terça-feira, 1 de junho de 2021

Quinta-feira Da X Semana Comum, 10/06/2021

A HUMILDADE TORNA-NOS JUSTOS DIANTE DE DEUS E DIANTE DOS HOMENS

Quinta-Feira da X Semana Comum

Primeira Leitura: 2Cor 3,15–4,1.3-6

Irmãos, 3,15 até o dia de hoje, quando os israelitas leem os escritos de Moisés, um véu cobre o coração deles. 16 Mas, todas as vezes que o coração se converte ao Senhor, o véu é tirado. 17 Pois o Senhor é o Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade. 18 Todos nós, porém, com o rosto descoberto, contemplamos e refletimos a glória do Senhor e assim somos transformados à sua imagem, pelo seu Espírito, com uma glória cada vez maior. 4,1 Não desanimamos no exercício deste ministério que recebemos da misericórdia divina. 3 E se o nosso evangelho está velado, é só para aqueles que perecem que ele está velado. 4 O deus deste mundo cegou a inteligência desses incrédulos, para que eles não vejam a luz esplendorosa do evangelho da glória de Cristo que é a imagem de Deus. 5 De fato, não nos pregamos a nós mesmos, pregamos a Jesus Cristo, o Senhor. Quanto a nós, apresentamo-nos como servos vossos, por causa de Jesus. 6 Com efeito, Deus que disse: “Do meio das trevas brilhe a luz”, é o mesmo que fez brilhar a sua luz em nossos corações, para tornar claro o conhecimento da sua glória na face de Cristo. 

Evangelho: Mt 5,20-26

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 20 “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. 21 Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22 Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: ‘patife!’ será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de ‘tolo’ será condenado ao fogo do inferno. 23 Portanto, quando tu estiver­es levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. 25 Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26 Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.

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Tirar o Véu Que Cobre o Coração Para Enxergar Melhor As Maravilhas De Deus

Todas as vezes que o coração se converte ao Senhor, o véu é tirado. Pois o Senhor é o Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade”, escreveu são Paulo aos Coríntios que lemos na Primeira Leitura. 

Continuamos a acompanhar a leitura da Segunda Carta de são Paulo aos Coríntios. Na Primeira Leitura lemos que São Paulo continua comparando o AT com o NT para colocar em destaque a superioridade de Jesus Cristo sobre Moisés e a importância do ministério que tem os Apóstolos do NT. 

Desta vez a palavra chave é “véu”. São Paulo utiliza aqui um argumento compreensível para os judeus que o atacavam. “... até o dia de hoje, quando os israelitas leem os escritos de Moisés, um véu cobre o coração deles”. Na Bíblia Moises se apresenta descendo do Sinai coberto com um véu para ocultar o esplendor de seu rosto luminoso pelo contato de Deus (Cf. Ex 33,29-35). São Paulo tira disso outra conclusão: os judeus estão sempre sob esse véu, porque é escuro seu entender sobre a Palavra de Deus. Somente Cristo permite interpretar totalmente o Antigo Testamento. Somente em Cristo se compreendem a Escritura e a história, pois somente Cristo pode tirar o véu: “Até o dia de hoje, quando os israelitas leem os escritos de Moisés, um véu cobre o coração deles” (2Cor 3,15).O Senhor é o Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade”, escreveu são Paulo. “O Senhor é espirito” significa, neste contexto, que somente no Senhor se produz libertação da letra e da lei (Cf. Gl 5,18). Mas o perigo de incompreensão se pode repetir para o cristão se não se deixar guiar progressivamente pela ação de Cristo, porque há também formas velhas e superadas de conhecer o Senhor: “Todos nós, porém, com o rosto descoberto, contemplamos e refletimos a glória do Senhor e assim somos transformados à sua imagem, pelo seu Espírito, com uma glória cada vez maior” (2Cor 3,18). 

São Paulo teve como estratégia básica de evangelização, durante a vida inteira, toda vez que chegava a um lugar começar sua obra de pregação nas sinagogas, basicamente com um anúncio maravilhoso: “As promessas feitas a nossos pais foram cumpridas em Jesus Cristo, morto e ressuscitado”. Esta estratégia teve resultado duplo. Um grupo, de origem judaica, se resiste duramente diante do anúncio de são Paulo. Outro grupo (de origem pagão) adere ao anúncio de são Paulo.

