quinta-feira, 24 de outubro de 2013

 
CONVERTER-SE PERMANENTEMENTE PARA CRESCER CONSTANTEMENTE


Sábado da XXIX Semana Comum
26 de Outubro de 2013
 
Texto de Leitura: Lc 13, 1-9


1 Naquele tempo, vieram algumas pessoas trazendo notícias a Jesus a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando seu sangue com o dos sacrifícios que ofereciam. 2 Jesus lhes respondeu: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? 3 Eu vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo. 4 E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? 5 Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”. 6 E Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi até ela procurar figos e não encontrou. 7 Então disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?’ 8 Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. 9 Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás’”.
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Continuemos a ouvir atentamente as últimas e mais importantes lições de Jesus no seu caminho para Jerusalém (Lc 9,51-19,28).


No dia anterior o evangelista Lucas nos relatou a exortação de Jesus sobre a importância do discernimento sobre os sinais dos tempos para perceber neles o querer de Deus para nossa salvação. Para isso é preciso ter um coração limpo. Por isso, em seguida, Jesus nos dá a lição sobre a importância da conversão permanente, a lição no evangelho de hoje, para que a vontade de Deus fique nítida na nossa visão diária. A conversão não implica apenas a mudança de pensamento (metanoia), mas uma mudança radical de direção do próprio caminho que se vive na experiência cotidiana. A conversão é abertura constante para o futuro do Reino que se experimenta antecipadamente, embora não seja completo ainda.


A existência humana na história não é eterna. Um dia o homem partirá deste mundo. Mas o momento dessa partida é incerto ou desconhecido. O fato de não conhecermos o momento em que a morte virá, nos leva à conversão diariamente. O tempo da salvação e o da conversão se encontram na nossa história. Não procuremos a salvação fora da história. Cada momento é kairós, isto é, o momento de Deus, e por isso, é o momento de salvação que precisamos saber usá-lo para nosso bem. A resistência à conversão nos torna excluídos do Reino de Deus. Alem disso, do ponto de vista humano, viver sem a conversão paralisa nosso crescimento e nos torna cruzes para os demais. Os erros não corrigidos é uma forma de cometer outros erros.


 “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? Eu vos digo que não. E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? Eu vos digo que não”, assim nos disse o Senhor hoje.


Para o pensamento na época de Jesus não há culpa sem castigo. Se há grandes catástrofes é porque há grandes pecados. Qualquer doença é a conseqüência do pecado cometido. É uma maneira fácil de justificar-se e de calar a consciência. Será que ainda encontramos este tipo de pensamento na nossa época?


Em vez de seguir esse pensamento, Jesus opta por outro caminho. Trata-se de um apelo permanente para a conversão: “Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”, disse Jesus.


A conversão é polivalente. Em sentido geral indica mudança de vida; deixar o comportamento habitual de antes para empreender outro novo; prescindir da busca egoísta de si mesmo para colocar-se a serviço do Senhor que se traduz no amor fraterno. Conversão é toda decisão ou inovação que de alguma forma nos aproxima da vida divina e nos torna mais próximos para com os outros.
    

Na Bíblia, a noção básica da conversão é a mudança. Envolve voltar-se do pecado, da morte e das trevas para a graça, a nova vida e luz. A ação dual de voltar-se sempre leva a pessoa a um novo nível de existência humana. É uma mudança total do próprio modo de pensar e de agir, uma renovação total e integral do eu. É um abandono total em Deus. Somente abandonando-se a Deus a ponto de se deixar transformar inteiramente por Ele e permanecer amistosamente abraçado com Ele. O móvel da conversão não é tanto a ameaça de castigo ou de perder a salvação, quanto a fascinação de penetrar na vida do amor trinitário divino. A conversão conduz as pessoas juntas à maturidade espiritual, que se reflete em sua aversão ao mal e sua atração pelo bem. Um aspecto da conversão específico do NT é estar intimamente ligado à pessoa de Jesus Cristo, em quem o Reino se realiza. A conversão é realidade cristológica. É união com o corpo de Cristo e íntimo conhecimento pessoal de Jesus Cristo como Senhor ressuscitado e Salvador. Esta conversão total não pode ser obra do homem; é tarefa que supõe dom e graça. Só pode realizar-se como participação do mistério pascal de Cristo. A conversão só se realiza na fé; propõe-se como resposta ao chamado de Deus, como correspondência à graça redentora.
               

A conversão envolve mudanças internas (de atitude) e externas (comportamentais) na vida. A autêntica conversão cristã nunca está separada de ações concretas que espelham a realidade interior mudada. Assim, a conversão sempre leva a algum aspecto de responsabilidade e justiça sociais.
            

A conversão é crescimento contínuo; não é um acontecimento instantâneo, pontual e de uma vez por todas; não é uma carreira acabada, mas que constitui um crescimento sem interrupção e ascendente. Por mais decidida que seja a entrega de um cristão ao Reino, ela tenderá sempre a ser precária. De um coração convertido aos valores do Reino e do Evangelho se seguirão naturalmente os frutos visíveis de uma conversão que atinge a realidade da vida.
          

Jesus quer nos libertar dessa concepção que por um lado, impede-nos de enfrentar as verdadeiras causas dos males que ocorrem conosco ou na sociedade, remetendo-os a demônio para desviar alguém da própria responsabilidade ou a uma espécie de fatalidade que nos leva a nos afundarmos na passividade. Por outro lado, Jesus quer nos apresentar a imagem do Deus de amor e de vida e não um Deus de castigo.  Pecar é não dar fruto, não produz nada pelo bem da humanidade ou dos outros. Esta é a mensagem da parábola da figueira estéril. Esse Deus que Jesus nos apresenta espera com paciência, até o último minuto de nossa vida, os bons frutos que produzimos.
    

Para os ouvintes de Jesus era familiar a imagem da figueira infértil, para indicar o comportamento infiel do povo de Deus (cf. Jr 8,13;Mq 7,1). Mas esta imagem é atual para nós. A parábola da figueira estéril revela-nos um Deus paciente e bondoso conosco. Mas ele é paciente para esperar que produzamos bons frutos para o Seu Reino. Perante tamanho amor para com a vinha e para com a pobre figueira, somos convidados a responder e corresponder produzindo bons frutos para uma convivência mais fraterna.  É necessário que a parábola seja aplicada para nós individualmente e como uma comunidade cristã ou Igreja. Uma Igreja, uma comunidade que não der frutos perde razão de ser. Mas Deus continua esperando, pois para Deus nada é impossível (cf. Lc 1,36-37). Sempre espera com toda esperança.

P. Vitus Gustama,svd

Um comentário:

Unknown disse...

A graça de Deus, em Jesus Cristo é fonte de água viva e eterna.
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Abraços Fraternos

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