FIDELIDADE
E AMOR NO MATRIMÔNIO
Sexta-Feira
da X Semana Do Tempo Comum
13 de Junho de 2014
Evangelho:
Mt 5,27-32
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 27 “Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. 28 Eu, porém,
vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já
cometeu adultério com ela no seu coração. 29 Se o teu olho direito é para ti
ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor
perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. 30 Se
tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti!
De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o
inferno. 31 Foi dito também: ‘Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma
certidão de divórcio’. 32 Eu, porém, vos digo: Todo aquele que se divorcia de
sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne
adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério”.
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Estamos ainda no Sermão da Montanha
(Mt 5-7). Na passagem do evangelho de hoje Jesus fala da moral conjugal e por
isso, da fidelidade conjugal.
“Ouvistes o que foi dito: ‘Não
cometerás adultério’. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma
mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração”, disse Jesus.
Com o sexto mandamento (Ex
20,14.17), a Lei proibia o adultério. Mas Jesus coloca um princípio:o ato
externo é somente a conclusão material daquilo que tem lugar no coração. Antigamente,
o ato externo, em relação ao adultério, era um simples ato de injustiça contra
o marido, pois a mulher era considerada como propriedade do marido. A mulher
casada era o bem do marido; o homem era o dono da mulher (esposa).
Jesus não segue esta linha de
pensamento. Jesus quer reabilitar a mulher. Jesus vê mulher como pessoa e não como
objeto de propriedade. Por isso, tanto homem como mulher cometeram o mesmo adultério
e não somente a mulher é culpada.
Por isso, Jesus insiste na limpeza
de coração (em seu interior = em seu coração). O adultério é injustiça e
também o desejo de cometê-lo. “O olho” simboliza o desejo; “a mão”, a ação.
Ceder ao impulso de um ou outra leva o homem à morte.
Enquanto seus contemporâneos se
preocupam com o ato exterior de adultério, Jesus se preocupa com o ato
interior, onde tem início o desrespeito ao mandamento divino. Neste caso, Jesus
é mais exigente. Ele busca profundidade e convida cada pessoa a ir até a raiz
das coisas, a ir até o coração. A fonte de tudo está no coração. Jesus
revolucionou completamente a moral conjugal. O que conta para Jesus não é o que
aparece no olhar dos homens e sim o fundo dos corações. O que mancha o homem
não é seu corpo e sim sua mente, seu desejo, sua intenção, que, depois, se
traduz em ação ou em ato. Por isso, é preciso eliminar o mau desejo com a
pureza de coração (uma das bem-aventuranças: “Bem-aventurados os puros de
coração, porque verão Deus” – Mt 5,8).
Na humanidade Jesus introduz um
novo valor: o respeito profundo de si próprio, o respeito pelo outro sexo, a
nobreza do amor. A moral conjugal não é, antes de tudo, uma lista de material
de atos permitidos e de atos proibidos, e sim é uma atitude interior, muito
mais exigente do que qualquer outra coisa neste sentido.
O cristão é exortado a olhar para a
mulher do próximo (ou o homem do próximo) com pureza de coração, sem se deixar
envolver pelo desejo de possuí-la (lo). Só o coração não pervertido pela
maldade é que pode olhar uma mulher (um homem) de maneira respeitosa, sem
convertê-la(lo) em objeto de pensamentos maliciosos.
Com estas palavras Jesus convida o
cristão a dar um passo adiante no amor. O amor do homem e da mulher não é o desejo
e a busca egoísta da própria satisfação. O amor é querer o bem do amado, é
encontro livre e libertador. A atração física sem amor é o sinal de alienação e
imaturidade profunda; é a negação da liberdade e da dignidade da pessoa; é
tentativa de destruir o outro para fazer dele coisa, objeto.
Um amor verdadeiro, com raiz na
totalidade da pessoa, se insere na corrente única de amor que é Deus, Amor que
dá/entrega o Filho: dom total. A família deve viver estas características de
amor, que a marcam profundamente e solidificam a unidade. Trata-se do dom
total; total até dar-se, sacrificar-se completamente.
“Todo aquele que olhar para uma
mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração”.
Quando nos examinamos, devemos, antes
de tudo, analisar nossas atitudes internas que são raiz do que fazemos e
dizemos mais do que uns fatos externos isolados. Se dentro de nós estão
arraigados a arrogância, a negligência/preguiça, a cobiça, o rancor, pouco
faremos para sua correção se não atacarmos essa raiz. Coração ferido fere. Coração
cobiçado cobiça tudo. Se nosso olhar estiver viciado, tudo será visto com
cobiça. As palavras inconvenientes nascem de nosso interior (de nosso coração).
É dentro de nosso coração que devemos colocar o “remédio” para eliminar tudo
que contamina nossa vida interior e exterior.
Segundo Jesus o que se busca, para
o ser humano, é edificar mais por dentro do que por fora porque as leis são
fáceis de burlar, enquanto que a consciência é o coração e o cimento da pessoa
íntegra. Por isso, é preciso a mudança no coração que é visível na mudança fora
do coração, na pessoa, em seu comportamento individual, familiar, comunitário e
social.
A fidelidade matrimonial, e,
equivalentemente, a fidelidade à vida religiosa ou ministerial, nos custará.
Porque não se trata de ser fieis nos momentos em que tudo vai bem, mas também e
principalmente quando não se sente gosto imediato em nossa entrega.
Jesus mostra a radicalidade no seu
ensinamento. Com uma linguagem bastante radical e dramática Jesus quer nos
dizer que há que saber renunciar a algo para segui-Lo em Seu caminho. Jesus nos
disse que para conseguir um tesouro escondido, há que estar disposto a vender
tudo (cf. Mt 13,44).
O matrimônio é como uma casa. Uma
casa bem cimentada é firme, resistente e durável diante de qualquer tempestade (cf.
Mt 7,21-29). Um cimento firme para o matrimônio é o amor. Somente aquilo que
fazemos por amor permanece para sempre. As coisas se gastam e envelhecem; as
modas passam; os costumes se sucedem, mas o amor permanece, pois “Deus é amor” (1Jo
4,8.16). Os amigos, se são de verdade, permanecem: “O amigo ama em todo o tempo:
na desgraça, ele se torna um irmão” (Provérbio 17,17). Os amigos, de verdade, são
dignos de amar e de ser amados. E somente quando amamos é que somos felizes. E
quando somos felizes, o resto se tornará mais fácil, e ganharemos novas forças
para superar as dificuldades e para carregar o que é insuportável quando não há
amor no coração.
P. Vitus Gustama,svd
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