terça-feira, 14 de janeiro de 2020

17/01/2020
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APROXIMAR-SE DE JESUS NOS CURA E NOS CAPACITA A SUPERAR OS PROBLEMAS DA VIDA
Sexta-Feira da I Semana Comum


Primeira Leitura: 1Sm 8,4-7. 10-22ª
Naqueles dias, 4 todos os anciãos de Israel se reuniram, foram procurar Samuel em Ramá, 5 e disseram-lhe: “Olha, tu estás velho, e teus filhos não seguem os teus caminhos. Por isso, estabelece sobre nós um rei, para que exerça a justiça entre nós, como se faz em todos os povos”. 6 Samuel não gostou, quando lhe disseram: “Dá-nos um rei, para que nos julgue”. E invocou o Senhor. 7 O Senhor disse a Samuel: “Atende a tudo o que o povo te diz. Porque não é a ti que eles rejeitam, mas a mim, para que eu não reine mais sobre eles”. 10 Samuel transmitiu todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe pedira um rei 11 e disse: “Estes serão os direitos do rei que reinará sobre vós: Tomará vossos filhos e os encarregará dos seus carros de guerra e dos seus cavalos e os fará correr à frente do seu carro. 12 Fará deles chefes de mil, e de cinquenta homens, e os empregará em suas lavouras e em suas colheitas, na fabricação de suas armas e de seus carros. 13 Fará de vossas filhas suas perfumistas, cozinheiras e padeiras. 14 Tirará os vossos melhores campos, vinhas e olivais e os dará aos seus funcionários. 15 Das vossas colheitas e das vossas vinhas ele cobrará o dízimo, e o destinará aos seus eunucos e aos seus criados. 16 Tomará também vossos servos e servas, vossos melhores bois e jumentos, e os fará trabalhar para ele. 17 Exigirá o dízimo de vossos rebanhos, e vós sereis seus escravos. 18 Naquele dia, clamareis ao Senhor por causa do rei que vós mesmos escolhestes, mas o Senhor não vos ouvirá”. 19 Porém, o povo não quis dar ouvidos às razões de Samuel, e disse: “Não importa! Queremos um rei, 20 pois queremos ser como todas as outras nações. O nosso rei administrará a justiça, marchará à nossa frente e combaterá por nós em todas as guerras”. 21 Samuel ouviu todas as palavras do povo e repetiu-as aos ouvidos do Senhor. 22ª Mas o Senhor disse-lhe: “Faze-lhes a vontade, e dá-lhes um rei”.


Evangelho: Mc 2,1-12
1 Alguns dias depois, Jesus entrou de novo em Cafarnaum. Logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. 2 E reuniram-se ali tantas pessoas, que já não havia lugar, nem mesmo diante da porta. E Jesus anunciava-lhes a Palavra. 3 Trouxeram-lhe, então, um paralítico, carregado por quatro homens. 4 Mas não conseguindo chegar até Jesus, por causa da multidão, abriram então o teto, bem em cima do lugar onde ele se encontrava. Por essa abertura desceram a cama em que o paralítico estava deitado. 5 Quando viu a fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados”. 6 Ora, alguns mestres da Lei, que estavam ali sentados, refletiam em seus corações: 7 “Como este homem pode falar assim? Ele está blasfemando: ninguém pode perdoar pecados, a não ser Deus”. 8 Jesus percebeu logo o que eles estavam pensando no seu íntimo, e disse: “Por que pensais assim em vossos corações? 9 O que é mais fácil: dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, pega a tua cama e anda’? 10 Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder de perdoar pecados, — disse ele ao paralítico: 11 eu te ordeno: levanta-te, pega tua cama, e vai para tua casa!” 12 O paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos. E ficaram todos admirados e louvavam a Deus, dizendo: “Nunca vimos uma coisa assim”.
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Liderar No Espirito De Deus Salva a humanidade


Olha, tu estás velho, e teus filhos não seguem os teus caminhos. Por isso, estabelece sobre nós um rei, para que exerça a justiça entre nós, como se faz em todos os povos”. É o pedido dos anciãos para Samuel.


