VITÓRIA DA VIDA SOBRE A
MORTE
V DOMINGO DA QUARESMA DO ANO “A”
06 de Abril de 2014
Primeira Leitura: Ez 37,12-14
12Assim fala o Senhor Deus: “Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel; 13e quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor. 14Porei em vós o meu espírito, para que vivais e vos colocarei em vossa terra. Então sabereis que eu, o Senhor, digo e faço — oráculo do Senhor”.
Irmãos: 8Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. 9Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós. Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. 10Se, porém, Cristo está em vós, embora vosso corpo esteja ferido de morte por causa do pecado, vosso espírito está cheio de vida, graças à justiça. 11E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós, então aquele que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que mora em vós.
Evangelho: Jo 11,1-45
Naquele tempo: 1 Havia um doente,
Lázaro, que era de Betânia, o povoado de Maria e de Marta, sua irmã. 2 Maria
era aquela que ungira o Senhor com perfume e enxugara os pés dele com seus
cabelos. O irmão dela, Lázaro, é que estava doente. 3 As irmãs mandaram então
dizer a Jesus: 'Senhor, aquele que amas está doente.' 4 Ouvindo isto, Jesus
disse: 'Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que
o Filho de Deus seja glorificado por ela.' 5 Jesus era muito amigo de Marta, de
sua irmã Maria e de Lázaro. 6 Quando ouviu que este estava doente, Jesus ficou
ainda dois dias no lugar onde se encontrava. 7 Então, disse aos discípulos: 'Vamos
de novo à Judéia.' 8 Os discípulos disseram-lhe: Mestre, ainda há pouco os
judeus queriam apedrejar-te, e agora vais outra vez para lá?' 9 Jesus
respondeu: 'O dia não tem doze horas? Se alguém caminha de dia, não tropeça,
porque vê a luz deste mundo. 10 Mas se alguém caminha de noite, tropeça, porque
lhe falta a luz'. 11 Depois acrescentou: 'O nosso amigo Lázaro dorme. Mas eu
vou acordá-lo.' 12 Os discípulos disseram: 'Senhor, se ele dorme, vai ficar
bom.' 13 Jesus falava da morte de Lázaro, mas os discípulos pensaram que
falasse do sono mesmo. 14 Então Jesus disse abertamente: 'Lázaro está morto. 15
Mas por causa de vós, alegro-me por não ter estado lá, para que creiais. Mas
vamos para junto dele'. 16 Então Tomé, cujo nome significa Gêmeo, disse aos companheiros:
'Vamos nós também para morrermos com ele'. 17 Quando Jesus chegou, encontrou
Lázaro sepultado havia quatro dias. 18 Betânia ficava a uns três quilômetros de
Jerusalém. 19Muitos judeus tinham vindo à casa de Marta e Maria para as
consolar por causa do irmão. 20 Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi
ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa. 21 Então Marta disse a Jesus:
'Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. 22 Mas mesmo
assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele to concederá.' 23 Respondeu-lhe
Jesus: 'Teu irmão ressuscitará.' 24 Disse Marta: 'Eu sei que ele ressuscitará
na ressurreição, no último dia.' 25 Então Jesus disse: 'Eu sou a ressurreição e
a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. 26E todo aquele que vive e
crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?' 27 Respondeu ela: 'Sim, Senhor, eu
creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo.'
