terça-feira, 1 de junho de 2021

Terça-feira Da X Semana Comum, 08/06/2021

É PRECISO SER SINCEROS PARA QUE SEJAMOS SAL E LUZ DO MUNDO

Terça-Feira Da X Semana Do Tempo Comum

Primeira Leitura: 2Cor 1,18-22

18 Deus é testemunha de que quando vos dirijo a palavra, não existe um sim e depois um não. 19 O Filho de Deus, Jesus Cristo, que nós, Silvano, Timóteo e eu, vos temos anunciado, não foi sim e depois não, mas sempre foi sim. 20 Porque todas as promessas de Deus são sim em Jesus. Por isso, é por ele que nós dizemos Amém à glória de Deus. 21 Ora, quem nos confirma a nós e a vós em Cristo, e nos consagrou, é Deus. 22 Ele nos marcou com o seu selo e deu aos nossos corações o penhor do Espírito.

Evangelho: Mt 5,13-16

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 13 “Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens.14 Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. 15 Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim num candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. 16 Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus”.

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Jesus Cristo É o Sim De Deus Para a Humanidade Que Necessita da salvação

O Filho de Deus, Jesus Cristo, que nós, Silvano, Timóteo e eu, vos temos anunciado, não foi sim e depois não, mas sempre foi sim. Porque todas as promessas de Deus são sim em Jesus”, assim escreveu São Paulo aos Coríntios que lemos na Primeira Leitura.

“Jesus Cristo sempre foi sim(Amém)”. Em hebraico “Amém” ou “Sim” designa a solidez do granito. O “Amém” afirma a fidelidade de Deus e a fé do homem. Esta palavra condensadora da resposta do homem a Deus (Amém) serve de conclusão litúrgica, sobretudo na liturgia eucarística (cf. Rm 16,27; 1Cor 14,16). 

Jesus Cristo sempre foi sim. Porque todas as promessas de Deus são sim em Jesus”. O livro de Apocalipse dará a Jesus o título de “Amém”: “Assim fala o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira, o Princípio da criação de Deus” (Ap 3,14). A aceitação de Jesus pelo “Amém” da fé, obriga o cristão a se manter na fidelidade da opção feito pelo próprio Jesus Cristo. Jesus Cristo, o “Amém” de Deus, é a prova de que suas promessas são inquebrantáveis como uma rocha. Nesta solidez de Cristo podemos nos apoiar para dizer “Sim” ou “Amém” a Deus a exemplo de Jesus Cristo. Quem, pelo Batismo, se converteu em Cristo Jesus é por sua vez um apoio para os outros. O nosso “Amém” ou “Sim” a Deus nos transforma em apoio para os outros como Jesus Cristo que “Não quebrará o caniço rachado, nem apagará a mecha que ainda fumega” (Mt 12,20; cf. Is 42,1-4). Somente em Jesus Cristo a história chega a encontrar seu total sentido: somente n´Ele as antigas promessas ao povo de Israel recebem confirmação definitiva para sempre e para todos os homens. É em Jesus Cristo quando Deus manifestou, com plenitude, que sua misericórdia para os homens é uma realidade, e que Ele é sempre fiel a sua palavra. O amor misericordioso sempre acaba por abrir-se caminho. Ele sabe que toda a Igreja é depositória deste amor de Deus. Através da palavra e da ação da Igreja é o amor de Deus que chega ao homem. Por isso, são Paulo pede o amor da comunidade também para aquele que lhe ofendeu. E sabe muito bem que o castigo não pode ser jamais o término definitivo de nenhuma ação da Igreja. Uma Igreja sem misericórdia seria uma Igreja em contradição com a história da salvação.

Somos Chamados a Ser Verdadeiros

Todas as promessas de Deus são sim em Jesus. Por isso, é por ele que nós dizemos Amém à glória de Deus”, escreveu São Paulo aos Coríntios.