A cena narrada na Primeira Leitura de hoje é um momento crucial na história de Israel. Depois de uns duzentos anos sob a guia dos juízes, o povo de Israel pede um rei. A história politica de Israel chega a uma de suas etapas mais importantes. É uma virada histórica. Desde que entraram na Terra Prometida, até aqui, as doze tribos viveram sem necessidade de nenhum governo central, pois cada tribo possui sua própria organização embora seja elementar. Até então as doze tribos iam por sua conta própria, não muito bem coordenadas. Sob o peso de algumas ameaças demasiado acebtuadas doz vizinhos, um tribo se une a outras, de vez em quanfo, ocasionalmente. Agora se dão conta de que seria melhor para eles que houvesse uma força unificadora tal como os povos vizinhos. Por isso, pedem a Samuel um rei. Os pretextos invocados pelos anciãos para instituir um rei baseiam-se no fato de que Samuel já é velho e que seus filhos não seguiram seus caminhos. Eles desejavam que houvesse um rei que, em um momento de perigo, reunisse as pessoas ao seu redor e conduzisse o povo à vitória contra os inimigos. Eles querem uma autoridade estável, não de circunstâncias, como aconteceu no tempo dos juízes. Trata-se de uma grande mudança e renovação: passagem da “tribo” demasiado pequena para a “nação”. Diante dos problemas novos é necessário ter estruturas novas.


Pedir um rei significa transformar Israel em monarquia. E a monarquia dá origem para um processo de secularização, ou seja, a passagem de uma organização tribal carismática, que não reconhece outro rei senão o Senhor (Jz 8,22-23) para um estado civil, com suas instituições politicas e militares. Consequentemente, pode colocar mais confiança no jogo politico de alianças do que em Deus.


Com a criação da monarquia, Samuel e seus filhos foram os últimos dos chamados “juízes menores” (Cf. Jz 10,1-5; 12,8-15). Com eles é encerrada uma etapa da história de Israel: da etapa de juízes para a etapa da monarquia.


Samuel coloca a resistência diante do pedido. Samuel não gosta nada desta ideia, pois, na realidade, o rei se absolutizará e não se sentirá mediador entre Deus e o povo e consequentemente tiranizará o povo. Samuel interpreta esse pedido como uma ofensa a Deus, pois o único rei é Deus.


A resistência de Samuel diante da renovação é uma tentação constante de todas as organizações e da própria Igreja (as pastorais, ministérios, movimentos etc.). É a tentação de estancar-se, permanecer inadaptado para as novas circunstancias, de não iventar mais nada, de ficar alheio à mudança de tempo. Quem não avança, retrocede e muito perto de ficar vencido ou ultrapassado. Quem se deixa invadir pela rotina, está muito próximo de ser abandonado na solidão por todos aqueles que querem avançar para melhorar a fim de frutificar mais.


Mesmo tendo esta resistência, Samuel “consulta” Deus sobre esta ideia. Apesar de tudo, Deus concorda.


A exemplo de Samuel, jamais tomaríamos qualquer decisão sem “consultar” Deus na nossa oração e meditação. Para escutar melhor precisamos criar o silêncio dentro de nós e ao nosso redor. O silêncio, para escutar melhor, é um dos gestos simbólicos menos entendidos quase por nós todos. A virtude de escutar é dispensável ao discípulo, quer ele esteja dialogando com o mestre, quer ele esteja dialogando com outro discípulo ou com alguém mais simples no critério da sociedade. Criar silencio liturgicamente é permitir a presença da eternidade, de Deus para nos falar e para falar de nós.