28 Depois de ter dito isto, ela foi chamar a sua irmã, Maria, dizendo baixinho:
'O Mestre está aí e te chama'. 29 Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa
e foi ao encontro de Jesus. 30Jesus estava ainda fora do povoado, no mesmo
lugar onde Marta se tinha encontrado com ele. 31 Os judeus que estavam em casa
consolando-a, quando a viram levantar-se depressa e sair, foram atrás dela,
pensando que fosse ao túmulo para ali chorar. 32 Indo para o lugar onde estava
Jesus, quando o viu, caiu de joelhos diante dele e disse-lhe: 'Senhor, se
tivesses estado aqui, o meu irmão não teria morrido.' 33 Quando Jesus a viu
chorar, e também os que estavam com ela, estremeceu interiormente, ficou
profundamente comovido, 34 e perguntou: 'Onde o colocastes?' Responderam: 'Vem
ver, Senhor.' 35 E Jesus chorou. 36 Então os judeus disseram: 'Vede como ele o
amava!' 37 Alguns deles, porém, diziam: 'Este, que abriu os olhos ao cego, não
podia também ter feito com que Lázaro não morresse?' 38 De novo, Jesus ficou
interiormente comovido. Chegou ao túmulo. Era uma caverna, fechada com uma
pedra. 39 Disse Jesus: 'Tirai a pedra'! Marta, a irmã do morto, interveio:
'Senhor, já cheira mal. Está morto há quatro dias.' 40 Jesus lhe respondeu:
'Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?' 41 Tiraram então a
pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: 'Pai, eu te dou graças
porque me ouviste. 42 Eu sei que sempre me escutas. Mas digo isto por causa do
povo que me rodeia, para que creia que tu me enviaste.' 43 Tendo dito isso,
exclamou com voz forte: 'Lázaro, vem para fora!' 44 O morto saiu, atado de mãos
e pés com os lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano. Então Jesus lhes
disse: 'Desatai-o e deixai-o caminhar!' 45 Então, muitos dos judeus que tinham
ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele.
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Ressurreição e Retorno À Vida
A ressurreição (reanimação/retorno à vida) de Lázaro
é o sétimo sinal realizado por Jesus no Evangelho de João. A “reanimação” /o retorno
de Lázaro à vida é o último e maior dos “sinais” realizados pelo Jesus
joanino. O retorno de Lázaro à vida é o
mais alto dos sinais (milagres) porque aqui não se trata da cura de uma doença,
mas da “ressurreição” de um morto que já havia sido enterrado há quatro dias.
Estamos, sem dúvida nenhuma, diante do sinal mais importante, porque ele toca o
cerne da fé, já que mostra a vitória da vida sobre a morte, a última inimiga (cf.
1Cor 15,26). Este último sinal ocupa o centro do evangelho de João. Ele encerra
o Livro dos sinais (a primeira parte
do evangelho de Jo: Jo 1,19-12,50) e abre o Livro da glória (a segunda parte do evangelho de Jo: Jo 13,1-20,29).
Nota-se facilmente um crescendo destes sinais que
vai desde o primeiro até o último sinal. Neste sétimo ou último sinal alcançam
os sinais sua cota mais elevada. O primeiro sinal tem como base os elementos
materiais, água e vinho,(Jo 2,1-11); o segundo acentua a cura a distância(Jo
4,46-54); o terceiro insiste na infusão de uma vida nova no organismo paralisado(Jo
5,1ss); no quarto e no quinto vem a
continuação a saciedade da fome profunda do homem por aquele que se apresenta
como “Eu Sou”(Jo 6); no sexto, põe-se em cena a iluminação da existência
humana, em que Jesus se autodefine como Luz(Jo 9,1ss) para chegar à proclamação
da vida sobre a morte(sétimo sinal), a vitória da vida sobre a morte(Jo
11,1ss), “o último inimigo a ser derrotado”(1Cor 15,26).
Muitos autores concordam que neste sétimo sinal não
se trata da ressurreição, mas de “reanimação de Lázaro” ou de “retorno” de
Lázaro à vida”, pois ele, de fato, apenas volta à vida terrena, e já deverá
morrer de novo (leia também outros relatos similares: 1Rs 17,17-24: Elias reanima o filho da viúva de Sarepta;
2Rs 4,18-37: Eliseu reanima o filho da
Sunamita; Mc 5,22-43 par.: Jesus
reanima a filha de Jairo; Lc
7,11-17: Jesus reanima o filho da viúva
de Naim; At 9,36-42: Pedro reanima a
Tabita; 20,9ss: Paulo reanima Eutico).
