quinta-feira, 17 de junho de 2021

Sábado Da XII Semana Comum,26/06/2021

UM “PAGÃO” QUE ENSINA O CRENTE A CRER NO PODER EFETIVO DA PALAVRA DE DEUS

Sábado da XII Semana Comum

Primeira Leitura: Gn 18,1-15

Naqueles dias, 1 o Senhor apareceu a Abraão junto ao carvalho de Mambré, quando ele estava sentado à entrada da sua tenda, no maior calor do dia. 2 Levantando os olhos, Abraão viu três homens de pé, perto dele. Assim que os viu, correu ao seu encontro e prostrou-se por terra. 3 E disse: “Meu Senhor, se ganhei tua amizade, peço-te que não prossigas viagem, sem parar junto a mim, teu servo. 4 Mandarei trazer um pouco de água para vos lavar os pés, e descansareis debaixo da árvore. 5 Farei servir um pouco de pão para refazerdes vossas forças, antes de continuar a viagem. Pois foi para isso mesmo que vos aproximastes do vosso servo”. Eles responderam: “Faze como disseste”. 6 Abraão entrou logo na tenda, onde estava Sara e lhe disse: “Toma depressa três medidas da mais fina farinha, amassa alguns pães e assa-os“. 7 Depois, Abraão correu até o rebanho, pegou um bezerro dos mais tenros e melhores, e deu-o a um criado, para que o preparasse sem demora. 8 A seguir, foi buscar coalhada, leite e o bezerro assado, e pôs tudo diante deles. Abraão, porém, permaneceu de pé, junto deles, debaixo da árvore, enquanto comiam. 9 E eles lhe perguntaram: “Onde está Sara, tua mulher?” “Está na tenda”, respondeu ele. 10 E um deles disse: “Voltarei, sem falta, no ano que vem, por este tempo, e Sara, tua mulher, já terá um filho”. Ouvindo isto, Sara pôs-se a rir, da entrada da tenda, que estava atrás dele. 11 Abraão e Sara já eram velhos, muito avançados em idade, e para ela já havia cessado o período regular das mulheres. 12 Por isso, Sara se pôs a rir em seu íntimo, dizendo: “Acabada como estou, terei ainda tal prazer, sendo meu marido já velho?” 13 E o Senhor disse a Abraão: “Por que riu Sara, dizendo consigo mesma: ‘Acaso ainda terei um filho, sendo tão velha?’ 14 Existe alguma coisa impossível para o Senhor? No ano que vem, voltarei por este tempo, e Sara já terá um filho”. 15 Sara protestou, dizendo: “Eu não ri”, pois estava com medo. Mas ele insistiu: “Sim, tu riste”. 

Evangelho: Mt 8,5-17

Naquele tempo, 5 quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: 6 “Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia”. 7 Jesus respondeu: “Vou curá-lo”. 8 O oficial disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado. 9 Pois eu também sou subordinado e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: ‘Vai!’, e ele vai; e a outro: ‘Vem!’, e ele vem; e digo a meu escravo: ‘Faze isto!’, e ele faz”. 10 Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam: “Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé. 11 Eu vos digo: muitos virão do Oriente e do Ocidente, se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó, 12 enquanto os herdeiros do Reino serão jogados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes”. 13 Então, Jesus disse ao oficial: “Vai! E seja feito como tu creste”. E, naquela mesma hora, o empregado ficou curado. 14 Entrando Jesus na casa de Pedro, viu a sogra dele deitada e com febre. 15 Tocou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela se levantou, e pôs-se a servi-lo. 16 Quando caiu a tarde, levaram a Jesus muitas pessoas possuídas pelo demônio. Ele expulsou os espíritos, com sua palavra, e curou todos os doentes, 17 para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: “Ele tomou as nossas dores e carregou as nossas enfermidades”.

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Deus Quer Nos Encontrar Na Vida Cotidiana

O Senhor apareceu a Abraão junto ao carvalho de Mambré, quando ele estava sentado à entrada da sua tenda, no maior calor do dia” (Gn 18,1), assim lemos na Primeira Leitura de hoje. 

É interessante observar que Deus repete suas promessas, cinco ou seis vezes, sobre a numerosa descendência que Abraão terá apesar de sua velhice e da esterilidade de sua esposa Sara. Desta vez a promessa de Deus desce até o que é banal e comum: em baixo de um carvalho. Não é mais numa visão, mas na claridade da atividade cotidiana, “no maior calor do dia”. O meio-dia é o tempo dos olhos abertos, isto é, da plena consciência. Deus chega na hora em que Abraão está sentado e disponível.  Deus vai até Abraão em forma de três pessoas inesperadas. 