No Sermão da Montanha, Jesus disse: “Seja o vosso ‘sim’, sim, e o vosso ‘não’, não. O que passa disso vem do Maligno” (Mt 5,37).  Devemos ser sinceros por dentro, sinceros com nós mesmos antes de podermos conhecer uma verdade que está fora de nós”, dizia Thomas Merton. O compromisso com a verdade é poderoso e enaltece o espirito. A integridade não é uma característica inata. Ela é resultado da autodisciplina, confiança interior e decisão de ser incansavelmente  honesto nas reações a todas as situações cotidianas. Reconhecemos prontamente essa qualidade nas outras pessoas e alimentamos esperanças de adquiri-la. As decisões, as escolhas se tornam mais fáceis  quando nos comprometemos a seguir o curso de total honestidade.

A mentalidade moderna ou qualquer pessoa honesta e verdadeira manifesta uma sede de sinceridade como nunca: a psicologia e a sociologia desmascaram falsas verdades consideradas até agora como tabus, a arte tende à maior simplicidade, a opinião pública condena menos a falta ou o erro do que a hipocrisia ou a não-autenticidade de uma pessoa ou de um sistema. A mentalidade moderna, ou uma pessoas honesta, não sacrifica nem a sinceridade nem a verdade.

Quando na Igreja há tantas mesquinharias humanas, lutas e invejas, interesses egoístas, falsidades, incompreensão fica difícil para o mundo reconhecer nela a presença de Deus que é a Luz para o mundo (cf. Jo 8,12). Não é difícil encontrarmos muito egoísmo dentro de nós camuflado de “amor ao próximo” que serve apenas para nossas satisfações afetivas só para que nos sintamos bem. Nossa mediocridade se manifesta através da contradição quando os outros não nos dão razão, não nos elogiam ou não dizem o que nos interessa escutar. A incoerência e o vazio se encontram a ponto de se instalar em nós também. Em nome da mediocridade acabamos confundindo Deus com nossa subjetividade ou com nossa confusão mental. 

Se nós decidirmos sair de nossa superficialidade e de nossa mediocridade a fim de sermos pessoas profundas só há um caminho certo: o caminho de amor aos irmãos. Entre os irmãos não há falsidade. O outro é meu irmão. Eu sou irmão do outro. Sou o outro do outro. Quando eu não amo o outro, também não busca sua felicidade. Nisso meu misticismo ou minha aparente santidade é um engano, para dizer é inútil. Um ato de amor é o mais profundo e nobre que qualquer pessoa pode praticar e do qual vive. O amor convence até os céticos e ateus.

Pertencer a Deus É Ser o Sal e a Luz Neste Mundo

Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte”, assim lemos no texto do Evangelho deste dia. 

Depois das bem-aventuranças, Jesus começa seu desenvolvimento sobre o estilo de vida que Ele quer de seus discípulos, ou seja, de todos os cristãos. Hoje Jesus faz três comparações para fazer entender sobre o papel dos cristãos no meio da sociedade: devem ser como o sal, como a luz e como uma cidade construída sobre um monte.

O cristão deve ser como o sal. O sal condimenta e dá gosto à comida (se médico permitir). Serve para evitar a corrupção dos alimentos. E também é símbolo da sabedoria. 

O cristão deve ser como a luz que ilumina o caminho, que responde às perguntas e as dúvidas, que dissipa a obscuridade de tantos que padecem cegueira ou se movem na escuridão. 

E por fim, o cristão deve ser como uma cidade no alto de um monte que guia os que buscam um caminho pelo campo, que ofereça um ponto de referência para a noite e abrigo para os viajantes. É ser uma cidade como Jerusalém que, já de longe, alegra os peregrinos com sua vista ou com seu olhar. 

Estendamos nossa reflexão sobre dois elementos: ser o sal da terra e ser a luz do mundo. 

