O VERDADEIRO CRISTÃO É RECONHECIDO PELA PRÁTICA E NÃO
PELA MANEIRA BONITA DE FALAR
Quarta-Feira da XII Semana Comum
25 de Junho de 2014
Evangelho: Mt 7,15-20
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 15“Cuidado com os
falsos profetas: Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro
são lobos ferozes. 16Vós os conhecereis pelos seus frutos. Por acaso se
colhem uvas de espinheiros ou figos de urtigas? 17Assim, toda árvore boa
produz frutos bons, e toda árvore má, produz frutos maus. 18Uma árvore
boa não pode dar frutos maus, nem uma árvore má pode produzir frutos bons. 19Toda
a árvore que não dá bons frutos é cortada e jogada no fogo. 20Portanto,
pelos seus frutos vós os conhecereis”.
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Estamos ainda no Sermão da Montanha
(Mt 5-7). O texto do evangelho de hoje é
a penúltima parte da conclusão do Sermão da Montanha (Mt 7). O que conta para
Deus é o bem que praticamos e não a beleza de nossa fala ou de nosso discurso.
Nossa maneira de viver ou nossa prática é o parâmetro para saber se realmente somos
verdadeiros cristãos ou falsos cristãos.
“Cuidado com os falsos profetas:
Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes”.
É um convite do Senhor para a vigilância
e para manter uma justa atitude crítica. No Antigo Testamento Deus já tinha
advertido ao povo de Deus para que este ficasse atento para os “falsos
profetas” (cf. Jr 14,14-15; Ez 13,1-9 etc.). Agora Jesus fala para sua
comunidade, ao Novo Povo de Deus para não omitir esta exortação, pois este pode
ser ameaçado pelos “falsos profetas”. Paulo falará também de “falsos apóstolos”
(2Cor 11,13) e Pedro de “falsos mestres” (2Pd 2,1).
Os falsos profetas são perigos
invisíveis. É gente que fala de Jesus e pretende ensinar caminhos mais fáceis
que na linguagem de Paulo aos gálatas “outro evangelho” (Gl 1,8-9) ou como
disse aos anciãos de Éfeso, “doutrinas perversas” (At 20,30). O mandamento do
Senhor é claro: “Entrai pela porta estreita” (Mt 7,13).
Exteriormente, os profetas
autênticos e os “falsos profetas” são semelhantes: vestem-se com a capa da boa
doutrina e de boa moral: “Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas
por dentro são lobos ferozes”. Eles falam em nome de Deus, ou em nome do
Senhor Jesus, mas de fato, são “lobos” ferozes que devoram tudo que tem na
comunidade de fieis.
“Vós os conhecereis pelos seus
frutos.
Toda árvore boa produz frutos bons, e toda árvore má, produz frutos maus”.
É um bom critério para avaliar a autenticidade de um profeta, de um movimento
ou de uma opinião. “Pelos seus frutos vós os reconhecereis”, isto é, pelo que
fazem e não por suas palavras. Com efeito, “verdadeiro profeta” é aquele que se
manifesta através de boas obras, que é luz para a comunidade. O “verdadeiro
profeta” é aquele que se compromete a viver diariamente a Palavar de Deus ou os
ensinamentos de Jesus. O “verdadeiro profeta” é auqele que se converte
permanentemente, pois ele tem a docilidade ao Espírito de Deus e a humildade em
reconhecer seus erros e fraquezas e se esforça para ser melhor seguidor de
Jesus. O “verdadeiro profeta” é aquele que sabe guiar sua comunidade na
fidelidade aos ensinamentos do Senhor ou na fidelidade à Palavra de Deus.
No Evangelho de hoje aparece, então,
a dialética entre o dizer e o fazer. “Os mais belos pensamentos nada são sem
as obras”, porém “O Senhor não olha tanto a grandeza das nossas obras.
Olha mais o amor com que são feitas” (Santa
Teresa de Jesus).
“Cuidado com os falsos profetas:
Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes.
Vós os conhecereis pelos seus frutos.”. Jesus é muito realista.
Ele dá este critério: “Olhem e vejam como atuam” para saber se são verdadeiros
cristãos ou não, se são profetas autênticos ou são falsos profetas. “Pelos
frutos vocês vão reconhecê-los”. Qualquer pessoa se manifesta pelo que faz ou
pelo modo de viver. Os cristãos são reconhecidos não pelos dons que têm, mas
pelos frutos que produzem. Qualidade de um fruto depende da qualidade da
árvore. Jesus quer nos dizer para não julgarmos os homens pelas aparências e
sim pelo que faz. Nem as palavras nem as intenções e sim a prática. Se as
palavras e as intenções seguem uma direção e a prática outra, a segunda é que
revela o coração do homem, suas opções profundas, seus verdadeiros interesses.
Através do evangelho de hoje Jesus
faz uma advertência sobre o perigo relacionado aos falsos profetas. O
evangelista Mateus dá uma norma para sua comunidade a fim de saber reconhecer
os falsos profetas: a paciência em esperar os frutos e as obras pelos quais
será reconhecido o verdadeiro profeta do falso profeta. A chave para detectar
os falsos profetas são suas obras. O verdadeiro profeta é aquele que orienta a
comunidade de acordo com a mensagem e a forma de vida de Jesus.
Este critério deve ser aplicado
para nós mesmos também: Que frutos produzimos? Que frutos você produz? Dizemos
apenas palavras bonitas ou também oferecemos fatos ou obras? De um coração
azedo somente produz frutos azedos. De um coração generoso e sereno brotam
obras boas e consoladoras. São Paulo na carta aos gálatas escreveu: “As obras
da carne são fornicação, idolatria, ódios, discórdia, inimizade, egoísmo,
inveja, ciúmes, ira, divisão, rivalidade. Ao contrário, o fruto do Espírito é
amor, alegria, paz, paciência, afabilidade, fidelidade, domínio de si mesmo”
(cf. Gl 5,19-26). Se nós somos filhos da Verdade e do Amor, então, façamos as
obras da Verdade e do Amor e vivamos na sinceridade.
A Palavra de Deus hoje nos convida
a descermos ao fundo do coração para descobrir nele a nossa maldade ou a nossa
bondade; a nossa mentira ou a nossa verdade; nossa veracidade ou nossa
falsidade; a nossa esterilidade ou a nossa fecundidade. A Palavra de Deus
precisa nos desarmar para nos vermos como somos.
P. Vitus Gustama, SVD
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