O termo “ressurreição” é impróprio usado neste
relato porque, segundo o dado bíblico, é reservado à passagem da morte ocorrida
para a vida que não mais termina; não pode designar a volta à vida deste mundo.
Teologicamente, a ressurreição é um fato definitivo.
Neste relato percebe-se a fé das comunidades
joaninas em Jesus que é a Ressurreição e a Vida. Por trás do relato da
“ressurreição” de Lázaro está a primitiva fé pascal dos cristãos, a confissão
de fé no Ressuscitado e em sua presença permanente na Igreja e a participação
dos cristãos na ressurreição pela fé no Ressuscitado. A ressurreição de Jesus
é, por isso, a pedra angular de toda a fé cristã (leia 1Cor 15).
O que é proposto pelo evangelista João ao leitor, ao
apresentar esse episódio, não é crer em Jesus grande taumaturgo, e sim crer em
Cristo que é para todos os homens “a ressurreição e a vida”, e que ele o é por
sua própria passagem pela morte. Jesus em pessoa é a ressurreição e a vida. Ele
é quem dá a vida eterna àqueles que crêem nele. A vida que ele dá, então, não é
a vida humana comum; é a vida de Deus, a vida eterna, transmitida no presente
aos crentes que aceitam Jesus, o Cristo, o Filho de Deus (cf. Jo 20,31; veja também Jo 10,10). Esta vida de Deus, a vida eterna
passa a ser dada diretamente e por inteiro no nível físico a quem crê, graças à
presença de Jesus, Ressurreição e Vida. Por isso, este último sinal é
qualificado como o maior, o mais extraordinário símbolo da vida divina de Jesus
que se oferece àquele que crê nele.
Jesus - Amigo Que Nos Ama
No texto do evangelho de hoje são apresentados Lázaro,
Marta e Maria como personagens conhecidos do leitor. Eles também são amigos de
Jesus, pois freqüentemente Jesus se hospeda em Betânia onde os três moram (cf.
Mc 11,11;14,3;Lc 10,38-42). E Jesus se encontra na Transjordânia, a uma jornada
de caminho de Betânia.
A mensagem das irmãs de Lázaro endereçada ao
“Senhor”, mostra que elas são discípulas de Jesus; limitando-se a informá-lo: “Senhor, aquele que Tu amas está doente” (Jo
2,3). Através desta informação sabemos que Lázaro é amigo de Jesus: “Aquele que
Tu amas está doente”. É um pedido
semelhante ao que mãe de Jesus fez em Caná:
“Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3). Implicitamente, elas queriam que Jesus
fosse logo visitar o doente para curá-lo (Jo 11,21.32). Mas, ao mesmo tempo,
elas confiam e esperam, deixando que o próprio Jesus decida o que fazer, o
quando e o como. Entre amigos sempre tem uma mútua compreensão sem nenhuma
necessidade de muitos detalhes ou explicações.
“Esta doença não leva à morte, mas é para a
glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”, afirma
Jesus diante da morte de Lázaro. Este sinal (milagre) glorificará a Jesus não
no sentido de que o povo se sentirá admirado, e sim porque provocará a morte de
Jesus que é um passo necessário para chegar à sua glorificação (Jo
12,23s;17,1).
Isto quer nos dizer que a doença de Lázaro (e,
depois, sua morte e “ressurreição”) é destinada a se tornar lugar de revelação,
lugar no qual o poder de Deus se manifesta como ressurreição, como vitória da
vida sobre a morte. A doença não somente é destinada a revelar o Pai, mas ainda
a revelar a glória do Filho, isto é, sua vitória sobre a morte. Para João,
Jesus parece esperar que seu amigo doente esteja realmente morto (vv.5.17.39). Deste
modo, ele quer revelar seu domínio sobre a morte no momento em que esta vai
apoderar-se de Lázaro. O sinal do retorno de Lázaro à vida tem lugar não
somente em razão do amor de Jesus por seus amigos, mas para manifestar a glória
de Deus e suscitar a fé naquele que enfrenta a morte (cf. v.45) e que tem o
poder de renunciar à vida e o poder de retomá-la para comunicá-la aos homens
que acreditam nele. Para Jesus a morte não tem a última palavra, porque Jesus é
a vida e a ressurreição. Ao realizar o sinal de devolução da vida a Lázaro, o
Pai é glorificado através da glorificação do Filho e da fé dos discípulos e de
todos que crêem nele.