1. Vós Sois O Sal Da Terra          

Na cultura bíblica o sal é polivalente e tem uma grande função. Ele tempera e conserva os alimentos (Jó 6,6). Ele purifica a água para torná-la potável ou sadia (2Rs 2,19-23). O sal se usava nos pactos como símbolo de sua firmeza e permanência. Por isso, “uma aliança de sal” é uma aliança inviolável (Nm 18,19;2Cr 13,15). Para o povo antigo, o sal também simbolizava a amizade. Por isso, a expressão “comer sal com alguém” significava concluir amizade.  No AT, prescrevia-se que tudo o que se oferecesse a Deus devia estar condimentado com sal para significar o desejo de que a oferenda fosse agradável, principalmente como sinal da permanência da aliança (Lv 2,13). A criança recém-nascida é esfregada com sal não por motivo higiênico, e sim religioso (Ez 16,4).  Além disso, nos tempos antigos, derramava-se sal no terreno inimigo para torná-lo estéril (Jz 9,45; cf. Dt 29,22; Sf 2,9). O sal também é o símbolo de sabedoria e de pureza moral. E não é em vão que nas línguas latinas os vocábulos sabor, saber e sabedoria pertencem à mesma raiz semântica e família linguística. Uma pessoa sem sal é uma pessoa pouco agradável, sem conteúdo. Uma pessoa- sal é aquela que tem muita sabedoria, uma pessoa sensata. No árabe popular, a expressão “homens salgados” designa homens virtuosos, piedosos.       

Vós sois o sal da terra”, diz Jesus aos discípulos. A “terra” aqui é a humanidade inteira, o mundo habitado (cf. Mt 9,6;10,34;12,42;24,30). Acentua-se, assim, o tema querido por Mt da universalidade da missão. Os discípulos de Jesus são o sal que assegura a aliança de Deus com a humanidade (terra) e como o sal é firme e permanente na comida, os discípulos devem ser fiéis ao programa de Jesus. A missão dos discípulos é dar um sentido mais alto a todos os valores humanos, evitar a corrupção, trazer com as suas palavras a sabedoria aos homens. O discípulo é aquele que consegue dar sabor e sentido a tudo aquilo que acontece, difunde uma palavra de sabedoria onde existe dor, e semeia bondade e amor onde existe ódio e rancor. Com a sua presença o discípulo impede que a humanidade se corrompa, não permite que a sociedade seja conduzida por princípios perversos, apodreça e descambe para a ruína.        

Se o sal torna-se insípido... Não serve mais para nada: joga-se fora e é pisado pelas pessoas”.  O povo antigo costumava colocar uma placa de sal nas fornalhas de terra como substância capaz de catalisar o calor. Com o tempo a placa formada por sal ia perdendo sua capacidade catalisadora e então era descartada (nota-se que o texto não diz que o sal perde seu sabor, e sim se desvirtua, pois quimicamente o sal não pode perder seu sabor). Assim acontece com cada discípulo de Jesus. Se aqueles que se chamam cristãos/discípulos de Jesus não forem fiéis aos ensinamentos de Jesus, ao espírito das bem-aventuranças, sem dúvida, merecerão o desprezo dos homens cuja libertação deviam ter colaborado (veja Mt 7,26), e eles serão inúteis, inclusive perigosos e odiosos para os homens. A impropriedade da imagem serve, então, para sublinhar a gravidade daquilo que acontecerá com os discípulos caso eles não vivam segundo o espírito das bem-aventuranças.  Uma comunidade ou um discípulo que, em sua prática, trai a mensagem evangélica perde a razão de existir. A comunidade de discípulos perderá sua identidade como sal, se ela parar de viver no mundo. Consequentemente, o mundo que os discípulos buscam salvar, acabam o destruindo.

Ser o sal da terra é ser seu elemento mais precioso: sem o sal, a terra já não tem razão de ser; com o sal, pelo contrário, a terra pode prosseguir sua vocação e sua história. A Igreja que já não é fiel a si mesma, não só se perde e sim que deixa o mundo sem Salvador. A responsabilidade da Igreja em geral e de cada cristão em particular é dar “sabor” de Deus ao mundo.

