O CRISTÃO DEVE ESFORÇAR-SE
PARA SER MELHOR EM TUDO
Quinta-Feira da X Semana Comum
12 de Junho de 2014
Evangelho: Mt 5,20-26
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 20 “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da
Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. 21 Vós ouvistes o que
foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22
Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em
juízo; quem disser ao seu irmão: ‘patife!’ será condenado pelo tribunal; quem
chamar o irmão de ‘tolo’ será condenado ao fogo do inferno. 23 Portanto, quando
tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares de que teu
irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa a tua oferta ali diante do altar, e
vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua
oferta. 25 Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo
para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará
ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26 Em verdade eu te digo: dali
não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.
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Estamos acompanhando o Sermão de
Jesus na Montanha conhecido como Sermão da Montanha (Mt 5-7).
Na passagem do evangelho de hoje
Jesus nos disse: “Se a vossa justiça não for maior que a dos mestres da lei e dos
fariseus, vós não entrareis no reino dos céus” (Mt 5,20). “O bom é
inimigo do ótimo”, dizia São João Bosco. Ser cristão não é somente aquele que
deve ser bom e sim deve ser melhor diariamente em tudo ou pelo menos deve se
esforçar diariamente para ser melhor do que antes. Para ser melhor o cristão deve
ter um coração grande e uma mente aberta e por isso, ele jamais pode cair na
rotina. Para ser melhor o cristão tem que ser criativo. Para ser melhor o
cristão tem que ser um aluno eterno. Para ser melhor, o cristão precisa ter
humildade para a aprendizagem. Para ser melhor o cristão precisa estar atento
para o novo. Para ser melhor o cristão precisa se renovar permanentemente. Ser
cristão é ser melhor em cada momento e em qualquer lugar, não para superar os
demais e sim para viver o cristianismo na sua profundidade. Para o homem ou a
mulher que sabe o que quer, que ama seu propósito e seus sonhos ou ideais e não
descansa até vê-los realizados, tudo o que espera chegará. “Quando uma
criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de
sua alma, todo o universo conspira a seu favor... Seja qual for o seu sonho, comece.
Ousadia tem genialidade, poder e magia” (Johann Goethe).
O propósito é um estilo de vida, uma
atitude e uma posição que cada cristão deve assumir desde que começa o dia. Viver
um dia sem propósito claro significa mais um dia perdido ou jogado fora. Quem não
sabe valorizar o tempo, enterra muitas oportunidades. O cristão deve se
acostumar a se questionar: Como posso me definir? Que coisas negativas tenho
que eliminar? O que de melhor eu tenho? Qual é a minha força? A classificação que
nós nos atribuímos é chamada de autoestima. Para podermos alcançar nossas
metas, nossos projetos e propósitos temos que ter a autoestima. Se nossa autoestima
for pobre, teremos dificuldade em conquistar o que é melhor na nossa vida. “Uma
pessoa não nasce gênio, torna-se gênio” (Simone de Beauvoir).
O texto do evangelho de hoje inicia
com a confrontação entre a justiça dos escribas e dos fariseus e a justiça
exigida para os cristãos. É um princípio ético fundamental de Jesus.
Em que consiste que a justiça dos
discípulos é maior do que a dos fariseus e dos escribas? Os discípulos observam
até os menores dos mandamentos, enquanto que os escribas e fariseus “omitem as
coisas mais importantes: a justiça, a misericórdia e a fidelidade” (Mt 23,23).
Os discípulos põem em prática os mandamentos de Deus e ensinam, enquanto que os
escribas e fariseus “dizem, mas não fazem” (Mt 23,3).
“Se a vossa justiça não for maior
que a dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus”
(Mt 5,20). Através desta afirmação que serve de alerta para quem quiser ser
cristão, Jesus quer desenvolver o sentido profundo da Lei cristã. Por isso, o
olhar se detém primeiramente nos deveres sociais (Mt 5) para passar às obras
religiosas (Mt 6).
No texto de hoje Jesus faz sua
reflexão sobre o quinto mandamento do Decálogo: “Não matarás”. Esta lei
continua válida, porém Jesus propõe uma interpretação mais exigente desta
disposição que abarca não somente as ações ou os atos culpáveis nessa ordem,
mas também a raiz de onde brotam essas ações ou esses atos: o sentimento e a
interioridade do ser humano. A proibição do homicídio inclui na nova
interpretação de Jesus a proibição de todo sentimento de ira e animosidade,
maledicência, insulto, desprezo contra o irmão. Para Jesus a ira e as palavras
ofensivas contra o irmão são equiparadas ao homicídio. De fato, antes de matar
um adversário/inimigo com uma arma, ele o mata ou o fere com a palavra que ai
do coração. Para Jesus a relação com o irmão adquire uma tal seriedade que com
ela se chega a decidir o destino definitivo da pessoa humana diante de Deus.
Portanto, Jesus não se limita a condenar quem mata materialmente (fisicamente),
mas também quem mata o irmão no coração, que elimina seu irmão da própria vida.
Logo depois que apresentou a nova
formulação da antiga lei, Jesus passa a expor sua concretização em forma de um
caso para enfatizar até que ponto essa nova lei deve ser observada. Trata-se de
uma explicitação que indica a radicalidade de sua aplicação com a ajuda de um
exemplo (cf. Mt 5,23-26). O cristão que se aproxima do Senhor da vida deve
reconciliar-se primeiro com o irmão. Não somente quem ofendeu está obrigado a
se reconciliar, mas também quem sofreu uma ofensa. Sublinha-se o caráter
urgente deste dever diante do qual perde a importância de ter ou de não ter a
razão no conflito. Cada um é chamado à superação de qualquer tipo de divisão
comunitária que lhe afete.
Para Jesus a reconciliação é tarefa
prioritária: está antes que o culto a Deus, está antes que ir à missa, antes
que rezar, porque o projeto de Deus sobre a humanidade é nada mais do que criar
um mundo de irmãos onde todos podem chamar a Deus de Pai. É uma sociedade nova
onde regem as relações humanas próprias do amor mútuo. Uma oferenda só é
agradável a Deus, se, quem a oferece, não guarda, em seu coração, ódio, nem
rancor nem ressentimento contra o próximo. A oferenda a Deus seria inútil, se o
coração do oferente fosse contaminado pela inimizade e o seu relacionamento com
alguém estivesse rompido. Trata-se de uma exigência radical que escandalizam
até os nossos sentimentos humanos.
Portanto, convém reconciliar-se,
pôr-se de acordo, antes que chegue o momento do juízo definitivo de Deus. Não
se esqueça: “O bom é inimigo do ótimo”. Cada um é chamado a caminhar para ver
mais e aprender mais a fim de ser melhor em cada instante e lugar. Seja qual for o seu sonho, comece. Ousadia tem genialidade, poder
e magia” (Johann Goethe). “Uma pessoa
não nasce gênio, torna-se gênio” (Simone de Beauvoir).
P. Vitus Gustama,svd
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