Por que esta resistência? São Paulo nos fala de um tipo de “Véu”. É algo que não permite ao grupo resistente conhecer a graça de Deus outorga em virtude do sacrifício redentor de Jesus Cristo.

Em que consiste este “Véu”? As palavras do grande Apóstolo Paulo ressoam com firmeza: trata-se de incrédulos cujas inteligências o deus deste mundo cegou: “O deus deste mundo cegou a inteligência desses incrédulos, para que eles não vejam a luz esplendorosa do evangelho da glória de Cristo que é a imagem de Deus.  Mas “Todas as vezes que o coração se converte ao Senhor, o véu é tirado. Pois o Senhor é o Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade”.

A partir do Cristo Ressuscitado, nós cristãos lemos a Escritura com clareza porque Jesus revelou o sentido da história e da vontade de Deus: “’ Do meio das trevas brilhe a luz’, é o mesmo que fez brilhar a sua luz em nossos corações, para tornar claro o conhecimento da sua glória na face de Cristo”.

Quem tem diante dos olhos um “Véu”, quem tem um “Véu” no coração: o véu do materialismo, o véu de interesse egoísta, o véu de rancor e de ressentimento é incapaz de enxergar o sentido da vida e a maravilha da convivência fraterna no espírito do Senhor Ressuscitado. Mas como são Paulo para com os Coríntios, nós cristãos de hoje devemos ser luz para os demais. Não se trata apenas de palavras e discursos. Assim como Cristo era “imagem de Deus”, nós cristãos devemos “refletir a glória do Senhor e nos transformar em Sua imagem com esplendor crescente. Tudo isso acontecerá se nossa vida for sinal da salvação de Deus. 

Vamos nos perguntar hoje, se difundimos verdadeiramente a luz de Deus ao nosso redor, se somos reflexos do amor e da alegria de Deus ou se ainda temos muitos “Véus” no nosso coração. 

Ser Justo Diante De Deus e Dos Homens

Se a vossa justiça não for maior que a dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus 

O texto do Evangelho deste dia faz parte do Sermão da Montanha (Mt 5-7). Na passagem do evangelho de hoje Jesus nos disse: “Se a vossa justiça não for maior que a dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus” (Mt 5,20). “O bom é inimigo do ótimo”, dizia São João Bosco. Ser cristão não é somente aquele que deve ser bom e sim deve ser melhor diariamente em tudo ou pelo menos deve se esforçar diariamente para ser melhor do que antes. Para ser melhor o cristão deve ter um coração grande e uma mente aberta e por isso, ele jamais pode cair na rotina. Para ser melhor o cristão tem que ser criativo. Para ser melhor o cristão tem que ser um aluno eterno. Para ser melhor, o cristão precisa ter humildade para a aprendizagem. Para ser melhor o cristão precisa estar atento para o novo. Para ser melhor o cristão precisa se renovar permanentemente. Ser cristão é ser melhor em cada momento e em qualquer lugar, não para superar os demais e sim para viver o cristianismo na sua profundidade. Para o homem ou a mulher que sabe o que quer, que ama seu propósito e seus sonhos ou ideais e não descansa até vê-los realizados, tudo o que espera chegará. “Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor... Seja qual for o seu sonho, comece. Ousadia tem genialidade, poder e magia” (Johann Goethe).

O propósito é um estilo de vida, uma atitude e uma posição que cada cristão deve assumir desde que começa o dia. Viver um dia sem propósito claro significa mais um dia perdido ou jogado fora. Quem não sabe valorizar o tempo, enterra muitas oportunidades. O cristão deve se acostumar a se questionar: Como posso me definir? Que coisas negativas tenho que eliminar? O que de melhor eu tenho? Qual é a minha força? A classificação que nós nos atribuímos é chamada de autoestima. Para podermos alcançar nossas metas, nossos projetos e propósitos temos ter a autoestima. Se nossa autoestima for pobre, teremos dificuldade em conquistar o que é melhor na nossa vida. “Uma pessoa não nasce gênio, torna-se gênio” (Simone de Beauvoir).