2. Vós Sois A Luz Do Mundo 

No AT, Deus é o Criador da luz. Ao criar a luz e dividir o tempo entre luz e trevas, Deus acabou com o primitivo estado de caos (Gn 1,3). A luz é criada por Deus, por isso, ela é um sinal que manifesta visivelmente alguma coisa de Deus. Em outras palavras, a luz é o reflexo da glória de Deus. O Sl 104,2 descreve a luz como vestimenta em que Deus se envolve. Como luz, quando Deus aparece, seu esplendor é semelhante ao dia e das suas mãos saem raios (Hab 3,3s). A luz é, então, a glória ou esplendor de Deus.

No NT a luz é reflexo da divindade. A nuvem luminosa na transfiguração mostra a presença de Deus (Mt 17,5). Deus habita em luz inacessível (1Tm 6,16). Deus é luz (1Jo 1,5). E quem obedece aos seus mandamentos andam na luz (1Jo 1,7). A luz de Deus é vista em Jesus, que é a luz do mundo (Jo 3,19;8,12;9,5;12,35s.46). Jesus é a luz que ilumina todo homem (Jo 1,9) por meio da vida que ele tem dentro de si (Jo 1,4) e brilha para os homens (1Jo 2,8-10). Jesus é também a luz para guiar os pagãos (Lc 2,32). O cristão através de sua participação na luz e na vida de Deus por meio de Jesus, transforma-se em instrumento de luz para aqueles que se acham nas trevas. 

Vós sois a luz do mundo”, diz Jesus aos discípulos. Os discípulos são chamados e enviados para orientar e indicar o caminho no meio da escuridão. A finalidade da missão dos discípulos é a de levar os homens a reconhecerem o Pai. E esse Pai se revela na existência operativa dos que fazem a sua vontade.  Imitando Deus, Pai, no amor por todos, até pelos inimigos, os discípulos se tornam a verdadeira luz para o mundo. Chamados a tornar-se “a luz do mundo”, os discípulos devem fazer tudo para garantir a continuidade da missão de Jesus. Essa luz há de ser percebida: a comunidade cristã e cada cristão não se podem esconder nem viver cerrados em si mesmos. A glória de Deus não mais se manifesta no texto da Lei nem no lugar do templo, mas no modo de agir dos que seguem Jesus. Os discípulos são a luz do mundo à medida que são os reflexos autênticos da vida e do ensinamento de seu Mestre Jesus, e não como os vaga-lumes que só piscam de vez em quando. Os cristãos devem estar bem visíveis e brilhar todos os que se aproximarem deles ou todos os que conviverem com eles. Apesar disso, eles não podem praticar as boas obras para chamar a atenção sobre si, para ser admirados e elogiados. Não é para eles que os homens devem olhar, mas para Deus de Bondade, fonte de todas as boas obras. Os discípulos devem permanecer discretos, pois se a luz bate diretamente nos olhos, somente prejudica, incomoda, irrita e cega.          

Sal e luz são duas coisas que devem ser bem dosadas. O sal dá sabor ao alimento, mas quando excessivo tira-lhe o sabor e faz o paladar provar apenas o dissabor do sal. Acontece mesma coisa com a luz. Precisamos da luz como um dos elementos da sobrevivência. Mas quando a luz é excessiva, pode até cegar, eliminando a capacidade de visão dos olhos. A prática da religião, das virtudes e o bom exemplo, quando mal dosada, pode causar efeito contrário. Se praticarmos as virtudes para criticar os que não as têm e querendo que os outros sejam como nós, nasce, então, a aversão e ainda impede os outros de serem melhores. Mas se as pessoas virem a nossa fé religiosa e a nossa conduta orientadas para a fraternidade e o amor, reconhecer-nos-ão como portadores da luz de Cristo e glorificarão o Pai.

Por isso, devemos nos perguntar se os outros, os colegas, os nossos familiares, ao perceberem as nossas boas obras e veem nelas a luz de Cristo, os levam a glorificar a Deus e os levam a praticar as mesmas? Quem crê verdadeiramente em Jesus se converte em luz para si mesmo e para os outros.

P.Vitus Gustama,SVD

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