O texto nos ensina que Deus está conosco diariamente. Ele quer nos encontrar onde nos encontramos, no nosso cotidiano e em forma da presença das pessoas que, às vezes, são estranhas. Estejamos com plena consciência para perceber a presença de Deus em todos os momentos de nossa vida. Que tenhamos “o meio-dia” de nossa vida para ver com clareza a presença de Deus que vem ao nosso encontro para anunciar algo valioso. 

Ser Hospitaleiro é Ser Próximo Do Outro, Ser Irmão

“Meu Senhor, se ganhei tua amizade, peço-te que não prossigas viagem, sem parar junto a mim, teu servo. Mandarei trazer um pouco de água para vos lavar os pés, e descansareis debaixo da árvore. Farei servir um pouco de pão para refazerdes vossas forças, antes de continuar a viagem. Pois foi para isso mesmo que vos aproximastes do vosso servo”. São palavras de hospitalidade de Abraão.

O impulso generoso de Abraão faz abolir a distância. Podemos dizer que a atitude de Deus cuja correspondência se encontra em nós é uma atitude de hospitalidade, pois Ele se aproxima de nós e acaba com a distância entre nós e Deus, entre a terra e o céu. O gesto da hospitalidade de Abraão é voltado para os visitantes: “Farei servir um pouco de pão para refazerdes vossas forças, antes de continuar a viagem”. O convite de Abraão nos faz lembrar do convite feito pelos discípulos de Emaús ao Estrangeiro ressuscitado: “Fica conosco, pois a tarde está caindo e o dia já começou a declinar” (Lc 24,29). Abraão foi recompensado pelo nascimento iminente de seu filho Isaac: "Voltarei, sem falta, no ano que vem, por este tempo, e Sara, tua mulher, já terá um filho”.

Deus continua a passar pela nossa vida, diariamente, esperando nosso convite para entrar em nossa casa afim de torna-la uma casa abençoada. A casa que se deixa aberta para Deus, por amor, se transforma em morada de Deus (cf. Jo 14,23).

A palavra “hospitalidade” vem do latim “hospitalitas, atis”. É uma virtude que se pratica para peregrinos, necessitados, e desamparados ou desprotegidos prestando-lhes a devida assistência em suas necessidades. A hospitalidade é a obra de misericórdia. É ato de hospedar; acolhida de hóspedes; é boa acolhida. É recepção ou tratamento afável, cortês; amabilidade, gentileza. Hospitaleiro é aquele que oferece hospedagem por bondade ou caridade.

Os cristãos primitivos praticavam a hospitalidade. Sem essa virtude o cristianismo provavelmente teria dificuldades para se expandir no mundo romano. Até a Carta aos hebreus admoesta ou alerta os cristãos: “Não esqueçais a hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem saber, acolheram anjos” (Hb 13,2). O que tem por traz desse alerta é a experiência de Abraão que hospedou três pessoas em sua casa sem saber que eram os três anjos para anunciar que Sara, apesar de sua velhice, geraria um filho chamado Isaac (Gn 18,3; 19,1-2: Ló convida os dois anjos para sua casa). Por isso, antigamente as pessoas tratavam o estrangeiro como sagrado. 

Com a hospitalidade nasce uma rede de amor entre as pessoas, derruba preconceitos e produz a alegria mútua. A hospitalidade possibilita o encontro e o diálogo e transforma o estrangeiro em amigo.

Sorriso/Riso Humano Diante Da Promessa Impossível De Deus

Ouvindo isto (de que gerará um filho), Sara pôs-se a rir, da entrada da tenda, que estava atrás dele. Abraão e Sara já eram velhos, muito avançados em idade, e para ela já havia cessado o período regular das mulheres. Por isso, Sara se pôs a rir em seu íntimo, dizendo: ‘Acabada como estou, terei ainda tal prazer, sendo meu marido já velho?’”. 

Há dois sorrisos/risos: o de Abraão (Gn 17,17) e o de Sara (Gn 18,12). Estes são outros tantas alusões ao nome de Isaac, forma abreviada de Yshq-El, que significa “Que Deus sorria; que seja favorável”. 

O sorriso/riso de Abraão expressa uma certa incredulidade diante da enormidade da promessa. Trata-se de um sorriso/riso que nasceu do contraste: velhice, de um lado, e a promessa de ter filho, do outro lado. No entanto, o sorriso/riso de Abraão já é uma alegria diante da maravilhosa realidade da promessa de Deus. O sorriso/riso de Sara não é carência de fé já que ela não conhece a identidade do hóspede que lhe fala. Esta anciã mulher não faz mais que divertir-se um pouco diante daquela promessa que ela considera como um desejo vão e irrealizável. No entanto, não está muito segura deste seu sorriso/riso, posto que prontamente mentiria para desculpar-se (Gn 18,15). 

