AMAR COMO ESTILO DE VIDA A EXEMPLO DE JESUS
Sexta-feira da V
Semana da Páscoa
03
de Maio de 2013
SÃO FILIPE E SÃO TIAGO, APÓSTOLOS
Texto:
Jo 15,12-17
(evangelho do próprio dia da V semana da Páscoa)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 12“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros,
assim como eu vos amei. 13Ninguém tem amor maior do que aquele que
dá sua vida pelos amigos. 14Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. 15Já
não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu
chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. 16Não
fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para
irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que, então,
pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. 17Isto é o que vos
ordeno: amai-vos uns aos outros”.
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Continuamos ainda no discurso da
despedida de Jesus dos seus discípulos no evangelho de João (Jo 13-17). No
evangelho de hoje Jesus fala do amor como o maior mandamento para seus
seguidores e se apresenta como amigo dos discípulos e de todos os seus
seguidores.
Amar como o estilo de vida
“Amai-vos uns aos outros como Eu
vos amei”.
Este é o mandamento do Senhor! Não se trata de uma lei (nomos), e sim de
um estilo de vida (entolé).
Mas que tipo de amor que Jesus
recomenda? Que tipo de amor que ele fala como o estilo de vida? Jesus se põe a
si mesmo como modelo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”
(Jo 15,12). De que maneira Jesus nos amou? O amor de Jesus é gratuito,
generoso, universal, incondicional e sem limites. Jesus amou ao longo dos dias
e dos anos; amou até a morte e além da morte. Sem limites: até dar tudo, gastar
tudo, despojar-se de tudo. O amor de Deus não se deixa condicionar e nem sequer impor limites
pelos maus comportamentos do homem: “Deus faz nascer o seu sol igualmente
sobre maus e bons e cair a chuva sobre justos e injustos”, diz Jesus no
Sermão da Montanha (Mt 5,45). Ele se entregou pelos demais ao longo de sua
vida até o extremo: a morte na cruz: “Ninguém tem amor maior do que
aquele que dá sua vida pelos amigos” (Jo 15,13). É o amor concreto. É
amar não com palavras apenas e sim com obras, com a compreensão, com a ajuda
oportuna, com a palavra amável, com a tolerância, com a doação gratuita de si
mesmo. O amor autêntico exige sempre o sacrifício e o total esquecimento de si.
É amar por amor. São Bernardo afirma: “O amor basta por si só e por causa
de si. Seu prêmio e seu mérito se identificam com ele mesmo. O amor não requer
outro motivo fora de si mesmo. Amo porque amo; amo para amar”. Você
vive não quando respira, mas quando ama. Do ponto de vista cristão a capacidade
de viver o amor fraterno é o critério de maturidade cristã.
Para nós, cristãos, a atitude de
amor aos demais deve ser uma conseqüência prática de nossa comunhão com Cristo
na Eucaristia. Porque o Cristo que comungamos na Eucaristia é o Cristo que se entregou
por amor pela nossa salvação.
Somos amigos de Jesus
“Eu vos chamo amigos”, diz o
Senhor. “A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres
igualmente ciosos da felicidade um do outro” (Platão). “A amizade é o conforto
indescritível de nos sentirmos seguros com uma pessoa, sem ser preciso pesar o
que se pensa, nem medir o que se diz” (George Eliot). “A verdadeira amizade é
aquela que nos permite falar ao amigo de todos os seus defeitos e de todas as
nossas qualidades” (Millôr Fernandes). Para ser amigo do outro é preciso ser
amigo de si mesmo, no sentido de que é preciso colocar em ordem o próprio
coração e direcioná-lo para o bem. Um coração bom está sempre do lado do bem. Dizia
Cícero que a amizade é “doadora da alegria de viver tanto para os nossos amigos
como para nós mesmos”. Por isso, ter ou não ter amigo depende de ser ou não ser
amigo de si mesmo. Quem é muito humano para si próprio, será muito humano para
o outro. É o ponto de partida para uma amizade.
“Eu vos chamo amigos”, diz o
Senhor. Jesus chamou seus discípulos de amigos porque partilhou tudo com eles o
que ouviu de seu Pai: experiências, conhecimentos e seu amor. Jesus abriu aos
discípulos Seu coração. Isto significa que o discípulo, o cristão não é um
simples subalterno. O cristão é um amigo pessoal de Jesus Cristo. O amigo não é
um simples conhecido ou um sócio e sim alguém com quem se compartilha a
intimidade, o mais profundo de nosso ser: “Eu vos chamo amigos, porque vos
dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15b). O amigo sempre está
disposto a fazer o que o amigo lhe pedir: “Vós sois meus amigos se fizerdes
o que eu vos mando” (Jo 15,14). O amigo demonstra a verdade de seu amor
estando disposto a entregar a própria vida se for necessário: “Ninguém tem
amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos” (Jo 15,13). O
verdadeiro amigo inclui a doação da vida pelo amigo. Para Jesus a noção de
amizade é muito profunda. “Amigo é alguém que te conhece a fundo e, apesar
disso, te ama” (Hublard). “A amizade é como todos os títulos honoríficos:
quanto mais velha, mais preciosa”, dizia Goethe. “A amizade duplica as
alegrias e divide as tristezas” (Francis Bacon).
“Vós sois meus amigos, se
fizerdes o que eu vos mando”, disse Jesus. Será
que você pode ser considerado como amigo de Jesus? Para ser amigo do outro é
preciso ser amigo de si mesmo. Você é amigo de si mesmo?