A mensagem das irmãs de Lázaro dirigida a Jesus pode
ser também a nossa oração: “Senhor Jesus, aquele que tu amas está doente, está
drogado; aquele casal está sem nenhuma harmonia; aquele meu irmão, meu filho,
meu marido, minha esposa, que tu amas está sem muito ânimo e está deprimido,
está nervoso...” e assim por diante. Estamos doentes de muitas maneiras, com
muitas enfermidades, fraquezas, impotência etc.. Precisamos ser curados pelo
Senhor Jesus. Ao terminar este tipo de pedido, vamos confiar e esperar em Jesus
que dá a vida de Deus para quem crê nele, e vamos deixar Jesus decidir o que
fazer, o quando e o como. Muitas vezes temos tentação de ter pressa. Mas a
nossa pressa não resolve nada. Jesus sabe de tudo, por que não seguimos ao
ritmo dele? Esta é a única solução: esperar no Senhor apesar da aparência e
circunstâncias desfavoráveis e sem esperança nenhuma. Acreditemos em Deus e não
nas circunstâncias. Jesus é o Salvador não só do Lázaro, mas de todos nós.
Nossa total confiança no tempo quaresmal é esta: Jesus nos ama. Somos enfermos,
sim, mas somos amados por ele.
Quando Jesus chegou a Betânia fazia já quatro dias
que Lázaro havia sido sepultado. Segundo uma crença dos rabinos, amplamente
difundida entre o povo, a alma do defunto permanecia durante três dias rodando
o sepulcro; depois ia embora e não havia mais esperança alguma de vida. O
quarto dia depois da morte representa, então, o fim de todas as esperanças de
vida, pois o cadáver iniciava a decomposição; é preciso adaptar-se à situação:
“Senhor, já cheira mal. Está morto há quatro dias”, diz Marta (v.39).
O que quer
nos dizer esta passagem? As situações em que se encontram os homens, em que se
encontra o homem, em que às vezes nos encontramos como mentira, escravidão,
condicionamentos, inautenticidade, desorientação, morte que sempre nos ameaçam,
como medo da morte e como possibilidade de nos revoltarmos contra a morte, são
em si mesmas situações insuperáveis. Um só vem ao nosso encontro, inesperada e
gratuitamente, como amigo, tomando a iniciativa: é o Verbo de Deus feito homem,
que amigavelmente, vem a nós para socorrer-nos, elevar-nos, purificar-nos; ele
nos toma ali onde estamos, e conosco aquele pouco que podemos dar-lhe naquele
momento, e de maneira superabundante e régia, nos transforma.
Jesus É A Ressurreição E A Vida
Ao saber que Jesus estava chegando, Marta sai ao
encontro de Jesus, enquanto Maria fica em casa. Marta reafirma sua fé na ressurreição, que é
obra de Deus, porém, a um futuro longínquo. Jesus aproveita a afirmação de
Marta para fazer uma nova revelação de si próprio: “Eu sou a ressurreição e a vida” (v.25).
“Eu sou a
ressurreição e a vida”. Este é o ponto alto do trecho. Nesta resposta está
condensado o conteúdo central da fé cristã que todo o relato quer transmitir: a
vida eterna que Marta espera para a ressurreição dos últimos tempos já chegou
com e em Jesus. As palavras de Jesus
começam com o “Eu sou” (Ego eimi),
característico das afirmações de revelação (cf. Ex 3,14).
