SER ANUNCIADOR DA VIDA
RESSUSCITADA E VITORIOSA
Segunda-Feira da I Semana da Páscoa
21 de Abril de 2014
Evangelho: Mt 28,8-15
Naquele tempo, 8as
mulheres partiram depressa do sepulcro. Estavam com medo, mas correram com
grande alegria, para dar a notícia aos discípulos. 9De repente,
Jesus foi ao encontro delas, e disse: “Alegrai-vos!” As mulheres
aproximaram-se, e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés. 10Então Jesus disse a elas: “Não tenhais medo. Ide anunciar a meus
irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”. 11Quando
as mulheres partiram, alguns guardas do túmulo foram à cidade, e comunicaram
aos sumos sacerdotes tudo o que havia acontecido. 12Os sumos
sacerdotes reuniram-se com os anciãos, e deram uma grande soma de dinheiro aos
soldados, 13dizendo-lhes: “Dizei que os discípulos dele foram
durante a noite e roubaram o corpo, enquanto vós dormíeis. 14Se o
governador ficar sabendo disso, nós o convenceremos. Não vos preocupeis”. 15Os
soldados pegaram o dinheiro, e agiram de acordo com as instruções recebidas. E
assim, o boato espalhou-se entre os judeus, até o dia de hoje.
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Estamos na festa da ressurreição.
Através da ressurreição de Jesus, Deus quer nos dizer que quem ama, acaba
sempre vencendo, como Jesus; que não fomos feitos para as lágrimas com tristeza
sem fim, pois somos chamados à vida ressuscitada. Que a morte não destrói nossa
vocação de vida plena, pois Jesus venceu a morte. A ressurreição é a morte da
própria morte (cf. 1Cor 15,55). Que a fé em Jesus Cristo não é absurda. Que o
testemunho da comunidade primitiva é verdadeiro. Que nós temos um futuro com
Deus desde que vivamos de acordo com os ensinamentos de Jesus.
Hoje através do evangelho lido
neste dia escutamos a voz do ressuscitado. São três palavras de futuro que vão
ser repetidas com acentos diversos durante os próximos dias:
1. “Alegrai-vos”.
A alegria é um sinal de harmonia
interior, de equilíbrio e saúde psicológica. “A alegria é sinal inequívoco de
que a vida triunfa” (Henri Bérgson). Isto nos indica também que a falta de
alegria é sinal de que a vida está bloqueada.
A alegria é um “sim” espontâneo para a vida que brota de dentro de nós;
é um sim para aquilo que somos.
“Alegrai-vos!”. O convite de Jesus à
alegria não é um conselho e sim uma ordem para ser cumprida. Na verdade, toda a
mensagem de Jesus é uma mensagem de alegria. A alegria do Evangelho é o próprio
Jesus crucificado-ressuscitado em que Deus se mostra como Aquele que nos ama
apesar de tudo. A alegria do homem é a alegria de Deus.
No meio de nossas tristezas, o
Ressuscitado nos chama à alegria. A nossa alegria consiste em ter certeza de
que com Jesus tudo termina na vitória, na ressurreição apesar de tudo. Temos
muita necessidade de estar conscientes desta certeza. A alegria tem uma relação
com o amor. Nossa alegria correra como um riacho enquanto não deixarmos secar
sua fonte, que é o amor.
Alegria! Este é o grito que
atravessa os séculos e cruza continentes e fronteiras. Alegria, porque Jesus
crucificado ressuscitou e o homem começa a ter um futuro seguro em e com Deus. Alegria
para as crianças que acabam de nascer para começar sua jornada de vida, e para
os anciãos que se perguntam para onde vão seus anos; alegria para os que rezam
na paz das igrejas e para os que cantam nas discotecas; alegria para os
solitários que consomem sua vida no silêncio e para os que gritam seu gozo na
cidade.
2. “Não tenhais medo”.
Sentir medo não é errado porque
somos criaturas expostas a perigos e ameaças. Os nossos medos são um sinal de
alarme que podem nos ajudar a evitarmos o perigo. O imprudente suprime o medo e
se atira inutilmente ao perigo. O covarde teme tudo, se paralisa e não se
atreve a correr nenhum risco. O homem sadio sabe usar seus medos para agir
prudentemente. Aqueles que, para educar e governar, despertam o medo, não
educam nem governam; submetem.
Não há nada que nos paralise mais
do que o medo. Muitas vezes somos dominados pelo medo. Quem pode nos transmitir
a confiança da qual necessitamos? Somente o Ressuscitado: “No mundo vocês
terão tribulações, mas tenha coragem: eu venci o mundo” (Jo 16,33b). Quando
colocarmos nosso medo nas mãos de Jesus Ressuscitado, nos tornaremos mais
prudentes do que paralisados: “Sejam prudentes como as serpentes, mas simples
como as pombas” (Mt 10,16). A prudência é a capacidade de ver, de
compenetrar-se e de ajustar-se à realidade. Segundo sua origem latina a palavra
“prudência” (prudens-entis) significa precavido, competente. A prudência
oferece a possibilidade de discernir o correto do incorreto, o bom do mau, o
verdadeiro do falso, do sensato do insensato, para guiar o bom rumo de nossas
ações. O homem sábio é sempre guiado pela prudência.
3. “Ide anunciar...”.
A ressurreição inaugura uma
urgência. Acomodados em nossas seguranças de sempre significa que cavamos nossa
própria tumba. Quando nos pomos em caminho, a força do Ressuscitado nos
restaura.
O evangelho nos relatou que diante
do Ressuscitado as mulheres se prostraram reconhecendo a divindade em Jesus.
Prostrar-se significa adorar. Jesus transformou essas mulheres em anunciadoras
da Boa Noticia da ressurreição. Isto significa que a adoração e a missão, a
oração e o anúncio são uma moeda de dois lados, sempre andam de mãos dadas.
Aquele que adora a Deus deve ser ao mesmo tempo um anunciador e parceiro da
Palavra de Deus, do bem, seja através de palavras, seja através do modo de
viver, seja através das boas obras. Sejamos missionários da vida ressuscitada e
vitoriosa. Não tenhamos medo das cruzes, pois a vitória já está anunciada
antecipadamente. Estar consciente disso significa não faltará força para lutar
até o fim em nome da vida que é o próprio Deus (Jo 11,25; 14,6).
P. Vitus Gustama,svd
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