. Somos teus ossos e tua carne.
2 Tempos atrás, quando Saul era nosso rei, eras tu que dirigias os negócios de
Israel. E o Senhor te disse: Tu
apascentarás o meu povo Israel e serás o seu chefe”. 3 Vieram, pois, todos
os anciãos de Israel até o rei em Hebron. O rei Davi fez com eles uma aliança
em Hebron, na presença do Senhor, e eles o ungiram rei de Israel. 4 Davi tinha trinta anos quando começou a
reinar, e reinou quarenta anos: 5 sete
anos e seis meses sobre Judá, em Hebron, e trinta e três anos em Jerusalém, sobre todo o Israel e Judá. 6 Davi
marchou então com seus homens para Jerusalém, contra os jebuseus que habitavam
aquela terra. Estes disseram a Davi: “Não entrarás aqui, pois serás repelido
por cegos e coxos”. Com isso queriam dizer que Davi não conseguiria entrar lá. 7
Davi, porém, tomou a fortaleza de Sião, que é a cidade de Davi. 10 Davi ia crescendo em poder, e o Senhor,
Deus todo-poderoso, estava com ele.
Naquele
tempo, 22os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam
que ele estava possuído por Beelzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele
expulsava os demônios. 23Então Jesus os chamou e falou-lhes em
parábolas: “Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? 24Se um
reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. 25Se uma
família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se. 26Assim,
se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas
será destruído. 27Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para
roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa. 28Em
verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como
qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29Mas quem blasfemar contra o
Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno”. 30Jesus
falou isso, porque diziam: “Ele está possuído por um espírito mau”.
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A União Com Deus e Com
Os Irmãos Vencem Qualquer Batalha
“Aqui
estamos. Somos teus ossos e tua carne. Tempos atrás, quando Saul era nosso rei, eras tu que
dirigias os negócios de Israel. E o Senhor te disse: Tu apascentarás o meu povo
Israel e serás o seu chefe”, disseram todas as tribos de Israel para Davi, o novo
rei de Israel.
As tribos do Norte de Iasrel e as do Sul se
reúnem para determinar Davi como rei de todos elas. Este pedido já mostra as
dificuldades politicas as quais todos eles têm que enfrentar. O povo não está
unificado. Esta divisão é causa de uma grande fragilidade, de uma falta de
força diante dos inimigos filisteus. Todas as tribas sob a liderança de Davi
querem se unificar para poder derrotar qualquer inimigo.
A unidade, a união, a solidariedade, a
comunhão e assim por diante são aspirações de todos os tempos. O homem em
comunhão, em solidariedade, em união com Deus e com os demais homens de boa
vontade aspira a paz, a concordia, a felicidade e facilita o alcance de um
sucesso. “Oh, como é bom, como é
agradável para irmãos unidos viverem juntos.
É como um óleo suave derramado sobre a fronte, e que desce para a barba,
a barba de Aarão, para correr em seguida até a orla de seu manto. É como o
orvalho do Hermon, que desce pela colina de Sião; pois ali derrama o Senhor a
vida e uma bênção eterna" (Sl 132/133,1-3). Esse desejo ideal de
comunhão procede do mais íntimo do homem, do ponto central onde Deus habita: o
coração de cada homem, pois cada ser humano é a “imagem e semelhança de Deus”
(Gn 1,26). O próprio Deus não é “solidão”, Deus não é “divisão”. “Deus é amor”
(1Jo 4,8.16). Deus é um mistério de comunhão entre três que somente fazem um.
Deus é uno trino. A Verdade está na comunhão, na solidadriedade, na união, na
compaixão.
Consciente ou inconscientemente todas as
tribos de Israel contemplam o Deus-Amor nessa vontade de viver juntos das doze
tribos de Israel até aqui separadas em outros tantos pequenos Estados.
A partir da unificação das doze tribos sob a
liderança de Davi, cada um de nós precisa fazer um exame de consciência sob as
seguintes perguntas: O que acontece HOJE na minha vida famíliar, eclesial,
profissional e social? Há aspirações para a solidariedade, a partilha, a
comunhão, a união? Onde houver a divisão o inimigo, a amldade tem oportunidade
para dominar, oprimir e explorar. O princípio do inimigo é “Divide et impera”:
Divida e reine!
A unidade não se faz só. Inclusão é um grande
largo processo histórico com seus progressos e seu retrocessos. Hoje me dia,
graças a Deus, o nível de solidariedade se amplia consideravelmente: já não é
somente entre irmãos da mesma etnia (entre os hebreus), nem entre província
próximas (Palestina). Hoje em dia amplia a solidariedade a nível da humanidade
inteira: há médicos sem fronteiras, há ajudas humanitárias internacionalmente
para os imigrantes, para os que sofrem por causa da força da natureza (terremoto,
maremorto etc.). Hoje em dia, todo homem, ainda que se creia muito isolado e
muuto protegido no seu cantinho, sofre as consequências de todas as decisões
internacionais. É preciso que cada ser humano participe com ação e oração nesse
grande movimento de solidariedade local e global para que a humanidade possa
adquirir a paz e a prosperidade. É mais ainda para todos os cristão cujo Deus é
uno e trino. Cada cristão é chamado à solidariedade, à união, à comunhão, à
compaixaço. O cristão não somente acredita em Deus e sim ao Deus-Família, ao
Deus-Comunhão, à Santíssima Trindade. Consequenteme, o cristão não pode se
isolar da humanidade. Ao contrário, ele tem que se envolver conscientemente na
solidariedade com toda a humanidade. É o desejo do próprio Jesus para todos os
seus seguidores, para todos os cristãos: “Que todos sejam um como nós somos um”
(Jo 17,11).