Jesus não promete: eu darei a ressurreição. Mas é
muito mais o que ele diz. Ele é, em si
mesmo, a causa da nossa fé, a meta da nossa esperança, a felicidade do
nosso amor que nunca mais morre. A
“ressurreição” de Lázaro quer tornar visível o mistério imortal do Deus feito
homem. Jesus não veio para impedir a morte corporal. Mas neste sinal (milagre)
e na sua palavra torna-se visível que ele quer e pode dar uma outra vida, uma existência eterna com
Deus. Jesus como Filho de Deus tem em si a vida e tem o poder de no-la dar. “Eu sou a Vida”, Jesus afirma. A vida
que se refere aqui (v.25) é a vida que procede do alto, gerada pelo Espírito,
que vence a morte física. Quem recebe o dom da vida pela fé em Jesus jamais
morrerá da morte espiritual, pois esta é uma vida eterna.
“Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E
todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais” (vv.25-26). Quem crê em Jesus já entrou na vida
definitiva, tem já agora “a vida eterna” como uma realidade presente sobre a
qual a morte não tem poder algum. Esta realidade é chamada por alguns exegetas
a “escatologia presente”. Quem crê em Jesus, já “passou da morte à vida” (cf.
Jo 3,36;5,24;6,47). Porque Jesus é já agora “a Ressurreição e a Vida”. A morte
corporal não pode mais destruir a vida nova, o novo nascimento, a vida eterna
dada pela fé em Jesus. A vida recebida pela fé em Jesus Cristo é indestrutível (cf.
Jo 3,3ss;7,39;19,30;20,22). A insaciável
sede de vida eterna enraizada no mais fundo do coração de todos os homens só pode
ser saciada por aquele que ”a Ressurreição e a Vida”. A vida de Deus não está mais
fora de nosso mundo, porque o Filho de Deus veio no meio de nós. A morte só tem
poder quando Jesus está ausente de nossa vida. Jesus é a ressurreição porque é
a vida. Ele nos ressuscita dando-nos, pelo Espírito, a vida eterna que ele tem,
que ele é. A vida não é destruída pela morte, mas, antes, simplesmente se serve
desta. Jesus veio não para dar pêsames, mas para dar a vida a quem crê nele.
Com Jesus Somos Capazes De Tirar Pedras De Nossa Vida
Diante do túmulo de Lázaro Jesus ordena: “Levanta a
pedra!” (v.39).
“Tira a pedra!” A pedra sobre o túmulo é o símbolo
da separação entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos. Ela não deixa entrar
quem está fora e não deixa sair quem está dentro. Ao devolver a vida a Lázaro,
Jesus vai mostrar que tem o poder de abrir as portas da morte, de libertar os
mortos, e depois de fechá-las definitivamente, instaurar a comunhão definitiva
dos homens com Deus e dos homens entre si.
Perante este Jesus que se revelou diante do túmulo
de Lázaro, aprendemos a “tirar a imensa pedra da nossa vida”. A pedra de nossa
incapacidade de crer em profundidade, a pedra de nossas dúvidas sobre o poder
de Deus na nossa vida, a pedra das nossas culpas, tão pesadas para nós, e mais
ainda para os outros, a pedra da nossa impermeável autocomplacência. “Tirai a
pedra!”
“Desatai-o e deixai-o caminhar” é a outra ordem de
Jesus (v.44). Com esta ordem termina o relato. As ataduras nas mãos e nos pés e
sobre o sudário no rosto acentuam o significado da morte. A morte mantém os
homens cegos, mudos e surdos, atados e asfixiados. É a missão da comunidade
cristã, dos que estão ao redor de Jesus, cumprir o seu mandato de libertar os
que estão impedidos de verem e de andarem e de fazerem com que as pessoas vivam
livremente. Para isso, os discípulos têm de entregar voluntariamente sua vida
por amor a Deus e aos homens, como Jesus a entregou.
“Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (v.25).
Esta é a mensagem central que o evangelista quer nos transmitir. A verdadeira
vida consiste em ouvir a voz do Filho, do Enviado pelo Pai para dar a vida ao mundo.
Só a fé em Jesus Cristo pode vencer o medo da morte porque foi o próprio Jesus
quem a venceu e destruiu total e definitivamente.
P. Vitus Gustama,svd
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