Quando a promessa de Deus se cumpriu (nascimento de Isaac), o sorriso/riso de Sara se converte em um amplo riso de alegria: “E disse Sara: ‘ Deus me deu motivo de riso, todos os que o souberem, rirão comigo’” (Gn 21,6). 

É simplesmente divertido ou realmente gozoso: o sorriso/riso nasce, em qualquer caso, do contraste entre a conduta de Deus e nossas previsões humanas. Deus é sempre, para nós, inesperado, surpreendente, maravilhoso. Por isso, temos que manter nossa fé em Deus independentemente da situação em que nos encontramos. Deus é o Criador do riso e da alegria. Em Deus encontramos a razão profunda de nossa alegria mesmo que nos encontramos numa situação, aparentemente, sem saída. Isaac significa riso/sorriso. É Deus quem causa este riso/sorriso segundo as palavras de Sara (Cf. Gn 21,6).

Jesus se manifesta como o verdadeiro objeto da promessa feita ao patriarca, a verdadeira causa de sua alegria, o Isaac espiritual quando diz: “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu Dia. Ele o viu e encheu-se de alegria” (Jo 8,56). O “Dia de Jesus” é seu advento; Jesus se apropria deste modo uma expressão reservada a Deus no AT: “o Dia de Yahve/Javé”.

Abrão viu “o Dia de Jesus” em um acontecimento profético “de longe” como diz o autor da Carta aos Hebreus: “Na fé, todos estes morreram, sem ter obtido a realização da promessa, depois de tê-la visto e saudado de longe, e depois de se reconhecerem estrangeiros e peregrinos nesta terra” (Hb 11,13). “O acontecimento” aqui é visto, sem dúvida, o nascimento de Isaac, visto que o riso de Abraão por ocasião do nascimento de Isaac foi interpretado pela tradição judaica como um sinal de grande alegria. Jesus, portanto, faz fluir a "alegria messiânica" aqui para a sua pessoa. 

De tudo que foi falado na Primeira Leitura, aprendemos que Deus nos visita misteriosamente diariamente. Saber descobri-lo nos peregrinos, nas pessoas ou nos acontecimentos é uma arte e uma sabedoria da fé cristã. Nós também ficaremos surpresos como Abraão quando ouvirmos: "Tive fome e você me deu de comer" (Cf. Mt 25,31-46), porque Jesus agora se aproxima de nós na pessoa do nosso próximo, especialmente nas pessoas necessitadas. 

Por outro lado, Deus parece ter um gosto particular em escolher para sua obra salvadora pessoas fracas, casais idosos e estéreis: a mãe de Sansão, a mãe de Samuel, a mãe de João Batista e aqui, Sara. Mas ele pede a essas pessoas uma atitude de entrega e fé total. Portanto, por mais fracas que sejam as forças humanas nessas pessoas, Deus faz grandes coisas nela. 

Por isso, o Salmo Responsorial de hoje nada mais é do que o Magnificat de Maria de Nazaré, que louva a Deus e recorda a promessa feita a Abraão: A minh’alma engrandece ao Senhor, e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador, pois, ele viu a pequenez de sua serva, eis que agora as gerações hão de chamar-me de bendita. O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome. Seu amor, de geração em geração chega a todos que o respeitam. De bens saciou os famintos e despediu, sem nada, os ricos. Acolheu Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido aos nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre” (Lc 1,46ss).

Um “Pagão” Que Tem Fé Em Deus

Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado”. Segundo Mateus, o primeiro milagre operado por Jesus, que é a cura do leproso, foi para um membro do povo de Deus. O segundo milagre foi em favor de um pagão. Tudo é um programa. O movimento missionário da Igreja já está presente nesse segundo milagre. A salvação de Deus não está reservada para uns poucos. Deus ama a todos os homens; seu amor rompe as barreiras que levantamos entre nós. Jesus fez seu segundo milagre em favor de um oficial romano, em favor de um pagão. E os romanos eram mal vistos pelo Povo eleito.                 