Em segundo lugar, a corrente monárquica começou a cristalizar a partir do momento em que Samuel instituiu como seus sucessores no governo civil e militar seus dois filhos (nepotismo). Mas os filhos de Samuel não têm nenhuma moral para liderar o povo de Israel. O comportamento venal ou corrupto de seus filhos possibilita a instituição de um rei representativo da nação. Com seus atos, os filhos de Samuel transgrediram a lei de Dt 16,18-19. Samuel também não tinha força para corrigi-los. A fraqueza de Samuel deve ser atribuída a sua velhice.


Esse tipo de nepotismo e favoritismo, que o primeiro Livro de Samuel nos dá hoje, continua a ser válido entre os governantes atuais? Deus não rejeita os governantes legalmente constituídos. Mas rejeita os abusos que eles frequentemente cometem. Estar à frente de um povo como governante é tornar-se um servo de todos para buscar o bem de todos. O poder não pode ser usado para os próprios interesses, caso contrário o governante se tornaria um opressor de seu povo. Toda autoridade vem do alto. O exemplo maravilhoso é preservado em algumas nações, quando no começo do mandato, o novo líder faz o juramento colocando a mão sobre Bíblia (Livro Sagrado), para que possa servir o seu povo dentro da justiça e da igualdade ou sob a luz e a orientação da Palavra de Deus! A Palavra da Sagrada Escritura acompanha o novo líder na sua tomada de decisão e em projetos a favor do povo, como projetos de vida e não morte. Que a Palavra de Deus nos acompanhe todos os cristãos, para que, mesmo no ambiente familiar, estejamos ao serviço do Evangelho e da salvação de todos.


Monarquia ou república ou qualquer outro sistema politico: tudo pode ser bom e mau. O importante em qualquer regime político é buscar o bem-estar da comunidade ou do povo segunindo fielmente os valores de Deus. É difícil, mas não é impossível.


Certamente, o estilo de autoridade que nos ensinou Jesus é diferente deste que teme Samuel. Jesus diz aos apóstolos que não façam como os chefes deste mundo que tiranizam e dominam sem que entendam a autoridade como um serviço, imitando Jesus que não veio para ser servido e sim para servir e dar sua vida pelos demais.


Crer Em Jesus Tira Todas As Nossa Paralisias e Nos Capacita Superar Os Problemas Da Vida


Quando viu a fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: ´Filho, os teus pecados estão perdoados´”.


Sabemos que o evangelho de Marcos foi escrito para responder a esta pergunta: “Quem é Jesus?”.


O evangelho de hoje nos leva um passo adiante no conhecimento de Jesus. Aqui não se fala somente de Jesus que ensina e cura; não se apresenta somente como o portador de um bem-estar. Sua ação vai em profundidade. Jesus rompe a barreira que havia entre o homem e Deus, entre o Santo Deus e o homem realmente impuro por ser pecador. Com o perdão de Deus, Jesus une novamente a terra e o céu.


Quando os quatro homens apresentaram a Jesus o paralitico para ser curado, Jesus percebe que aquele homem não é somente um paralitico e sim que tem um mal bastante grave: ele está em pecado e o pecado fecha o céu.


A cura do paralitico é, por isso, uma válida síntese da Palavra proclamada por Jesus Cristo. O Reino de Deus se aproxima porque Deus decidiu oferecer seu perdão, por amor, aos homens: “Filho, os teus pecados estão perdoados!”. Ele chama o paralitico de: “filho”. Jesus, o Deus-Conosco, se faz voz do Pai que está no céu ao dizer: “filho”. Jesus é o Pai encarnado, o Emanuel, o Deus-Conosco. E acrescenta: “Os teus pecados estão perdoados”. Ele não diz: “Eu te perdôo” e sim “os teus pecados estão perdoados”, isto é, por Deus.


Disposto a demonstrar a força salvadora do “Evangelho do Reino de Deus”, Jesus começa a comunicar ao paralítico a Boa Notícia da reconciliação com Deus. Não há notícia que seja melhor do que a notícia da reconciliação com Deus. Fora da reconciliação com Deus que se expressa na reconciliação com o próximo não há salvação. Onde há amor, há também a reconciliação. Cada reconciliação feita é o céu que se abre e que se ganha. O céu ficará aberto, toda vez que procurarmos a reconciliação com Deus e com o próximo simultaneamente, como rezamos no Pai Nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.