O Papa Francisco fez
a seguinte reflexão sobre o fator ou motor da unidade:
- “Esta é uma bela pergunta: quem é o motor desta unidade da Igreja? É o Espírito Santo que todos nós recebemos no Batismo e também no Sacramento da Crisma. É o Espírito Santo. A nossa unidade não é primeiramente fruto do nosso consenso, ou da democracia dentro da Igreja, ou do nosso esforço de concordar, mas vem Dele que faz a unidade na diversidade, porque o Espírito Santo é harmonia, sempre faz a harmonia na Igreja. É uma unidade harmônica em tanta diversidade de culturas, de línguas e de pensamentos. É o Espírito Santo o motor. Por isto é importante a oração, que é a alma do nosso compromisso de homens e mulheres de comunhão, de unidade. A oração ao Espírito Santo, para que venha e faça a unidade na Igreja.
- Deus nos doa a unidade, mas nós mesmos façamos esforço para vivê-la. É preciso procurar, construir a comunhão, educar-nos à comunhão, a superar incompreensões e divisões, começando pela família, pela realidade eclesial, no diálogo ecumênico também. O nosso mundo precisa de unidade, está em uma época na qual todos temos necessidade de unidade, precisamos de reconciliação, de comunhão e a Igreja é Casa de comunhão. São Paulo dizia aos cristãos de Éfeso: “Exorto-vos, pois – prisioneiro que sou pela causa do Senhor – que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados, com toda a humildade e amabilidade, com grandeza de alma, suportando-vos mutuamente com caridade. Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (4, 1-3). Humildade, doçura, magnanimidade, amor para conservar a unidade! Estes, estes são os caminhos, os verdadeiros caminhos da Igreja. Ouçamos uma vez mais. Humildade contra a vaidade, contra a soberba, humildade, doçura, magnanimidade, amor para conservar a unidade” (Audência Geral,13 de Novembro de 2013).
Somos Chamados Por
Jesus Para Unir As Forças Contra O Mal Que Afeta a Humanidade
Voltamos novamente a acompanhar as
controvérsias entre Jesus, de um lado e seus adversários (fariseus e escribas),
de outro lado.
O evangelho deste dia nos relata que Jesus
encara seus adversários vindos de Jerusalém, cidade onde ele sofrerá a Paixão.
Na discussão Jesus é considerado como uma pessoa “fora de si” (=louco) pelos
parentes (Mc 3,21), e “Ele está possuído por Belzebu, chefe dos demônios”,
pelos escribas (Mc 3,22). Em outras palavras, Jesus é recusado “pelos seus” e
“pelas autoridades religiosas”. Jesus é recusado, desconhecido e ignorado.
Jesus é contestado, não é escutado, não é seguido. Jesus é deixado de lado.
Até este ponto precisamos entrar no nosso
íntimo para cada um se perguntar: “Qual é a minha maneira pessoal de recusar
Jesus na minha própria vida? Quando foi que eu deixei de lado esse Jesus
Salvador nas minhas decisões, no meu modo de me comportar? Quando foi que
ignorei Jesus na minha vida e na convivência com os demais?”. Se Jesus que é a
Luz do mundo (Jo 8,12) não ocupar seu devido lugar na minha vida, então a minha
vida vai ser muito desorientada e escura. Em nossa vida temos que conjugar os
esforços humanos com a confiança em Deus e a docilidade aos seus planos.
Jesus começou a ser conhecido pela multidão
(Mc 1,28), pois Ele “fala como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mc
1,22), pois Ele se preocupa com a dignidade de todas as pessoas, especialmente
com os excluídos. A fama de Jesus também chegou aos ouvidos das autoridades. E
estas começaram a fazer uma campanha de difamação contra Jesus. “Ele estava
possuído por Beelzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os
demônios”, dizem eles sobre Jesus. Ao chamar Jesus de “chefe dos demônios”,
as autoridades querem dizer a todos que Jesus é o inimigo de Deus (gente de
demônio) e por isso, não merece nenhuma credibilidade. Ao desqualificar Jesus, eles querem
desqualificar sua obra. Desta maneira eles poderiam impedir a crescente
popularidade de Jesus. Trata-se de um jogo das autoridades para não perder o
poder sobre o povo. Todo julgamento esconde a arrogância de quem se acha dono da
verdade e também revela grande insegurança. Aquele que julga se comporta como
soberano e crítico das ações alheias. Num mundo de trabalho interesseiro, num
mundo de luta pelo poder, os bons, os justos, os honestos são sempre vitimas e
são excluídos ou eliminados, mas o bem vivido ganhará reconhecimento de Deus
(cf. Mt 25,40.45; 7,21-27).