Senhor, meu empregado está de cama, paralitico”. O oficial romano não pertence a uma Igreja ou a uma religião, ou ao Povo eleito, porém se comporta como um verdadeiro homem de Deus. Ele se comporta muito humano com os outros, especialmente com aquele que no olhar da sociedade não tem importância para se tratar daquela maneira. Por isso, esse oficial romano é um verdadeiro e autêntico homem de Deus. O homem de Deus trata o outro de maneira humana, pois o outro é o filho de Deus, templo do Espírito Santo (cf. 1Cor 3,16-17). Por essa razão, podemos encontrar os cristãos em qualquer religião, crença ou grupo, pois “Vós os reconhecereis pelos seus frutos” (Mt 7,16.20). Com efeito, o paganismo não depende da pertença ou não a uma religião. O paganismo depende do modo de viver e de se comportar com os demais homens. Por isso, um cristão pode ser um pagão por causa do seu modo de viver não cristão. E aquele que se diz pagão pode ser um verdadeiro cristão se ele comportar-se como o oficial romano que se preocupa com o bem do outro e acredita no poder de Deus. Em outras palavras, existem os cristãos pagãos como existem também os pagãos cristãos a partir do modo de viver e de conviver.                 

Ao atender esse oficial “pagão” Jesus quer nos mostrar que ele não aceita nossas divisões, nem nossos racismos nem nossas discriminações. O coração de cada seguidor de Jesus deve ser universal e missionário, como o próprio coração de seu Mestre, Jesus Cristo. E cada cristão deve reconhecer e aceitar com facilidade qualquer pessoa do bem, independentemente de sua crença.                 

Senhor, meu empregado está de cama, paralitico”. A oração desse homem serve de exemplo para nós. Ele expõe simplesmente a situação; descreve a doença. E o mais notável é que ele pede em favor do outro, de seu empregado. É uma oração de intercessão. Será que eu rezo somente por mim mesmo e somente pela minha família? Será que tem lugar na minha vida uma oração de intercessão? Será que eu rezo pelos outros, especialmente pelos necessitados e por aqueles dos quais não gosta de mim ou por aqueles das quais eu não gosto? (Cf. Mt 5,43-47). 

O Senhor sente em todo caso o grito de sofrimento, apesar de o doente não estar presente. O Senhor não é insensível. Sua reação é imediata: "Vou curá-lo". Mas é impressionante a profunda humildade desse oficial ao dizer a Jesus: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado”. Este pagão é muito consciente de que a lei judaica o recusa por ser pagão. Ele não quer pôr Jesus em uma situação de “impureza legal”. Por isso, ele quer evitar que Jesus entre em sua casa. “Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado“, diz o oficial a Jesus. Este homem valoriza a Palavra de Jesus, porque a Palavra de Deus está cheia de autoridade e de poder. O que interessa ao evangelista Mateus é algo muito distinto: a força da Palavra de Jesus que atua ou opera em quem crê.

O oficial romano estava muito seguro do poder de Jesus, e por isso, ele disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado”. Ele olha para Jesus como quem tem autoridade em Sua palavra, pois entende que a enfermidade e o mal têm que obedecer a Ele assim como os soldados obedecem ao seu general: “Pois eu também sou subordinado e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: ‘Vai!’, e ele vai; e a outro: ‘Vem!’, e ele vem; e digo a meu escravo: ‘Faze isto!’, e ele faz”. Para ele, Jesus Cristo é um grande “general” de todas as forças do universo. É uma maravilhosa comparação. O mais maravilhoso ainda é o tamanho da fé desse oficial romano.

Pela fé na Sua Palavra Jesus elogia esse homem: “Em verdade, vos digo: em ninguém em Israel encontrei tanta fé”. É a fé de quem se considera pagão, mas se comporta como um verdadeiro cristão. Jesus põe em contraste a incredulidade dos seus contemporâneos judeus com a fé do pagão: “Em verdade, vos digo: em ninguém de Israel encontrei tanta fé”. O tamanho da fé do “pagão” não se encontra no meio do Povo eleito. A fé que se encontra no “pagão” não se encontra naqueles que se dizem fieis ou crentes.  O “pagão” ensina o crente a acreditar na Palavra de Deus, pois ela é eficaz. É uma grande ironia! A fé que Jesus exige é um impulso de confiança e de abandono pelo qual o homem renuncia a apoiar-se em seus pensamentos e em suas forças para abandonar-se à Palavra e ao poder de Aquele em quem acredita. 

Antes de receber o Corpo do Senhor na comunhão, repetimos a frase desse oficial romano: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha morada. Dize uma só palavra, serei salvo”. A Eucaristia quer curar nossas debilidades. O próprio Senhor Jesus se faz nosso alimento e nos comunica sua vida: “O Pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo. Quem come minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna” (Jo 6,51.54). A vida de Cristo que recebemos na comunhão deve transformar nossa vida em vida para os demais homens. O oficial romano nos ensina a nos preocuparmos com o bem do outro e a crermos no poder eficaz da Palavra de Deus.

P.Vitus Gustama, SVD

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