O texto do evangelho de hoje inicia com a confrontação entre a justiça dos escribas e dos fariseus e a justiça exigida para os cristãos. É um princípio ético fundamental de Jesus. 

Em que consiste que a justiça dos discípulos é maior do que a dos fariseus e dos escribas? Os discípulos observam até os menores dos mandamentos, enquanto que os escribas e fariseus “omitem as coisas mais importantes: a justiça, a misericórdia e a fidelidade” (Mt 23,23). Os discípulos põem em prática os mandamentos de Deus e ensinam, enquanto que os escribas e fariseus “dizem, mas não fazem” (Mt 23,3).

Se a vossa justiça não for maior que a dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus” (Mt 5,20). Através desta afirmação, que serve de alerta para quem quiser ser cristão, Jesus quer desenvolver o sentido profundo da Lei cristã. Por isso, o olhar se detém primeiramente nos deveres sociais (Mt 5) para passar às obras religiosas (Mt 6).      

No texto de hoje Jesus faz sua reflexão sobre o quinto mandamento do Decálogo: “Não matarás”. Esta lei continua válida, porém Jesus propõe uma interpretação mais exigente desta disposição que abarca não somente as ações ou os atos culpáveis nessa ordem (assassinato), mas também a raiz de onde brotam essas ações ou esses atos: o sentimento e a interioridade do ser humano. A proibição do homicídio inclui na nova interpretação de Jesus a proibição de todo sentimento de ira e animosidade, maledicência, insulto, desprezo contra o irmão. Para Jesus a ira e as palavras ofensivas contra o irmão são equiparadas ao homicídio. De fato, antes de matar um adversário/inimigo com uma arma, ele o mata ou o fere com a palavra que ai do coração. Para Jesus a relação com o irmão adquire uma tal seriedade que com ela se chega a decidir o destino definitivo da pessoa humana diante de Deus. Portanto, Jesus não se limita a condenar quem mata materialmente (fisicamente), mas também quem mata o irmão no coração, que elimina seu irmão da própria vida.     

Logo depois que apresentou a nova formulação da antiga lei, Jesus passa a expor sua concretização em forma de um caso para enfatizar até que ponto essa nova lei deve ser observada. Trata-se de uma explicitação que indica a radicalidade de sua aplicação com a ajuda de um exemplo (cf. Mt 5,23-26). O cristão que se aproxima do Senhor da vida deve reconciliar-se primeiro com o irmão. Não somente quem ofendeu está obrigado a se reconciliar, mas também quem sofreu uma ofensa. Sublinha-se o caráter urgente deste dever diante do qual perde a importância de ter ou de não ter a razão no conflito. Cada um é chamado à superação de qualquer tipo de divisão comunitária que lhe afete.      

Para Jesus a reconciliação é tarefa prioritária: está antes que o culto a Deus, está antes que ir à missa, antes que rezar, porque o projeto de Deus sobre a humanidade é nada mais do que criar um mundo de irmãos onde todos podem chamar a Deus de Pai. É uma sociedade nova onde regem as relações humanas próprias do amor mútuo. Uma oferenda só é agradável a Deus, se, quem a oferece, não guarda, em seu coração, ódio, nem rancor nem ressentimento contra o próximo. A oferenda a Deus seria inútil, se o coração do oferente fosse contaminado pela inimizade e o seu relacionamento com alguém estivesse rompido. Trata-se de uma exigência radical que escandalizam até os nossos sentimentos humanos.      

Portanto, convém reconciliar-se, pôr-se de acordo, antes que chegue o momento do juízo definitivo de Deus. Não se esqueça: “O bom é inimigo do ótimo”. Cada um é chamado a caminhar para ver mais e aprender mais a fim de ser melhor em cada instante e lugar. Seja qual for o seu sonho, comece. Ousadia tem genialidade, poder e magia” (Johann Goethe). “Uma pessoa não nasce gênio, torna-se gênio” (Simone de Beauvoir).

P. Vitus Gustama,svd

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