P. Vitus Gustama,svd
SÃO FILIPE E SÃO TIAGO,
APÓSTOLOS
3 de Maio
Texto de Leitura: Jo 14,6-14
Naquele tempo, Jesus disse a Tomé: 6“Eu
sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. 7Se
vós me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora o conheceis e
o vistes”. 8Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos
basta!” 9Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não me
conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o
Pai’? 10Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As
palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai que,
permanecendo em mim, realiza as suas obras. 11Acreditai-me: eu estou
no Pai e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras.
12Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras
que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai, 13e
o que pedirdes em meu nome, eu o realizarei, a fim de que o Pai seja
glorificado no Filho. 14Se pedirdes algo em meu nome, eu o
realizarei”.
********
São Tiago, o Menor, chamado assim pela estatura e pela idade, é
parente do Senhor segundo a carne (Mt 13,55). Foi o líder da primeira
comunidade de Jerusalém (At 12,17). No Concílio de Jerusalém, o primeiro
Concílio da Igreja, Tiago propôs que os gentios não fossem sobrecarregados da
Lei judaica para serem cristãos (At 15,13-23). A sua proposta foi aceita. O
próprio São Paulo o denominou, juntamente com Pedro (Cefas) e João, “colunas da
Igreja (Gl 2,9). Judeus e cristãos se inclinavam diante de Tiago pelo amor que
tinha à lei e pela sua grande austeridade. Conforme uma tradição (testemunhada
por Hegesipo e recolhida por Eusébio) os judeus e os cristãos em Jerusalém
chamavam Tiago com o apelativo de “o justo” porque levou uma vida sem mancha e
austeridade. Tiago foi o primeiro apostolo a dar a vida pelo Reino de Deus. Foi
martirizado no ano 62 d.C..
A ele é atribuída a Carta de São
Tiago dirigida às doze Tribos de diáspora (fora de Palestina). Nesta Carta São
Tiago exorta a todos a terem a paciência nas provas e nas tentações pela qual
conduz qualquer um à perfeição, a terem o amor fraterno sem acepção de pessoas.
Ele instrui todos sobre a doutrina da fé e das obras: “A fé sem obras é morta”,
diz São Tiago. Ele exorta a todos para que evitem os pecados da língua; ensina
a discernir a verdadeira sabedoria da falsa sabedoria (da verdadeira humildade
da falsa humildade). Nesta Carta a Igreja encontrou o fundamento do Sacramento
da Unção dos Enfermos (na Quinta-Feira Santa o bispo abençoa o óleo para a
unção dos enfermos) onde São Tiago escreveu: “Se um de vocês está enfermo,
chame o presbítero da Igreja para ungi-lo em nome do Senhor; a oração da fé o
salvará...” (Tg 5,14-15). E São Tiago terminou sua Carta com estas palavras:
“Meus irmãos, se alguém dentre vós se desviar da verdade e outro o reconduzir,
saiba que aquele que reconduz o pecador desencaminhado salvará sua alma da
morte e cobrirá uma multidão de pecados” (Tg 5,19).
Filipe era natural de Betsaida de Galiléia, a cidade de André e
Pedro, seus amigos (cf. Jo 1,44). Segundo o evangelho de São João Jesus o
chamou a ser seu discípulo com estas palavras: “Vem e segue-me”. Filipe
respondeu esse convite com generosidade e admiração. Mas Filipe não ficou
contente em ser discípulo de Jesus. Ele levou Natanael para se encontrar com
Jesus. Ao se encontrar pessoalmente com Jesus, Natanael confessou sua fé em
Jesus: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel” (Jo 1,49). Filipe
apareceu na multiplicação dos pães onde ele se mostrou pessimista em dar comida
para uma grande multidão com pouco dinheiro que tinha, sem ter consciência de
que ele estava com o Senhor dos milagres (Jo 6, 5-7). Diante dos seus olhos
Filipe presenciou a multiplicação dos pães. Filipe apareceu também, em outra
ocasião, como mediador daqueles prosélitos (recéns-convertidos) que se
encontravam em Jerusalém com motivo da Páscoa e que queriam ver Jesus. Filipe e
André se dirigiram ao Senhor para contar o desejo dos gregos em quererem ver o
Senhor (Jo 12,20). A última intervenção de Filipe se encontra no evangelho deste
dia (Jo 14,6-14). Para ele Jesus dirigiu estas palavras: “Quem me viu, viu o
Pai”. Isto significa que conhecer Jesus, escutar suas palavras, viver seus
mandamentos equivale a conhecer plenamente Deus, a contemplar seu rosto amoroso
reflexo na bondade de Jesus Cristo, em sua misericórdia e amor para os pobres e
simples.
Se formos generosos ao chamamento
do Senhor que nos sussurra: “Vem e segue-me”, seremos também, como Tiago e
Filipe, instrumentos e reflexos do Senhor neste mundo para levar mais pessoas
ao encontro do Senhor. Muitos continuam esperando palavras de esperança de cada
um de nós. Esperar é crer que algo novo e melhor é possível através de cada um
de nós e torcer para que aconteça. O Senhor não quer saber de nossas fraquezas
nem de nossos limites. Os outros estão ai. Depende de você que se aproxime ou
não para torná-los seus irmãos.
Graças aos apóstolos chegou até nós
a mensagem de Deus, a mensagem de salvação, a mensagem que nos garante que
temos um futuro vitorioso com Deus. Por nossa vez, nós não devemos deixar
morrer na nossa mão a semente da Palavra de Deus. Precisamos passar adiante
todo bem que sabemos fazer e que devemos fazer.
P. Vitus Gustama,svd
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