Se aprofundarmos mais esse assunto,
perceberemos que o que está em jogo na discussão com os adversários de Jesus é
a luta entre o espírito do mal e o espírito do bem. Por isso, merece o
duríssimo ataque de Jesus. O que eles fazem é considerado como uma blasfêmia
contra o Espírito Santo. Pecar contra o Espírito Santo significa negar o que é
evidente, negar a luz de Deus permanentemente, tapar-se os olhos para não ver,
para negar a verdade, para negar a salvação definitivamente. Por isso, enquanto
lhes durar essa atitude obstinada e esta cegueira voluntária, eles mesmos se
excluem do perdão e do Reino. O Reino de Deus está aberto para quem quiser
entrar nele.
Creio que nós não somos certamente dos que
negam a Jesus permanentemente. Ao contrário, não somente cremos nele e sim que
seguimos a Jesus e celebramos seus sacramentos e meditamos sua Palavra
iluminadora. E nós cremos que Jesus é mais forte e por isso, Ele nos ajuda na
nossa luta contra o mal. E para afastar o mal precisamos viver e praticar o
bem, mas não simplesmente para afastar o mal. Fazer o bem é o verdadeiro
caminho divino e por isso, precisamos optar por este caminho. Ser cristão não é
apenas aquele que evita o mal, mas principalmente fazendo o bem ele afasta o
mal. Se Jesus que é mais forte do que qualquer mal já está entre nós, então
precisamos estar com ele permanentemente, colocando-o no centro de nossa vida
para ganhemos também Sua força.
Mesmo assim, podemos nos perguntar se alguma
vez nos obstinamos em não ver tudo o que teríamos que ver no evangelho ou nos
sinais dos tempos que vivemos. Ao olhar para os escribas que julgaram Jesus sem
piedade, não temos certa tendência a julgar drasticamente os que não pensam
como nós, na vida de família, no trabalho, na comunidade ou na Igreja?
Na Vigília Pascal, quando renovamos o nosso
compromisso batismal, fazemos cada ano uma dupla opção: renunciar ao pecado e
ao mal e professar nossa fé em Deus. Hoje o Evangelho nos mostra Cristo como
Libertador do mal para que durante toda jornada colaboremos com ele em tirar o
mal de nosso meio.
Para Refletir Mais:
“Como é que Satanás pode expulsar a
Satanás? Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. Se
uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se”.
A divisão ou desunião é causa de uma grande
fragilidade, de uma falta de força diante de qualquer desafio ou dificuldade.
Dividir para dominar é uma das táticas de quem quer poder, de qualquer jeito.
Como os fariseus e os escribas fazem com Jesus: difamar para dividir o povo.
Onde tiver espaço para a desunião haverá entrada para o inimigo. Onde
prevalecer o egoísmo, a soberba, a arrogância, não haverá espaço para o bem, e
o mal tomará conta de tudo. Quem for na direção do mal, ele se afastará de
Deus, pois o caminho que conduz para Deus é o caminho ao bem, à prática da
justiça e do amor. “Deus, de quem separar-se é morrer, a quem retornar é
ressuscitar, com quem habitar é viver”, dizia Santo Agostinho (Solil.
1,1,3).
A unidade, a solidariedade, a comunhão, a
concórdia e assim por diante são aspirações de todos os tempos e para qualquer
família humana. O homem aspira a paz, a concórdia, a fraternidade, a
felicidade. “Vede: como é bom, como é agradável habitar todos juntos, como
irmãos”, assim reza o salmista (Sl 133,1). Esse desejo ideal de comunhão
procede do mais íntimo e profundo do homem, do ponto central onde Deus habita:
o coração de cada pessoa. Cada ser humano é imagem de Deus. Deus não é divisão,
pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Deus é um mistério de comunhão entre três que
somente fazem um só.
O amor mútuo entre todos os irmãos que
habitam em uma casa é a maior bênção. A unidade é força e ao mesmo tempo, é
felicidade na família ou num grupo em que todos vivem juntos em harmonia. Se
todas as pessoas têm o mesmo sangue que corre em suas veias, por que um irmão
persegue, maltrata outro irmão?; por que um irmão discrimina outro irmão?; por
que um irmão difama outro irmão?; por que um irmão destrói outro irmão?
Será que na minha vida familiar, matrimonial,
profissional, eclesial há aspirações para a solidariedade, a unidade, a
partilha, a comunhão?
Para participar na vitória de Cristo sobre as
forças do mal que nos querem dominar temos que ser dóceis ao Espírito Santo e
temos que reconhecer o poder que atua em Cristo.
P. Vitus
Gustama,SVD
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