Os escribas não estão de acordo: somente Deus poderia comunicar este gozoso anúncio do perdão dos pecados, segundo eles. Também segundo os hebreus, perdoar os pecados não era uma tarefa do Messias. Jesus, pelo contrario, se comporta de fato como se estivesse no lugar de Deus. Neste caso, Jesus chama a si mesmo de “Filho do Homem”, para evitar o conceito tradicionalmente vinculado à expressão “Messias”. Aos poucos Jesus vai se revelando como Messias, Filho de Deus como Mc colocou logo no inicio de seu evangelho: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1). Mc vai colocar o título de “Filho de Deus” bem no final do seu evangelho na boca de um centurião: “Verdadeiramente este homem era filho de Deus” (Mc 15,39), no momento em que Jesus morreu na cruz. A cruz que salva faz o centurião enxergar a salvação oferecida por Deus.


Com a discussão de hoje Mc dá inicio a uma série de cinco discussões entre Jesus e os escribas. Todas elas têm um denominador comum: Jesus questiona os pressupostos religiosos de uns homens profunda e honestamente religiosos. A de hoje questiona uma imagem sentida e familiar de Deus: um Deus que tira o mal de pessoas. Os escribas vivem discutindo o que pode e o que não pode. Jesus, ao contrário “passa a vida fazendo o bem” (At 10,38), mostrando para nós um Deus que é Pai que se preocupa com a salvação de seus filhos, todos nós.


Jesus foi sempre experimentado pelos primeiros cristãos como alguém que lhes questionava e quebrava as imagens religiosas mais profundamente sentidas. O Livro dos Atos é o melhor documento desta dinâmica que fala com profundidade uma religiosidade rígida e intolerante dos contemporâneos dos apóstolos. “Zelo” é o termo técnico em Paulo e em Atos para designar a rigidez e a intolerância religiosas.


Diante deste texto cada um, se for honesto, tem que se perguntar se em seus encontros com Jesus sente que sua imagem de Deus fica questionada.


Ao contrário dos letrados, a fé do povo e sua confiança no poder de Jesus continuam crescendo. Boa prova disto é o esforço que os quatro homens fazem para alcançar Jesus. Ao encontrar a porta fechada pela multidão que se aglomera diante dela, em vez de ficar desesperados e paralisados, os quatro homens sobem para o teto da casa para que o paralítico possa encontrar-se com Jesus. E Jesus valoriza a fé desses homens e do enfermo a quem lhe dá o perdão e são compensados pela cura do paralítico. Jesus não se contenta com o perdoar os pecados e sim que tenhamos consciência de que o perdão é real e cura também as enfermidades físicas. Ele salva o homem totalmente. Jesus é o Deus que vê o pecado, mas não condena ou não julga o pecador, mas o perdoa.


Creio que, a exemplo do paralitico, muitas coisas não funcionam na nossa vida porque não estamos em bom relacionamento com nosso Pai do céu. Este mau relacionamento com o céu faz com que nos tornemos paralíticos e paralisemos o crescimento de nossa vida. É preciso nos aproximarmos de Jesus para que ele abra novamente o céu fechado com seu perdão para que possamos voltar a viver na felicidade caminhando com nossas próprias pernas.


Além disso, aquele que não quer perdoar vive atacando o outro e é vítima de um ressentimento. E o ressentimento rouba sua alegria de viver. Para voltar a viver com alegria e dignidade há que se perdoar e perdoar o outro. O perdão é a expressão máxima do amor e o amor é que faz alguém viver na paz e na alegria. Somente aquele que está unido profundamente com Cristo é capaz de perdoar. Por isso, devemos nos perguntar se estamos unidos com Cristo ou não. A prova disso é a capacidade de amar e de perdoar e de se perdoar.
P. Vitus Gustama,svd

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